O fim da 19ª rodada marcou a realização de metade da Serie A. Mas, mesmo faltando 50% da competição pela frente, o Napoli se vê com uma mão na taça: tem impressionantes 12 pontos de vantagem sobre o segundo colocado. Como restam 57 em disputa, só poderia ter a liderança ameaçada caso deixe pelo caminho 21% do que segue em jogo e veja os adversários terem um impressionante crescimento de desempenho. Hoje, parece muito improvável que isso ocorra. Confira o resumo da jornada.
>>> Classificação e artilharia da Serie A
Salernitana 0-2 Napoli
Gols e assistências: Di Lorenzo (Anguissa) e Osimhen
Tops: Mário Rui e Di Lorenzo (Napoli)
Flops: Daniliuc e Bradaric (Salernitana)
Debaixo de chuva, o Napoli jogou para o gasto e venceu o clássico campano contra a Salernitana – na história da Serie A, jamais perdeu para a rival grená. Os azzurri chegaram a 50 dos 57 pontos possíveis no primeiro turno e se veem em céu de brigadeiro no caminho para o terceiro scudetto de sua história. Não há qualquer pressão por parte dos concorrentes pela taça. Se é que eles existem no momento.
Neste sábado, a Salernitana até assustou com um chute de Piatek, mas o Napoli logo esquentou e definiu a peleja. O primeiro gol válido, já que o time partenopeo teve um anulado em meados da etapa inicial, saiu apenas nos acréscimos. Mário Rui costurou boa jogada com Anguissa e o cruzamento rasteiro do camaronês encontrou Di Lorenzo no lado oposto da área. O capitão arrematou com força e guardou. Logo na volta do intervalo, o lateral português voltou a aparecer e ajeitou para Elmas acertar a trave. No rebote, Osimhen, o artilheiro mascarado, completou para as redes e anotou o seu 13º no certame.
Com a excelente vantagem no placar, o Napoli diminuiu o ritmo e chegou menos vezes ao ataque. Porém, assustou quando Osimhen obrigou Ochoa a se esticar para espalmar uma cabeçada e, ainda, num chute de Mário Rui. A tranquilidade era grande e só mesmo o próprio time azzurro poderia perturbá-la: aos 83, Lobotka cochilou na hora de dominar e permitiu que Piatek saísse na cara do gol. Não fossem a mão salvadora de Meret e a trave, a Salernitana poderia ter reaberto a partida. Sorte de campeão?
Lazio 4-0 Milan
Gols e assistências: Milinkovic-Savic (Zaccagni), Zaccagni, Luis Alberto (pênalti) e Felipe Anderson (Luis Alberto)
Tops: Luis Alberto e Zaccagni (Lazio)
Flops: Calabria e Kalulu (Milan)
Alguém anotou a placa? A Lazio é uma equipe curiosa, que alterna jogaços a atuações opacas. Dessa vez, concentrou todas as forças para bater um Milan em péssima fase e assumiu a terceira colocação – um pontinho abaixo do próprio time rossonero e empatada com Inter e Roma.
A noite de show do quarteto formado por Luis Alberto, Zaccagni, Milinkovic-Savic e Felipe Anderson começou com um gol aos 4 minutos. Zaccagni atacou o setor (mal) defendido por Calabria e tocou para o meio, onde Luis Alberto fez um passe de mágica e, com um corta luz, deixou a bola chegar para Milinkovic-Savic bater no cantinho. No ano passado, a Lazio abriu o placar à mesma altura do jogo e levou a virada. Nesta terça, os celestes deixaram claro que isso jamais ocorreria.
Em 19 rodadas, a Lazio não levou gols em 11. Seria difícil para o Milan superar uma adversária bem postada, mas o fato é que os rossoneri quase não tentaram: faltou criatividade, ímpeto e organização. Do outro lado, a defesa que foi vazada nas últimas cinco partidas continuou a aprontar das suas. Aos 38, Pedro colocou em profundidade para Marusic, que não finalizou bem; Tatarusanu, no entanto, deixou passar. A bola bateu na trave e, no rebote, tocou em Zaccagni antes de entrar. Calabria, outra vez, estava atrasado.
No segundo tempo, Bennacer e Rafael Leão até assustaram Provedel, mas as desatenções defensivas penalizaram o Milan outra vez. Aos 64, Calabria e Kjaer dormiram e Felipe Anderson aproveitou para cruzar rasteiro para Pedro, que foi flagrantemente derrubado por Kalulu dentro da área. Luis Alberto converteu a cobrança a partir da marca da cal e, pouco depois, ainda iluminou uma tabelinha com passe açucarado para Felipe Anderson fechar a conta e passar a régua no Olímpico.

