Di Michele e Luis Muriel fazem ótima temporada e, com seus gols, embalam o Lecce rumo à salvezza (Getty Images)
Faltam seis rodadas para o término da temporada 2011-12 da Serie A e, enquanto a briga pelo scudetto se resume à Milan e Juventus, a disputa contra o rebaixamento envolve dez times – dois com a despromoção próxima da definção. Com 32 rodadas já disputadas, a Atalanta (10ª colocada, 40 pontos) tem apenas seis pontos de vantagem para o Lecce (18°, 34), o primeiro time na zona de rebaixamento.
Entre a dezena de concorrentes dois são considerados apenas pela matemática. O Cesena (20°, 21), e o Novara (19°, 25), estão praticamente fadados ao rebaixamento. Ambas equipes teriam que vencer as partidas restantes e ainda torcer por tropeços dos rivais. Na próxima rodada, a depender de uma combinação de resultados, o Cesena já pode dar adeus à elite: basta que perca para o Palermo e o Genoa vença o Siena. O Novara pode ter seu descenso confirmado matematicamente em duas rodadas. Por isso, a luta, na prática, começa com o Lecce (18°, 34), que vem em uma boa sequência e, nos últimos cinco jogos, não perdeu.
Os baixos investimentos resultam em um elenco com diversos jogadores emprestados por equipes maiores, o que para alcançar a
salvezza parece ser suficiente. O bom momento dos
salentini têm muito a ver com a produção do experiente Di Michele e do jovem Luis Muriel (emprestado pela Udinese), dupla que compõe o ataque no 3-5-2 de Serse Cosmi. Somados, eles marcaram 19 dos 37 gols do Lecce na Serie A – seis deles foram anotados na recente série invicta.
Colaborando com a linha ofensiva está o veloz colombiano Cuadrado, que também veio cedido pela Udinese, e joga como uma vávula de escape pela direita. O camisa sete é o homem que mais minutos tem pela equipe no campeonato. Além deles, o experiente meia urugaio Giacomazzi merece destaque. Dentro das quatro linhas ele lidera a equipe, com a faixa de capitão no braço, e não se furta a jogar como zagueiro ou dar assistências: é de enorme utilidade. O goleiro Benassi também vai bem e, na recente série de cinco jogos invictos, permitiu apenas quatros gols – bom número para a quinta pior defesa da Serie A. O embalo na fase decisiva do torneio pode dar a (antes improvável) salvezza aos salentini.
Constrastando totalmente com o Lecce está o Genoa (17°, 36). Os
grifoni têm os maiores investimentos (foram mais de 50 milhões de euros investidos em contratações) entre os candidatos ao rebaixamento, mas, vivem fase tenebrosa: 11 jogos sem vencer e cinco derrotas neste período. A situação só não é pior pois o clube tem Rodrigo Palacio, quinto na tabela de artilheiros da Serie A 2011-12, com 19 gols – ele também deu cinco assistências na competição.
Com a força do elenco, a impensada briga contra o rebaixamento tem uma justificativa: a falta de continuidade. No comando técnico, foram duas mudanças: Alberto Malesani começou o trabalho, foi demitido e Pasquale Marino assumiu em seu lugar, mas, após desempenho ruim, o Genoa decidiu chamar o primeiro de volta.
O resultado é falta padrão de jogo e muita mudança de jogadores. Ao todo, os grifone utilizaram 28 jogadores no campeonato. Mesmo com Frey, Miguel Veloso, Palacio e Gilardino no elenco, a incapacidade de reagir chama a atenção e, por isso, o Genoa caminha para ser a grande decepção do Italiano, podendo terminar rebaixado para a Serie B, assim como a rival Sampdoria no ano passado.
Outro clube que recentemente estava mais acostumado com a parte de cima da tabela e hoje vive o drama da briga contra o descenso é a Fiorentina (16°, 37). Porém, ao contrário do Genoa, os
viola contrataram muito pouco e confiaram na base envelhecida e desmotivada, que já colocou a equipe no topo. Jovetic, um dos jovens do time, com 13 gols, e Vargas, com sete assistências, são as esperanças para permanecer fora da zona de rebaixamento nas últimas rodadas. Isto é muito possível, mas, para não passar sustos em um futuro próximo, é provável que a Fiorentina passe por uma reformulação para 2012-13.
Com vantagem de mais de três pontos para o Lecce está o Parma (15°, 38). O grande problema
gialloblù é a retarguarda, que já sofreu 50 gols no torneio e é a terceira pior da disputa. O ataque e, principalmente, Giovinco salva. A linha ofensiva é a terceira melhor da metade de baixo da tabela, com 41 gols anotados. E o Formiga Atômica participou de quase metade deles: tem 11 marcados, além de sete assistências.
