Serie A

Balanço de inverno, parte 2

Ano novo, Serie A de volta. Neste sábado e neste domingo (7 e 8 de janeiro), as equipes entram em campo pela primeira vez após a pausa para as festas de fim de ano, no fim de semana que marca a 19ª rodada do Campeonato Italiano. Antes que a bola role novamente na Velha Bota, é hora de concluirmos o nosso balanço de inverno: na última semana analisamos as campanhas das equipes localizadas na parte mais baixa da tabela e agora servimos o filé. Veja o que achamos do desempenho das equipes que brigam por título, Liga dos Campeões e Liga Europa, mas não esqueça de conferir também a primeira parte do especial. Boa leitura!

Publicado também na Trivela.


Chievo

10ª posição. 18 jogos, 25 pontos. 7 vitórias, 4 empates, 7 derrotas. 19 gols marcados, 20 sofridos.

Maior sequência positiva: três jogos sem perder, duas vezes
Maior sequência negativa: cinco jogos sem vencer, entre a 8ª e a 12ª rodada
Time-base: Sorrentino; Cacciatore, Dainelli, Gamberini (Spolli), Gobbi; Castro, Radovanovic, Hetemaj (De Guzmán); Birsa; Inglese (Pellissier), Meggiorini.

Treinador: Rolando Maran

Destaque: Stefano Sorrentino, goleiro

Artilheiro: Valter Birsa, com 4 gols

Garçom: Lucas Castro, com 4 assistências

Decepção: Nicholas Frey, lateral direito

Expectativa: Meio da tabela

Dê ao Chievo um técnico que entenda a filosofia agonística dos clivensi e o time nunca correrá risco de rebaixamento. A sentença, que mais parece um mandamento da Serie A moderna, tem sido aperfeiçoada por Rolando Maran, que é o técnico certo no lugar certo. Ex-capitão do Chievo, o comandante levou os Burros Alados à nona posição no último Italiano e tem grandes possibilidades de repetir (ou ao menos se aproximar) do feito em 2016-17. Tudo isso a partir de um ótimo sistema defensivo, terceiro menos vazado da competição, e de um time cascudo – é o elenco mais velho da Itália, com média de 30,2 anos.

O elenco dos veroneses teve pouquíssimas modificações em relação ao ano passado – entre os titulares frequentes, apenas Sorrentino e De Guzmán foram contratados na última janela. O acerto com do veterano goleiro, de 37 anos, chegou a ser criticado por parte da torcida, mas logo ele reconquistou a idolatria que adquiriu nas cinco temporadas que defendeu o clube do Bentegodi. Um dos melhores do campeonato em sua posição, Sorrentino é o líder da sólida defesa gialloblù, que ainda tem os “coroas” Dainelli (37), Gamberini (35) e Gobbi (36) atuando em bom nível – Cacciatore (30), um pouco mais novo, também vem bem. Mais à frente, Castro, Birsa e Meggiorini são os motorzinhos da equipe e o experiente Pellissier continua marcando seus gols: fiel ao time, o centroavante de 37 anos ultrapassou os 100 gols na elite – todos com a camisa do Chievo.

Fiorentina

9ª posição. 18 jogos, 27 pontos. 7 vitórias, 6 empates, 5 derrotas. 28 gols marcados, 24 sofridos.

Maior sequência positiva: seis jogos sem perder, entre a 8ª e a 13ª rodada
Maior sequência negativa: quatro jogos sem vencer, entre a 5ª e a 8ª rodada
Time-base: Tatarusanu; Tomovic (Salcedo), Astori, Rodríguez; Bernardeschi, Vecino (Sánchez), Badelj, Tello (Milic); Ilicic, Borja Valero; Kalinic.

