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Jogo de espelhos

Ninho de Pássaro vermelho e preto: Milan começou a temporada levantando troféu (Reuters)

Em Pequim, deu a lógica: o Milan, inalterado em relação à 2010-11, venceu, de virada, uma Inter ainda em formação após a chegada de Gian Piero Gasperini, na abertura da temporada do futebol italiano. O 2 a 1 deixa o Milan isolado como maior vencedor do torneio, com seis títulos, e apenas referendou o que já se imaginava: o campeão começa a temporada como favorito pelo bi da Serie A.

O Diavolo, no entanto, não fez grande partida – assim como a Inter. Os times espelharam-se em cada um dos tempos: o que a Inter foi no primeiro tempo, o Milan foi no segundo, e vice-versa. No primeiro tempo, os nerazzurri ditaram o ritmo do jogo, impondo-se taticamente, tirando os espaços do Milan e aparecendo com frequência no ataque. Dava certo a opção de Gasperini por um meio-campo mais protegido, em um 3-4-2-1 que tinha apenas Eto’o como atacante, e Sneijder abriu o placar com um golaço, em cobrança de falta. A Beneamata jogava bem pelo lado esquerdo, e a combinação entre Obi e Álvarez (embora o argentino tenha sido tímido) dava trabalho a Abate e Gattuso. Apático, o Milan só reagiu após os 40 minutos, quando Ibrahimovic acertou a trave.

No segundo tempo, a Inter mudou e voltou mais precavida, definitivamente no 4-4-1-1 com que se protava para defender, sem a bola. Porém, se Gasperini quer uma equipe que possa mudar de esquema tático diversas vezes durante uma partida, mantendo a eficiência, terá de insistir um pouco mais em treinamentos. A equipe não assimilou bem a mudança, sentiu a falta de profundidade no ataque e, em condições físicas mais precárias que o Milan, perdeu o meio-campo e o jogo. A Supercopa, encarada como um teste para ajustar problemas antes do início da Serie A, valeu pela postura agressiva do primeiro tempo.

A mudança tática da Inter veio acompanhada de uma resposta do Milan, sobretudo no modo de encarar o jogo. Deixando a apatia de lado, Seedorf e Boateng cresceram de produção e foram responsáveis pela virada, que aconteceu em apenas 20 minutos. Este período foi marcado pela queda brutal de produção de Thiago Motta, que fez um primeiro tempo irretocável, sem errar um passe sequer, e de Sneijder, verdadeiro termômetro na derrota interista, errando passes e mostrando nervosismo, provavelmente pela indefinição quanto a sua permanência. Caso saia, a Inter não precisará contratar um jogador com suas características, mas precisará de um jogador de nível mundial. Assim como contratou Eto’o quando negociou Ibrahimovic com o Barcelona. O sueco, aliás, foi decisivo contra sua antiga equipe e começou a temporada voando. Se mantiver o nível, o Milan pode disparar nas primeiras rodadas do campeonato.

Notas
MILAN
Abbiati, 5,5 – não conseguiu defender a cobrança de falta de Sneijder e foi pouco exigido.
Abate, 5,5 – perdeu o duelo contra Obi, mas se redimiu com o lançamento no gol da virada.
Nesta, 5,5 – jogando na cobertura, fez um primeiro tempo ruim, mas foi regular no segundo.
Thiago Silva, 7 – não deu a mínima chance a Eto’o.
Zambrotta, 5 – nulo em campo, não chegou ao ataque e não foi ameaçado na defesa.
Gattuso, 5 – sofreu com Obi e Álvarez, podia ter sido expulso logo após levar o amarelo.
Ambrosini (aos 30′ do 2º tempo), sem nota
van Bommel, 6 – seguro na marcação, não deu chance a Sneijder no segundo tempo.
Seedorf, 7 – fez ótimo segundo tempo e apareceu bem no gol de empate
Boateng, 6,5 – venceu o confronto com Motta e se antecipou a Chivu para marcar o gol da vitória.
Emanuelson (aos 36′/2ºT), sem nota
Robinho, 5,5 – perdeu uma grande chance no primeiro tempo e só reapareceu no segundo tempo, com belo passe para Seedorf na jogada do gol.
Pato (aos 16′/2ºT), 6,5 – deu um recado a Allegri: tem que ser titular no lugar de Robinho.
Ibrahimovic, 7,5 – decisivo, fez valer a lei do ex
INTER
Júlio César, 5 – falhou no gol da virada milanista.
Ranocchia, 6 – participou bem do jogo, inclusive ofensivamente.
Samuel, 6 – não teve culpa nos gols sofridos, anulou Robinho.
Chivu, 4,5 – os dois gols sofridos pela Inter contaram com sua participação. E olha que era o zagueiro mais adaptado ao esquema de Gasperini…
Zanetti, 5,5 – ainda que sem brilho, manteve a classe costumeira.
Motta, 5 – primeiro tempo irretocável, segundo sofrível: a confusão armada por ele desequilibrou a Inter, que levou a virada em seguida.
Stankovic, 5,5 – para quem sofreu lesão há dois dias, fez o que pode.
Pazzini (aos 29′/2ºT), 5,5 – demorou de entrar em campo, mas recebeu poucas bolas.
Álvarez, 5,5 – tímido: apareceu bem, mas apareceu pouco.
Faraoni (aos 18′/2ºT), 6 – talento para o futuro: versátil, jogou em duas posições em meia hora, mas não conseguiu mudar o jogo.
Obi, 6 – melhor em campo no primeiro tempo, quando venceu duelo com Abate. No segundo, minguou junto com o time e sentiu a falta de experiência
Castaignos (aos 36′/2ºT), sem nota
Sneijder, 6 – marcou um golaço e foi bem na primeira etapa, na segunda, esbanjou nervosismo e erros.
Eto’o, 5 – não fez cócegas em Thiago Silva

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