A Lazio deu mais um show e simplesmente goleou o Milan, que por enquanto é o vice-líder da competição (Getty)
Inter 0-1 Empoli
Gol e assistência: Baldanzi (Bajrami)
Tops: De Winter e Baldanzi (Empoli)
Flops: Skriniar e Onana (Inter)
Simone Inzaghi parece alérgico a competições por pontos corridos. Copeiro, o técnico da Inter está perto de completar dois anos no cargo e, até agora, jamais conseguiu fazer sua equipe ser previsível, em especial na Serie A. Num espaço de sete dias, a Beneamata foi de uma vitória incontestável sobre o Milan na Supercopa Italiana, disputada na Arábia Saudita, a uma derrota para o pequeno Empoli, com vergonhosa atuação em San Siro.
O treinador nerazzurro decidiu fazer algumas peças descansarem e deu chance a jogadores que pouco têm atuado, como Correa – o argentino, completamente inócuo, não aproveitou mais uma oportunidade. O time mexido não rendeu no primeiro tempo e só levou perigo em duas chegadas de Dimarco, pela ala esquerda. Do outro lado, o Empoli agredia e quase marcou com Cambiaghi e Caputo. Até que Skriniar foi expulso, aos 40 minutos, e deixou a partida à feição dos visitantes.
A Inter partiu para o ataque de forma desordenada e deixou espaços no meio-campo e na defesa, que o Empoli aproveitou em contragolpes. Num deles, Baldanzi tabelou com Bajrami e chutou de maneira central, mas Onana aceitou. Sem qualidade, a equipe nerazzurra esbarrava na profusão de equívocos de Bellanova e no nervosismo generalizado na busca pelo empate. A melhor chance saiu por acaso, quando De Vrij errou cabeceio, a bola tocou em Luperto e carimbou o travessão. Agora, a Beneamata se vê em quarto, a 13 pontos do Napoli e muito distante da briga pelo scudetto, enquanto os toscanos saboreiam a nona posição.
Juventus 3-3 Atalanta
Gols e assistências: Di María (pênalti), Milik (Fagioli) e Danilo (Di María); Lookman (Boga), Maehle (Lookman) e Lookman (Boga)
Tops: Di María (Juventus) e Lookman (Atalanta)
Flops: Szczesny (Juventus) e Rafael Toloi (Atalanta)
No domingo, Juventus e Atalanta fizeram um jogo animado e repleto de erros defensivos, que refletiram no placar recheado. A Velha Senhora entrava em campo pela primeira vez depois de perder 15 pontos por fraude fiscal e mostrou sinais de reação. Até conseguiu produzir momentos de futebol prazeroso, o que raramente vinha acontecendo na gestão de Massimiliano Allegri. Resta saber se isso vai durar e a equipe bianconera, atual décima colocada, terá fôlego para brigar por vaga na Liga dos Campeões.
A Atalanta abriu o placar logo aos 5 minutos, quando Lookman fintou Alex Sandro e chutou em cima de Szczesny – que ficou com as penas do frango na mão. A Juve reagiu aos 25, depois que Éderson retribuiu o presente e cometeu pênalti bobo sobre Fagioli. Na cobrança, Di María só deslocou Musso. O craque argentino apareceu novamente aos 34, quando deu passe de letra para o garoto que sofreu a penalidade cruzar na medida para Milik se antecipar a Rafael Toloi, chegar batendo e virar.
Na volta do intervalo, as equipes voltaram em ritmos diferentes. Danilo entrou desatento e, num dos primeiros toques na bola da etapa complementar, deu um presente que resultou no gol de empate, marcado por Maehle. Logo depois foi a vez de Alex Sandro, seu compatriota, cochilar e permitir que Lookman subisse sozinho para completar o cruzamento de Boga e colocar a Atalanta na frente de novo. Porém, como o jogo era de cortesias a torto e a direito, aos 65 minutos os nerazzurri deixaram a Juventus igualar o placar em definitivo: enganada por Di María, a barreira saltou no vazio e só viu o chute rasteiro de Danilo morrer nas redes. Com o resultado, a Dea caiu para a sexta posição.

As conhecidas oscilações da Inter de Inzaghi ressurgiram: após domínio e título contra o Milan, fraquíssima atuação e derrota para o Empoli (Getty)
Spezia 0-2 Roma
Gols e assistências: El Shaarawy (Dybala) e Abraham (Dybala)
Tops: Dybala e Smalling (Roma)
Flops: Caldara e Bourabia (Spezia)
Pouco a pouco, a Roma de José Mourinho vai mostrando que tem capacidade de brigar por vaga na Champions League – principalmente agora, que a Juventus perdeu pontos. A equipe giallorossa pode ser menos brilhante e estrelada que as suas concorrentes, mas conta com solidez defensiva e os truques de mágica de Dybala.
