Serie A

Guia da Serie A 2011-12, parte 1

Na última temporada, o Milan levantou a taça. Para 2011-12, busca o bicampeonato e larga na frente dos rivais (Getty Images)

Após a greve que provocou o adiamento da 1ª rodada da Serie A, o campeonato começará, de fato, nesta sexta-feira, 9 de setembro, com a partida entre Milan e Lazio. O campeonato deste ano deve ser marcado novamente pela disputa entre os times de Milão. O Milan continua como favorito, já que precisava de poucos ajustes e acabou mantendo a base, e larga na frente de uma Inter ainda em formação.

Em tese, a terceira força italiana neste ano é a Juventus, bastante reforçada, que não jogará nenhuma competição europeia e se dedicará inteiramente ao campeonato. Um pouco mais atrás, o Napoli se reforçou bastante e deve, ao menos, incomodar o pelotão de cima, brigando novamente por uma vaga na Liga dos Campeões. Uma Roma com novo dono e uma Lazio com moral revigorada também devem aparecer com destaque, enquanto a Udinese buscará surpreender mais uma vez, com seu futebol bonito. No pelotão intermediário, Genoa, Cesena e Cagliari prometem vida dura a qualquer visitante que adentrem seus domínios.

Desta vez, o campeonato começará após o mercado ter fechado, ou seja, não acontecerão modificações nos elencos (a não ser que jogadores atualmente sem contrato sejam adquiridos) até janeiro, quando uma nova janela de transferências tomará lugar. Escrevemos este guia antes do mercado ser fechado e, agora, trazemos sua atualização. Para conferir o que mudou em cada time antes de o mercado fechar, confira as duas partes do guia, clicando aqui e aqui, mas também não esqueça de ver todas as transferências que envolveram os clubes italianos e nossa análise do mercado. Faça suas apostas e confira a primeira parte do guia Quattro Tratti da Serie A 2011-12!

Atalanta
Cidade: Bérgamo (Lombardia)
Estádio: Atleti Azzurri D’Italia (24642 lugares)
Em 2010-11: campeã da Serie B
O cara: Simone Padoin (meio-campista, foto)
A promessa: Manolo Gabbiadini (atacante)
O treinador: Stefano Colantuono (2ª temporada)
Principais reforços: Germán Denis (a, Udinese), Matteo Brighi (m, Roma) e Maximiliano Moralez (m, Vélez)
Principal perda: Cristiano Doni (m, suspenso por apostas ilegais)
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-4-1-1): Consigli; Masiello, Capelli, Lucchini, Peluso (Bellini); Padoin, Brighi, Cigarini (Carmona), Bonaventura; Moralez; Denis (Marilungo; Tiribocchi).

A regularidade foi a marca da Atalanta campeã da Serie B 2010-11. Os nerazzurri retornaram à Serie A com facilidade e contaram com boas participações dos experientes Cristiano Doni e Simone Tiribocchi, que marcaram 12 e 14 gols respectivamente, durante a campanha campeã. O elenco, que já era bom, parecia suficiente para buscar a permanência. Porém, os orobici foram uma das equipes que tiveram o nome envolvido com o escândalo de manipulação de resultados e apostas, que estourou na pré-temporada, e começa a Serie A com seis pontos negativos. A pontuação é reversível, mas o que mais pode afetar o time é a suspensão do capitão Doni por três temporadas e meia. A bandeira do time, exemplo para todos, fará falta dentro e fora das quatro linhas.

O elenco campeão foi praticamente mantido. Além da manutenção da base, os nerazzurri contrataram bem. O principal nome desembarca na Itália vindo da Argentina: Maxi Moralez, que exerce a mesma função de Doni e se destacou no Vélez, na Libertadores e também no título do Clausura, ambos em 2011. O argentino deve ser o trequartista do 4-4-1-1 armado por Stefano Colantuono. A defesa, uma das melhores da última Serie B, recebeu reforços que chegam com o status de titulares. Masiello veio do rebaixado Bari para assumir a lateral-direita e Lucchini deixou a também rebaixada Sampdoria e deve ser um dos titulares no centro da zaga. O ataque, que perdeu quatro jogadores (Doni, Amoruso, Ruopolo e Ceravolo) terá o argentino Denis como responsável pelos gols, com Gabbiadini e Marilungo, duas promessas, e o experiente Tiribocchi como opções.

