Assim como praticamente todo jovem das décadas passadas, Claudio López só sossegava quando estava com a bola nos pés. Não dava sossego à mãe e aos amigos, os quais infernizava até que todos se juntassem a ele para bater uma bolinha nas ruas. Era chato, chato como um piolho. Chato também era dentro do campo. Ao menos para os defensores rivais. Claudio “Piojo” López não dava sossego também aos adversários, que não conseguiam pará-lo.
Piojo começou no futebol pelo Independiente de Río Tercero, em sua cidade natal, e chegou a ser campeão argentino infantil pelo pequeno clube. Após um curto estágio na base do Huracán, López concluiu sua formação com passagens por Estudiantes La Plata e Universitário de Córdoba. Em 1992, assinou com o Racing e deu início a sua história como ídolo em Avellaneda.
Claudio López ficou quatro anos em El Cilindro, mas não ganhou nenhum título – por pouco. Logo em sua temporada de estreia por La Academia, Piojo ficou com o vice da Supercopa Libertadores e, no ano seguinte, faturou o terceiro lugar no Torneio Apertura de 1993 – um ponto atrás do campeão, o River Plate. Com o passar dos anos, López se transformou na principal figura racinguista e foi o grande nome do vice no Apertura, em 1995.
Ao longo da temporada 1995-96, o canhoto López chegou a jogar até mesmo como meia pela esquerda. Mesmo assim, se destacou muito com a camisa branca e azul, marcou 18 gols e recebeu a chance de vestir outro manto albiceleste. Piojo ganhou as primeiras oportunidades na seleção principal da Argentina e fez parte do elenco que ficou com a prata olímpica em Atlanta, em 1996. Já negociado com o Valencia, insistiu para voltar para seu país para se despedir do Racing no jogo contra o Boca Juniors. López marcou um gol de centroavante no final do jogo e assistiu Diego Maradona desperdiçar um pênalti na sequência. Acabou o jogo sentado sobre o travessão, celebrado por um Cilindro lotado.
Em seus primeiros anos, o atacante argentino se caracterizou por sua velocidade e também pela habilidade com a perna esquerda. Foi assim que chamou a atenção de Luis Aragonés, então treinador do Valencia. Sua contratação fazia parte de um pacote de renovação proposto pelos valencianos, que tinham perdido alguns de seus principais jogadores depois do vice-campeonato no ano anterior.
López chegou junto o russo Valeriy Karpin e o brasileiro Romário e, em seus anos na terra da paella, teria ainda a companhia do compatriota Ariel Ortega. Constantes entreveros entre Romário e Aragonés levaram à saída do brasileiro da equipe apenas alguns meses depois de sua chegada, o que abriu as portas da titularidade para o Piojo. No entanto, maus resultados derrubaram Aragonés e seu substituto, Jorge Valdano, tinha explícita preferência por “Burrito” Ortega: para ele, seus conterrâneos não se encaixavam no mesmo time.
A sequência de maus resultados derrubou Valdano e, para seu lugar, Claudio Ranieri foi contratado. Sob o comando do italiano, López enfim se tornou peça intocável e fundamental para o Valencia: em 1998-99, sagrou-se artilheiro e campeão da Copa do Rei e, com 21 gols, foi o terceiro maior artilheiro de La Liga. Durante seus quatro anos na Espanha, Piojo também foi peça fundamental da equipe que chegou à decisão da Liga dos Campeões da temporada 1999-2000 – já sob as ordens de Héctor Cúper. Nesse mesmo período foi chamado para sua primeira Copa do Mundo, em 1998, e atuou ao lado da dupla formada por Hernán Crespo e Gabriel Batistuta.
Adorado pela torcida valenciana e considerado um dos melhores segundos atacantes do final dos anos 1990, Claudio López acabou trocando de clube na janela de verão de 2000. O argentino acertou sua transferência à Lazio, então campeão italiana, por uma quantia multimilionária, e encerrou sua passagem com 72 gols em 180 jogos pelo Valencia. Piojo nunca havia escondido seu desejo de atuar no futebol da Bota, onde também atuavam alguns de seus conterrâneos, e finalmente realizava seu sonho.