O primeiro tempo do jogo contra o Spezia foi soporífero. Porém, perto do intervalo, numa ligação direta, a Roma balançou as redes: Smalling lançou, Abraham deu uma casquinha na bola, clareando a jogada, e El Shaarawy tabelou com Dybala antes de marcar.
O segundo tento, que matou a partida, saiu logo que os times retornaram ao gramado, aos 49. Ainda frio em campo, o volante Esposito saiu jogando errado e Dybala aproveitou para roubar a posse e acionar Abraham. O inglês ainda deu colocou por entre as pernas de Caldara antes de sair na cara do gol e ampliar. Dali em diante, a Roma levou o duelo em banho-maria até o apito final e pode celebrar: está em terceiro lugar, com os mesmos 37 pontos de Lazio e Inter.
Fiorentina 0-1 Torino
Gol e assistência: Miranchuk (Vojvoda)
Tops: Zima e Ricci (Torino)
Flops: Ikoné e Jovic (Fiorentina)
O Torino simplesmente não vencia a Fiorentina na Toscana havia mais de 46 anos. Não conseguiu nem mesmo quando teve times mais fortes ou quando encarou equipes mais opacas do que a Viola tem hoje. Graças a um golaço de Miranchuk, o tabu caiu.
O time de Ivan Juric foi superior em todo o primeiro tempo. Seck, escalado como falso nove, carimbou o travessão aos 22 minutos e, pouco depois, um chute de Singo obrigou Terracciano a trabalhar. O gol do Toro saiu aos 33, após Amrabat errar uma inversão de jogo e, na sequência da jogada, Miranchuk receber na entrada da área. A falha até parecia inofensiva, mas o russo calibrou um arremate no ângulo e puniu os violetas.
Sem brilhantismo, a Fiorentina de Vincenzo Italiano sucumbia ao bom trabalho tático dos comandados de Juric e ao comando de Ricci no meio-campo. Milinkovic-Savic até fez duas boas defesas, mas quem ficou perto do gol foi mesmo o Torino, quando Sanabria dividiu com Terracciano e quase marcou. Apesar disso, os grenás ficaram a um passo da frustração: aos 90 minutos, Jovic ficou em condições de finalizar para a baliza desguarnecida, só que demorou de decidir o que iria fazer e foi desarmado por Zima. Com o resultado, o time piemontês se isolou na oitava posição e a Viola caiu para a décima.

Em jogo animado e repleto de erros defensivos, Juventus e Atalanta ficaram no empate, em Turim (Getty)
Sampdoria 0-1 Udinese
Gol: Ehizibue
Tops: Pérez e Udogie (Udinese)
Flops: Djuricic e Winks (Sampdoria)
A Sampdoria tenta se motivar com os ensinamentos do ídolo Vialli, falecido em janeiro, mas tudo parece dar errado. Contra a Udinese, a equipe doriana mostrou outra vez porque tem, de longe, o pior ataque da Serie A. A falta de pontaria e o azar foram vorazes, e impediram que os blucerchiati não superassem o patamar dos míseros oito gols marcados. Para piorar, os visitantes ainda acharam o seu tento no final e castigaram os genoveses. Os comandados de Andrea Sottil não venciam havia 10 rodadas e, com o resultado, mantiveram a sétima posição.
No primeiro tempo, a Samp teve várias chances de marcar. Gabbiadini parou em defesa à queima-roupa de Silvestri e chegou a tirar tinta da trave bianconera, mas foi Djuricic quem desperdiçou a melhor oportunidade: cara a cara com o arqueiro, conseguiu a façanha de finalizar para fora. Na etapa complementar, foi a vez de Vieira, sozinho na marca do pênalti, isolar a pelota.
A Udinese pouco chegava e tudo parecia indicar que teríamos um empate sem gols no Marassi. Aí, a Sampdoria foi perdendo concentração e, aos 86, Bijol subiu sozinho numa cobrança de escanteio, tirando tinta da trave. O lance poderia despertar os mandantes, mas ocorreu o inverso: os friulanos se aproveitaram, aos 88, de um apagão coletivo da zaga doriana e Ehizibue apareceu na área para abrir o placar. Já nos acréscimos, ante a Udogie, Audero evitou uma derrota ainda mais elástica para a penúltima colocada.
