Na segunda-feira, iniciamos a retrospectiva 2016-17 da Serie A aqui no blog. Na ocasião, analisamos as campanhas dos times classificados na parte mais baixa da tabela e agora iremos falar dos 10 primeiros do campeonato. Confira os feitos da hexacampeã Juventus e dos melhores ataques do certame, que anotaram mais de 70 gols.
Confira aqui a primeira parte do especial. Publicado também na Trivela.
Sampdoria
A campanha: 10ª colocação, 48 pontos. 12 vitórias, 12 empates e 14 derrotas.
No primeiro turno: 12ª posição, 23 pontos.
Fora da Serie A: Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pela Roma.
Ataque e defesa: 49 gols marcados e 55 sofridos
Time-base: Puggioni (Viviano); Sala (Bereszynski), Silvestre, Skriniar, Regini; Barreto, Torreira, Linetty; Praet (Schick, Bruno Fernandes); Quagliarella, Muriel.
Artilheiros: Fabio Quagliarella (12 gols), Patrik Schick e Luis Muriel (ambos com 11)
Técnico: Marco Giampaolo
Os destaques: Patrik Schick, Luis Muriel e Karol Linetty
A decepção: Dodô
A revelação: Patrik Schick
Quem mais jogou: Fabio Quagliarella (37 jogos) e Matías Silvestre (36)
O sumido: Angelo Palombo
Melhor contratação: Patrik Schick
Pior contratação: Luca Cigarini
Deu para o gasto. Ninguém esperava que a Sampdoria poderia fazer algo além do que produziu e o técnico Giampaolo continua na equipe para a próxima campanha, já que alcançou os resultados para os quais foi contratado. A equipe blucerchiata fez jogos duros contra os grandes – venceu Inter, Milan e Roma, por exemplo –, esteve no nível das equipes de meio de tabela e, mais importante: venceu os duelos contra o Genoa. Desde o fim dos anos 1950 os dorianos não conseguiam triunfar nas duas partidas de uma mesma edição da Serie A diante do rival.
Giampaolo montou uma base coesa e preferiu trabalhar com um grupo reduzido de atletas – somente 24 foram utilizados ao longo da temporada, e nomes como Dodô, Cigarini e o capitão Palombo foram relegados ao ostracismo. Entre os que tiveram mais minutos em campo, o argentino Silvestre voltou a apresentar o bom nível de seus anos no Catania, enquanto os jovens Torreira e Linetty foram a garantia de intensidade e qualidade nos passes no meio-campo. Tudo isso para que os atacantes ficassem mais livre para cumprir seu objetivo. O experiente Quagliarella guardou sua habitual cota de gols, ao passo que Muriel teve sua melhor temporada desde que saiu do Lecce, em 2012. O grande destaque, porém, ficou por conta do habilidoso Schick, que começou a temporada no banco, mas ganhou espaço com gols e jogadas importantes. Em alta, deve ser negociado e abastecer os cofres do excêntrico presidente Massimo Ferrero com cerca de 25 milhões de euros.
Torino
A campanha: 9ª colocação, 53 pontos. 13 vitórias, 14 empates e 11 derrotas.
No primeiro turno: 8ª posição, 30 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Milan.
Ataque e defesa: 71 gols marcados e 66 sofridos
Time-base: Hart; Zappacosta, Rossettini, Moretti, Barreca; Benassi, Valdifiori (Acquah, Boyé), Baselli; Falqué, Belotti, Ljajic.
Artilheiros: Andrea Belotti (26 gols), Iago Falqué (12) e Adem Ljajic (10)
Técnico: Sinisa Mihajlovic
Os destaques: Andrea Belotti, Daniele Baselli e Marco Benassi
A decepção: Joe Hart
A revelação: Antonio Barreca
Quem mais jogou: Daniele Baselli (37 jogos) e Joe Hart (36)
O sumido: Danilo Avelar
Melhor contratação: Adem Ljajic
Pior contratação: Juan Manuel Iturbe
Assistir o Torino nesta temporada foi garantia de ver redes balançando muitas vezes: entre gols pró e contra, a participação dos grenás na Serie A teve uma média de 3,6 gols por partida. Isso se explica inicialmente pela grande produção ofensiva da equipe, que fechou o campeonato como uma das seis agremiações que ultrapassaram a marca de 70 tentos anotados. Na temporada de sua afirmação definitiva, o matador Belotti foi o principal destaque do time e, com 26 gols, se tornou o maior artilheiro do Toro em um único ano desde Benjamín Santos, em 1950. Para marcar gols de todas as formas, o Gallo contou com coadjuvantes de bom nível, como Zappacosta, Barreca, Baselli, Benassi, Falqué e Ljajic.
