Um dos goleiros mais promissores do Brasil, Gabriel Brazão, de 18 anos, esteve muito próximo de assinar com a Inter em janeiro. Entretanto, o clube de Milão não tinha mais espaço no plantel para jogadores extracomunitários (sem cidadania de países da União Europeia). Assim, ele mudou de rota: no último dia da janela de transferências, o Parma pagou cerca de 2,5 milhões de euros ao Cruzeiro para contar com o arqueiro, que firmou vínculo até junho de 2023.
Constantemente convocado para as seleções de base do Brasil, Brazão reforça um clube tradicional da Itália e cujo legado de goleiros tem um velho conhecido seu. Hoje preparador de goleiros da seleção brasileira e do Galatasaray, Cláudio Taffarel se tornou um dos melhores arqueiros do mundo em sua primeira passagem pelos gialloblù, no início da década de 1990. Em outubro de 2018, Brazão foi convocado para a seleção principal e treinado por Taffarel.
“Ele é um dos grandes goleiros da história do futebol mundial. Claro que tem uma pressão a mais por ele ter jogado aqui, mas não vejo como algo que possa me prejudicar”, diz o camisa 31, em entrevista à Calciopédia. “E ele sempre me falou muito bem do clube e da cidade. Aprendi muito com ele na minha passagem pela seleção”, acrescenta.
Há pouco mais de dois meses na Itália, o jogador afirma que vem tendo uma adaptação tranquila. Ele, inclusive, já até virou amigo do capitão do time, Bruno Alves. Segundo o goleiro, a afinidade linguística com o zagueiro, que é português, é apenas um dos fatores que impulsionaram a aproximação entre os dois. “Olha, não só por questão linguística, mas também por ele ser uma pessoa sensacional. Eu estou aprendendo muito com ele, e é um grande amigo que fiz”, conta.
Brazão também exaltou a Inter, equipe que quase o contratou, e não fechou as portas para defender os nerazzurri no futuro. “A Inter é o maior clube na Itália, posso dizer. Não deu certo nessa janela, mas quem sabe numa próxima não dê certo? Em momento algum fiquei frustrado [por não ter assinado com os nerazzurri], pelo contrário: o Parma é uma grande equipe também”, ressalta.
Confira a entrevista completa
Quais as suas primeiras impressões da Itália?
É um país muito receptivo e muito lindo. Estou feliz por estar aqui. Ótima culinária. Sempre quando tem folga tento visitar outras cidades. Já fui em Roma, Milão, entre outros lugares.
Já conseguiu tempo livre para passear e conhecer a cidade de Parma?
Sim, é uma cidade muito linda, e eu moro no centro. Então, acabo que sempre que tenho um tempo dou uma volta, e em cada volta me encanto mais pela cidade.
Nesses meses na Itália, o que você notou de diferente do futebol italiano para o do Brasil?
O futebol italiano é de um nível taticamente elevado, uma qualidade grande de atletas. São poucas diferenças para o Brasil. Creio que cada país tem algo para melhorar. Na Itália, tem pontos que são melhores que o Brasil, e vice-versa. O importante é aprender com essa diversidade e seguir evoluindo sempre.
Como está sendo o processo de adaptação no Parma?
É um processo que, sinceramente, não acho que está sendo tão difícil, por conta de pessoas que estão ao meu redor e que me ajudam bastante. O Parma foi um clube que me acolheu muito bem e isso, no dia a dia, acabou que facilitou muito.
Por uma questão linguística, o português Bruno Alves é jogador mais próximo a você no grupo?
Olha, não só por questão linguística, mas também por ele ser uma pessoa sensacional. Eu estou aprendendo muito com ele, e é um grande amigo que fiz.
Taffarel tem uma rica história no Parma. Chegaram a falar com você sobre seus tempos de Parma? Qual o peso da herança?
Não só no Parma, ele tem uma história rica (risos). Ele é um dos grandes goleiros que estão na história do futebol mundial. Claro que tem uma pressão a mais por ele ter jogado aqui, mas não vejo como algo que pode me prejudicar. E ele sempre me falou muito bem do clube e da cidade. Aprendi muito com ele na minha passagem pela seleção.
O histórico de goleiros brasileiros no futebol italiano é imenso. Porém, nos últimos anos, só o Alisson conseguiu se consolidar na meta de algum dos principais times da Itália. Luigi Sepe faz uma boa temporada, mas está emprestado pelo Napoli até junho. Considerando estes fatores, qual a sua expectativa para os próximos anos no Parma?
Sepe é um grande goleiro tem me ajudado bastante também nessa adaptação; não só ele como o [Pierluigi] Fratalli e o [Fabrizio] Bagheria e o nosso treinador de goleiros, [Alberto] Bartoli, também não posso deixar de agradecer. Eles têm me ajudado bastante, são grandes profissionais e pessoas. No momento, penso em treinar e ficar 100% adaptado. Depois, com o tempo, as coisas irão acontecer naturalmente.
O Brasil atravessa uma safra muito boa de goleiros. E você é visto como uma grande promessa para os próximos anos, principalmente na seleção brasileira. Como você trabalha para evitar que o sucesso suba à cabeça e, eventualmente, possa te atrapalhar na busca dos seus objetivos profissionais?
O Brasil tem grandes goleiros, e fico feliz por estar sendo reconhecido através do meu trabalho que fiz e venho fazendo nas categorias de base. Mas não quero que eu seja apenas uma promessa; eu quero me tornar 100% uma realidade e, com certeza, nada irá me atrapalhar. A minha família me dá todo o suporte possível, e eu, principalmente, sei o que eu quero conquistar. Nada vai me atrapalhar para conquistar os objetivos.
A Inter demonstrou interesse em você, mas a negociação não se concretizou porque não havia espaço para mais um jogador extracomunitário no plantel interista. Você se sente frustrado por não ter sido comprado pela Inter, um dos grandes clubes da Itália?
A Inter é o maior clube na Itália, posso dizer. Não deu certo nessa janela, mas quem sabe numa próxima não dê certo? Em momento algum fiquei frustrado, pelo contrário: o Parma é uma grande equipe também.
Qual o segredo do Cruzeiro para revelar vários bons goleiros?
O Cruzeiro tem grandes profissionais que atuam nessa gestão de goleiros. Quando eu cheguei [ao clube], eu pude trabalhar com Derli de Paula, Luizinho, Cristiano Murta e, por fim, Leonardo Lopes, que foram treinadores que me ajudaram muito. No profissional, tem o Robertinho e o Leandro, que são profissionais que hoje estão entre os melhores do mundo no que fazem.
Fábio e Rafael te deram conselhos quando você acertou sua saída do Cruzeiro?
O Fábio e o Rafael, quando eu vim, desejaram muita sorte, muita sabedoria e, claro, me falaram para manter o foco. Eu sou muito grato por todos os conselhos, não apenas na saída, mas também no dia a dia enquanto estivemos no clube.
Quais as suas referências no futebol?
Eu gosto muito do Fábio, do [Gianluigi] Buffon, do Alisson e do Ederson.