Os orobici ainda contam com o selecionável Carlos Carmona (Chile), uma ótima opção a Brighi e Cigarini, duas boas contratações do último dia da janela de transferências. Os três devem oferecer ajuda a Padoin, meia que se destacou ao lado de Guarente, nas últimas campanhas da Atalanta na Serie A, e que deve ser o ponto de referência da equipe, na ausência de Doni. O meio-campo promete ser um setor forte e com muitas opções: Schelotto e Caserta, ambos ex-Cesena, voltaram ao time e, juntamente o brasileiro Ferreira Pinto, dão profundidade ao elenco. As categorias de base do clube continuam bem e alguns dos destaques da equipe Primavera, treinada por Walter Bonacina, devem ajudar na composição do bom elenco profissional, que já tem alguns formados no clube, como o vice-capitão Bellini, o goleiro Consigli, o meia Bonaventura e os já citados Padoin e Gabbiadini. Com dedicação, a manutenção na divisão de elite italiana é plenamente possível. (Pedro Spiacci)

Bologna
Cidade: Bolonha (Emília-Romanha)
Estádio: Renato Dall’Ara (39444 lugares)
Em 2010-11: 16ª colocação
O cara: Marco di Vaio (atacante)
A promessa: Federico Rodríguez (atacante)
O treinador: Pierpaolo Bisoli (1ª temporada)
Principais reforços: Jean François Gillet (g, Bari), Alessandro Diamanti (m, Brescia) e Robert Acquafreca (a, Cagliari)
Principal perda: Emiliano Viviano (g, Inter)
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-3-1-2): Gillet; Crespo, Antonsson, Portanova, Morleo; Perez, Mudingayi, Kone; Diamanti (Ramírez); Di Vaio, Acquafresca.

A temporada do Bologna começou com uma bela mancada durante o mercado: por causa de um erro do diretor geral do clube, Stefano Pedrelli, que errou no preenchimento de papéis de co-propriedade, o clube perdeu o goleiro Emiliano Viviano – um dos melhores jogadores do time na temporada passada e goleiro da seleção italiana- para a Inter de Milão. O erro foi tão tosco que o próprio Pedrelli pediu demissão após o episódio. Para piorar, a contratação de Pierpaolo Bisoli para o lugar do ex-técnico Alberto Malesani também não foi recebida com muita empolgação pelos torcedores, que já começavam a imaginar um futuro nada animador para o time nesta temporada.

Com experiência limitada treinando na Serie A (apenas alguns meses mal-sucedidos no Caglairi, temporada passada), Bisoli se apoia na reputação que construiu em divisões inferiores, como o histórico duplo acesso conquistado pelo Cesena, da Lega Pro à Serie A, em dois anos. O treinador está sem trabalhar desde novembro de 2010, no entanto, e é uma aposta arriscada. Talvez seu único trunfo esta temporada seja a proximidade com a diretoria desde o início do mercado e, o que parecia caminhar para uma temporada de muitos desastres, tomou um rumo mais esperançoso após as contratações de Gillet, Diamanti e Acquafresca. No último dia da janela, a saída de Della Rocca foi bem reposta com Kone.

O ex-goleiro do Bari vem de grandes atuações e deve ser um bom substituto para Viviano. Mais à frente, Diamanti e Acquafresca são promessa de maior companhia para o ídolo Di Vaio, herói do clube nos últimos anos. O meio-campista Diamanti traz mais criatividade e técnica para um setor do campo que contava apenas com o talento do jovem Gastón Ramírez, que acabou ficando mesmo manifestando o desejo de sair. Acquafresca pode ser uma boa opção para dividir os gols com Di Vaio, que na última temporada marcou 19, mais da metade do total de gols que a equipe computou: 35. Será que está chegando ao fim a Di Vaio dependência? (Rodrigo Antonelli)

Cagliari
Cidade: Cagliari (Sardenha)
Estádio: Sant’Elia (23486 lugares)
Em 2010-11: 14ª posição
O cara: Andrea Cossu (meio-campista, foto)
A promessa: Pablo Cepellini (meio-campista)
O treinador: Massimo Ficcadenti (1ª temporada)
Principais reforços: Thiago Ribeiro (a, Cruzeiro), Víctor Ibarbo (m, Atlético Nacional) e Albin Ekdal (m, Juventus).
Principal perda: Andrea Lazzari (meio-campista)
Objetivo: ficar no meio da tabela
Time base (4-3-1-2): Agazzi; Perico (Pisano), Astori, Canini, Agostini; Nainggolan, Conti, Biondini (Ekdal); Cossu; Nenê (Ibarbo), Thiago Ribeiro.

