Reestreantes na Prima Divisione, torcedores do Catanzaro recebem com festa seus amigos de Barletta (Luigi Putignano/tutto Lega Pro)
Após mais um verão de falências, promoções e liminares nos bastidores, penalizações – em razão do mais recente escândalo de apostas no futebol italiano – e a enésima promessa não cumprida de reforma estrutural, a Lega Pro juntou os cacos e deu início aos seus campeonatos no último final de semana.
Em números, a pré-temporada foi uma das mais “sangrentas” da história recente, com oito clubes – cinco na Prima Divisione e três na Seconda – alçando bandeira branca. Um déficit que, dessa vez, não foi suprido por repescagens, já que apenas a Virtus Entella, agora na Terceira Divisão, teve seu pedido aceito – a Salernitana, atual campeã da Serie D, foi impedida pela norma que proíbe a “dupla promoção”; e a Nuova Cosenza, vencedora da Coppa Serie D, teve recurso negado sem maiores explicações.
Ausências
A pré-temporada registrou cinco falências na Prima Divisione: Taranto (semifinalista do Grupo A em 2011-12), Foggia, Pergolettese (ex-Pergocrema) e Spal foram parar na Serie D, e o Siracusa, pasmem, agora é time de Terza Categoria – terceira divisão provinciana. Na Seconda Divisione, Triestina, Piacenza e Giulianova não tiveram melhor sorte: todos foram parar em seus respectivos campeonatos de Eccellenza – os dois primeiros faliram, e a terceira apresentou desistência voluntária.
Obras embargadas
De nada serviram os aumentos das taxas de inscrição e fidejussione, as fiscalizações trimestrais da Covisoc – o órgão financeiro da FIGC – e os sistemáticos deferimentos da comissão disciplinar na última temporada: em 2012-13, mais uma vez, a Lega Pro teve sua necessária reforma estrutural adiada.
Os motivos são os de sempre: a disparidade econômica entre as sociedades de Prima e Seconda Divisione, e o número elevado de participantes (69, sete a menos em relação a 2011-12), não comportam a transformação da Lega Pro em um só campeonato. Se o primeiro motivo é, em partes, aceitável – bastaria estabelecer melhores critérios para inscrição e repescagem na Serie D – o segundo é absurdo: desde a instituição da Lega Pro, há quatro temporadas, o número de clubes participantes, que já foi de inacreditáveis 144, caiu quase pela metade.
Há de se esperar que o número caia ainda mais – tem-se em mente 60 clubes, para um campeonato com três grupos de 20 – mas o caminho para essa redução está longe de ser a sangria forçada que o presidente Mario Maccali tem promovido. Servem, sim, critérios de admissão que reflitam planejamento de longo prazo das sociedades, e um maior esforço da liga em criar diferenciais na categoria – por exemplo: ao invés de se converter numa vitrine a favor dos viveiros das séries A e B, pelo menos 50% dos jogadores sub-21 a serem inscritos deveriam vir, obrigatoriamente, das categorias de base dos próprios clubes.
Bom começo: Lecce estreia com vitória em casa (LeccePrima)
Prima Divisione – 1ª rodada
Salvo pelo número de equipes – 17 no Grupo A e 16 no B – a Prima Divisione mantém a mesma dinâmica de 2011-12: serão quatro promovidos (campeões e vencedores dos play-offs de cada chave) e seis rebaixados (lanternas e quatro perdedores dos play-outs).
O Grupo A começou com as vitórias de Lecce (rebaixado por envolvimento no escândalo de apostas), Como, FeralpiSalò, Reggina, Carpi, Cuneo e Virtus Entella. Protagonista da Scomessopoli, o AlbinoLeffe empatou com o Südtirol. O Portogruaro não jogou.
Promoção direta: Como (3 pontos); Play-offs: Lecce (3), Entella (3), Cuneo (3) e FeralpiSalò (3); Play-outs: Treviso (0), Trapani (0), San Marino (0) e Cremonese (-1); Rebaixamento: AlbinoLeffe (-8). Penalizações: Cremonese (-1); AlbinoLeffe (-9)
No Grupo B, três pontos para Catanzaro, Frosinone, Pisa, Viareggio e Perugia. Campeões em 2010-11 e recém-rebaixados da Serie B, Gubbio e Nocerina apenas empataram, com Andria e Sorrento, respectivamente. Igualdade também entre Avellino e Prato.
Retorno amargo: em pleno Arechi, Lotito vê sua Salernitana ser superada pelo L’Aquila (La Città di Salerno)
Seconda Divisione – 1ª rodada
Mesmo com um número par de equipes por grupo (18), a Seconda Divisione manteve a mesma fórmula da temporada anterior: seis equipes sobem (campeãs, vices e vencedora dos play-offs de cada chave) e nove caem (as três últimas de cada grupo, as perdedoras dos play-outs e a derrotada no spareggio final).
No Grupo A, a Alessandria, mesmo fora de casa, começou em “sexta marcha”. Venezia e Forlì venceram em suas reestreias profissionais. Centenários nesta temporada, Monza e Rimini começaram mal.
Promoção direta: Alessandria (3 pontos) e Forlì (3); Play-offs: Venezia (3), Renate (3), Savona (3) e Bassano Virtus (1); Play-out: Pro Patria (0) e Rimini (0); Rebaixamento: Mantova (0), Fano (0) e Monza (-3). Penalização: Monza (-4)
No Grupo B, uma Aprilla “cinco estrelas” atropelou a Arzanese. Campobasso, Poggibonsi, Martina e Chieti também começaram bem. Reestreia amarga para a Salernitana: derrota e casa, ante o L’Aquila. Oito gols e bom futebol no empate entre Borgo a Buggiano e Aversa Normanna.
Promoção direta: Aprilia (3 pontos) e L’Aquila (3); Play-offs: Poggibonsi (3), Campobasso (3), Martina (3) e Chieti (3); Play-out: Salernitana (0) e Foligno (0); Rebaixamento: Hinterreggio (0), Pontedera (0) e Arzanese (0).
De Lucia garantiu o Martina na próxima fase da Coppa Lega Pro (Prospero Scolpini/Tutto Lega Pro)
Coppa Italia Lega Pro
Desenrolando-se em meio ao desinteresse geral, a 41ª edição da Coppa Italia Lega Pro já superou sua fase de grupos, definindo os classificados para a 2ª fase. São eles: Casale, Savona, Como, Tritium, FeralpiSalò, Forlì, Giacomense, Rimini, Santarcangelo, Viareggio, Poggibonsi, L’Aquila, Aprilia, Campobasso, Arzanese, Martina, Hinterreggio e Vigor Lamezia.
Na próxima etapa, esses clubes vão se unir às 27 equipes da categoria que participaram (e já foram eliminadas) da Coppa Italia principal para a disputa de disputarão play-offs em jogo único. Os 24 vencedores continuam em busca da taça.