Treinador: Paulo Sousa

Destaque: Federico Bernardeschi, meia-atacante

Artilheiro: Federico Bernardeschi, com 9 gols

Garçom: Cristián Tello, com 3 assistências

Decepção: Josip Ilicic, meia-atacante

Expectativa: Vaga na Liga Europa

Desgaste e irregularidade são duas palavras frequentes no vocabulário da Fiorentina em 2016-17. As rusgas do técnico Paulo Sousa com a diretoria viola e com parte do elenco tem deixado os bastidores atribulados e não tem contribuído muito para que alguns jogadores rendam mais – casos de Ilicic, Kalinic e Rodríguez, por exemplo. O português não tem aproveitado muito algumas peças antes tidas como importantes, como Vecino e Sánchez, e provocou o descontentamento dos donos do clube com algumas declarações à imprensa. Todo este clima torna improvável a sua continuidade para o próximo campeonato, mesmo em caso de classificação para um torneio continental – algo não muito simples para os toscanos no atual cenário.

Para crescer de produção, a Fiorentina tem muitos problemas a solucionar, a partir do seu goleiro. Tatarusanu alterna ótimas intervenções com erros básicos, não oferecendo confiança para uma defesa que não apresenta a mesma tranquilidade que em outros anos – o capitão Gonzalo Rodríguez caiu vertiginosamente de nível. Dependente de um grande volume de jogo, Kalinic tem sofrido para marcar gols, já que Borja Valero e Ilicic também não vivem uma fase feliz e estão criando menos, tomando decisões erradas com frequência. Nos raros momentos em que a Fiorentina consegue atuar em um nível semelhante ao da última temporada e encantar, a mágica costuma sair dos pés de Bernardeschi. O fantasista canhoto está chamando a responsabilidade e talvez fosse ainda mais decisivo se jogasse mais perto do gol adversário. É uma experiência que Paulo Sousa deveria estudar para o restante do campeonato.

Torino

8ª posição. 18 jogos, 28 pontos. 8 vitórias, 4 empates, 6 derrotas. 36 gols marcados, 27 sofridos.

Maior sequência positiva: seis jogos sem perder, entre a 4ª e a 9ª rodada
Maior sequência negativa: três jogos sem vencer, duas vezes
Time-base: Hart; Zappacosta, Rossettini, Leandro Castán, Barreca; Baselli, Valdifiori, Benassi; Falqué, Belotti, Ljajic.

Treinador: Sinisa Mihajlovic

Destaque: Andrea Belotti, atacante

Artilheiro: Andrea Belotti, com 13 gols

Garçons: Iago Falqué e Adem Ljajic, com 3 assistências

Decepção: Giuseppe Vives, meia

Expectativa: Vaga na Liga Europa

O Torino é um dos times mais legais de se ver em campo nesta Serie A. Se os grenás já eram competitivos sob o comando de Gian Piero Ventura, se tornaram implacáveis com Mihajlovic, que soube administrar saídas importantes e adaptar a equipe a uma diferente forma de interpretar o futebol. Era difícil imaginar que o Toro iria superar tão rapidamente as vendas de Immobile, Bruno Peres, Maksimovic e Glik e sair fortalecido, mas isso aconteceu graças à abordagem agressiva proposta pelo novo técnico, baseada em uma marcação dura e intensa e em ligações rápidas (geralmente em contra-ataques) para acionar o tridente ofensivo. Por isso, o trivote no meio-campo tem sido vital para um Torino quase inteiramente italiano – sete dos titulares são do Belpaese, seis deles potenciais selecionáveis. Benassi, Baselli e Valdifiori fazem um campeonato quase impecável.

Apesar disso, o grande catalisador para o sucesso do Torino é a fase esplendorosa do artilheiro Belotti, líder do segundo melhor ataque da Serie A. Fazendo jus a seu apelido, o atacante lombardo está cantando de galo: superou o número de gols que fez em 2015-16 com apenas metade dos jogos realizados e ainda participa muito das partidas ao abrir espaços e dar assistências para os companheiros. Belotti tem estado em sintonia plena com Zappacosta e Barreca, mas principalmente com Falqué e Ljajic, seus companheiros de ataque – não fosse a inconstância da dupla, o Torino poderia ser ainda mais ameaçador para os adversários. É provável que a equipe do Piemonte cresça na segunda parte da temporada, quando atingir o auge físico, mas Mihajlovic precisa corrigir alguns problemas na defesa para que as chances de voltar a um torneio continental sejam maiores.