Para montar uma máquina ofensiva, Mihajlovic teve êxito na implementação de um de seus principais preceitos. O sérvio gosta de equipes que sempre atuem com intensidade elevada e marcação dura, para retomar a posse de bola com rapidez – com isso, os atacantes acabavam acionados rapidamente. Miha, porém, em nenhum momento conseguiu dar um jeito na defesa granata, que não se acertou após as saídas de Glik e Maksimovic e ainda contou com um Hart em péssima fase. O goleiro inglês foi um dos que mais teve falhas capitais em todo o campeonato e não ofereceu segurança ao setor. Menos mal que o Torino tinha fome de gols.
Fiorentina
A campanha: 8ª colocação, 60 pontos. 16 vitórias, 12 empates e 10 derrotas.
No primeiro turno: 9ª posição, 30 pontos.
Fora da Serie A: Eliminada nas quartas de final da Coppa Italia pelo Napoli e nos 16 avos de final da Liga Europa pelo Mönchengladbach.
Ataque e defesa: 63 gols marcados e 57 sofridos
Time-base: Tatarusanu; Sánchez (Tomovic), Rodríguez, Astori; Tello (Chiesa), Badelj, Vecino, Milic (Olivera); Bernardeschi, Borja Valero (Ilicic); Kalinic (Babacar).
Artilheiros: Nikola Kalinic (15 gols), Federico Bernardeschi (11) e Khouma Babacar (10)
Técnico: Paulo Sousa
Os destaques: Federico Bernardeschi, Matías Vecino e Federico Chiesa
A decepção: Josip Ilicic
A revelação: Federico Chiesa
Quem mais jogou: Cristian Tello (36 jogos) e Ciprian Tatarusanu (35)
O sumido: Sebastian De Maio
Melhor contratação: Carlos Sánchez
Pior contratação: Kevin Diks
A decepção é violeta. Na temporada 2015-16 a Fiorentina despontou como uma das surpresas da Serie A, não só em termos de resultados, mas também de futebol bem jogado. Porém, a equipe toscana regrediu bastante e não foi nem sombra do time que encantou a Itália anteriormente. O técnico Paulo Sousa foi apontado como um dos responsáveis pelo sucesso da equipe em seu primeiro ano, mas viu sua batata esquentar ao não encontrar soluções para driblar a queda de rendimento do time – uma diminuição de desempenho que esbarrou sobretudo em problemas táticos. Não à toa, o português foi substituído por Stefano Pioli nesta semana.
A responsabilidade fica mais a cargo do treinador porque o elenco sofreu poucas modificações – dos mais utilizados em 2015-16, somente Alonso, Pasqual, Blaszczykowski, Roncaglia e Mati Fernández deixaram Florença. É claro, porém, que o ano ruim da Fiorentina passou por atuações negativas de algumas peças-chave do plantel: entre os jogadores que ficaram, Kalinic teve altos e baixos, Tatarusanu, Astori e Rodríguez mostraram a habitual insegurança e Badelj e Ilicic foram incapazes de apresentar o nível e outros anos. O bom futebol, no entanto, continuou com Bernardeschi, Vecino e Borja Valero, que conseguiram tirar alguns coelhos da cartola ao longo da temporada. Chiesa surgiu como ótima opção e Babacar se converteu em uma boa alternativa de segundo tempo, mas a soma destes fatores não foi suficiente para que a viola tivesse um ano estável.
Inter
A campanha: 7ª colocação, 62 pontos. 19 vitórias, 5 empates e 14 derrotas.
No primeiro turno: 7ª posição, 33 pontos.
Fora da Serie A: Eliminada nas quartas de final da Coppa Italia pela Lazio e na fase de grupos da Liga Europa.