A Lazio, então campeã italiana, lhe vendeu um projeto ambicioso, que contava com um investimento pesado do presidente Sergio Cragnotti. O dono da Cirio queria continuar a trajetória de títulos para completar as comemorações do centenário da equipe. Além de López, também foram contratados o conterrâneo Crespo, Dino Baggio, Angelo Peruzzi e Karel Poborsky.
Piojo começou com tudo, anotando dois gols na vitória contra a Inter, pela Supercopa Italiana, mas a sequência da temporada foi aquém do esperado. Além da dificuldade em adaptar-se a um futebol mais físico, lesionou o joelho em seu segundo mês na capital e conseguiu fazer apenas 22 jogos na temporada. Não conseguiu balançar as redes uma única vez pela Serie A, mas além da doppietta na decisão local, López também marcou cinco vezes na Liga dos Campeões.
As temporadas seguintes de Claudio López na Lazio foram um pouco melhores. Em 2001-02, o atacante conseguiu continuidade e anotou 10 gols na Serie A, embora a campanha celeste tenha decepcionado a torcida. Nesse meio tempo o atacante também ficou marcado pelo fracasso da seleção argentina na Copa do Mundo de 2002, o que colocou em xeque a sua utilidade para o projeto da Albiceleste: Piojo só foi convocado mais outras duas vezes após o Mundial, em 2003.
Em 2002-03, López deu a volta por cima na Lazio e teve seu melhor ano em solo italiano: anotou 17 gols no total e os 15 marcados pelo Campeonato Italiano foram fundamentais para que a equipe romana ficasse com a quarta posição e uma vaga na Champions League. Entre os mais marcantes, destacam-se os dois nos empates contra o Milan e a tripletta num 3 a 3 contra a Inter: na comemoração de um deles, López e Bernardo Corradi dançaram Ragatanga.
O último ano do argentino na Cidade Eterna foi marcado por pouco futebol mostrado e muitos problemas extracampo. Mesmo tendo vencido a Coppa Italia, a Lazio encarou sérios problemas financeiros, causados pela gestão fraudulenta de Cragnotti, e rapidamente o esquadrão montado foi se desmontando. Claudio López entrou em litígio com a diretoria após cobrar na justiça os pagamentos de salários atrasados, o que acabou por ser o ato final de sua passagem pela capital italiana.
Perto da falência, a Lazio não hesitou em aceitar a proposta do América, do México. A passagem do argentino pelo futebol italiano foi concluída com 38 gols em 143 jogos: bons números diante de seu retrospecto na carreira, mas que poderiam ser melhores, não fossem os problemas físicos da primeira temporada e a crise da última delas.
O início da passagem de López pelo futebol mexicano foi de destaque, e o argentino conquistou o primeiro campeonato nacional da carreira e uma Concachampions. Chegou-se, inclusive, a ouvir rumores de um retorno à Europa, o que não aconteceu. Depois de três temporadas no Azteca, retornou ao Racing com o intuito de concluir seu ciclo por La Academia. Piojo fez uma temporada de muito sucesso, com 10 gols em 34 jogos e, aos 34 anos, optou por se aventurar no futebol norte-americano.
Foram dois anos no Kansas City Wizards e um no Colorado Rapids, clube pelo qual foi campeão da MLS e iniciou sua carreira como dirigente, após uma breve aventura no mundo das corridas de rally. Mesmo radicado nos Estados Unidos, Piojo não esquece suas origens: até hoje, o ex-atacante colabora, através de um projeto social e esportivo, com o Independiente de Río Tercero, equipe que o lançou para o futebol.
Claudio Javier López
Nascimento: 17 de julho de 1974, em Río Tercero, Argentina
Posição: atacante
Clubes: Racing (1992-96 e 2007), Valencia (1996-2000), Lazio (2000-04), América (2004-07), Kansas City Wizards (2008-10) e Colorado Rapids (2010)
Títulos: Prata Olímpica (1996), Copa Intertoto (1998), Copa do Rei (1999), Supercopa da Espanha (1999), Supercopa Italiana (2000), Coppa Italia (2004), Campeonato Mexicano (2005), Supercopa do México (2005), Copa dos Campeões da Concacaf (2006) e Major League Soccer (2010)
Seleção argentina: 55 jogos e 10 gols
Boa noite
Na copa do mundo de 1998 , o Piolho Lopes já começou como titular , no jogo contra o JAPÃO , vencido pela argentina por 1 x 0. Foi titular em todos os jogos.
Parabéns pelo site
Abs