Liga das Nações Seleção italiana

Itália luta contra a Espanha, mas perde invencibilidade e chance de título inédito

Uma hora ela iria cair. Após 3 anos e 26 dias, período correspondente a 37 jogos, a Itália voltou a perder uma partida. Assim como ocorrera na sua derrota anterior, em 10 de setembro de 2018, diante de Portugal, a responsável pelo tropeço foi uma seleção ibérica: a Espanha, que venceu por 2 a 1 e e classificou à decisão do Final Four da Uefa Nations League.

Para a Nazionale, a derrota não significou apenas o fim do seu recorde de invencibilidade no futebol de seleções e a necessidade de ter que se contentar com a disputa do terceiro lugar da Liga das Nações. Os azzurri não perdiam em casa para a Espanha desde 1971, quando sofreram outro 2 a 1 no Sant’Elia, em Cagliari, e amargaram a sua primeira derrota em San Siro em toda a história. O último dos dois insucessos anteriores que havia experimentado em Milão ocorrera no distante 1925. Contudo, o 2 a 1 para a Hungria aconteceu no antigo campo de Viale Lombardia.

Nesta quarta, 6 de outubro, o técnico Roberto Mancini não pode contar com os centroavantes Immobile e Belotti, lesionados. Assim, optou por escalar a Itália sem um goleador de ofício, com Bernardeschi entrando na equipe titular. Antes de o jogo começar, a expectativa era por Insigne no papel de falso 9. Contudo, quando a partida começou, algumas dúvidas foram esclarecidas: pela Squadra Azzurra, vimos Insigne em seu habitual posicionamento pelo lado esquerdo, com Chiesa na direita e o próprio Bernardeschi jogando centralizado.

Como a Espanha também contava com desfalques, Luis Enrique apostou no jovem Gavi, com apenas 17 anos e 10 partidas como profissional, para ocupar o meio-campo espanhol. O treinador também optou por deixar Morata no banco e também jogar sem um camisa 9 de ofício. Assim, o tradicional 4-3-3 da Fúria deu espaço ao clássico 4-4-2 em losango, com Busquets como primeiro homem e Sarabia sendo um complemento para Ferran Torres e Oyarzabal, a dupla de ataque.

O cenário dos primeiros 20 minutos de partida foi bem claro: Espanha tinha a bola e trocava muitos passes, mas sem conseguir envolver a Itália, que movimentava muito bem suas linhas e buscava recuperar a posse em campo ofensivo e acelerar em busca do gol. Logo aos 5, Chiesa teve uma grande chance, mas Unai Simón defendeu.

Aos 17, a Espanha chegou a seu gol. A Fúria trocou passes pela esquerda de seu ataque, setor em que Di Lorenzo surgiu como ponto mais vulnerável da Itália, e Oyarzabal tabelou com Sarabia, antes de cruzar na medida para Ferran Torres superar Bastoni e mandar a bola para a rede. Logo na sequência, a equipe ibérica finalizou novamente a gol e Donnarumma, que foi vaiado por grande parte do San Siro desde o primeiro minuto de jogo, se atrapalhou. O arqueiro do Paris Saint-Germain deixou a pelota escorregar e contou com a ajuda da trave para não protagonizar um frangaço daqueles.

A Espanha aproveitou erros cometidos por Bonucci e Di Lorenzo para deslanchar em San Siro (Getty)

Se o começo da partida foi de uma Espanha que tinha a bola, mas pouco conseguia incomodar, após o gol o time de Luis Enrique encaixou e Sarabia levou muita dificuldade, recebendo a bola nas costas de Jorginho. Sem a presença de um 9 para facilitar o jogo com os apoios e com a marcação sendo muito precisa em cima de Barella e Verratti, a Itália se resumiu a tentar saídas pelos flancos, com Chiesa pela direita e Emerson pela esquerda.

Apesar da superioridade da Espanha, as duas melhores chances da partida, nesse período, foram da Itália. Primeiro, Bernardeschi recebeu pela direita, conduziu até próximo da pequena área e bateu com força, obrigando Unai Simón a fazer nova grande defesa – a bola ainda tocou na trave antes de sair em escanteio. Depois, Emerson disparou pela esquerda e cruzou na medida para Insigne, que estava de frente para o gol e sem marcação. No entanto, o camisa 10 finalizou torto e perdeu uma chance claríssima.

Nessa altura da partida, Mancini tinha mudado o formato do ataque, passando Chiesa para a esquerda, Bernardeschi para a direita e centralizando Insigne. Além disso, Bonucci tinha tomado um cartão amarelo bobo, após reclamar sem necessidade da arbitragem, num lance em que Barella realmente cometera falta. O descontrole do capitão acabaria custando muito caro: já nos minutos finais do primeiro tempo, a Itália cobrou lateral em campo defensivo e Bonucci subiu para dividir com Busquets, deixando o cotovelo no pescoço do espanhol. Assim, o zagueiro de 34 anos recebeu o segundo amarelo e foi expulso.

Com seu fôlego interminável, Chiesa foi um dos que se salvaram pelo lado italiano (Getty)

Mancini decidiu levar os minutos que faltavam até o intervalo sem colocar um novo zagueiro em campo, o que acabou custando caro. Em jogada bastante semelhante à do primeiro gol, Oyarzabal novamente recebeu pelo lado esquerdo e cruzou na medida para Torres, de cabeça, completar para o gol. Na volta para a etapa final, quando o placar já representava um desastre para a Itália, o treinador realizou a mudança esperada, trocando Bernardeschi por Chiellini.

O segundo tempo seria muito complicado para a Nazionale, mas provavelmente Mancini e a sua comissão técnica não imaginavam o quanto. Jogando com 10 e precisando marcar ao menos dois gols, a equipe tentava buscar o ataque e tinha em Chiesa sua válvula de escape. No entanto, a Espanha teve total controle das ações. Vendo seu time quase não encostar na bola nos primeiros 15 minutos, o treinador da Itália se sentiu obrigado a realizar mais trocas, lançando a campo Kean, Locatelli e Pellegrini nas vagas de Insigne, Verratti e Jorginho.

Ainda que o desempenho não tenha sido consideravelmente melhor, ao menos a equipe conseguiu um mínimo de respiro e impediu que os visitantes chegassem ao terceiro gol. Buscando ainda mais fôlego para subir a marcação em busca de um roubo de bola que permitisse à Nazionale balançar as redes, Mancini colocou Calabria na vaga de Barella, utilizando o jovem do Milan como um ala pela direita. Aos 83, o tento até saiu, devido a um erro da Espanha. A Fúria cobrou escanteio pela direita, a bola acabou retornado ao campo de defesa dos visitantes e Yeremy recuou mal, deixando Chiesa na boa para arrancar e apenas rolar para Pellegrini marcar.

O gol foi uma injeção de ânimo para a equipe e os torcedores presentes ao San Siro, mas acabou não sendo suficiente para a Itália, que não ameaçou mais após balançar as redes. Mesmo com muita entrega e uma partida de muito caráter, a Nazionale sofreu com um homem a menos e acabou sucumbindo ao jogo de posse de bola da Espanha, que soube explorar os frequentes erros de posicionamento de Di Lorenzo e venceu merecidamente. Agora, a equipe azzurra aguarda adversário: no domingo, dia 10, encara Bélgica ou França na disputa pelo terceiro lugar da Nations League, no Allianz Stadium, em Turim.

Compartilhe!

Deixe um comentário