Ataque e defesa: 72 gols marcados e 49 sofridos
Time-base: Handanovic; D’Ambrosio, Miranda, Medel (Murillo), Ansaldi (Nagatomo, Santon); Gagliardini (Banega), Kondogbia (Brozovic); Candreva, João Mário (Éder), Perisic; Icardi.
Artilheiros: Mauro Icardi (24 gols), Ivan Perisic (11) e Éder (8)
Técnicos: Frank De Boer (1ª-11ª rodada), Stefano Pioli (13ª-35ª) e Stefano Vecchi (interino; 12ª e 36ª-38ª)
Os destaques: Mauro Icardi, Ivan Perisic e Samir Handanovic
A decepção: Jeison Murillo
A revelação: Roberto Gagliardini
Quem mais jogou: Antonio Candreva (38 jogos), Samir Handanovic (37) e Ivan Perisic (36)
O sumido: Gabriel
Melhor contratação: Roberto Gagliardini
Pior contratação: Caner Erkin
Três treinadores durante a temporada e um outro demitido durante os amistosos de preparação, em meio à troca na gestão do clube: não tinha como o ano da Inter dar certo. Ainda assim, o forte elenco nerazzurro tinha obrigação de tentar abocanhar ao menos uma vaga em competições europeias e falhou miseravelmente. A desastrada passagem de De Boer pela Beneamata – leia mais aqui – tirou qualquer chance de classificação à Liga dos Campeões e proporcionou uma vexatória eliminação continental. Seu substituto conseguiu ajeitar a casinha por um tempo e fez o time jogar bem (aplicou até 7 a 1 na Atalanta, sua asa negra e sensação do campeonato), mas outra vez a equipe de Milão tropeçou nas próprias pernas. O elenco mostrou fraqueza mental em horas decisivas de sua campanha e perdeu fôlego na reta final da Serie A, vendo a sua consolação (uma vaga na Liga Europa) escorrer pelos dedos.
O grande problema em La Pinetina é que a Inter se inspira no famoso romance de Robert Louis Stevenson, que retrata um homem com dupla personalidade, meio médico e meio monstro. Candreva erra 30 cruzamentos em uma partida, mas acerta unzinho e tira espaço de Gabigol; Perisic anota gols decisivos e isola chances claras; João Mário e Banega alternam partidas em altíssimo nível com o mais completo anonimato; Miranda e Handanovic corrigem a maioria dos erros de Murillo, mas basta estarem ausentes em um lance para que a equipe desabe; e para cada acerto de posicionamento de Gagliardini e Kondogbia na parte baixa do meio-campo, Brozovic resolve ser displicente na entrada da área e estragar os planos de jogo dos treinadores. Enquanto isso persistir, não haverá avanços e não adiantará injeção de capital chinês. Para se reconstruir, a Inter deve se basear nos pilares que trouxeram algum alento nesta temporada. Como por exemplo, no alto rendimento de Icardi, que marcou 24 vezes neste certame e já adentrou a lista dos 10 maiores artilheiros do clube. Com ele, a Beneamata superou os 70 gols marcados na Serie A.
Milan
A campanha: 6ª colocação, 63 pontos. 18 vitórias, 9 empates e 11 derrotas.
No primeiro turno: 4ª posição, 40 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado nas quartas de final da Coppa Italia pela Juventus e campeão da Supercopa Italiana.
Ataque e defesa: 57 gols marcados e 45 sofridos
Time-base: Donnarumma; Abate, Paletta, Romagnoli, De Sciglio; Kucka, Locatelli (Sosa), Pasalic (Bonaventura); Suso, Bacca, Deulofeu (Lapadula, Niang).
