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A geração é boa, mas falta de padrão de jogo derrubou a Itália na Euro sub-21

Tinha uma Espanha no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma Espanha. Na seleção principal, no futebol de clubes ou na base, os espanhóis viraram mesmo os algozes dos italianos nesta década. Na dura Euro sub-21, em que uma derrota pode significar o fim de um trabalho de mais de dois anos durante as eliminatórias, a Itália de Luigi Di Biagio conseguiu superar um tropeço na fase de grupos, mas voltou a cair na semifinal e não pode buscar o hexacampeonato.

Maior campeã do último torneio do futebol de seleção no setor juvenil europeu (venceu em 1992, 1994, 1996, 2000 e 2004), com as gerações que levaram o país para seu último título da Copa do Mundo, a Itália foi para a Polônia sob muita expectativa. Os azzurrini tinham credenciais para acabar com o tabu de títulos na categoria, afinal nenhuma geração teve tantos jogadores experimentados e importantes em suas equipes na Serie A como agora.

Do atual grupo, cinco estavam no time que caiu na primeira fase em 2015, já sob o comando de Di Biagio. Dessa vez, a equipe contou com 15 jogadores titulares na Serie A e outros tantos com boa sequência na elite, sendo que 11 já tinham estreado na seleção principal. Mas novamente os espanhóis eram superiores: se os italianos tinham tanta experiência, os rivais tinham campeões europeus como protagonistas e ainda mais participações na elite.

Mais do que isso, também pesou o fato de o grupo não ter jogado junto em muitas oportunidades. Ou seja, faltava uma certa química entre os jogadores e Di Biagio também falhou em dar consistência e padrão para o time. Muito disso foi visto durante a competição, quando faltaram soluções para a equipe conquistar as vitórias. Por causa disso, os azzurri se sustentaram nas individualidades, no ataque e na defesa, e novamente com algumas decepções.

Não por acaso, o melhor jogo da seleção no torneio foi contra a Alemanha, no qual a organização tática prevaleceu e a espinha dorsal – Conti, Caldara, Rugani, Pellegrini, Gagliardini, Bernardeschi e Berardi – se comportou muito bem. Diante da Dinamarca, os azzurrini fizeram o mínimo possível e, contra a República Checa, o rodízio feito pelo técnico teve consequências: derrota fragorosa para Schick e companhia.

Em meio à polêmica da não renovação com o Milan, o mais jovem e promissor de todos, Gianluigi Donnarumma, esteve muito mal durante a competição, com um comportamento muito diferente do que mostrou durante os quase dois anos de titular na Serie A. Desconcentrado, teve falhas claras nos seis gols sofridos em duas partidas, contra República Checa e Espanha, enquanto não foi ameaçado por Dinamarca e Alemanha.

Na fase mais atribulada de sua breve carreira, Donnarumma decepcionou na Polônia (LaPresse)

Da mesma forma, esperava-se um poder de liderança maior de Rugani, já experimentado na Juventus de Barzagli, Bonucci e Chiellini. Gagliardini, melhor em campo contra a Alemanha, mas apagado contra Dinamarca e ausente contra os checos, acabou como bode expiatório pelo péssimo desempenho na semifinal, e, expulso com menos de 60 minutos, serviu como exemplo do nervosismo italiano e talvez da má preparação. Foi exatamente em seu setor que os espanhóis Saúl, Deulofeu e Ceballos tiveram plena liberdade para decidir a semifinal.

Na frente, se Bernardeschi foi decisivo nas vitórias, faltou regularidade ao camisa 10 viola, que participou menos do que o esperado do jogo. Por sua vez, Berardi nem mesmo conseguiu ter um peso nas ações ofensivas e, nervoso como sempre, recebeu um cartão amarelo bobo contra a Alemanha e foi uma ausência sentida contra a Espanha. O atacante do Sassuolo deu a lugar a um decepcionante Petagna, que esteve muito mal tecnicamente em relação ao que apresentou na Atalanta.

Por outro lado, estiveram muito bem Caldara, confiante e seguro na defesa; Pellegrini, presente em todo o campo e com um protagonismo acima das expectativas; e Chiesa, que foi uma peça interessante principalmente no segundo tempo, ao trazer uma postura agressiva que faltava aos titulares. Assim como todos, o jogador viola falhou miseravelmente na semifinal, quando o time se comportou muito mal taticamente e não teve força para reagir.

Fica outra lição dada pelos espanhóis e uma dura experiência para a geração mais promissora dos últimos anos: aprender com os erros para não repetir a soberba com que foi para a Polônia e se preparar mais. É um grupo especial, já protagonista na Serie A e reflexo de um futebol mais técnico na Itália, e o que aconteceu deve servir como processo de amadurecimento para a continuidade de suas trajetórias, desta vez na Nazionale principal.

O próximo ciclo da seleção sub-21 deve ter a saída de Di Biagio e a chegada de Alberico Evani, atual comandante da equipe sub-20, terceira colocada no Mundial da categoria. O ex-milanista é a melhor escolha possível, já que conhece bem os jogadores que serão aproveitados e já fez um trabalho com bons resultados com o grupo. Rumo ao hexa?

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