A 63ª edição da Copa Viareggio não reservou grandes surpresas em seu resultado final. Apesar de campanhas decepcionantes de times que se esperava mais dentro de campo, como Juventus, Roma e Milan, ou de times que brigariam pelo título e ficaram, por pouco, no meio do caminho, como a Sampdoria, o torneio que acontece durante o carnaval italiano teve uma final esperada – e aguardada por muitos.
Fiorentina e Inter tem, atualmente, algum dos melhores centros de formação de jovens do país e mostraram isto no torneio, derrubando seus oponentes até chegarem à final. Na decisão, os nerazzurri dominaram e venceram com algumas sobras. Na Copa Viareggio sub-15, o Napoli, sem muita tradição em competições de juniores, venceu o torneio e pode dar início a um trabalho mais sério no que diz respeito à formação. Assim como nosso preview, mais uma vez em parceria com o Olheiros, especializado em categorias de base, trazemos o que de melhor aconteceu em Viareggio. No site oficial do torneio, você pode ver elencos, estatísticas e fichas dos jogos. Tenha uma boa leitura.
As decepções (Rodrigo Antonelli)
Juventus
Técnico: Giovanni Bucaro
Quando caiu: Quartas-de-final
Então bicampeã, a Juventus chegou para o torneio deste ano com credenciais de favorita. Ao longo da competição, no entanto, mostrou muitas deficiências e ficou longe de apresentar o bom futebol das últimas edições. Já na partida de estreia, contra o Bruges, mostrou que a caminhada desta vez não seria fácil: empate sofrido por 2 a 2, após estar perdendo por 2 a 0.
Na partida seguinte, duelo contra o adversário mais forte do grupo, o Varese, líder de sua chave no campeonato Primavera. Em jogo bem movimentado, os pupilos da Velha Senhora até chegaram a ficar na frente no placar, mas a defesa, que se destacou na última edição pela impressionante marca de apenas três gols sofridos ao longo de toda a campanha, não suportou a pressão e logo tomou a virada. Resultado: seis gols sofridos em apenas duas partidas e time praticamente eliminado da competição, uma vez que só o primeiro colocado de cada grupo e os dois melhores segundos de cada chave se classificavam para a fase seguinte.
O vexame só não foi completo porque no último jogo da fase de grupos, contra o combinado de Nova Iorque, Bianconi apareceu muito bem e abriu caminho para uma goleada, anotando uma tripletta ainda na primeira etapa. O bom saldo conseguido no 5 a 1 contra os americanos foi essencial para que a equipe ficasse com uma das vagas de melhor segundo colocado e passasse para as oitavas-de-final. E, com o perdão do trocadilho: fase nova, vida nova. Pelo menos assim pareceu depois da boa partida contra o Palermo.
Uma Juventus revigorada entrou em campo e tomou conta das ações do jogo, sob o comando de Boniperti, neto do ídolo maior Giampiero. A vitória por 2 a 1, de virada, deu moral e ânimo ao time, que, contudo, não conseguiu superar a boa Atalanta nas quartas-de-final. Os nerazzurri foram melhores e, merecidamente, venceram por 3 a 1, eliminando talvez a maior decepção do torneio. Apenas talvez, porque o Milan entra forte na briga por esse posto.
Milan
Técnico: Giovanni Stroppa
Quando caiu: Fase de grupos (último colocado)
O time comandado por Stroppa foi tão mal que acabou com qualquer chance de sucesso em previsões. Em nosso preview, apostávamos em classificação do Milan sem muitos problemas, uma vez que seus adversários tinham pouca tradição no torneio. Porém, em um grupo muito disputado e nivelado por baixo, os rossoneri não venceram nenhuma partida e terminaram a competição com apenas um gol marcado, confirmando a má fase pela qual passa a equipe, que, no Campeonato Primavera, ocupa apenas a quinta colocação de seu grupo.