Artilheiros: Carlos Bacca (13 gols), Gianluca Lapadula (8) e Suso (7)
Técnico: Vincenzo Montella
Os destaques: Gianluigi Donnarumma, Suso e Alessio Romagnoli
A decepção: Carlos Bacca
A revelação: Manuel Locatelli
Quem mais jogou: Gianluigi Donnarumma (38 jogos), Suso (34) e Carlos Bacca (32)
O sumido: Keisuke Honda
Melhor contratação: Gerard Deulofeu
Pior contratação: José Sosa
Finalmente teremos o Milan de volta a uma competição europeia, após uma ausência de três temporadas. Ok, não é a Champions League, torneio que o clube venceu sete vezes, mas sim a Liga Europa. É hora de dar um passo de cada vez no caminho da reconstrução, que pode vir com um elenco cada vez mais recheado de jovens jogadores italianos, como os pratas da casa Donnarumma, Calabria e Locatelli, e com capital chinês. Não dá para deixar de mencionar a troca de comando no clube como um dos fatos mais importantes do ano rossonero: afinal, Silvio Berlusconi encerrou sua vitoriosa presidência de mais de três décadas ao vender o Diavolo para Yonghong Li. A nova gestão foi pé quente e tem se mostrado ambiciosa, pois já assegurou três contratações para a próxima temporada – Mateo Musacchio, Franck Kessié e Ricardo Rodríguez.
Antes mesmo de ter um grande elenco em suas mãos, o técnico Montella soube trabalhar com um plantel menos gabaritado e construiu um time interessante e reativo. As arrancadas de Suso (e de Deulofeu, no segundo turno) mostraram que o grande caminho para o gol estava pelas pontas, já que os meio-campistas, bastante físicos, serviam mais para dar sustentação ao esquema. Aos rossoneri, porém, faltou um matador em grande fase e em sintonia com a dupla espanhola: se Bacca não vivesse fase tão ruim, talvez o Milan poderia ter impressionado mais. A grande força deste time estava, de fato, em sua própria grande área: naquele retângulo, o excepcional Donnarumma pode realizar suas defesas e ratificar seu posto de verdadeiro valor agregado do elenco. O zagueiro Romagnoli também fez uma grande temporada e, quando esteve em campo, o time quase sempre venceu. Sem show e com pés no chão, o Milan deu um passo para dar a volta por cima.
Lazio
A campanha: 5ª colocação, 70 pontos. 21 vitórias, 7 empates e 10 derrotas.
No primeiro turno: 5ª posição, 40 pontos.
Fora da Serie A: Vice-campeã da Coppa Italia.
Ataque e defesa: 74 gols marcados e 51 sofridos
Time-base: Strakosha (Marchetti); Basta, De Vrij, Hoedt (Wallace), Radu; Parolo, Biglia, Milinkovic-Savic; Felipe Anderson, Immobile, Lulic (Keita).
Artilheiros: Ciro Immobile (23 gols), Keita Baldé (16) e Marco Parolo (5)
Técnico: Simone Inzaghi
Os destaques: Ciro Immobile, Keita Baldé e Sergej Milinkovic-Savic
A decepção: Felipe Anderson
A revelação: Thomas Strakosha
Quem mais jogou: Ciro Immobile (36 jogos), Sergej Milinkovic-Savic e Marco Parolo (ambos com 34)
O sumido: Federico Marchetti
Melhor contratação: Ciro Immobile
Pior contratação: Moritz Leitner
Depois de um freio de arrumação em 2015-16, a Lazio voltou a mostrar um grande futebol e terminou o campeonato classificada para a Liga Europa e com um vice na Coppa Italia. Ainda que o resultado tenha ficado abaixo ao de dois anos atrás, ocasião em que a equipe celeste acabou garantindo passagem para a Champions League, a vaga foi bastante comemorada pelos lados de Formello, já que esta Serie A foi muito competitiva e as atuações do time foram de alto nível. Simone Inzaghi, que havia assumido a equipe no fim da última temporada, teve agora um ano inteiro de trabalho e superou com méritos o batismo de fogo, fazendo a diretoria esquecer de Bielsa, que chegou a acertar verbalmente na pré-temporada. A solução caseira se provou efetiva e sem os possíveis desgastes nos bastidores que o estilo de El Loco provocaria, o que valeu a Simone a renovação de contrato.
Ex-técnico das divisões de base da Lazio, Inzaghi soube lidar com o mais jovem elenco da Serie A (média de 24,9 anos) e aprimorou o que Pioli havia construído em sua passagem. No 4-3-3, a equipe romana se destacou pelo meio-campo combativo e técnico, que construía e concluía jogadas: Parolo, Milinkovic-Savic, Biglia e Lulic encerraram a temporada com um razoável número de gols e contribuíram para que a Lazio tivesse o quarto melhor ataque da competição. O setor, comandado por Immobile e Keita, foi letal: os dois jogadores conseguiram aliar velocidade com um bom poder de finalização, especialmente no segundo turno, e foram protagonistas na partida com maior número de gols na temporada – o 7 a 3 contra a Sampdoria. Felipe Anderson, apesar do grande número de jogos, dos quatro gols e das sete assistências, não esteve no mesmo ritmo dos colegas: foi inconstante e, com seu potencial, poderia ter ajudado ainda mais ao longo do ano.
