Esta quinta, 9 de maio, entrou para a memória de Bérgamo. A Atalanta recebeu o Olympique de Marseille pela partida de volta das semifinais da Liga Europa e, diante de sua torcida, protagonizou uma atuação dominante que resultou numa vitória elástica. Após o empate por 1 a 1 no jogo de ida, disputado na França, a Dea aplicou um sonoro 3 a 0 sobre os phocéens e carimbou sua passagem para a primeira decisão continental de sua história.
A Atalanta entrou em campo determinada a construir a vantagem sobre o Marseille o mais rapidamente possível. Logo aos 7 minutos, após jogada individual de Koopmeiners, a bola ficou com De Ketelaere, que passou pelo ex-romanista Pau López e arriscou um chute sem ângulo, acertando a trave. Aos 16, o time francês saiu jogando errado e o meia-atacante belga deu um belo passe para Scamacca, que arriscou e tirou tinta do poste adversário.
Sem arrefecer nem por um minuto a pressão que exercia, a equipe nerazzurra somou várias oportunidades até a casa dos 24, quando teve escanteio a seu favor. Na cobrança do corner, a bola sobrou para Scamacca, que emendou uma finalização meio acrobática no travessão. No rebote, De Keteleare cabeceou e Pau López efetuou uma ótima defesa, espalmando a pelota para longe.
Não demoraria para que o domínio da Atalanta resultasse em gol. Aos 30 minutos, Lookman recebeu de De Ketelaere, tirou do marcador, fingiu que ia bater primeiro e, em seguida, chutou da entrada da área. A bola desviou no capitão Gigot e morreu no canto de Pau López, que pouco pode fazer.
A Atalanta continuou impondo o seu ritmo e deixando o Marseille baratinado. Aos 36 minutos, Scamacca disputou com o marcador e levou a melhor na intermediária, de modo que pode efetuar um belo passe para De Keteleare, já dentro da área. Só que o belga foi fominha: ao invés de devolver para o companheiro, em melhores condições de finalizar, decidiu chutar e carimbou as pernas de Pau López. Antes do intervalo, foi Zappacosta que preferiu arrematar sem ângulo ao invés de tocar de lado.
Na segunda etapa, a Atalanta finalmente converteu o seu volume de jogo em mais uma pelota na rede. Aos 52 minutos, o prata da casa Ruggeri tabelou com Lookman, invadiu a área e acertou um belo chute no ângulo, sem chance alguma para Pau López. E o Marseille? Bem, logo antes do gol, o OM tinha ameaçado com uma tentativa por cobertura de Ndiaye e, aos 63, o arqueiro Musso tomou outro susto na bola aérea: Veretout, ex-Roma, cobrou falta de muito longe e, tal qual no Vélodrome, o golpe de vista do argentino falhou. Dessa vez, a redonda acabou tocando no travessão e saindo – na França, Mbemba conseguira empatar.
A partir de então, tivemos pouca movimentação no jogo. Afinal, a Atalanta já tinha conseguido uma vantagem expressiva e não dava o mínimo sinal de que arrefeceria o seu ímpeto e permitiria que o Marseille marcasse pelo menos dois gols para levar o confronto para a prorrogação. Já nos derradeiros segundos de acréscimos, quando o árbitro Jesús Gil Manzano se preparava para apontar para o centro do campo, o malinês Touré aproveitou o vacilo de Kondogbia, que errou um passe na intermediária, arrancou e bateu no cantinho, dando números finais à incontestável vitória bergamasca.
Durante a comemoração do gol, o árbitro encerrou a partida. A festa já tomava as tribunas do Gewiss Stadium e não era por acaso: a Atalanta chegava, pela primeira vez em sua história, a uma decisão continental. Antes, seu melhor desempenho havia sido a eliminação para o Mechelen nas semifinais da Recopa Uefa, em 1988 – curiosamente, disputava a Serie B na época. Além disso, Gian Piero Gasperini, aos 66 anos, superou Joe Fagan como mais velho treinador estreante numa final europeia. O inglês obtivera o feito pelo Liverpool, na Copa dos Campeões de 1984, aos 64.
A temporada da Atalanta segue incrível e ainda pode ser fechada com chave de ouro. Que o trabalho de Gasperini é de tirar o chapéu desde sua chegada, em 2016, é inegável. Mas, em seu oitavo – e último? – ano pela Dea, o treinador ainda pode levar novamente os nerazzurri à Champions League através da Serie A e, sobretudo, conquistar dois títulos. A primeira chance de levantar uma taça será na quarta, 15 de maio, contra a Juventus, pela Coppa Italia. A segunda, diante do invicto Bayer Leverkusen, no dia 22, na final da Liga Europa, em Dublin, capital da Irlanda.