Já passava da meia-noite de quarta-feira, 10 de outubro, quando o Globo Esporte informou a venda de Lucas Paquetá, cria do Flamengo, para o Milan. Depois de realizar uma bateria de exames médicos na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio de Janeiro, o clube deve anunciar oficialmente nesta quinta-feira a contratação do meio-campista, que assinará contrato até 2023. Aos 21 anos, o jovem verdeoro (como os italianos chamam os brasileiros) se tornará o jogador mais caro a trocar o futebol do Brasil pela Serie A.
De acordo com o jornalista Cahê Mota, setorista do Flamengo, o Milan desembolsará 35 milhões de euros (mais futuros bônus por desempenho), a serem pagos em parcelas até 2020, para contar com Paquetá a partir de janeiro do ano que vem. O valor supera os 29,5 milhões de euros que a Inter pagou por Gabriel Barbosa, em 2016, e os 24 milhões de euros que o próprio Milan investiu, em 2007, para ter Alexandre Pato.
Na última janela de transferências, a Juventus exerceu sua opção de compra, prevista no empréstimo inicial junto ao Bayern de Munique, e adquiriu o meia Douglas Costas por 40 milhões de euros. No entanto, como chegou à Juve após fazer bagagem por Shakhtar Donetsk e Bayern de Munique, o camisa 11 bianconero não entra na lista.
Paquetá, que talvez seja o principal jogador nascido em 1997 atuando em solo brasileiro, desembarcará em Milão com totais condições de ganhar espaço no time de Gennaro Gattuso no decorrer do segundo semestre da atual temporada. No entanto, precisará lutar bastante para tirar a titularidade de Giacomo Bonaventura e Franck Kessié, os dois jogadores que têm mais liberdade no tripé de meio-campo rossonero.
Dinâmico, habilidoso e com boa visão de jogo, o camisa 11 flamenguista também tem qualidade para jogar aberto pelo meio ou como segundo atacante. Inclusive, ele já executou essas funções no rubro-negro carioca. Sendo assim, o brasileiro poderia jogar nas vagas de Kessié e Bonaventura, mas também concorre com Hakan Çalhanoglu e Suso, no 4-3-3 e no 4-1-4-1, e até mesmo atrás de Gonzalo Higuaín ou Patrick Cutrone, num hipotético 4-4-2 ou 4-4-1-1.
Porém, embora Paquetá tenha tudo para se tornar um dos maiores meio-campistas brasileiros do futuro, a torcida do rossonero de Milão precisa manter os pés no chão. A Serie A não é para fracos: a maioria dos jovens estrangeiros contratados para atuar na elite do futebol italiano tem dificuldade para se adaptar rapidamente. Na última temporada, por exemplo, o português André Silva, segunda maior aquisição do Milan na janela de verão europeu, conseguiu apenas dois gols em 24 jogos no Italiano. Hoje, ele é artilheiro do Sevilla, da Espanha.
A partir de 2019, portanto, Paquetá fará parte de um dos elencos mais jovens e promissores da Serie A, no qual tem tudo para evoluir e continuar sendo convocado à seleção brasileira. No último de mercado de transferências, a diretoria rossonera investiu em quatro jogadores abaixo de 25 anos: o zagueiro Mattia Caldara (24), o lateral-esquerdo Diego Laxalt (25), o meio-campista Tiémoué Bakayoko e o meia-atacante Samu Castillejo (23). Somam-se a eles outros 13 jogadores do plantel principal: mais da metade do grupo de Gattuso tem menos do que 25 anos.
Influência de Leonardo
Depois que parou de jogar e se tornou braço direito do ex-cartola milanista Adriano Galliani na diretoria do Milan, Leonardo intermediou as contratações de Kaká (2003), Alexandre Pato (2007) e Thiago Silva (2009). Oito anos depois, o ex-jogador desbancou Barcelona, Liverpool e Paris Saint-Germain e pinçou mais um talento no futebol brasileiro. Irônico é que, em sua entrevista coletiva de retorno ao clube, Leonardo deixou nas entrelinhas que a diretoria buscaria a contratação de algum jovem promissor, mas não neste momento.
“Para contratar novos Thiago Silva, Pato e Kaká é necessário acompanhar o jogador por um ano, um ano e meio, saber o que come, com o que ele sonha”, disse. “Infelizmente, não temos tempo agora. Se aparecesse uma oportunidade concreta, talvez. Mas agora é difícil colocar em prática um projeto de [contratar] um jovem que pode explodir, por causa do tempo que nós temos”, acrescentou.
A oportunidade certa apareceu, e Leonardo não a deixou escapar. Junto com Paolo Maldini, Kaká e membros do grupo Elliott, eles conseguiram um grande reforço para o presente e o futuro rossonero. Ponto para a nova diretoria do Milan.