Nada pode ser tranquilo no Cagliari. Após lutar contra as últimas posições na primeira metade da Serie A na última temporada, o time parecia ter se encontrado sob o comando de Roberto Donadoni, grande destaque da equipe na reta final do campeonato. Quando se pensava que o treinador teria paz e respaldo suficiente para trabalhar dentro e fora dos gramados, a surpresa. Em mais uma decisão intempestiva, o presidente Massimo Cellino demitiu o técnico e trouxe para seu lugar Massimo Ficcadenti, que em 2011 realizou bom trabalho ao manter na primeira divisão o caçula Cesena. Começará um trabalho do zero e terá algum trabalho após as movimentações de mercado.

Para reforçar o time, muito se especulou sobre o retorno do (ex) artilheiro David Suazo, que teve seus dias áureos jogando justamente com a camisa rossoblù. Depois de o site oficial do clube colocar o atleta no elenco sardo, mais uma reviravolta da pré-temporada e o hondurenho acabou se tornando reforço do Catania. Para seu lugar – e o de Robert Acquafresca, que retornou ao Bologna após o término de seu empréstimo – foi contratado o ex-cruzeirense Thiago Ribeiro. Encantado com a proposta que julgou como “irrecusável”, o atacante brasileiro se tornou a grande contratação do time para a temporada, posição que lhe dá automaticamente o dever de retribuir em campo. As sombras de El Kabir e Ibarbo, duas promessas que também chegaram no mercado de verão, pesarão muito, mas o Cagliari pode se complicar porque entre os atacantes, apenas Nenê e Larrivey, que não são exatamente goleadores, têm experiência no campeonato italiano.

A falta de atacantes ambientados à Itália deve fazer com que Cossu tenha ainda mais responsabilidade em carregar o time – principalmente após a saída de Lazzari, que deixou o clube para atuar pela Fiorentina. A proposta de jogo do Cagliari, porém, não deverá mudar muito em relação à que foi apresentada na última temporada. O meio-campo com pegada e bom passe de bola seguirá sendo comandado pelo capitão, que terá liberdade para se movimentar, já que às suas costas, um séquito de jogadores polivalentes, como Biondini, Nainggolan e Conti, estará a sua disposição. O setor ainda foi reforçado por Ekdal, bom meia sueco. O objetivo de Ficcadenti é conseguir a salvezza com antecedência, mas evitar que o time caia de produção após o objetivo, como nas últimas temporadas. Mas que ele tome cuidado: o perigo em Cagliari parece morar muito próximo, dentro da sala de um excêntrico e imprevisível presidente. (Leonardo Sacco)

Catania
Cidade: Catania (Sicília)
Estádio: Angelo Massimino (20266 lugares)
Em 2010-11: 13ª posição
O cara: Maxi López (atacante)
A promessa: Keko (meia-atacante)
O técnico: Vincenzo Montella (1ª temporada)
Principais reforços: David Suazo (a, Inter), Sergio Almirón (v, Rosario Central) e Gonzalo Bergessio (a, Saint-Étienne)
Principal perda: Matías Silvestre (z, Palermo)
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time-base (4-3-3): Andújar; Álvarez, Spolli, Legrottaglie, Capuano; Biagianti, Almirón, Lodi; Gómez, Maxi López, Bergessio.

Otimismo. Vindo de uma de suas melhores campanhas na história da Serie A (13ª colocação), o time siciliano manteve a base da última temporada e almeja chegar, pela primeira vez, a uma competição europeia. Entre as saídas, só uma deve ser realmente sentida pela equipe. O capitão Matías Silvestre transferiu-se para o arquirrival Palermo em negociação que rendeu ao Catania o atacante Lanzafame e sete milhões de euros. Lanzafame não foi o único reforço de utilidade duvidosa para o ataque. O hondurenho David Suazo, que chegou a treinar com o Cagliari, assinou com os elefantes, mesmo sem jogar uma partida oficial há mais de um ano. Ao menos, para o ataque, os sicilianos acabaram conseguindo o retorno de Gonzalo Bergessio, que esteve emprestado ao clube na segunda metade de 2010-11 e rendeu bem.

