Texto por Leandro Gomes, do Ortodoxo e Moderno.
Antes do jogo, Harry Redknapp avisou que não iria se limitar a defender mesmo jogando em San Siro. Até aí tudo bem, já que sua equipe possui certa vocação ofensiva. O que não se esperava é que sua a mesma dominasse por inteiro os momentos iniciais da partida. Explorando o jogo pelas laterais e os cruzamentos para Crouch, o Tottenham jogava como se estivesse em casa e deixava o Milan totalmente acuado. Prova disso é que o goleiro Abbiati era o melhor em campo até se machucar e Amelia continuou tendo destaque depois.
Lennon era o principal culpado por isso: o winger sempre conseguia alçar a bola diante de Antonini, e ainda recebia a útil ajuda de Corluka. Havia, no entanto, um problema: os Spurs abusavam demais da jogada aérea, mesmo que ela não desse resultados, e se mostravam sem outras opções, já que o meio campo carecia de criatividade com a ausência de Modric, ainda que Sandro aparecesse bem a frente. Com o tempo, os ataques do Tottenham foram rareando, à medida que o Milan, timidamente, aparecia no ataque – principalmente em cima de Corluka e Lennon, como se estivessem revidando as iniciativas iniciais dos ingleses. Sem poder contar com os apagadíssimos Seedorf (aposta equivocada de Allegri) e Robinho, Ibrahimovic tentava levar sua equipe ao ataque, o que parecia ser inútil – a defesa dos Spurs estava bem postada, e os rossoneri, com poucas peças no ataque. A maneira que os italianos acharam para se encontrar em campo foi endurecendo e jogo e acirrando os nervos, que estariam à flor da pele mais tarde, como mostrou Gattuso, ao peitar o ex-atacante milanista Joe Jordan, hoje integrante da comissão técnica dos Spurs.
O segundo tempo trouxe mudanças pelo lado italiano, com a entrada de Pato no lugar de Seedorf. Porém, o que realmente mudou a cara do Milan foi sua mentalidade, já que passaram a agredir muito mais o adversário, obrigando-os a se retrair em seu campo de defesa. Se antes o Tottenham ameaçava nas bolas aéreas, o agora era o time da casa quem fazia isso. Com muito mais eficácia, aliás: enquanto Crouch geralmente tentava ajeitar a bola para alguém vindo de trás, sem sucesso, os jogadores do Milan testavam em direção ao gol – e só não conseguiram marcar devido a duas espetaculares intervenções de Gomes em cabeçadas de Yepes, um dos melhores milanistas em campo.
Porém, aos 10 minutos, Flamini deu uma entrada criminosa em Corluka que, além de tirar o croata do jogo, deixou o clima entre os jogadores muito mais pesado. E foi a partir daí que o Milan começou a se perder. A equipe de Allegri continuou bem e atacando, e quase marcando, como quando Flamini quase viu seu chute desviado enganar Gomes. Porém, ao mesmo tempo em que o Tottenham, sem conseguir sair para o jogo, se retraía para aproveitar um contra-ataque, os italianos começavam a aparecer mais por entradas mais enérgicas do que o normal. Gattuso, exagerando na sua conhecida raça, brigava demais em campo, e isso levou o juiz – que esteve mal no jogo, sem punir jogadas violentas – a lhe dar o cartão que o tira do jogo de volta, em White Hart Lane. Do outro lado, Palacios também exagerava nas jogadas ríspidas. Isso ocorreu até o momento em que o Tottenham conseguiu encaixar um contra-ataque. Aos 35 minutos, Sandro (uma excelente aposta de Redknapp que deu muito certo hoje) roubou uma bola e logo a entregou para Modric. O croata, que entrou justamente para melhorar a saída de bola, rapidamente tocou para Lennon. O inglês, num momento magistral, arrancou para cima de Yepes, deixou o colombiano no chão e tocou pra Crouch. O gigante atacante inglês não finalizou muito bem, mas fez o suficiente para mandar a bola para as redes. Enquanto os Spurs tentavam segurar a bola, o Milan se abateu. Porém, ainda chegaram ao gol nos acréscimos: o problema é que Ibrahimovic, antes de mandar a bola para a rede, empurrou Dawson, caracterizando uma falta. A única queda do zagueiro inglês, que foi sensacional durante o jogo e o melhor da partida. Caso repita a atuação, será muito difícil para o Milan marcar dois gols em Londres e se manter na competição.
Ficha do jogo
Milan: Abbiati (Amelia), Abate, Nesta, Yepes, Antonini; Thiago Silva, Gattuso, Flamini, Seedorf (Pato); Robinho, Ibrahimovic.
Tottenham: Gomes, Corluka (Woodgate), Gallas, Dawson, Assou-Ekotto; Lennon, Palacios, Sandro, Pienaar (Kranjcar); Van der Vaart (Modric); Crouch.
Árbitro: Stéphane Lannoy, da França
Cartões amarelos: Yepes, Flamini, Gattuso (Milan)
Joe Jordan é Joe Jordan.
Double J, Verona ti ama.
Tem certeza que o perna de pau do Crouch não finalizou bem? Sei não…