Atalanta
A campanha: 4ª colocação, 72 pontos. 21 vitórias, 9 empates e 8 derrotas.
No primeiro turno: 6ª posição, 35 pontos.
Fora da Serie A: Eliminada nas oitavas de final da Coppa Italia pela Juventus.
Ataque e defesa: 62 gols marcados e 41 sofridos
Time-base: Berisha; Rafael Toloi, Caldara, Masiello; Conti, Kessié (Gagliardini, Cristante), Freuler, Spinazzola; Kurtic; Gómez, Petagna.
Artilheiros: Alejandro Gómez (16 gols), Andrea Conti (8) e Mattia Caldara (7)
Técnico: Gian Piero Gasperini
Os destaques: Alejandro Gómez, Andrea Conti e Mattia Caldara
A decepção: Bryan Cabezas
A revelação: Mattia Caldara
Quem mais jogou: Alejandro Gómez (37 jogos), Jasmin Kurtic (37) e Andrea Masiello (35)
O sumido: Giulio Migliaccio
Melhor contratação: Leonardo Spinazzola
Pior contratação: Alberto Paloschi
Palmas para a melhor Atalanta da história. Os bergamascos enfileiraram quebras de marcas da agremiação: melhor classificação em sua existência, maior quantidade de pontos conquistados no primeiro turno e no geral, além do maior número de vitórias em uma Serie A. Com isso, a surpresa da temporada italiana conseguiu, com méritos, a classificação à Liga Europa e volta a disputar uma competição continental pela primeira vez desde 1991. Nada mal para quem esperava apenas evitar a queda para a segunda divisão e fazer uma temporada tranquila no meio da tabela.
Quando a diretoria orobica decidiu contratar o técnico Gasperini para o lugar de Edy Reja talvez nào tivesse percebido, mas deu o primeiro passo para que a temporada ganhasse contornos épicos. Arrojado, o piemontês redesenhou a equipe para acomodar seu 3-4-3 (ou 3-4-1-2) e optou por colocar vários jogadores experientes no banco para dar espaço a jovens que compraram as suas ideias. Caldara, Conti, Gagliardini, Kessié, Cristante, Spinazzola e Petagna: todos eles evoluíram muito e explodiram nesta temporada, sob o comando do treinador. Gasperini ainda conseguiu valorizar atletas pouco badalados, como Rafael Toloi e Freuler, e ajudou o capitão Papu Gómez a viver o auge de sua carreira aos 29 anos. O carismático e baixinho argentino teve liberdade para comandar a equipe atuando como atacante aberto pela esquerda ou entrando mais na área, com o suporte de Petagna, e foi um dos grandes nomes de toda a temporada italiana. Para manter o mesmo nível em 2017-18, a Atalanta precisará segurar seus destaques ou reduzir os danos de um provável desmanche com contratações bem pensadas.
Napoli
A campanha: 3ª colocação, 86 pontos. 26 vitórias, 8 empates e 4 derrotas.
No primeiro turno: 3ª posição, 41 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado nas semifinais da Coppa Italia pela Juventus e nas oitavas da Liga dos Campeões pelo Real Madrid.
Ataque e defesa: 94 gols marcados (o melhor) e 39 sofridos (a 3ª melhor)
Time-base: Reina; Hysaj, Albiol, Koulibaly, Ghoulam; Zielinski (Allan), Jorginho (Diawara), Hamsík; Callejón, Mertens (Milik), Insigne.
