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Serie B: Surpresas tradicionais… e nem tanto

Tradicional Vicenza subiu nesta temporada e pode conseguir segundo acesso seguido, desta vez à elite (Divulgação)

Juventus a uma vitória do tetra, Lazio, Roma e Napoli disputando o segundo lugar, Sampdoria e Fiorentina segurando as pontas para as últimas vagas europeias e rebaixamentos praticamente definidos. A sete rodadas do fim, a não ser que ocorra alguma arrancada inesperada, não deveremos ter mais nenhuma novidade na Serie A. A segundona italiana, contudo, segue pegando fogo. Ou melhor, pegando ainda mais fogo.

Na Serie B, restam seis rodadas na fase de pontos corridos, que prometem grandes duelos em maio. Seja na briga por vaga direta para a elite do futebol italiano junto ao virtual campeão Carpi, seja por um lugarzinho no grupo dos seis que disputarão a última vaga para a promoção via play-off. E, claro, o batalhão dos desesperados na parte inferior da tabela, com três rebaixados e dois no play-out (mais um cai). Dos 22 times, basicamente todos ainda têm algo a disputar ou defender.

Quem não não está nem aí com toda essa briga é o quase novato Carpi, sobre o qual já falamos aqui em duas ocasiões. Surpreendentemente, o time emiliano não só manteve a liderança, onde está desde a 14ª rodada, como aumentou a diferença e sua média. Em 36 partidas, tem 21 vitórias e 74 pontos, números bem próximos dos campeões da segunda divisão nesta década: Palermo de 2013-14 (25 vitórias e 86 pontos), Sassuolo de 2012-13 (25 vitórias e 85 pontos), Pescara de 2011-12 (26 vitórias e 83 pontos) e Atalanta de 2010-11 (22 vitórias e 79 pontos).

Levando em conta que temos mais seis jogos, ou seja, 18 pontos em questão, há uma boa margem para o clube biancorosso, da pequena cidade de Carpi, vizinha de Módena, deixar mais alguns boquiabertos. Por que tanta força, considerando o baixo investimento e elenco modesto? Bem, é na simplicidade que os falconi se guiam, com um time organizado, de futebol pragmático, sem brilhantismo ou mesmo individualidades. Não à toa, são 24 gols sofridos, número menor do que todos os últimos campeões.

Seu treinador é o melhor exemplo. Fabrizio Castori, em dez anos de Serie B, no máximo conseguiu um sexto lugar com o Cesena em 2005-06, mas sempre esteve na parte de baixo da tabela, colecionando demissões e rebaixamentos. No grupo de 28 jogadores do Carpi, avaliados em 17,13 milhões de euros pelo Transfermarkt, destaque para o time que Castori montou, com 13 jogadores com mais de 1500 minutos e 20 partidas como titulares. No camaleônico jeito de montar o time, Castori já utilizou os esquemas 3-5-2, 4-3-3, 4-4-2, 4-1-4-1 e 4-4-1-1, com espaço para improvisações e também para a velha mescla entre jovens, muitos por empréstimo, e experientes.

15 pontos atrás do líder Carpi, aparecem Vicenza e Bologna, equipes bastante tradicionais da Serie A. Ameaçando Carpi e Frosinone, o Bologna manteve uma média que sempre lhe
deixou no segundo lugar, mas nunca acima disso. Agora, com apenas duas
vitórias desde março, a equipe treinada por Diego López, e com o maior orçamento d segundona, pode ter que suar no play-off por ter sido
ultrapassado pelo velho Vicenza, que tem vantagem nos critérios de desempate. 

Com muita história, os lanerossi revelaram ao mundo jogadores como Roberto Baggio e Paolo Rossi, e também tiveram no brasileiro Luís Vinício um grande destaque. Após anos amargos, a equipe vem ressurgindo das cinzas. Está presente na
Serie B somente por causa da falência do Siena e da inadequação
financeira de Novara, Lecce e Reggina. Com isso, acabou sendo repescado, por mérito esportivo, da Lega Pro, competição na qual foi eliminado nos play-offs de acesso. O time é comandado por nada mais nada
menos que Pasquale Marino, e é uma das maiores surpresas de uma Serie B já em clima de suspense. Afinal, nada está garantido: os vicentinos, que hoje subiriam diretamente à elite, estão oito pontos acima do último time que jogaria os play-offs. Não é uma distância tão grande em um certame tão equilibrado.