Na estreia em Viareggio, contra os japoneses do Nagoya Grampus, o tridente ofensivo composto por Oduamadi, Verdi e Ganz não conseguiu penetrar na forte linha defensiva adversária hora nenhuma e não saiu do zero. Placar que se repetiu na segunda partida, contra o Sassuolo, mesmo com a mudança do 4-3-3 para o 4-2-3-1 efetuada por Stroppa. A nova linha ofensiva, que passou a contar com Carmona e Sampirisi nos luagares de Oduamadi e Verdi, não conseguiu melhorar a efetividade do ataque.
Ainda assim, graças ao empate do Nagoya Grampus com o Sassuolo, o Milan chegou à última rodada da fase de grupos com chances de classificação: “bastava” vencer o já eliminado Stabaek por quatro gols de diferença. Para um time que até ali não tinha balançado as redes, contudo, era uma missão e tanto.
Para isso, Stroppa mudou mais uma vez o esquema e as peças, recuando Ganz e promovendo a entrada de Fossati e Santonocito no time titular. A equipe de fato melhorou e saiu da primeira etapa com a vantagem no placar: gol de Ganz, filho do ex-atacante Maurizio Ganz, e melhor (ou menos pior) jogador rossonero no torneio. No segundo tempo, porém, os noruegueses voltaram bem melhores e não tiveram muita dificuldade para virar o jogo e acabar com as chances do fraquíssimo Milan, que teve uma prévia de carnaval para tirar da memória.
Roma
Técnico: Alberto De Rossi
Quando caiu: Oitavas-de-final
O time da capital chegou a Viareggio com boas expectativas, apoiado em uma boa campanha no Campeonato Primavera e uma goleada histórica contra a maior rival na semana anterior, mas, de novo, não conseguiu passar das oitavas-de-final. Na fase de grupos, não teve problemas e se classificou com facilidade, superando adversários frágeis. Logo na partida de estreia, goleada por 5 a 2 contra os sérvios do Jedinstvo. O atacante Scardina foi o destaque, marcando três gols. Na segunda rodada, mais um ótimo resultado empolgou os torcedores giallorossi: 5 a 0 sobre o Taranto. Dessa vez, foi o meio-campista Florenzi quem brilhou, anotando dois gols.
Na partida que fechava a fase de grupos, uma Roma praticamente classificada e mais relaxada apenas empatou com o dinamarquês Midtjylland. Destaque para Capriari, que manteve a regularidade e chegou a seu terceiro gol em três jogos. O habilidoso Ciciretti dava o tom do time no meio-campo.
Nas oitavas-de-final, o duelo foi contra a Sampdoria, que fizera campanha muito parecida na fase de grupos (duas vitórias por goleada e um empate por 1 a 1). Diante de um adversário mais forte, no entanto, o time de Alberto De Rossi não se comportou como na fase anterior e assistiu uma Sampdoria bem superior na maior parte do tempo. Escalada sempre no 4-1-4-1, a Roma se viu envolvida pelo bom meio-campo blucerchiato, comandado por Obiang, e pela boa presença da dupla de ataque Zaza-Testardi. O time conseguiu superar a pressão e levou a partida para os pênaltis.
O filme terminou da mesma maneira que no ano passado: a Roma chega confiante, faz boa fase de grupos, mas é eliminada em cobranças de pênaltis nas oitavas-de-final. O carrasco da vez foi o bom zagueiro Mladen, único a errar a partir da marca de cal.
Sampdoria
Técnico: Luciano Bruni
Quando caiu: Quartas-de-final
A Sampdoria conta com uma das melhores estruturas de base do país e sempre vai a Viareggio sonhando com o título, que já conquistou em outras quatro oportunidades. No ano passado, o objetivo foi interrompido ainda na primeira fase, quando o time caiu no grupo mais forte e ainda teve problemas com uma partida adiada. Este ano, para apagar a má impressão deixada na última edição, o time comandado por Luciano Bruni, campeão com a Juve no ano passado, veio focado e bem preparado.
No primeiro jogo, venceu o Dukla Praga por 5 a 0, com três gols de Zaza, maior destaque do time no torneio, que disputou pela segunda vez – ano passado, jogou pela Atalanta. Na rodada seguinte, contra o Vicenza, mais uma vitória pelo mesmo placar. O atacante Zaza marcou mais dois, para assegurar seu posto de artilheiro do time. E na última partida da fase de grupos, um empate por 1 a 1 com o Virtus Entella. Nas oitavas-de-final, contra a Roma, os blucerchiati fizeram bom jogo e confirmaram que o objetivo era chegar longe.