Artilheiros: Dries Mertens (28 gols), Lorenzo Insigne (18) e José Callejón (14)
Técnico: Maurizio Sarri
Os destaques: Dries Mertens, Lorenzo Insigne e Marek Hamsík
A decepção: Leonardo Pavoletti
A revelação: Marko Rog
Quem mais jogou: Marek Hamsík (38 jogos), Lorenzo Insigne, José Callejón e Pepe Reina (todos com 37)
O sumido: Lorenzo Tonelli
Melhor contratação: Piotr Zielinski
Pior contratação: Nikola Maksimovic
Quem não conhecia Maurizio Sarri até dois anos atrás já virou seu fã. O ótimo técnico tem transformado o Napoli em um dos times europeus que mais praticam um futebol moderno e de alto nível, sempre com passes curtos e rápidos, desde o campo de defesa. A venda de Higuaín não chegou a ser sentida em toda a campanha: na verdade, serviu para que o comandante pudesse ganhar reforços sobretudo para o meio-campo e pudesse rodar o elenco no setor sem perder oxigênio e qualidade. Afinal, o controle do setor é fundamental para que os azzurri consigam superar seus adversários – neste aspecto, Hamsík e Jorginho foram precisos nesta temporada.
A campanha partenopea começou com Milik fazendo o papel que Higuaín desempenhava, mas sua séria lesão deixou a equipe órfã por algumas rodadas – Pavoletti, decepcionante, não conquistou espaço para substitui-lo. Demorou um pouco até Sarri descobrir a verve goleadora de Mertens e foi justamente neste período que o Napoli acabou ficando para trás na corrida pelo título. Não fossem uma Juventus implacável e uma Roma excelente, este time napolitano poderia ter conquistado mais, já que os números são de uma equipe gabaritda a brigar pelo scudetto. O time somou impressionantes 86 pontos (pontuação alta para um terceiro colocado), teve o melhor ataque e uma das melhores defesas de toda a temporada, sem contar no nível de suas atuações e, em especial, de seu quarteto ofensivo. Hamsík, Callejón, Insigne e Mertens tem uma sintonia única e deram show neste ano, sendo responsáveis por 72 dos 94 gols do time. Sem falar nas assistências: o espanhol foi líder no quesito e deu 12 passes para gol, enquanto o belga e o italiano aparecem com oito cada um. Quem sabe nos próximos anos os azzurri consigam algo além de uma vaga na Liga dos Campeões?
Roma
A campanha: 2ª colocação, 87 pontos. 28 vitórias, 3 empates e 7 derrotas.
No primeiro turno: 2ª posição, 47 pontos.
Fora da Serie A: Eliminada ns semifinais da Coppa Italia pela Lazio, nos play-offs da Liga dos Campeões pelo Porto e nas oitavas da Liga Europa pelo Lyon.
Ataque e defesa: 90 gols marcados (o 2ª melhor) e 38 sofridos (a 2ª melhor)
Time-base: Szczesny; Rüdiger (Bruno Peres), Manolas, Fazio, Emerson Palmieri; Strootman, De Rossi (Paredes); Salah, Nainggolan, El Shaarawy (Perotti); Dzeko.
Artilheiros: Edin Dzeko (29 gols), Mohamed Salah (15) e Radja Nainggolan (11)
Técnico: Luciano Spalletti
Os destaques: Edin Dzeko, Radja Nainggolan e Mohamed Salah
A decepção: Bruno Peres
A revelação: ninguém
Quem mais jogou: Wojciech Szczesny (38 jogos), Federico Fazio, Radja Nainggolan e Edin Dzeko (todos com 37)
O sumido: Gerson
Melhor contratação: Federico Fazio
Pior contratação: Thomas Vermaelen
Apesar do vice-campeonato e das ótimas marcas alcançadas pelo ataque e pela defesa, a temporada da Roma foi mais atribulada do que deveria. O diretor esportivo Sabatini se demitiu, dando lugar a Monchi, ex-Sevilla, mas o principal motivo para o ambiente bagunçado foi o tratamento dado a Totti, que fez a torcida criticar continuamente Spalletti e a diretoria. O ídolo máximo romanista enfrentou atritos com o treinador, que foi apoiado pelos cartolas, recebeu poucos minutos ao longo da Serie A e acabou se despedindo do seu time do coração ao final da temporada. Por outro lado, os resultados de campo depõem a favor do treinador, que adicionou mais uma segunda posição e uma classificação à Champions League a seu currículo e à história do clube.
