Independentemente do resultado na decisão da Coppa Italia, o dia seria de celebração em Reggio Emilia, cidade em que a bandeira italiana foi concebida, no fim do século XVIII. É que a final marcava a volta da torcida ao estádio, após mais de um ano – 4300 espectadores foram permitidos no Mapei Stadium. Em campo, Juventus e Atalanta protagonizaram dois tempos bem diferentes e, após os importantes ajustes táticos dos treinadores, Pirlo terminou conquistando o seu segundo título como treinador.
A partida começou com o técnico da Juventus propondo novas dinâmicas em seu time. Vestida com o uniforme que usará na temporada 2021-22, a Velha Senhora trabalhava no 4-4-2 com e sem a bola, com Danilo e Cuadrado na primeira linha, Chiesa aberto na esquerda e McKennie fechando o setor pela direita. A ideia de Pirlo era utilizar a profundidade de Chiesa e Cuadrado para segurar os avanços de Hateboer e Gosens, os alas da Atalanta.
Dentro de campo, entretanto, a ideia acabou não funcionando muito bem, já que os bianconeri tiveram dificuldades para superar os encaixes individuais da Dea. A cada vez que Rabiot ou Bentancur eram lentos para direcionar os ataques da Juve, o time de Gasperini conseguia saltar, roubar a bola e acelerar pelo lado do campo. Dessa maneira, os nerazzurri criaram duas boas chances de gol ainda antes dos 20 minutos.
Contudo, com as oportunidades desperdiçadas, a Atalanta brincou com fogo e acabou se queimando. Aos 30, Pessina esticou a bola para Gosens, que chegou dividindo com Cuadrado e acabou levando a pior – falta clara. O juiz deixou seguir e, na sequência do lance, Kulusevski finalizou com enorme categoria, abrindo o placar. O VAR não interveio no lance.
O gol não modificou o cenário do jogo e a Juventus continuou sem respostas para a dinâmica ofensiva da Atalanta. A Dea continuou a incomodar através dos apoios de Zapata, a presença de Malinovskyi na entrelinha e as subidas de Hateboer e Gosens pelos flancos. Passados 10 minutos depois do gol da Vecchia Signora, Hateboer fez passe para Malinovskyi na entrada da área: o meia recebeu sozinho, ajeitou e finalizou forte, sem dar chances para Buffon.
Com a superioridade da Dea na primeira etapa, era de se imaginar um segundo tempo muito sofrimento para Pirlo e seus comandados, mas isso não aconteceu. O treinador da Juventus voltou do intervalo com um ás na manga: modificou o posicionamento de seus jogadores em campo ofensivo, o que confundiu os encaixes individuais da Dea e deixou a partida bem mais equilibrada. Além disso, o treinador colocou McKennie numa posição mais avançada, o que tirou o conforto da saída de bola rival e fez o norte-americano encostar no trio de ataque.
O jogo não teve muitas emoções na segunda etapa e os dois goleiros trabalhando pouco. A Atalanta chutando apenas uma vez à baliza da Juventus, enquanto os homens de Pirlo levaram a bola à meta da Dea em cinco oportunidades.
Aos 73 minutos, Chiesa tabelou com Kulusevski e bateu sem chances para Gollini, colocando sua equipe novamente em vantagem. Gasperini tentou modificar o jogo para um terceiro momento, a partir da entrada de Ilicic, e montou a equipe numa linha de quatro atrás, no 4-2-3-1 desenhado durante o período em que não pode contar com seus alas, que estavam lesionados. Mesmo assim, a tentativa não surtiu efeito e, em mais uma decisão de Coppa Italia, o técnico nerazzurro se viu superado no segundo tempo por um rival – em 2019, ocorreu com Simone Inzaghi, da Lazio.
No fim das contas, mesmo em uma temporada muito conturbada, a Juventus levantou canecos e Pirlo pode comemorar o seu segundo título como treinador – após a Supercopa Italiana, conquistada em janeiro deste ano, no próprio Mapei Stadium. O dia também foi de festa para Buffon, naquele que pode ter sido o seu último jogo pela Juve e até como profissional. O goleiro, que há 22 anos, fora campeão com Enrico Chiesa, pai do jovem Federico, alcançou Paolo Maldini no topo da lista de jogadores italianos com taças no currículo: 26 para cada. A Atalanta, por sua vez segue sem um troféu para coroar o grande trabalho dos últimos anos.