Inter

7ª posição. 18 jogos, 30 pontos. 9 vitórias, 3 empates, 6 derrotas. 28 gols marcados, 21 sofridos.

Maior sequência positiva: cinco jogos sem perder (três vitórias), entre a 2ª e a 6ª rodada
Maior sequência negativa: quatro jogos sem vencer (três derrotas), entre a 6ª e a 9ª rodada
Time-base: Handanovic; D’Ambrosio, Miranda, Murillo, Santon (Ansaldi); João Mário, Brozovic (Medel, Kondogbia); Candreva, Banega, Perisic; Icardi.

Treinadores: Frank De Boer (1ª à 11ª rodada), Stefano Vecchi (12ª) e Stefano Pioli (13ª em diante)

Destaque: Mauro Icardi, atacante

Artilheiro: Mauro Icardi, com 14 gols

Garçom: Antonio Candreva, com 4 assistências

Decepção: Stevan Jovetic, atacante

Expectativa: Vaga na Liga dos Campeões

Assim como nos últimos anos, a Inter de 2016-17 protagonizou alguns ótimos jogos e muitas atuações caóticas e vexaminosas. A temporada começou de forma bagunçada, com a troca de Roberto Mancini por De Boer durante o período de preparação para o campeonato. O holandês chegou como uma aposta arriscada e mostrou que a diretoria se equivocou ao contratar, naquela altura, um treinador com ideias e métodos bem diferentes dos aplicados na Itália. De Boer teve pouco tempo para trabalhar, não teve voz na construção do elenco, nunca conseguiu conquistar o grupo com suas ideias e ainda entrou em atrito com diversos jogadores. O resultado foi a rápida demissão após uma passagem fraca, marcada pela surpreendente eliminação na fase de grupos da Liga Europa e que teve apenas a utilização de alguns jovens e uma boa vitória sobre a Juventus como pontos positivos. Com Pioli, sim, a Beneamata passou a jogar melhor e voltou a sonhar com uma vaga na Liga dos Campeões, objetivo inicial da diretoria.

O denominador comum dos trabalhos de De Boer e Pioli é Icardi, matador nas duas gestões. O centroavante argentino é o artilheiro do campeonato e garantiu pontos para a equipe em ambos os momentos da temporada, inclusive ajudando com assistências. Porém, se o capitão ficava isolado e tinha poucas chances de concluir a gol nos primeiros jogos da campanha, o cenário está mudando: o treinador emiliano reintegrou Brozovic e Kondogbia à equipe e tem colocado a dupla para jogar mais vezes, ora com Banega ora com João Mário (às vezes com os dois). Com um meio-campo mais criativo, o crescimento de produção de Candreva e Perisic e a possível maior utilização de Gabriel, os nerazzurri tem se concentrado em diminuir o extenso elenco e resolver alguns problemas na defesa, com intensificação dos treinos e contratações pontuais.

Atalanta

6ª posição. 18 jogos, 32 pontos. 10 vitórias, 2 empates, 6 derrotas. 27 gols marcados, 21 sofridos.
Maior sequência positiva: nove jogos sem perder (oito vitórias), entre a 6ª e a 14ª rodada
Maior sequência negativa: três jogos sem vencer, entre a 15ª e a 17ª rodada

Time-base: Berisha (Sportiello); Rafael Toloi, Caldara (Zukanovic), Masiello; Conti, Kessié, Freuler (Gagliardini), Spinazzola (Dramé); Kurtic; Petagna, Gómez.