No entanto, o sonho mais uma vez terminou antes da hora, com a eliminação para o surpreendente Varese, nas quartas-de-final. O status de decepção se explica pela disparidade entre tradição e investimentos no futebol de base verificado na comparação entre as duas equipes. A máquina de fazer gols, como vinha sendo chamado o time varesino, comandado por Devis Mangia, não demorou muito para abrir o placar: aos 11, Pompilio fez o dele. No início da segunda etapa, um balde de água fria nos blucerchiati, que almejavam uma reação: Ferreira marcou e ampliou.
Com um meio campo forte e o atacante Icardi em boa fase, a Samp ainda esboçou uma reação, com gol do argentino aos 22 da segunda etapa, mas Pompilio tratou de dar números finais ao jogo logo depois. Assim, a Samp ficou de fora do grupo dos quatro melhores mais uma vez, mesmo após o investimento no técnico que ano passado levou a Juve ao bicampeonato. Menos mal que o objetivo da base seja mais a formação do que títulos conquistados e que jogadores como Obiang, Zaza e Icardi tenham aparecido bem.
Lazio
Técnico: Alberto Bollini
Quando caiu: Oitavas-de-final
A Lazio não chega a ser uma decepção, mas a mudança de técnico, a boa campanha no Campeonato Primavera e talentos como o trequartista Ceccarelli e o atacante Cinque trilhavam um caminho melhor do que ser eliminado nas oitavas-de-final pelo Parma, que só se classificou para a fase do mata-mata como melhor segundo colocado, após campanha medíocre na primeira fase.
A campanha do time de Bollini foi perfeita na fase de grupos: foram três vitórias e nove gols marcados, para desbancar o favorito e tradicionalíssimo Torino, seis vezes campeão do torneio. Ceccarelli foi o principal jogador da equipe, sendo fundamental para a boa movimentação do meio de campo laziale, além de ter sido o artilheiro do time, com quatro gols marcados. O bom desempenho na primeira fase injetou dose extra de ânimo na equipe, que, no entanto, não conseguiu superar os crociati, que não tem tradição na formação de jogadores, ganhando, assim, lugar especial na nossa sessão de decepções.
As semifinalistas (Nelson Oliveira)
Atalanta
Técnico: Walter Bonacina
Destaques: De Leidi (zagueiro), Minotti (meio-campista), Monacizzo (meio-campista), Cortesi (meia-atacante), Magnaghi (atacante) e Gatto (atacante).
Na campanha que levou a Atalanta de Bonacina pela segunda vez consecutiva até as semifinais em Viareggio, a equipe privilegiou o jogo ofensivo. Jogando no 4-3-3 ou no 4-1-4-1, os bergamascos protagonizaram um futebol vertical e bonito de ver, sempre pelas pontas, apostando na habilidade de Minotti, Cortesi e Gatto. Outro ponto importante, sobretudo na renovação do futebol italiano, é que à exceção do atacante Pieroni, todos os jogadores do time são nascidos na Itália.
Mais que favorita no grupo 2, a equipe nerazzurra teve muita facilidade para vencer todos os jogos no grupo, contra Estrela Vermelha (2 a 1), Cesena (2 a 0) e a semiamadora Sambenedettese (4 a 1) – que curiosamente tinha um goleiro chamado Zenga, como o ex-goleiro da Inter e da Itália, que teve suas primeiras chances pelos rossoblù. Nas oitavas de final, os orobici atropelaram os japoneses do Nagoya Grampus, que haviam eliminado o Milan. Na goleada por 4 a 0, construída com dois gols em cada tempo, o destaque foi o centravante Magnaghi, artilheiro da equipe no torneio, com três gols.