No contexto do último texto postado, outra surpresa também era o pouco experiente Frosinone, que passou por momento de bastante irregularidade e caiu na tabela, mas tem conseguindo, aos trancos e barrancos, se manter bem próximo do segundo lugar, hoje a apenas um ponto – ocupa a quarta posição, abaixo de Vicenza e Bologna. Assim é a traiçoeira Serie B, sempre traindo os prognósticos. Não há melhor exemplo que os quase gigantes (para os padrões do torneio) Bologna e Livorno, perto de tantos novatos. Velhos conhecidos da Serie A, um deles heptacampeão, deveriam estar em condições bem mais confortável do que vivem.

Na Toscana, o Livorno já viveu melhores momentos no campeonato, e agora busca correr atrás do prejuízo. Carmine Gautieri foi demitido e seu substituto, Ezio Gelain, durou menos de dez rodadas. Hoje, o time labronico é comandado por outro velho conhecido do futebol italiano: Christian Panucci, que tem como assistente seu amigo Stefano Eranio, ex-jogador de Genoa e Milan. Por enquanto a mudança não significou muita coisa, mas os amaranto seguem disputando uma vaga no play-off. Isto se não vacilarem novamente e derem espaço para um grupo de cinco times que estão nos seus calcanhares. O Livorno, sétimo colocado, tem 52 pontos, e logo atrás, com 51, aparecem Spezia e Pescara. Lanciano, Bari e Catania ainda sonham com uma vaga.

Nesta zona da tabela, em um meio do caminho um tanto obscuro é que se encontram os decepcionantes Bari e Catania, Pelo investimento e expectativa, deveriam estar na ponta da tabela, mas amargam a zona média do certame, com 46 e 44 pontos, respectivamente. Para o Bari, a situação é difícil: o presidente Gianluca Paparesta já
afirmou que o próximo ano pode ser complicado financeiramente em caso de
não obtenção do acesso à elite.

No caso do time siciliano, a situação melhorou agora, com quatro vitórias consecutivas, depois da quarta mudança de treinador – Maurizio Pellegrino, duas vezes, Giuseppe Sannino e agora Dario Marcolin. O Catania ainda sonha com uma vaguinha no play-off, mas já se acomodaria com a permanência na Serie B. Afinal, durante uma boa parte do campeonato, os etnei ficaram na zona de rebaixamento, e chegaram a ocupar a lanterna.

Não muito acima, Perugia e Avellino, velhos conhecidos da Serie A, estão em posições confortáveis para o play-offs, com 54 e 53 pontos, respectivamente. Os biancoverdi da Campânia, no entanto, precisam ficar ligados após um março horrível. Por sua vez, os biancorossi da Úmbria ainda podem pensar em algo mais: o acesso direto. O time de Rodrigo Taddei está em ótima sequência desde fevereiro: sete vitórias, três empates, duas derrotas e sete jogos de invencibilidade, a maior desde os 13 jogos sem perder do Carpi, entre outubro e dezembro.

No fundo da tabela estão times que surpreenderam em temporadas anteriores. São os casos daqueles que encantaram no último campeonato: Trapani e Latina decepcionam com campanhas dignas do sofrimento e perigo que vivem agora, bem próximos da zona de rebaixamento, que não deve acontecer, porque há quem está pior.

Não são exatamente os casos de Modena e Crotone, que, assim como o Latina também disputaram os play-offs de acesso à primeira divisão em 2013-14. Essas equipes devem ficar em estado de alerta para a briga contra o rebaixamento, mas os recém-promovidos Pro Vercelli e Virtus Entella parecem fadados ao play-out, mesmo com a situação de proximidade entre as equipe desta parte da classificação. Em situação pior, Varese e Brescia vivem crise financeira, já perderam pontos no tapetão e estão bastante próximos da Lega Pro. Quem deve cair também é o Cittadella, time da província de Pádua, que muito provavelmente realizará o clássico local contra o Padova na terceira divisão.

Classificação da Serie B aqui; principais estatísticas aqui.

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