Treinador: Gian Piero Gasperini

Destaque: Alejandro Gómez, meia-atacante

Artilheiro: Franck Kessié, com 6 gols

Garçom: quatro jogadores, com 2 assistências

Decepção: Alberto Paloschi, atacante

Expectativa: Vaga na Liga Europa

Sem dúvidas, a Atalanta é a grande surpresa da temporada. A tradicional agremiação da Lombardia trocou um treinador conservador (Edy Reja) por outro com ideias renovadas e está colhendo os frutos da decisão. Gasperini
é considerado idiossincrático por muitos (com certa razão), mas é
impossível não lhe creditar os méritos pelo desempenho dos nerazzurri de
Bérgamo. Ele teve peito para deixar no banco três das principais
contratações para 2016-17 (Paloschi, Grassi e Cabezas) e algumas peças
experientes ou antes incontestáveis (Sportiello, Stendardo, Konko,
Dramé, Migliaccio, Carmona, Raimondi e Pinilla) para dar espaço a quem
acha mais adaptado a sua filosofia. Com isso, os garotos Caldara,
Kessié, Gagliardini, Spinazzola e Petagna ganharam vagas na equipe e, por executarem à perfeição o 3-4-3 físico e de ataques pelas laterais, se destacam muito no campeonato. Vale salientar ainda os papeis dos experientes Kurtic e Gómez
no time. O esloveno se adaptou bem a uma função mais ofensiva e joga
quase como um enganche, ao passo que o habilidoso e veloz argentino atua
como atacante e é o ponto de desafogo do time, com jogadas individuais.

O resultado prático é que a Atalanta nunca tinha feito tantos pontos no primeiro turno da Serie A em toda a história – nem mesmo quando fez sua melhor campanha e ficou na 5ª posição, em 1948 – e hoje sonha com um improvável retorno a uma competição europeia depois de 26 anos. Seria um prêmio fantástico para uma equipe que já está perto de atingir matematicamente o objetivo para a temporada (a permanência na elite) e que é franco atiradora. A ver como o time administrará as eventuais baixas no mercado, já que alguns jogadores interessam a Juventus e Inter – Kessié, o artilheiro nerazzurro, já é desfalque certo por um mês, pois defenderá Costa do Marfim na Copa Africana de Nações.

Milan

5ª posição. 17 jogos, 33 pontos. 10 vitórias, 3 empates, 4 derrotas. 27 gols marcados, 20 sofridos.

Maior sequência positiva: seis jogos sem perder, entre a 4ª e a 9ª rodada
Maior sequência negativa: duas derrotas consecutivas, entre a 2ª e a 3ª rodada
Time-base: Donnarumma; Abate, Paletta, Romagnoli, De Sciglio; Kucka, Locatelli (Montolivo), Bonaventura; Suso, Bacca (Lapadula), Niang.

Treinador: Vincenzo Montella

Destaque: Gianluigi Donnarumma, goleiro

Artilheiro: Carlos Bacca, com 6 gols

Garçom: Suso, com 4 assistências

Decepção: José Sosa, meia

Expectativa: Vaga na Liga dos Campeões

Depois de tantos anos de entressafra, finalmente um Milan competitivo. A equipe rossonera encerrou um jejum de cinco anos sem títulos com a conquista da Supercopa Italiana e também é forte candidata na briga por uma vaga na Liga dos Campeões – ainda que Roma e Napoli, seus dois principais concorrentes, tenham sido mais regulares até agora. O time está em boa forma e nem mesmo a novela da venda do clube tem chegado a atrapalhar de forma considerável o trabalho de Montella: o técnico napolitano pegou um elenco pouco reforçado, mas apresenta resultados mais consistentes do que os de Mihajlovic, seu antecessor. Há, basicamente, três motivos para isto.

