Serie A

15ª rodada: O silêncio e a vida que segue

Juventus e Atalanta homenagearam a Chapeconese, à meia-luz (AFP)

Uma das semanas mais tristes da história do futebol, devido à tragédia do avião da Chapecoense, também foi de muita solidariedade. Na Serie A, que viveu uma história semelhante nos anos 1940, com o acidente que matou o Grande Torino, todos os jogos tiveram um minuto de silêncio em respeito às 71 vítimas, e algumas equipes foram a campo com o escudo do Verdão do Oeste – Atalanta, Bologna, Cagliari, Inter e Milan.

Como a vida segue, o fim de semana agitado ainda teve renúncia do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi, e uma rodada com grandes jogos e confrontos importantes na parte superior da tabela – e teremos muito mais até o final do ano. A 15ª rodada terminou com a Juventus na liderança, seguida por Milan e Roma, mas também teve o fim das invencibilidades de nove partidas de Lazio e Atalanta, que não perdiam desde setembro, e a ótima vitória do Napoli sobre a Inter. Ainda houve espaço para um dado interessante: após 15 rodadas, todas as equipes perderam pelo menos três jogos no campeonato, algo que não acontecia desde 1942-43, justo quando o Torino mandava na Itália.

Lazio 0-2 Roma

Strootman e Nainggolan (De Rossi)

Tops: Nainggolan e Emerson (Roma) | Flops: Wallace e Biglia (Lazio)

O alto ritmo da Lazio e o controle da Roma não foram vistos no Derby della Capitale. Na verdade, os rivais da Cidade Eterna fizeram partida muito pouco técnica, marcada por erros da arbitragem comandada por Luca Banti e da defesa laziale, que resultaram na sexta partida de invencibilidade dos giallorossi no clássico, em vigor desde a final da Coppa Italia de 2012-13. A habitual tensão do dérbi foi vista na provocação de Strootman, que levou à expulsão de Cataldi, e na terrível declaração racista de Lulic sobre Rüdiger, no pós-jogo. O bósnio se desculpou horas depois, alegando que estava de cabeça quente e que, por vir de um país que viveu guerras por questões étnicas, sabia que havia falado palavras infelizes.

Em campo, a Lazio fez um bom primeiro tempo, com o brasileiro Wallace dominando Dzeko e Perotti desativado – a ausência de Salah foi determinante para o time de Spalletti. No entanto, a Roma respondeu através dos erros do time de Inzaghi: primeiro com o próprio Wallace, que tentou sair driblando na entrada da área e perdeu bola inacreditável para Strootman abrir o placar. Depois, desarme de De Rossi e bola para Nainggolan conduzir, com sua característica força, e chutar de muito longe, aproveitando o mau posicionamento e a má forma física de Marchetti. Com os três pontos, os giallorossi seguem na cola da Juventus, ao lado do Milan. Já os laziali viram o Napoli empatar na pontuação e assumir o quarto posto.

Napoli 3-0 Inter

Zielinski (Callejón), Hamsík (Zielinski) e Insigne

Tops: Zielinski e Hamsík (Napoli) | Flops: Miranda e Kondogbia (Inter)

Enquanto a Inter segue seu calvário, das cinzas surgiu o belo sistema do Napoli. Após a queda desde a lesão de Milik, na data Fifa de outubro, o time de Sarri se recuperava nos resultados, mas o futebol seguia ruim. Até essa sexta-feira, ocasião em que os azzurri tiveram uma exibição enorme muito por conta de um compatriota de Milik: o jovem Zielinski, que ameaça a titularidade de Allan. Outro “novinho” ajudou o Napoli a estabelecer o domínio no meio-campo: o guineano Diawara, que já tomou o posto de Jorginho. Importante também a participação de Gabbiadini,
que levou a melhor sobre Ranocchia e Miranda e foi essencial para criar os espaços
para Zielinski, Hamsík e Insigne marcarem os gols. Atrás, Reina fechou o
gol às respostas tímidas, mas perigosas, de Candreva, Icardi e Perisic.

O frágil time de Pioli provou do próprio veneno: marcou pressão e com a defesa adiantada, mas não parou a ótima saída napolitana e expôs sua principal fragilidade aos contra-ataques. Nesse cenário, foram diversos ataques rápidos dos napolitanos, que poderiam ter saído do San Paolo com placar ainda mais elástico, não fossem as intervenções de Handanovic – que, ainda assim, voltou a falhar, bem como Miranda. A queda da dupla – o “porto seguro” dos nerazzurri, juntamente com os gols de Icardi – torna a equipe nerazzurra ainda menos competitiva e a põe longe da disputa europeia. A Inter estacionou no meio da tabela e, sem perspectiva de melhora, está 11 pontos distante da zona Champions.