O ponto alto da equipe, no entanto, foi atingido nas quartas. Contra a campeã Juventus, o domínio foi absoluto. No início do primeiro tempo, o forte Magnaghi subiu alto para marcar de cabeça, dando tranquilidade. Aos 14 da segunda etapa, Gatto recebeu lançamento e, com um belo domínio, ajeitou da ponta esquerda para o centro da área, tirando o lateral Romano da jogada e batendo sem chance para Constantino. Büchel logo diminuiu com um gol fantasma, mas o habilidoso Cortesi, jogando na outra ponta do tridente bergamasco, matou a partida, 3 a 1.
A Atalanta foi para as semifinais credenciada para jogar de igual para igual com a Inter. No jogo mais complicado da trajetória interista até o título, as duas equipes faziam um duelo tático no 4-3-3 e os jogadores bergamascos fizeram excelente partida, mas não passaram pelo goleiro Bardi: de cabeça erguida, a Atalanta caiu nos pênaltis por méritos do goleiro interista. Nada que impeça um dos mais importantes vivaios do país a continuar revelando alguns dos mais promissores jovens da Itália.
Fiorentina
Técnico: Renato Buso
Destaques: Seculin (goleiro), Piccini (lateral direito), Camporese (zagueiro), Agyei (volante), Salifu, (meio-campista), Taddei (meio-campista), Carraro (esterno; trequartista), Iemello (atacante) e Ryder Matos (atacante).
Finalista do torneio, derrotada pela Inter no jogo decisivo de Livorno, a Fiorentina pode sorrir para seu futuro: desfilam pelo estádio Poggioloni algumas das maiores promessas do futebol italiano. As maiores delas são, certamente, o zagueiro Camporese, já uma das maiores revelações da Serie A e o esterno Carraro, que está no clube desde a categoria Pulcini (sub-11). O fantasista, que joga aberto pela direita, mas que também sabe jogar mais centralizado, é o principal jogador do time.
A campanha viola no torneio começou sem Camporese, que só foi utilizado na fase eliminatória, em virtude do seu emprego com o time principal. No grupo 8, a Fiorentina ficou na primeira posição, batendo o Newcastle por 3 a 1 e o Lecce por 2 a 1, poupando-se no último jogo da chave, empate por 2 a 2 contra os paraguaios do Club Nacional. Naquela fase, a Fiorentina mostrou os atributos que melhor caracterizam a equipe de Renato Buso no Campeonato Primavera: time que joga para frente, sem muitas preocupações com a defesa. Comandados pelas jogadas de Carraro, os gigliatti seguiam em frente com os gols do centroavante Iemmelo e do atacante brasileiro Ryder Matos, que joga pelos lados do campo, mas finaliza bem.
Dando suporte a toda esta fantasia, a dupla de meio-campistas ganenses formada por Agyei (volante mais fixo) e Salifu (box-to-box) dava conta do recado, à frente da defesa, deixando Taddei mais livre para dialogar com Carraro. Na segunda fase, a incorporação de Camporese, já calejado por passagens po todas as seleções italianas de base e pelo time principal, deu um ponto de referência a uma defesa muito jovem. O time seguiu em frente ao passar pela Reggina, nas oitavas, por 2 a 1, com dois de Iemmelo, e pelo surpreendente Parma de Zé Eduardo, inesperado adversário das quartas-de-final. Os crociati quase complicaram a vida da Fiorentina, que precisou dos pênaltis para bater o sistema defensivo eficiente comandado por Ristovski, Feltscher e De Vitis.
Na semifinal, contra o bom time do Varese, a Fiorentina precisou mais uma vez da dobradinha entre Carraro e Iemmelo para vencer o time do artilheiro De Luca, em uma partida que teve todos os gols marcados na primeira etapa. Na final contra a Inter, Iemmelo acabou bem marcado por Benedetti e a Fiorentina perdeu fôlego. Carraro, sempre no centro das ações, não pode fazer mais do que tentar lances individuais ou tentar marcar através de cobranças de falta.
O técnico Buso ainda tentou apostar nos dois úteis reservas do time, o ganense Acosty e o suíço Seferovic, que entraram nos lugares de Ryder Matos e Iemmelo, mas não adiantou para tirar o time da fila de 19 anos. De bom na equipe, ainda há de se ressaltar o goleiro Seculin, membro da seleção italiana sub-21, que tem futuro e não deve ser aproveitado no clube pelo excesso de nomes para a posição.