Em primeiro lugar, Montella está comandando o ressurgimento de um Milan “italiano” – seis titulares nasceram na Velha Bota e um tem dupla nacionalidade –, que dá espaço a jovens formados em casa e observa bons valores azzurri em outros clubes. Nesse contexto, parte da espinha dorsal do time ganhou espaço com rapidez e amadureceu precocemente: casos de Donnarumma, Romagnoli e Locatelli, já considerados pilares do Diavolo. Os três são fundamentais para o acerto do sistema defensivo do Milan, mais seguro pelas intervenções de seu goleiro e pelo posicionamento e movimentos dos jogadores de linha – até mesmo Paletta recuperou a forma dos tempos de Parma. Ainda que Bacca, Niang e Lapadula não façam um campeonato esplendoroso, o ataque rossonero funciona bem, graças à criatividade de Suso. O espanhol é um enorme recurso para quem tinha o inócuo Honda como titular e voltou de empréstimo ao Genoa jogando tão bem quanto no Marassi Com ele, o Milan tem novas possibilidades no último terço do campo, seja com jogadas individuais ou com assistências.

Lazio

4ª posição. 18 jogos, 34 pontos. 10 vitórias, 4 empates, 4 derrotas. 32 gols marcados, 21 sofridos.

Maior sequência positiva: nove jogos sem perder, entre a 6ª e a 14ª rodada
Maior sequência negativa: dois jogos sem vencer, entre a 2ª e a 3ª rodada
Time-base: Marchetti (Strakosha); Basta, Wallace, De Vrij, Radu; Parolo, Milinkovic-Savic (Biglia), Lulic; Felipe Anderson, Immobile, Keita (Cataldi).

Treinador: Simone Inzaghi

Destaque: Sergej Milinkovic-Savic, meia

Artilheiro: Ciro Immobile, com 9 gols

Garçom: Felipe Anderson, com 5 assistências

Decepção: Ravel Morrison, meia

Expectativa: Vaga na Liga Europa

A repentina refugada de Marcelo Bielsa, a efetivação do interino Simone Inzaghi, poucos reforços e uma torcida bastante insatisfeita com a diretoria há anos. A temporada da Lazio tinha tudo para ser recheada de problemas, mas até agora o time tem obtido resultados melhores do que os projetados, embora nem sempre tenha tido atuações convincentes. O time da capital está à frente de adversários tidos como favoritos a vagas para competições europeias (como Milan, Inter, Torino e Fiorentina) mas ainda corre por fora, já que tem elenco menos forte e extenso.

A Lazio tem o elenco com menor média de idade na Serie A (24,9 anos) e tem boa parte de seus destaques com idade nesta faixa. A começar por Milinkovic-Savic, que ocupou o meio-campo celeste com propriedade e foi vital para o equilíbrio da equipe – sobretudo na ausência de Biglia, que teve alguns problemas físicos –, além de chegar bem na área adversária e usar a seu favor a altura e o porte físico. Para um time que trabalha pouco a bola, atacar rápido pelos lados é fundamental e as boas atuações de Keita e Felipe Anderson contribuem para que a equipe tenha um dos cinco melhores ataques da competição. A dupla tem até suprido o jejum de Immobile, que começou sua trajetória na Lazio de forma arrasadora, mas passa em branco desde o final de outubro. Para que os laziali tenham um final de temporada mais positivo, o tridente de ataque precisa aprimorar mais o momento de tomada de decisões, já que às vezes os três pecam pelo nervosismo. Claro, a manutenção da regularidade de outros pilares da equipe, como Biglia, Milinkovic-Savic, De Vrij e Lulic, também será fundamental.

Napoli

3ª posição. 18 jogos, 35 pontos. 10 vitórias, 5 empates, 3 derrotas. 40 gols marcados, 21 sofridos.

Maior sequência positiva: sete jogos sem perder, desde a 12ª rodada
Maior sequência negativa: duas derrotas consecutivas, entre a 7ª e a 8ª rodada
Time-base: Reina; Hysaj, Albiol (Chiriches), Koulibaly, Ghoulam; Zielinski (Allan), Jorginho (Diawara), Hamsík; Callejón, Mertens (Gabbiadini, Milik), Insigne.