Os giallorossi tiveram peças-chave em todos os setores do campo em 2016-17, a começar por Szczesny, preferido por Spalletti ao brasileiro Alisson: o polonês foi um dos goleiros com mais defesas difíceis na Serie A. Mais à frente, se Manolas regrediu em suas atuações, Fazio e Rüdiger deram conta do recado, enquanto Emerson foi uma grata surpresa na lateral esquerda e manteve a amplitude da equipe mesmo com a lesão de Florenzi, que atuava no lado oposto. O forte meio-campo contribuiu muito com as duas fases de jogo dos romanos, mas as grandes notícias ficaram por conta da recuperação física de Strootman e da crescente importância de Nainggolan para o funcionamento do time. No ataque, Dzeko finalmente mostrou a que veio e fez a torcida esquecer sua trágica temporada de estreia: auxiliado pelos velozes Salah, Perotti e El Shaarawy, o bósnio foi o grande destaque da campanha da Loba e, além de artilheiro da Serie A, superou Rodolfo Volk como maior goleador da Roma em uma única temporada.
Juventus
A campanha: Campeã, 91 pontos. 29 vitórias, 4 empates e 5 derrotas.
No primeiro turno: 1ª posição, 51 pontos.
Fora da Serie A: Campeã da Coppa Italia, vice-campeã da Liga dos Campeões e vice-campeã da Supercopa Italiana.
Ataque e defesa: 77 gols marcados (o 3º melhor) e 27 sofridos (a melhor)
Time-base: Buffon; Lichtsteiner (Daniel Alves), Bonucci, Chiellini (Barzagli, Benatia), Alex Sandro (Asamoah); Pjanic, Khedira; Cuadrado, Dybala, Mandzukic; Higuaín.
Artilheiros: Gonzalo Higuaín (24 gols), Paulo Dybala (11) e Mario Mandzukic (7)
Técnico: Massimiliano Allegri
Os destaques: Paulo Dybala, Gonzalo Higuaín e Gianluigi Buffon
A decepção: Stephan Lichtsteiner
A revelação: Moise Kean
Quem mais jogou: Gonzalo Higuaín (38 jogos) e Mario Mandzukic (34)
O sumido: Marko Pjaca
Melhor contratação: Daniel Alves
Pior contratação: nenhuma
Um ano histórico e que começou a todo o vapor. Já nos primeiros dias do mercado, a Juve fechou as impactantes contratações de Higuaín, Pjanic e Daniel Alves, que se tornariam pilares do time em toda a temporada e adicionariam estofo para que a Juve pudesse competir forte em todos os fronts. Para isso, Allegri não se furtou a rodar bastante o elenco e descansar suas peças, além de optar por o esquema tático do time com a temporada em andamento. A opção por um 4-2-3-1 sem marcadores natos no meio-campo foi uma aposta bem sucedida no coletivo, pois cada jogador cumpriu sua função tática à perfeição – Mandzukic, por exemplo, cobriu bem as subidas de Alex Sandro. Com isso, Allegri tirou um pouco de responsabilidade do decantado trio BBC (Bonucci, Barzagli e Chiellini) e as transferiu para o ataque: a Juve continua impressionando por sua força defensiva, mas agora tem nos jogadores de frente os seus principais destaques. Com Dybala iluminando e Higuaín empurrando bolas para as redes, a Velha Senhora ficou ainda mais temida na Itália e na Europa.
Faltou muito pouco para a temporada da Juventus ter atingido a perfeição. O último jogo da campanha bianconera foi a derrota por goleada na final da Liga dos Campeões diante do Real Madrid, responsável por deixar um gostinho amargo na boca da torcida juventina, mas isso não apaga o que foi construído ao longo de 2016-17. É impossível esquecer as marcas quebradas anteriormente pela Velha Senhora. Um dos times mais dominantes de toda a história do futebol italiano, a Juventus de Max Allegri conseguiu conquistar o inédito hexacampeonato nacional e o tri da Coppa Italia, chegando a 33 scudetti e 12 títulos da copa. E é difícil imaginar que vá se dar por satisfeita em parar por aí.
"Pavoletti, decepcionante, não conquistou espaço para substitui-lo." Pavoloso só chegou ao Napoli em janeiro. Nessa altura, Mertens já estava bem estabelecido como 9. Mais decepcionante foi o Manolo Gabbiadini (que está bem no Southampton).