Varese
Técnico: Devis Mangia
Destaques: Bianchetti (zagueiro), Renan Wagner (volante), Benvenga (meio-campista), Daniel Ferreira (meia-atacante), De Luca (atacante) e Pompilio (atacante).
A equipe mais brasileira da Copa Viareggio, com quatro jogadores oriundos do Brasil, tem sido a grande surpresa da temporada em todas as competições da categoria Primavera. A aposta em brasileiros desonhecidos, que se reflte na equipe profissional, tem dado resultados. Na Serie B, o time briga para subir e, no Campeonato Primavera, é líder de seu grupo. Os biancorossi concluíram a participação na fase de grupos em Viareggio à frente da Juventus e com resultados muito expressivos. A máquina de gols varesina, como ficou conhecida a equipe na competição, marcou, apenas na fase de grupos, treze gols – mesma marca que a Inter, campeã.
A estreia, contra o LIAC New York, teve a primeira grande partida de Giuseppe De Luca, artilheiro do grupo B do Campeonato Primavera, com 14 gols: contra os norte-americanos, o atacante marcou uma tripletta, no 4 a 1 – o outro gol foi o do meia-atacante brasileiro Daniel Ferreira. A segunda partida, contra a Juventus, decidiria o destino da equipe no torneio. Com uma grande atuação de Pompilio, autor de dois gols, mais um gol de De Luca e outro de Benvenga, os lombardos fizeram 4 a 2 na campeã do torneio e praticamente se garantiram nas oitavas. Um sonoro 5 a 0 no Club Brugge, mesmo com alguns reservas em campo, deu a classificação para a equipe.
Nas oitavas de final, contra o Siena, o time contou com mais uma boa exibição do brasileiro Daniel Ferreira, desta vez aberto pela esquerda, no meio-campo, com forte presença no ataque. O brasileiro marcou um dos gols na vitória por 2 a 0 e o artilheiro De Luca foi o responsável por fechar o placar. Nas quartas, o time faria outra partida complicada, contra a Sampdoria, e se saiu muito bem, classificando-se com uma imponente vitória por 3 a 1. Tantos resultados positivos devem-se ao esquema equilibrado montado pelo técnico Devis Mangia, que tem no volante brasileiro Renan Wagner, ex-Internazionale, um ponto de referência no centro do campo. Contra a Samp, De Luca passou em branco, mas Ferreira e Pompilio voltaram a aparecer com importância, mostrando o espírito coletivo do time.
Na semifinal, contra a Fiorentina. o time acabou vendendo caro a derrota por 2 a 1 e, por pouco não fez a final contra a Inter, adversária direta no grupo B do Campeonato Primavera. A ótima temporada mostra que o time está no caminho certo: melhor ataque e melhor defesa do campeonato, o Varese se portou em Viareggio como uma das equipes mais completas do torneio, assumindo o posto de melhor ataque, com 18 gols.
Os bons valores do time devem render frutos – seja atuando pelo time de cima ou vendidos a equipes maiores – e, De Luca deve ser um dos jogadores mais valorizados no mercado de verão. O artilheiro da competição, com 7 gols (ao lado do interista Dell’Agnello), costuma jogar aberto pela esquerda e centralizar as jogadas para finalizar e, por seu estilo de jogo tem sido comparado a Antonio Di Natale, da Udinese. Melhor cartão de visitas impossível.
A campeã (Nelson Oliveira)
Inter
Técnico: Fulvio Pea
Destaques: Bardi (goleiro), Natalino (lateral direito), Benedetti (zagueiro), Biraghi (lateral-esquerdo), Crisetig (regista), Knasmülner (meia-atacante), Alibec (atacante) e Dell’Agnello (atacante).
A forte geração nerazzurra chegou ao torneio com mais chances de conquistar o troféu desde o time que tinha Santon e Balotelli. O técnico Fulvio Pea, que venceu o Campeonato Primavera e a Coppa Italia Primavera pela Sampdoria, em 2009, tinha em suas mãos um elenco tão forte que, em algumas posições, tem feito rodízio constante. Não foi diferente no litoral toscano: o ítalo-brasileiro Daniel Bessa revezou com o austríaco Knasmüllner, no ataque, enquanto a versatilidade dos laterais Biraghi, Mannini, Faraoni e Natalino conduzia a um turnover eficaz – Natalino também joga como zagueiro, Mannini é ambidestro e Faraoni desempenha todas as funções de esterno pela direita.