Treinador: Maurizio Sarri

Destaque: Marek Hamsík, meia

Artilheiro: Dries Mertens, com 11 gols

Garçom: José Callejón, com 7 assistências

Decepção: Jorginho, meia

Expectativa: Vaga na Liga dos Campeões e brigar pelo título

Higuaín foi vendido? Às vezes nem parece. A cessão do Pipita à Juventus poderia ter afetado bruscamente os planos do Napoli, mas os mais de 90 milhões de euros pagos pelo argentino foram reinvestidos em jogadores mais jovens, que já estão assumindo o protagonismo em campo. A rigor, os azzurri seguem os conceitos de Sarri, tem atuado tão bem quanto na última temporada e ganharam boas peças, que ainda tem margem de melhoramento, mas já deixaram o elenco mais forte em todos os setores. Higuaín poderia render frutos imediatamente, mas o pagamento de sua multa rescisória obrigou o presidente De Laurentiis a ser pragmático: pensou em levantar títulos mais à frente, mas sem esquecer de cobiçar a realização imediata – o desejo é uma vaga na Liga dos Campeões e uma boa participação na atual edição do torneio europeu. O planejamento está sendo cumprido à risca.

Com apenas uma parte do que recebeu por Higuaín, o Napoli acertou com Diawara e Zielinski, duas grandes revelações da Serie A, e ainda com o experiente e útil Giaccherini – os dois primeiros, aliás, chegaram a colocar os importantes Jorginho e Allan no banco em diversas ocasiões. A cereja do bolo foi Milik, que começou a todo vapor, mas se lesionou com seriedade. Como se estivesse escrevendo certo por linhas tortas, o deus da bola abria, assim, uma porta para que Mertens fosse utilizado como centroavante. Após um período de baixa entre setembro e outubro, a equipe se reorganizou e o belga virou protagonista, dividindo responsabilidades com os outros colegas de frente – Insigne, Callejón e o eterno capitão Hamsík – e sendo o artilheiro do time que tem o melhor ataque do campeonato. A equipe de Fuorigrotta ainda tem jogadores em excelente fase na defesa e pode acabar sofrendo com a ida de Koulibaly e Ghoulam para a Copa Africana de Nações. Se suportar bem a ausência da dupla, a formação partenopea pode ensaiar uma arrancada na segunda parte da Serie A, pois o poder de fogo do ataque será aumentado: Milik volta à ação em fevereiro e Pavoletti é um belo reforço para o setor.

Roma

2ª posição. 18 jogos, 38 pontos. 12 vitórias, 2 empates, 4 derrotas. 39 gols marcados, 18 sofridos.

Maior sequência positiva: seis jogos sem perder (cinco vitórias), entre a 7ª e a 12ª rodada
Maior sequência negativa: nenhuma
Time-base: Szczesny; Bruno Peres (Florenzi), Manolas, Fazio, Emerson (Rüdiger); De Rossi (Paredes), Strootman; Salah, Nainggolan, Perotti (El Shaarawy); Dzeko.

Treinador: Luciano Spalletti

Destaque: Edin Dzeko, atacante

Artilheiro: Edin Dzeko, com 13 gols

Garçom: Mohamed Salah, com 4 assistências

Decepção: Thomas Vermaelen, zagueiro

Expectativa: Vaga na Liga dos Campeões e brigar pelo título

Tira dos ricos – menos da Juventus – para dar aos pobres. A Roma versão 2016-17 parece muito com a de outros anos: alterna jogos incríveis com poucas atuações sem brilho (que o digam os empates contra Cagliari e Empoli) e não parece capaz de rivalizar com a Velha Senhora pelo scudetto. Dessa vez, a equipe treinada por Spalletti conta com alguns jogadores em fases excepcionais, como Manolas, Nainggolan, Perotti, Salah e o artilheiro Dzeko, mas mesmo assim sua grande adversária mantém uma vantagem considerável. Um vice-campeonato italiano e uma vaga na Champions nestas condições não pareceria mau negócio, mas considerando que os giallorossi ficaram nove vezes na segunda posição da Serie A nos últimos 15 anos, a torcida está ansiosa para o salto de qualidade. Se não der no campeonato local, brigar pelos títulos da Coppa Italia e da Liga Europa é possível.