Juventus 3-1 Atalanta

Alex Sandro (Marchisio), Rugani (Pjanic) e Mandzukic (Pjanic) | Freuler (D’Alessandro)

Tops: Pjanic e Mandzukic (Juventus) | Flops: Conti e Rafael Toloi (Atalanta)

No único jogo de sábado, estiveram frente a frente a poderosa líder Juventus e a sensação Atalanta. Em meio aos problemas do time de Allegri e o virtuoso sistema de Gasperini, esperava-se um confronto mais equilibrado e com problemas para os bianconeri, que tinham enfrentado um adversário parecido na última rodada – o Genoa de Juric. Mas os juventinos aparentemente aprenderam a lição e responderam com uma atuação eficiente, graças a uma nova mudança de esquema tático e a volta de Marchisio.

Os anfitriões controlaram a força física adversária e não sofreram com a marcação, mas não tiveram grande produção ofensiva, mas ainda marcaram três vezes. Em passe de Marchisio, Alex Sandro avançou tranquilo até marcar belo gol. O brasileiro acabou sendo o ponto de destaque sobre o lado direito nerazzurro, que não teve grandes atuações de Toloi, Conti e Kessié. Por sua vez, Mandzukic dominou a defesa adversária e também foi um leão nos desarmes, acabou premiado com o terceiro gol. A resposta da Dea veio tarde, somente aos 82, com Freuler aproveitando rara falha da defesa da casa. O resultado mantém a liderança juventina, com quatro pontos de vantagem, e a Atalanta na quarta posição, empatada com Napoli e Lazio.

Rivais abraçados por uma causa maior: Lazio e Roma respeitam minuto de silêncio em homenagem à Chape (Reuters)

Milan 2-1 Crotone

Pasalic (Paletta) e Lapadula | Falcinelli (Rohdén)

Tops: Paletta e Lapadula (Milan) | Flops: Niang (Milan) e Ferrari (Crotone)

Foi com muito sofrimento que o Milan bateu o novato Crotone, que, apesar dos maus resultados, mais uma vez deu trabalho para algum grande. Se o jogo não fluiu sem Bonaventura, a participação de Suso na bola parada foi decisiva para a vitória, ainda que o espanhol não tenha participado diretamente dos gols. Quem saiu na frente foram os squali, com Falcinelli – de longe o jogador mais perigoso do time calabrês, com cinco gols e duas assistências na temporada – mas Pasalic empatou no final da primeira etapa, após desvio de Paletta em cobrança de escanteio. Logo depois do intervalo, Niang perdeu oportunidade e teve cobrança de pênalti defendida, o que ocasionou uma maré de vaias da torcida rossonera. Somente aos 86 minutos, Lapadula aproveitou a sobra e marcou seu quarto gol, o terceiro em quatro partidas como titular e o primeiro em San Siro. Depois de perder um gol incrível, o ítalo-peruano foi novamente decisivo para o Diavolo, vice-líder da Serie A.

Fiorentina 2-1 Palermo

Bernardeschi (pênalti) e Babacar (Zárate) | Jajalo

Tops: Babacar e Astori (Fiorentina) | Flops: Kalinic (Fiorentina) e Aleesami (Palermo)

Khouma ‘clutch’ Babacar. Na hora do aperto, é com o senegalês que a Fiorentina conta para ganhar pontos. Se o jovem da base viola ainda não se tornou um centroavante de alto nível, segue importante para o time: evitou o tropeço com o lanterna Palermo já nos acréscimos, completando escanteio do sumido Zárate, que reclamava da falta de oportunidades e respondeu a Paulo Sousa com uma importante assistência. O sufoco foi grande no Artemio Franchi porque, mais uma vez, a equipe gigliata falhou em transformar o domínio da posse de bola e controle do jogo em vantagem no placar, falhando diversas vezes contra o frágil sistema defensivo adversário e exaltando um goleiro irregular, como Posavec. Do outro lado, Tatarusanu pouco viu a bola, já que os zagueiros Salcedo e Astori foram dominantes, e, quando chamado em causa, o romeno estava muito mal posicionado na bela cobrança de falta de Jajalo. Se não teve grande atuação, ao menos Bernardeschi marcou seu sétimo gol no campeonato, mostrando grande crescimento.

Sampdoria 2-0 Torino

Barreto (Silvestre), Schick (Linetty)

Tops: Pedro Pereira e Torreira (Sampdoria) | Flops: Benassi e Barreca (Torino)

O Torino voltou a ser assunto no mundo todo, pela lembrança do desastre de Superga e pela solidariedade dada à Chapecoense, mas não pontuou nesta rodada. Isso porque a Sampdoria chegou ao sexto resultado positivo na sequência, dando fim aos cinco jogos de invencibilidade dos grenás logo às vésperas do dérbi de Turim. A partida teve muita intensidade no primeiro tempo, mas a defesa do Torino conseguiu conter os avanços da equipe de Giampaolo. No entanto, uma cobrança de escanteio resultou no gol que abriu o placar, com o paraguaio Barreto. O Toro sentiu um pouco o golpe e tentou buscar o empate de forma desordenada, sem conseguir criar uma chance real de gol. Em um contra-ataque, já no apagar das luzes, Schick deu números finais à partida, que levou a Samp à 9ª posição – os granata ocupam a 7ª.