O volante Mario Ángel Paglialunga, vindo do Rosario Central, é uma aposta da diretoria e chega sem muitas credenciais. Assim como o habilidoso Keko, presença constante nas seleções de base da Espanha, que chega por empréstimo do Atlético de Madrid. Outro reforço para o meio-campo é a volta de Pablo Barrientos, que estava emprestado ao Estudiantes de La Plata, mas a principal aquisição para o setor foi a do experiente Almirón, que deve dar mais pegada e qualidade ao meio-campo. Mais experiente ainda é Legrottaglie, que chega para a vaga de Silvestre, embora com algumas dúvidas em relação a seu rendimento.

A contratação de Vincenzo Montella, que apenas conduziu a Roma durante três meses na última temporada, é pra lá de temerária. Se na capital o treinador ao menos conhecia os meandros do clube e tinha o aval do amigo Totti, na Sicília terá em mãos um time limitado, com objetivos diferentes, mas ao menos uma sociedade com boa estrutura, até mesmo se comparada a equipes grandes. Essa estrutura pode ser justamente o diferencial do Catania na briga contra o rebaixamento. (Anderson Moura)

Cesena
Cidade: Cesena (Emília-Romanha)
Estádio: Dino Manuzzi (23860 lugares)
Em 2010-11: 15ª posição
O cara: Marco Parolo (meio-campista, foto)
A promessa: Marko Livaja (atacante)
O treinador: Marco Giampaolo (1ª temporada)
Principais reforços: Adrian Mutu (a, Fiorentina), Antonio Candreva (m, Parma) e Jorge Martínez (a, Juventus)
Principal perda: Emanuele Giaccherini (a, Juventus)
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-3-3): Antonioli; Comotto (Ceccarelli), Von Bergen, Rodríguez (Rossi), Lauro; Parolo, Colucci, Candreva; Éder, Mutu, Martínez.

Surpresa da última temporada, o Cesena parte para o atual campeonato com muito mais força do que terminou o anterior. A começar pelo fato de que se livrou de altos custos de manutenção com o gramado do estádio Dino Manuzzi, castigado pelo frio na região, instalando grama artificial. Também fizeram uma boa troca no banco de reservas, substituindo Massimo Ficcadenti por Marco Giampaolo, um treinador que tem um trabalho mais sólido e que costuma privilegiar um meio-campo forte, ideal para as peças que tem. Outro trunfo foi a renovação com o meio-campista Parolo, peça-chave no esquema do técnico anterior e provavelmente ainda mais importante no de Giampaolo. A faixa central ainda ganhou o importante reforço de Candreva, provável titular, e de Guana e Raphael Martinho, que já conhecem o treinador de outras épocas e renderam bem com ele.

A defesa, setor que costuma ser bem trabalhado pelo treinador de origem suíça, também ganhou reforços: com a saída de Pellegrino, grande ponto de instabilidade da equipe, o Cesena contratou Rossi, que fez campanha positiva com o Bari, e o uruguaio Rodríguez, do Peñarol, que chegam para disputar posição, enquanto Von Bergen permanece como o xerife da zaga. Para as laterais, Comotto e Ceccarelli oferecem versatilidade, por jogarem em ambos os lados. Mais atrás, Antonioli continuará titular, com quase 42 anos de idade.