Por conta disso, mesmo lutando contra o rebaixamento junto dos crociati, ele segue sendo convocado por Prandelli à seleção. O treinador Roberto Donadoni já deu a receita para a fuga da Serie B: “manter a tensão altíssima”.
O Cagliari (14°, 38) conseguiu uma vitória nas últimas três rodadas e vive uma situação bastante complicada. O principal jogador da equipe da Sardenha, Cossu, não faz grande temporada. Enquanto nos últimos três anos ele sempre esteve entre os melhores assistentes da Serie A, neste ano, o trequartista vai mal e não é líder no quesito nem no elenco
rossoblu.
Em 2011-12, o rendimento ofensivo é baixo e o clube tem o quarto pior ataque do campeonato. Pinilla, autor de nove gols, e Larrivey, que fez sete, impedem que a situação seja pior. Olhando para o retrospecto, o Cagliari talvez seja um dos mais ameaçados ao lado do Genoa, pois, nas últimas 14 partidas, venceu apenas duas vezes. Mais: é o time que mais empatou por 0 a 0 no campeonato. Ao todo, foram sete deles.
Mais à frente está o Siena (13°, 39), que manteve a base da vice-campeã da Serie B e trouxe reforços pontuais. Sem gastar muito deve jogar a próxima Serie A, a menos que o clube não acabe envolvido no escândalo de apostas ilegais – o presidente Massimo Mezzaroma já foi chamado a depor sobre o caso.
Uma preocupação dentro dos campos poderia ser a baixa produção ofensiva, embora Destro (emprestado pelo Genoa) e Calaiò (remanescente da equipe, mas lesionado e fora da reta final) somam 19 dos 37 gols marcados pelos bianconeri na disputa. O problema é que Larrondo, Bogdani e Brienza passam longe de serem goleadores: juntando todos os gols marcados por eles, temos apenas seis tentos. O Siena é a equipe que abre a zona dos menos ameaçados. Inclusive, paradoxalmente, a equipe pode atingir seu recorde de pontos em participações na Serie A, se superar os 43.
Acima na tabela, completam a briga pela salvezza três times que têm 40 pontos: Bologna (12°, 40), Palermo (11°, 40) e Atalanta (10°, 40). Com o um sistema defensivo bem montado pelo técnico Stefano Pioli, o clube da Emilia-Romagna vê a briga do rebaixamento de longe. O destaque
rossoblù, apesar de não tão brilhante como nos últimos anos, é o de sempre, o homem que atua mais à frente no esquema do treinador: Marco Di Vaio, autor de dez gols e cinco assistências na Serie A 2011-12, liderando o time nos dois quesitos. Quem também vem bem é o fantasista Diamanti, mestre nas bolas paradas.
O Palermo também não está em situação mais complicada por culpa de seu ataque e, principalmente, por conta do rendimento do craque Micolli, artilheiro rosanero no campeonato com 12 gols e líder da Serie A em assistências, com 12 passes decisivos cedidos. Ou seja, o capitão e camisa dez dos sicilianos participou diretamente de 24 dos 44 gols anotados pela equipe na Serie A 2011-12. Se o desempenho fora de casa fosse melhor (o combinado rosanero só tem uma vitória longe do Renzo Barbera), a situação poderia ser bem diferente.
Na décima colocação está a Atalanta, campeã da Serie B no ano anterior. Os bergamascos chegaram para a temporada abalados pelo envolvimento em um escândalo de manipulação de resultados, que rendeu seis pontos negativos para a largada da disputa deste ano. Porém, os nerazzurri mostraram força logo de início e largaram bem, afastando um risco de rebaixamento. Os argentinos Denis, artilheiro da equipe com 15 gols, e Maxi Moralez, grande contratação da temporada e dono de cinco assistências e cinco gols na Serie A 2011-12 tem sido decisivos no ataque. A defesa também merece destaque: foi vazada 34 vezes, sendo a quarta melhor do Italiano. Não à toa, o nome do lateral Peluso já aparece cotado entre equipes maiores do futebol nacional.
A matemática diz que, nas próximas rodadas, o número de concorrentes pela permanência na Serie A deve diminuir e se reduzir a três ou, no máximo, quatro equipes – excluindo, aí, Cesena e Novara. Se a tendência se mantiver, a briga deve se acirrar principalmente entre Lecce e Genoa e, quiçá, o Cagliari. Apostem suas fichas.