Sassuolo 3-0 Empoli

Pellegrini (pênalti), Ricci (pênalti) e Ragusa

Tops: Acerbi e Pellegrini (Sassuolo) | Flops: Skorupski e Maccarone (Empoli)

Se o sumido Berardi não dá as caras (está lesionado e nem participou da foto oficial do clube), o Sassuolo deve seguir em frente depois da frustrante eliminação na Liga Europa. Contra o Empoli, os neroverdi superaram o jejum de seis partidas sem vencer e melhoraram sua situação na tabela, já que contou com derrotas das outras equipes para ultrapassá-las – agora, estão em 14º. A vitória veio graças aos erros do adversário, que concedeu dois pênaltis ainda no primeiro tempo. Os jovens da base da Roma, Pellegrini e Ricci, marcaram aos 22 e 36, enquanto Ragusa aproveitou falha de outro giallorosso, o goleiro Skorupski. Na defesa, os experientes Gazzola, Acerbi e Peluso não sofreram sustos e Consigli foi importante para manter o quarto clean sheet do Sassuolo, que já levou 26 gols no campeonato. Para o Empoli, derrota que não muda muita coisa na sua complicada posição, uma vez que o time segue a apenas dois pontos da zona de rebaixamento.

Pescara 1-1 Cagliari

Caprari (Biraghi) e Borriello (Di Gennaro)

Tops: Caprari (Pescara) e Bruno Alves (Cagliari) | Flops: Benali (Pescara) e Di Gennaro (Cagliari)

Depois de seis derrotas seguidas, o Pescara voltou a pontuar, mas sem entusiasmo, já que a equipe segue na zona de rebaixamento e conquistou o empate somente nos acréscimos. Um resultado que também frustrou o Cagliari, que poderia ter subido na tabela para ficar mais perto de seu objetivo – uma temporada tranquila, depois do retorno à elite. Nos gols, decisivas as participações de jogadores ligados a Milan e Inter. Os ex-Milan protagonizaram o tento sardo: Borriello abriu o placar nos primeiros minutos, em assistência de Di Gennaro, mas o regista foi expulso pouco depois e expôs sua equipe à pressão anfitriã. Apesar de o veterano Pepe ter criado muito, outro jogador experiente, Bruno Alves, se manteve firme na defesa. Até que o talentoso Caprari, emprestado pela Inter, aproveitou passe de Biraghi (antiga promessa de Interello) e empatou, aos 91.

Chievo 0-0 Genoa

Tops: Sorrentino (Chievo) e Perin (Genoa) | Flops: Birsa (Chievo) e Miguel Veloso (Genoa)

Chievo e Genoa tinham a chance de entrar na parte alta da tabela, mas bateram na trave – literalmente. A partida que aconteceu nesta segunda teve algumas grandes chances, como o voleio de Meggiorini que explodiu no travessão ou a girada de Ninkovic, que quase fez valer a lei do ex, mas também viu seu chute tocar no poste. Os goleiros Sorrentino e Perin também fizeram algumas defesas importantes para manter as redes invioladas, mas foi Birsa que simbolizou a falta de pontaria dos dois times: o esloveno, outro ex da partida, cobrou um pênalti por cima do gol.

Udinese 1-0 Bologna

Danilo (Widmer)

Tops: Danilo (Udinese) e Mirante (Bologna) | Flops: Perica (Udinese) e Pulgar (Bologna)

Foi por pouco, mas a Udinese festejou no dia do aniversário de 120 anos da agremiação. A equipe friulana, que foi a campo com um uniforme comemorativo, chutou a gol 10 vezes no primeiro tempo, mas nem assustou a defesa do Bologna. Embora tenha sido colocado contra as cordas, o time visitante conseguia manter o empate, até mesmo depois que o volante Pulgar recebeu um cartão vermelho – o sexto do Bologna na temporada. Na reta final da partida, a equipe de Údine intensificou a pressão e Perica teve duas chances de marcar, mas finalizou uma delas para fora e, na segunda, Mirante fez uma bela defesa com o pé. O grito da vitória só saiu da garganta apenas no terceiro minuto dos acréscimos, quando o capitão Danilo aproveitou um cruzamento de Widmer e, de voleio, marcou um golaço.

*Os nomes entre parênteses nos resultados indicam os responsáveis pelas assistências para os gols

Relembre a 14ª rodada aqui.

Confira estatísticas, escalações, artilharia, além da classificação do campeonato, aqui.

Seleção da rodada 

Reina (Napoli); Pedro Pereira (Sampdoria), Paletta (Milan), Acerbi (Sassuolo), Alex Sandro (Juventus); Zielinski (Napoli), Pellegrini (Sassuolo), Nainggolan (Roma), Hamsík (Napoli); Mandzukic (Juventus), Babacar (Fiorentina). Técnico: Maurizio Sarri (Napoli)

A Liga Serie A disponibiliza os melhores momentos da rodada em seu canal oficial. Veja os melhores momentos dos jogos abaixo.

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