A Roma ficou muito perto de fazer história nesta quinta, 9 de maio. A equipe italiana viajou até a Alemanha para enfrentar o Bayer Leverkusen na BayArena, pelo jogo de volta das semifinais da Liga Europa, e quase encerrou a invencibilidade do campeão da Bundesliga e avançou para a decisão do torneio continental numa tacada só. Os giallorossi tiveram esperanças de se classificar porque tiraram a vantagem de 2 a 0 conquistada pelos alemães na ida e levavam o confronto para a prorrogação. Entretanto, os aspirinas não dão dores de cabeça a sua torcida: reduziram o placar aos 83 e empataram aos 97, mantendo a sequência de 49 partidas sem derrotas e garantindo a passagem para a final, contra a Atalanta.
No segundo duelo entre a equipe de Daniele De Rossi e o time comandado por Xabi Alonso, a franqueza foi a tônica. A Roma teve o desfalque de Dybala, que até foi para o banco de reservas, mas sem condições físicas. Ainda assim, não se furtou a atacar, embora com alguma cautela: teve Lukaku e Azmoun como referências na frente e organização a cargo de Pellegrini, Paredes e El Shaarawy. Do outro lado, o Bayer Leverkusen poupou peças importantes, como Wirtz, Boniface e Andrich, mas manteve suas características.
A Roma começou querendo mostrar serviço e, com apenas três minutos de jogo, Lukaku dominou um lançamento no peito, mas a bola escapou e ficou nas mãos do goleiro Kovar. A partir daí, o Bayer Leverkusen passou a comandar a partida. Aos 16, após boa troca de passes, Palacios encheu e pé e Svilar defendeu.
Em seguida, Pellegrini tentou responder com cabeçada, mas parou no arqueiro checo. Foi um espasmo da Roma, já que o Bayer Leverkusen acabou promovendo um verdadeiro bombardeiro à baliza defendida por Svilar até o fim do primeiro tempo. Antes disso, De Rossi precisou trocar Spinazzola, lesionado, por Zalewski. Houve confusão nesse momento, pois Frimpong decidiu continuar a jogar mesmo com o colega de profissão caído – três jogadores acabaram levando cartão amarelo devido ao entrevero.
Na pressão do Leverkusen, Hlozek foi travado em cima da hora por Mancini e, aos 25 minutos, cobrou falta perigosa, fazendo com que Svilar cedesse um corner. Já na casa dos 29, Palacios arrematou de fora da área e acertou a trave; a bola ainda tocou nas costas do arqueiro sérvio e teve que ser afastada por Ndicka. Em seguida, Frimpong recebeu na área e bateu colocado, obrigando o goleiro a efetuar uma defesaça, colocando a pelota para escanteio.
Endiabrado, Svilar faria outras duas defesas seguidas espetaculares antes do fim da etapa inicial, na casa dos 40 minutos. Primeiro em chute forte de Adli; na sequência, enquanto ainda estava no chão, deu um jeito de amortecer com o corpo o arremate de Hlozek.
As intervenções seriam fundamentais, já que manteriam o empate no placar e permitiriam que a Roma saísse em vantagem aos 43 minutos, graças a um pênalti estúpido de Tah sobre Azmoun – que, ironicamente, está emprestado à Loba pelo próprio Bayer Leverkusen. Angeliño havia cruzado para Lukaku, mas o zagueiro alemão decidiu puxar o iraniano pela camisa, fora do lance. Paredes foi para a cobrança e, batendo no meio, anotou o primeiro do confronto.
O gol animou a Roma, que percebeu a possibilidade de conseguir uma façanha mesmo que estivesse sofrendo a pressão do Leverkusen. Antes do intervalo, Tapsoba teve que efetuar um corte providencial para evitar o segundo dos italianos. Depois do descanso, a equipe capitolina seguiu na mesma toada e Kovar teve de fazer defesas importantes em finalizações de Azmoun e El Shaarawy – antes disso, um chute de Adli passou entre as pernas de Ndicka e raspou a trave giallorossa.
O Bayer Leverkusen continuou a ter muito volume de jogo, porém. Assim, em rápido contra-ataque, aos 59 minutos, Hoffman ficou cara a cara com Svilar, que fez mais uma ótima defesa. Já na casa dos 61, em saída errada de Pellegrini, o sérvio precisou trabalhar de novo, dessa vez ante Hlozek. O atacante checo, contudo, aliviaria a barra para a Roma pouco depois, ao colocar a mão na bola dentro da área e ceder novo pênalti para os visitantes. O árbitro Danny Makkelie confirmou a infração após o chamado do VAR para a revisão e Paredes não desperdiçou o presente: bateu no cantinho e anotou sua doppietta.
Quando Adli, bem posicionado, desperdiçou mais uma chance para o Bayer Leverkusen, parecia que não era mesmo o dia do campeão alemão. Xabi Alonso até tirou Wirtz do banco, na expectativa da reação, mas o fato é que a falta de sorte dos aspirinas era só impressão mesmo. E isso se confirmaria nos 15 minutos finais.
Aos 82, surgiu o balde de água fria para a equipe de De Rossi. Em escanteio, Svilar que que fazia uma partida impecável até então, saiu mal da sua meta e se chocou com Smalling, recém-entrado. A bola passou por todo mundo e bateu em Mancini, que marcou um gol contra totalmente involuntário – outra crueldade, visto que o beque anotou tentos decisivos na temporada e classificou a Roma para as semifinais continentais com dois deles, sobre o Milan.
O gol obrigou a Roma a sair de vez para o ataque, já que só mais um gol, que forçaria a prorrogação, interessava aos giallorossi. Porém, a Loba não criou mais nenhuma oportunidade de perigo, enquanto Svilar voltou a ser bombardeado – e a corresponder.
Aos 87 minutos, em contra-ataque, Frimpong ficou cara a cara com Svilar e parou em mais uma excelente defesa do sérvio. Pouco depois, aos 89, o sérvio efetuou outra intervenção fulcral no confronto particular com o holandês. Nos acréscimos, o checo Schick tentou acionar a lei do ex com um arremate do meio-campo, no intuito de encobrir o goleiro, mas a bola foi para fora.
Restavam pouco mais de 40 segundos para o fim da partida, e o Bayer Leverkusen decidiu que não ia entregar os pontos e perder pela primeira vez justamente no 49º jogo da temporada, que marcaria a obtenção do recorde europeu de invencibilidade. Aos 97 minutos, Xhaka encontrou o croata Stanisic, que cortou Paredes e, de canhota, fuzilou para as redes, empatando a peleja. Foi a sétima vez na temporada que os rubro-negros evitaram uma derrota com gols nos acréscimos.
A Roma caiu, mas de pé. Ainda que eliminada – e por um dos melhores times do mundo no momento –, mostrou força mental para reagir e ratificou que tem sabido disputar competições europeias. Agora, a Loba volta todas as suas forças ao Campeonato Italiano. Afinal, no domingo terá confronto direto por vaga na próxima Liga dos Campeões com a Atalanta, equipe com a qual divide a quinta colocação da Serie A. O triunfo em Bérgamo seria vital para obter vantagem no duelo e não depender do resultado do embate entre a Dea e a Fiorentina, que só realizarão o jogo atrasado pela morte do diretor violeta Joe Barone em 2 de junho, após o fim da temporada regular do certame.