A atual diretoria também investiu para reforçar o ataque e bancou duas contratações de risco: a de Éder, que não foi bem com o Brescia, e a de Mutu, jogador de alto salário que, apesar de ter talento inconstestável e marcar gols, é uma bomba-relógio. Se o tridente ofensivo do 4-3-3 de Giampaolo deve funcionar pelos lados, com Martínez, que substitui Giaccherini, que foi para a Juventus, o Cesena pode acabar dependendo demais do romeno para marcar gols. Ao invés de ir ao mercado, a solução pode estar em casa: se o finlandês Riski, de 21 anos, acabou voltando a seu país, o croata Livaja é uma boa aposta para o futuro. Apesar de ser um time com algumas lacunas, o Cesena larga na frente de seus rivais e tem tudo para garantir a permanência na elite pelo segundo ano consecutivo. (Nelson Oliveira)

Chievo
Cidade: Verona (Vêneto)
Estádio: Marcantonio Bentegodi (42160 lugares)
Em 2010-11: 11ª posição
O cara: Stefano Sorrentino (goleiro)
A promessa: Francesco Grandolfo (atacante)
O treinador: Domenico Di Carlo (1ª temporada)
Principais reforços: Perparim Hetemaj (m, Brescia), Rinaldo Cruzado (m, Juan Aurich) e Alberto Paloschi (a, Milan)
Principal perda: Kévin Constant (m, Genoa)
Objetivo: evitar o rebaixamento
Time base (4-3-1-2): Sorrentino; Sardo, Andreolli (Acerbi), Cesar, Jokic; Bradley, Rigoni, Hetemaj (Vacek); Cruzado; Pellissier, Paloschi.

A diretoria do Chievo tentou manter os titulares da temporada passada e conseguiu, quase que inteiramente – perdeu apenas Constant para o Genoa e Mantovani para o Palermo. Ao longo de três anos, o Chievo foi um time sem segredos. Sem muitas mudanças táticas e de jogadores, o time era um dos que mais facilmente se poderia prever uma escalação na Serie A, sempre com muitos italianos. Desta vez, será diferente: apenas quatro jogadores que foram titulares na última temporada devem manter o posto.

Para seus lugares, a diretoria buscou reforços no exterior e trouxe muitas apostas que, se derem certo, devem fazer o Chievo ter um campeonato tranquilo. Destaque para Bradley, Dramé, Cruzado e Vacek, todos com passagens pelas seleções de seus países. Entre as contratações do mercado interno, Acerbi e Hetemaj chegam como boas opções para zaga e meio-campo, respectivamente. Na frente, o artilheiro Sergio Pellissier terá novo companheiro: Alberto Paloschi. Apontado como o novo goleador do Milan, nunca comprovou a fama e, aos 21 anos, ganha nova chance. Como sombra, Grandolfo, jovem atacante com faro de gol, chegou do Bari buscando ratificar a boa impressão deixada em sua estreia como profissional no último jogo de 2010-11, quando marcou uma tripletta.

Por outro lado, tantas mudanças podem ser significativas para o desempenho do Chievo ao longo da temporada e podem até atrapalhar um time que parecia tão fechadinho. O novo técnico Domenico Di Carlo até testou o 3-5-2, mas deve começar a temporada no 4-3-1-2 que o torcedor do Chievo esteve acostumado a ver nos últimos dois anos. A perda de Bogliacino pode ser sentida no começo do trabalho de Di Carlo, principalmente pela mudança tática, mas Cruzado tem experiência para arrumar o meio-campo. E é a partir desse ponto que o castelo scaligero pode ruir. (Murillo Moret)

Fiorentina
Cidade: Florença (Toscana)
Estádio: Artemio Franchi (45809 lugares)
Em 2010-11: 9ª posição
O cara: Stefan Jovetic (meia-atacante, foto)
A promessa: Matija Nastasic (zagueiro)
O treinador: Sinisa Mihajlovic (2ª temporada)
Principais reforços: Andrea Lazzari (m, Cagliari), Houssine Kharja (m, Genoa) e Mattia Cassani (ld, Palermo)
Principal perda: Sébastien Frey (g, Genoa)
Objetivo: vaga na Liga Europa
Time base (4-3-3): Boruc; Cassani, Gamberini, Natali (Camporese), Pasqual; Behrami, Montolivo, Vargas; Cerci, Gilardino, Jovetic.