Monza 1-1 Sassuolo
Gols e assistências: Caprari; Ferrari (Traorè)
Tops: Pessina (Monza) e Frattesi (Sassuolo)
Flops: Marlon (Monza) e Berardi (Sassuolo)
Pressionado pela inesperada proximidade em que se encontra da zona de rebaixamento, o Sassuolo conseguiu um precioso pontinho na Lombardia – sobretudo porque o Verona ganhou do Lecce. A distância de cinco pontos para o Z3 ainda exige cautela para o time de Alessio Dionisi, contudo. Já o Monza segue tranquilo, na 13ª posição.
O Sassuolo abriu o placar logo aos 13 minutos, depois que Traorè bateu um cruzamento rasteiro e Ferrari aproveitou a falha de posicionamento da defesa biancorossa para escorar para as redes. No restante do primeiro tempo, o time neroverde levou perigo outras vezes, especialmente com Laurienté, que chegou a carimbar o travessão.
Aos 60 minutos, porém, o Monza empatou num lance bizarro. A defesa do Sassuolo errou ao afastar bola na área e ficou olhando a redonda pingar no gramado. Caprari aproveitou, dominou e bateu no cantinho. Os dois times ainda tiveram oportunidades para marcar, mas faltou capricho: de um lado, Gytkjaer e Mota não calibraram arremates fáceis; do outro, Berardi mandou para a linha de fundo duas chances cara a cara com o arqueiro Di Gregorio.
Verona 2-0 Lecce
Gols e assistências: Depaoli (Doig) e Lazovic (Ilic)
Tops: Lazovic e Ilic (Verona)
Flops: Blin e Umtiti (Lecce)
Na abertura da rodada, o Verona fez um jogo sólido e mostrou que tem fôlego para brigar contra o descenso. O Hellas aguentou a pressão do Lecce, uma das sensações da temporada, e reagiu com a partida em andamento para se aproximar do Sassuolo, primeiro time fora da zona de rebaixamento – agora são cinco pontos de desvantagem. Os salentinos, por sua vez, não tiveram cenário alterado pela derrota e seguem na 14ª posição.
Mais perigoso no primeiro tempo, o Lecce teve duas ótimas oportunidades de abrir o placar. Na melhor delas, Gabriel Strefezza deixou Blin livre na marca do pênalti, mas o francês telegrafou a batida e Montipò se esforçou para defender; depois, o arqueiro foi reativo ao rebater a finalização cruzada de Colombo. O castigo dos giallorossi veio aos 40, quando Doig levantou na área e Depaoli subiu sozinho para cabecear no cantinho.
Com a vantagem no placar, o Verona melhorou no segundo tempo e viu Ilic dominar o meio-campo. O sérvio carimbou o travessão aos 53 e, na sequência, encontrou um passe esperto para o compatriota Lazovic ampliar. A montanha ficou alta demais para o Lecce escalar e, dali em diante, o Hellas teve enorme conforto para controlar o jogo e confirmar o triunfo.
Bologna 1-1 Cremonese
Gols: Chiriches (contra); Okereke (pênalti)
Tops: Orsolini (Bologna) e Carnesecchi (Cremonese)
Flops: Domínguez (Bologna) e Meïté (Cremonese)
Que sina: mais uma vez, a Cremonese faz um jogo razoável e, em momentos, até superior ao adversário, mas não vence. A falta de triunfos ainda se soma a um azar impressionante, o que torna qualquer possibilidade de reação impossível. Quem sabe a maré não vira no returno?
No estádio Renato Dall’Ara, as emoções ficaram reservadas para o segundo tempo. A Cremonese teve pênalti para bater logo na volta do intervalo e Okereke não deu sopa para o azar: bateu no meio. Mas a má sorte daria as caras aos 55. Carnesecchi efetuou grande defesa na cabeçada de Ferguson e, no rebote, Ferrari acabou chutando a bola em cima de Chiriches, que anotou contra de forma totalmente involuntária.
O romeno quase repetiu a dose aos 89, também sem querer – e também após outra intervenção fenomenal do arqueiro Carnesecchi, nome do jogo com pelo menos mais outras duas boas defesas. Ferrari, dessa vez, cortou em cima da linha. No fim das contas, o empate não mudou muito a situação de nenhum dos times. Enquanto o Bologna segue no meio da tabela, a Cremonese continua a segurar a lanterna com galhardia.
Seleção da rodada
Carnesecchi (Cremonese); De Winter (Empoli), Zima (Torino), Smalling (Roma); Di María (Juventus), Luis Alberto (Lazio), Zaccagni (Lazio), Boga (Atalanta); Felipe Anderson (Lazio), Lookman (Atalanta), Dybala (Roma). Técnico: Maurizio Sarri (Lazio).