Liga dos Campeões

Liga dos Campeões: uma Roma faraônica mumifica o Chelsea; Juve tropeça em Lisboa

A melhor versão continental da Roma foi vista nesta terça-feira, em estádio Olímpico lotado. Enquanto a equipe giallorossa destruía os planos do Chelsea, impressionava a todos e hipotecava sua passagem às oitavas de final da Liga dos Campeões, a Juventus deixava sua torcida preocupada: contra o Sporting, a Velha Senhora teve um nível de atuação muito inferior ao mostrado em outras partidas neste mês e acabou tropeçando. O empate em Lisboa impediu a classificação antecipada à próxima fase.

A festa no Olímpico começou cedo. Antes mesmo do jogo os 55.036 presentes, quase todos romanistas, já faziam um show nas arquibancadas, cantando o hino da Roma e deixando o da Champions League em segundo plano. Não demorou também para o que acontecia no gramado deixasse os torcedores da casa em estado de graça. Com apenas 45 segundos de bola rolando, já tinha grito de gol ecoando: Kolarov lançou Dzeko e, na impossibilidade de dominar a pelota, o bósnio acabou ajeitando involuntariamente para trás. El Shaarawy apareceu solitário na meia-lua e, de primeira, emendou um lindo chute no ângulo, indefensável para Courtois. Era o início da noite faraônica do atacante ítalo-egípcio.

O gol marcado no primeiro lance da partida mostrou ao Chelsea que a Roma estava com a mesma voltagem com a qual encerrou a partida no Stamford Bridge. Aquele jogo marcou a virada psicológica do início de trabalho de Di Francesco: foi ali que os giallorossi perceberam que ainda poderiam render tão bem quanto nos tempos de Spalletti e que eram capazes de enfrentar outros times poderosos de igual para igual. A atuação teve reflexos na Serie A, competição em que os romanos estão invictos há três rodadas, e também na Champions League, é claro. Conte, notório algoz dos capitolinos em seus tempos de Juventus, foi presa fácil nesta terça.

Di Francesco domina bola e… também domina Conte (Getty)

O 3-4-2-1 montado pelo treinador italiano do Chelsea em momento algum encaixou ou ofereceu real perigo à Roma, a não ser por erros do time da casa ou em jogadas individuais de Hazard, melhor em campo pelos Blues. Foi com o belga que os ingleses tiveram suas principais chances na etapa inicial, mas Alisson estava atento, respondendo sempre com segurança. Do outro lado, El Shaarawy era o principal incômodo a Courtois e obrigou o goleiro a realizar uma grande defesa antes de chegar ao segundo gol.

A Roma ampliou o placar graças à colaboração de um ex-jogador de seu elenco. Em sua primeira visita ao Olímpico, Rüdiger foi solidário com El Shaarawy e acabou deixando passar um lançamento fortuito de Nainggolan, que acabou aproveitado pelo Pequeno Faraó. Mesmo marcado por Azpilicueta, o atacante foi esperto para finalizar antes que o defensor usasse o corpo para lhe tomar a bola e que Courtois fechasse o ângulo. Um gol para coroar o momento positivo do ex-jogador do Milan, que também decidiu a partida contra o Bologna, no sábado.

Com a vantagem de dois gols no placar, a Roma só voltou a ser ameaçada perto do intervalo, quando Alonso experimentou de fora da área e Alisson colocou para escanteio – na sequência, Bakayoko cabeceou para fora. Aos 18 do segundo tempo, o time da casa definiu a vitória, graças a um lindo chute colocado de Perotti, que não deu a mínima chance para Courtois. O placar poderia ter sido ainda mais elástico, não fossem um chute torto do argentino, após jogada inteligente de Dzeko, e outra grande defesa do arqueiro belga em cabeceio de Manolas.

A melhor atuação da Roma na Liga dos Campeões em toda a década – quiçá neste milênio – deixa a equipe de Di Francesco na liderança do Grupo C, com oito pontos, um a mais que o Chelsea e cinco à frente do Atlético de Madrid. O time romano está virtualmente classificado para as oitavas da competição e, graças aos tropeços dos colchoneros, já pode garantir uma vaga na próxima fase com um empate no confronto direto com os espanhóis. Se não der certo, lhe basta uma simples vitória no Olímpico diante do frágil Qarabag, na última rodada. Na tal chave da morte, a Roma pode sair com a primeira posição. Um feito e tanto.

Higuaín voltou a marcar gols em sequência, mas Juve foi mal contra o Sporting (AP)

Em Lisboa, a Juventus precisava ganhar e torcer para o Barcelona pontuar na Grécia, contra o Olympiacos – esta combinação de resultados daria a vaga nas oitavas para as duas equipes. Se os blaugrana empataram em Atenas, a equipe italiana também ficou na igualdade contra o Sporting, e o 1 a 1 adiou a festa ao menos por uma rodada. Os históricos de partidas caseiras dos Leões contra times italianos e das visitas juventinas a Portugal falaram mais alto e se mantiveram: somente duas derrotas sportinguistas e duas vitórias juventinas nos duelos entre clubes do país.

O pior para a torcida da Juve, no entanto, foi a atuação dos comandados de Allegri: uma verdadeira regressão em confronto com os últimos jogos. Os bianconeri colecionaram erros técnicos e, além de não conseguirem trocar passes, mostraram pouquíssima reatividade e intensidade. No gol que abriu o placar, anotado por Bruno César, faltou atenção a Pjanic e Cuadrado, que deixaram o brasileiro livre para aproveitar o rebote de Buffon.

Após o intervalo, o ritmo do Sporting caiu, mas a equipe treinada por Jorge Jesus quase ampliou, com Dost. A Juve mexeu e acabou melhorando: Khedira e De Sciglio saíram, dando lugar a Matuidi e Douglas Costa. A entrada do brasileiro fez Cuadrado recuar para a lateral direita, o que rendeu frutos à Velha Senhora. Higuaín já havia obrigado Rui Patrício a fazer grande defesa quando, aos 84 minutos, o colombiano o acionou, no limite da linha de impedimento. Pipita aproveitou a desatenção de Gelson Martins, ganhou da marcação e deu um toquinho para empatar.

O empate pode ser considerado injusto para os visitantes, mas quem liga para isso agora? O resultado foi extremamente valioso para Allegri e companhia, já que o Sporting continua três pontos atrás e ainda enfrenta o Barcelona no Camp Nou. A equipe de Turim vê a possibilidade de ficar com a liderança no Grupo D muito distante, mas, com sete pontos ganhos, precisa de pouco para avançar às oitavas. A Juve ainda recebe o Barcelona (10) e viaja para enfrentar o Olympiacos (1), mas torcer contra o portugueses pode ser suficiente.

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