Claramente, a Fiorentina atravessa um período sabático. Desde a saída de Cesare Prandelli, em 2010, o discurso é de renovação, a começar pelo banco de reservas. Sinisa Mihajlovic é um dos treinadores da nova geração e, depois de uma temporada no clube, começa a implantar sua política de vez. Não fez força para segurar os jogadores mais experientes do time: seis titulares (Frey, Comotto, Donadel, Santana, D’Agostino e Mutu) deixaram o time neste mercado e, entre eles, apenas D’Agostino rendeu algo ao clube – apenas 110 mil euros. Outros jogadores importantíssimos, como Cerci, Vargas, Montolivo e Gilardino foram alvo de especulações durante todo o mercado, mas acabaram ficando. A dúvida é ver qual será o estado de satisfação deles, que não enxergam a Fiorentina no mesmo patamar de antes. Gilardino já se mostrou insatisfeito e Montolivo, que fez birra para sair, perdeu a faixa de capitão para Gamberini.

A renovação do elenco parecia acelerada e, embora temporariamente freada, ainda parece perigosa demais. Se Lazzari e Cassani foram ótimas contratações e Kharja compõe bem o elenco, o que dizer de Rômulo (ex-Atlético Paranaense)? Munari, outra contratação para o meio-campo, é um bom jogador para times que lutam contra o rebaixamento e não para um que jogou Liga dos Campeões dois anos atrás. Um forte sinal de redimensionamento, que passa pelo fato de o presidente Andrea Della Valle não sentir o apoio da prefeitura da cidade para a realização de seus ambiciosos planos, que envolvem (ou envolviam) a construção de uma cidadela que girasse em torno do clube, para diversificar a fonte de renda.

Neste ritmo, Jovetic tende a ser rapidamente alçado de vez ao posto de líder do time – hoje é vice-capitão. Não há dúvidas de que o montenegrino, prestes a completar 22 anos, é um jogador mais maduro que a média entre os de sua idade (ter capitaneado o Partizan aos 18 anos é uma amostra disso), mas até mesmo para ele é um baque ter jogado em um time que quase se classificou para as quartas de final de uma Liga dos Campeões e que hoje tem objetivos tão distintos. Um agravante: Jovetic, é bom lembrar, passou um ano sem jogar por conta de uma grave lesão no joelho. De uma maneira ou de outra, o espaço para jovens como Camporese, uma das gratas surpresas da última temporada, ou Babacar, Agyei, Nastasic e Salifu. Até por isso, surpreende o fato de que Carraro, maior talento do vivaio do clube, tenha sido emprestado ao Modena, da Serie B. Coerência, pelo visto, anda em falta em Florença. (NO)

Genoa
Cidade: Gênova (Liguria)
Estádio: Luigi Ferrraris (36.685 lugares)
Em 2010-11: 10ª posição
O cara: Rodrigo Palacio (atacante)
A promessa: Alexander Merkel (meio-campista)
O treinador: Alberto Malesani (1ª temporada)
Principais reforços: Sébastien Frey (g, Fiorentina), Valter Birsa (m, Auxerre) e Kévin Constant (m, Chievo)
Principal perda: Domenico Criscito (le, Zenit)
Objetivo: vaga na Liga Europa
Time base (4-3-1-2): Frey; Rossi (Mesto), Bovo (Dainelli), Kaladze, Antonelli; Miguel Veloso, Kucka (Seymour), Constant; Birsa; Palacio, Caracciolo.

Para a temporada 2010-11, o presidente Enrico Preziosi abriu os cofres da equipe genovesa visando colocá-la na zona europeia, mas o Genoa não alcançou a sonhada vaga à Liga Europa. A decepção não impediu que a mesma estratégia fosse adotada para este ano e, novamente, os grifoni se movimentaram muito no mercado de transferências, como de praxe. Preziosi contratou muito também pelo fato de que o time negociou muitos jogadores, especialmente na defesa: Konko jogará na Lazio; Rafinha retorna à Alemanha para jogar no Bayern; Criscito foi para o Zenit por 11 milhões de euros e Eduardo voltou ao seu país natal, para jogar no Benfica, mas não deixará saudades na Itália.