Na campanha interista em Viareggio, a superioridade resultou em uma campanha praticamente sem sustos, conduzida com tranquilidade. No grupo 4, a Inter passeou, com três vitórias (3 a 0 sobre o APIA Leichhardt, 4 a 0 sobre o Esperia Viareggio e 2 a 1 sobre o Combinado da Serie D) e sofreu o único gol na competição. À exceção de um gol de Knasmüllner contra os australianos, os outros 12 gols da Inter em Viareggio se dividiram apenas entre o capitão e principal jogador do time, habilidoso romeno Alibec, autor de cinco, e o centroavante Dell’Agnello, mais fixo na área.
O livornês, valendo-se de características que todo bom atacante deve ter, como força física, boa proteção de bola e, claro, poder de finalização – e, em seu caso, também de cabeceio – acabou se sagrando artilheiro do torneio com sete gols. No entanto, o atacante precisa amadurecer a cabeça – a comemoração após o segundo gol na final ultrapassou todos os limites.
Na fase eliminatória, Natalino deixou de ser improvisado na defesa e deu lugar ao seguro zagueiro Benedetti, frequentemente convocado para partidas do time principal. Outro jogador importante para o balanço defensivo é o meio-campista Crisetig, figurinha carimbada na seleção sub-21 italiana mesmo tendo idade para representar a sub-19. O regista é o responsável por sustentar a espinha dorsal do time, atacando com a mesma desenvoltura com que marca.
Nas oitavas e nas quartas, a Inter venceu Prato e Genoa por apenas 1 a 0, embora com amplo domínio das partidas. Outro entre os poucos titulares absolutos da equipe de Pea, é o goleiro Bardi, que barra Galinetta, destaque do Sassuolo na última edição da Copa Viareggio, desde o início da temporada. Mostrando muita segurança, o goleiro é muito maduro para quem tem apenas 18 anos. Com bons reflexos e defesas importantes, o goleiro cresceu a partir das quartas.
Contra os rossoblù, um pênalti cometido por Faraoni sobre Boakye quase dificultou as coisas para a futura campeã, mas Bardi defendeu a cobrança e se tornou o herói do jogo. Contra a Atalanta, nas semifinais, o jogo terminou empatado em 0 a 0 e, novamente, Bardi se tornou herói. Muito tranquilo, o goleiro defendeu três cobranças dos bergamascos e foi o principal responsável por colocar a Inter na final.
Na decisão contra a Fiorentina, no estádio Armando Picchi, de Livorno, terra de Bardi e Dell’Agnello, a Inter parecia jogar fora de casa. A torcida viola veio da vizinha Florença e lotou o estádio, mas os jogadores nerazzurri não se intimidaram e logo abriram o placar, aos 4 minutos, graças a Dell’Agnello, que aproveitou bela jogada construída por Alibec e Romanò. A defesa se comportava bem frente a Carraro e Iemello e a Fiorentina só assustava com bolas paradas, sempre com o promissor camisa 10 viola.
A Inter chegou a colocar duas bolas na trave, com Alibec e Faraoni, mas quem fez o segundo foi o artilheiro Dell’Agnello, graças a cobrança de pênalti convertida na segunda etapa. Ao final do jogo, além do troféu de campeã, a Inter pode comemorar a eleição de Bardi como melhor goleiro do torneio e a de Dell’Agnello como Golden Boy, prêmio de melhor jogador de toda a competição.
O investimento cada maior em jovens, herança da passagem de José Mourinho pelo clube, está dando resultados: além de títulos, a Inter tem conseguido formar jogadores interessantes e que podem ser melhor empregados pelo time principal. No processo de rejuvenescimento e italianização que a pentacampeã nacional está iniciando, olhar para o próprio vivaio é mais do que fundamental.
A Juventus decepcionou em todas as competições que disputou nesta temporada. Situação não tá boa não.