Para tentar surpreender a Juve, o primeiro obstáculo que a Roma precisará superar será a ausência de Salah durante o mês de janeiro, por causa da participação do Egito na CAN. Portanto, El Shaarawy será utilizado com mais frequência e deverá ser tão decisivo quanto o companheiro, que é líder em assistências e vice-artilheiro do time. Totti também deverá ganhar mais minutos em campo neste período e deve fazer o que dele se espera: decidir, com classe e objetividade. A sintonia tem sido grande em todos os setores – não à toa o time de Spalletti tem o segundo melhor ataque e a segunda melhor defesa da competição –, mas falta um gás a mais para tentar fazer do confronto direto com a Juve no segundo turno, no Olímpico, um jogo de vida ou morte. Este vigor pode vir dos pés de um romano: Florenzi volta de lesão em fevereiro e, caso não entre no lugar do adaptado Bruno Peres, o versátil jogador dará uma mão no forte meio-campo ou como opção no ataque.

Juventus

Líder. 17 jogos, 42 pontos. 14 vitórias, nenhum empate, 3 derrotas. 36 gols marcados, 14 sofridos.

Maior sequência positiva: quatro vitórias consecutivas, duas vezes
Maior sequência negativa: nenhuma
Time-base: Buffon; Barzagli (Benatia), Bonucci, Chiellini (Rugani); Lichtsteiner (Daniel Alves), Pjanic, Khedira, Hernanes (Lemina, Marchisio), Alex Sandro; Mandzukic (Cuadrado, Dybala), Higuaín.

Treinador: Massimiliano Allegri

Destaque: Leonardo Bonucci, zagueiro

Artilheiro: Gonzalo Higuaín, com 10 gols

Garçom: Juan Guillermo Cuadrado, com 3 assistências

Decepção: Patrice Evra, lateral esquerdo

Expectativa: Título

Nem bem a última temporada terminou e a Juventus decidiu mostrar que não queria ficar estacionada no pentacampeonato: no início da janela de transferências, contratou Daniel Alves gratuitamente e ainda enfraqueceu rivais diretos ao assinar com Pjanic e Higuaín. Ainda que tenha perdido partidas para Inter, Milan e Genoa e até tenha mostrado um futebol ruim em alguns momentos, a equipe bianconera domina o torneio com sobras e tem uma vantagem de quatro pontos para a Roma – podem ser até sete, já que a Juve tem um jogo a menos, contra o Crotone, penúltimo colocado. De longe, a Juve é a favorita ao scudetto, que lhe renderia o inédito hexacampeonato nacional.

Suas concorrentes torcem para que ela avance o máximo possível na Champions League, o que a obrigaria a dividir as atenções entre duas ou três frentes. Provavelmente, Allegri promoveria rodízio em jogos da Serie A, mas o problema, para quem seca a Velha Senhora, é que o time B bianconero é tão bom quanto o principal. Os juventinos ainda podem se gabar de que Pjanic e Higuaín não atuaram ainda como em seus auges e, mesmo assim, tiveram lapsos decisivos durante a campanha. Ou mesmo por Dybala ter ficado fora de ação por várias rodadas e ainda assim Mandzukic tê-lo substituído muito bem. No final das contas, a fórmula é quase a mesma: Buffon e Bonucci lideram um sistema defensivo quase impenetrável, coadjuvados por Barzagli, Chiellini, Rugani ou Benatia, e garantem tranquilidade ao torcedor, que já ensaia um novo coro para o dia da entrega da taça. Olho ainda no brasileiro Alex Sandro, cada vez mais importante na hierarquia dos piemonteses e provável pilar da equipe nos anos que estão por vir.

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