As novidades do Genoa também começam na retaguarda. Frey chega da Fiorentina para assumir a camisa 1 e dar a segurança que faltou ao português na última temporada. O defensor sueco Granqvist chega do Groningen para compor o elenco, enquanto Bovo chega do Palermo para disputar a titularidade. Ainda no setor defensivo, o volante Seymour chega da Universidad de Chile e, a princípio é reserva de Kucka, já negociado com a Inter. O meio-campo também recebeu Constant (Chievo), Jorquera (Colo-Colo), Birsa (Auxerre) e Merkel (Milan). Para o ataque chegaram dois jogadores da América do Sul: Zé Eduardo (Santos) e Pratto (Boca Juniors), que pode ser uma ótima opção para jogadas aéreas, mas sem desprezar sua velocidade. Os dois devem ser reservas de Caracciolo, contratado no último dia da janela porque o Genoa não conseguiu chegar a Gilardino. Serão capaz de substituir Floro Flores, que retornou à Udinese após marcar 10 gols pelo Genoa no returno da última temporada?

Entre os que seguem no clube, Palacio, que marcou nove vezes e ainda cedeu oito assistências, é o destaque. Mesmo com diversas especulações acerca de sua saída, o argentino renovou contrato e é a principal esperança da torcida, que não decepcionou na última temporada e garantiu aos rossoblù a sexta melhor média de público da Serie A. A vaga na Liga Europa via Serie A é objetivo do Genoa, mas o treinador Alberto Malesani, que chega credenciado após um belo trabalho no Bologna, garante que também não desprezará a disputa da Coppa Italia, onde estreou com difícil vitória sobre a Nocerina. (PS)

Inter
Cidade: Milão (Lombardia)
Estádio: Giuseppe Meazza (82995 lugares)
Em 2010-11: 2ª posição
O cara: Wesley Sneijder (meio-campista, foto)
A promessa: Davide Faraoni (ala)
O treinador: Gian Piero Gasperini (1ª temporada)
Principais reforços: Diego Forlán (a, Atlético de Madrid), Mauro Zárate (a, Lazio) e Ricardo Álvarez (m, Vélez).
Principal perda: Samuel Eto’o (a, Anzhi)
Objetivo: título
Time base (3-4-3): Júlio César; Ranocchia, Lúcio, Samuel; Maicon, Cambiasso, Sneijder, Zanetti; Zárate, Pazzini (Milito), Forlán.

Indefinição. É esta a palavra que vem acompanhando a Inter desde a saída de José Mourinho, há pouco mais de um ano. No último mês, a palavra anda mais na boca dos interistas, primeiro porque Gian Piero Gasperini começou a treinar a equipe no 3-4-3, mesmo sem peças adaptadas ao esquema, o que provoca alguma instabilidade durante os jogos até hoje, principalmente quando o treinador realiza muitas mudanças táticas no decorrer das partidas, como costuma. Ainda competitiva, a Beneamata alternou boas com péssimas atuações na pré-temporada, o que acendeu o alarme laranja. Fato é que a Inter perdeu Eto’o e gastando pouco, trouxe Forlán, um atacante experiente e goleador (apesar de ter ido mal na última temporada) e Zárate, capaz de atuar pelos lados.

Nessa perspectiva, o lado nerazzurro de Milão larga atrás do Milan. Se já era uma equipe em formação quando ambos se enfrentaram na Supercoppa, os reforços que chegaram meio às pressas, já que Massimo Moratti não contava com a saída do camaronês, precisarão de ainda mais tempo de adaptação do que o restante do grupo, ainda pouco ambientado às ideias do novo treinador – lembrando que boa parte do time titular estava na Copa América e teve férias prolongadas. É natural que nas primeiras rodadas da Serie A a Inter oscile muito, mas se a falta de automatismo vier acompanhada de tropeços, a batata de Gasperini deve começar a assar e ele será pressionado a mudar o esquema tático da equipe, rodeado de desconfianças. Por enquanto, ele experimenta de tudo, em busca do time ideal: desde Sneijder como regista a Zanetti como zagueiro pela direita.

Mesmo com tantas indefinições, o maior trunfo da Inter é manter a mesma base há anos, o que significa que Júlio César, Lúcio, Maicon, Zanetti, Cambiasso, Sneijder e Pazzini/Milito ainda tem a mesma importância para o elenco. Entre as saídas, difícil não lamentar a de Eto’o, afinal, o atacante era um dos líderes do time e marcou 37 gols na última temporada. Sua substituição, no entanto, deveria ser bem planejada e acabou sendo feita às pressas – tanto é que Forlán só poderá jogar na LC a partir de 2012. A renovação nerazzurra, no entanto, tem sido bem feita e, neste ponto, Gasperini, que trabalhou por quase uma década na base da Juve, é enfático: quer utilizar mais jovens. Para isto, aposta na boa pré-temporada de Castaignos (contratado antes de sua chegada), trouxe de volta o zagueiro Caldirola, que estava no Vitesse, da Holanda, e integrou os alas Faraoni e Crisetig ao time principal. Zárate, Poli, Álvarez e Jonathan, um pouco mais velhos, também podem ajudar a dar gás a um time de veteranos que lutará para voltar a conquistar a Serie A. (NO)

Juventus
Cidade: Turim (Piemonte)
Estádio: Juventus Arena (41000 lugares)
Em 2010-11: 7ª colocação
O cara: Milos Krasic (ponta-direita)
A promessa: Manuel Giandonato (meio-campista)
O treinador: Antonio Conte (1ª temporada)
Principais reforços: Andrea Pirlo (m, Milan), Arturo Vidal (m, Bayer Leverkusen) e Mirko Vucinic (a, Roma)
Principal perda: Felipe Melo (v, Galatasaray)
Objetivo: vaga na Liga dos Campeões
Time base (4-4-2): Buffon; Lichtsteiner, Barzagli (Bonucci), Chiellini, De Ceglie; Krasic, Vidal, Pirlo, Elia (Marchisio); Matri, Vucinic.

Na Juventus, começa mais uma temporada de recuperação, depois do segundo sétimo lugar em duas temporadas. Em agosto passado, o objetivo era apagar a má impressão deixada na temporada 2009-10, quando o time conseguiu a classificação para os play-offs da Liga Europa apenas porque Inter e Roma, finalistas da Coppa Italia, jogariam a Liga dos Campeões. Desta vez, o vexame a ser esquecido é ainda maior: pela primeira vez em 20 anos os bianconeri estão de fora de uma competição europeia (excluindo da conta os dois primeiros anos pós-Calciopoli). Para tentar voltar a ser grande, a primeira ação da diretoria foi demitir Luigi Delneri, técnico da última campanha. Na hora de contratar um novo, no entanto, a ambição parou nas dificuldades do mercado e a torcida teve que se contentar com o nome de Antonio Conte.

O treinador chega com o status de ex-jogador e ídolo do clube e com o respaldo de dois bons trabalhos na Serie B, com Bari e Siena, que voltaram à elite mostrando um futebol bonito e ofensivo. Como o próprio técnico já afirmou, seu esquema preferido é o “4-2-4”, um 4-4-2 com alas que jogam bem avançados, explorando as jogadas pela linha de fundo. Para se adequar melhor ao estilo do novo comandante, a diretoria foi às compras e trouxe Pirlo, Pazienza, Lichtsteiner, Vidal, Elia, Estigarribia, Giaccherini, Vucinic e Ziegler (que não foi aproveitado por Conte e acabou rumando ao Fenerbahçe). O brasileiro Felipe Melo é um dos poucos que sai, mas nem pode ser considerado uma grande perda, uma vez que foi por desejo do clube.

O principal reforço é o chileno Arturo Vidal, ex-jogador do Bayer Leverkusen. Aos 24 anos, o meio-campista fez uma boa temporada na Alemanha e tem idade para render bons frutos ao clube por alguns anos. Com muita força e posicionamento acima da média, deve fazer boa dupla com Pirlo, no miolo do meio de campo. Pirlo, aliás, é outra agradável novidade em Turim. Se conseguir recuperar o bom futebol de alguns anos atrás, o ex-milanista vai ser o meio-campista habilidoso e armador que há muito tempo a Juve não vê. Jogando uma vez por semana, como nesta temporada, tem tudo para render bem. Mas e nos próximos anos (ele tem três anos de contrato, ganhando um alto salário), o investimento valerá a pena? Mais à frente, Vucinic pode formar um forte ataque com Matri, saindo mais da área. A falta de um esterno pela esquerda foi resolvida e agora o time tem abundância de nomes para o setor – na verdade, a Juve não conseguiu se desfazer de muitos jogadores e mantém elenco inchado. O foco completo para a Serie A deve ajudar o clube, que conta também com o trunfo de um novo estádio, que deve diversificar o acúmulo de renda. (RA)

Compartilhe!

Deixe um comentário