Serie A

Retrospectiva da Serie A 2018-19, parte 1

O Campeonato Italiano da temporada 2018-19 terminou na semana passada, com uma rodada de tirar o fôlego, que definiu dois dos classificados para a Liga dos Campeões, por exemplo. O futebol, contudo, é dinâmico: quem fica parado, come mosca. Cientes disso, os times já começam a se mexer para a próxima temporada, como mostram a renovação de Gasperini com a Atalanta, e as mudanças nos comandos de Juventus, Inter, Milan e Roma – ainda que apenas a equipe nerazzurra de Milão tenha anunciado seu novo treinador, Antonio Conte.

Para a Calciopédia, contudo, a temporada não termina sem que passemos a régua nela. E o fazemos com a nossa tradicional retrospectiva, iniciada na última quarta-feira com a lista das revelações de 2018-19. Vamos, agora, à análise das campanhas dos clubes: na primeira parte do nosso especial, tratamos da turma que brigou contra o rebaixamento. Confira!

Publicado também na Trivela.

Chievo

A campanha: 20ª colocação, 17 pontos – perdeu 3 por fraude fiscal. 2 vitórias, 14 empates e 22 derrotas. Rebaixado.
No primeiro turno: 20ª posição, 8 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado na quarta fase da Coppa Italia pelo Cagliari.
Ataque e defesa: 25 gols marcados (o pior) e 75 sofridos (a pior)
Time-base: Sorrentino; Depaoli, Rossettini (Cesar), Bani, Barba; Léris (Radovanovic), Rigoni, Hetemaj; Giaccherini; Stepinski, Meggiorini (Pellissier).
Artilheiros: Mariusz Stepinski (6 gols), Sergio Pellissier (4), Riccardo Meggiorini e Emanuele Giaccherini (ambos com 3)
Técnicos: Lorenzo D’Anna (até a 8ª rodada), Gian Piero Ventura (entre a 9ª e a 12ª) e Domenico Di Carlo (desde então)
Os destaques: Stefano Sorrentino, Mariusz Stepinski e Sergio Pellissier
A decepção: Manuel Pucciarelli
A revelação: Emanuel Vignato
Quem mais jogou: Mariusz Stepinski (35 jogos), Fabio Depaoli (33) e Stefano Sorrentino (31)
O sumido: Lucas Piazon
Melhor contratação: Adrian Semper
Pior contratação: Lucas Piazon

Acabou o dinheiro – e, com ele, a dignidade e a sequência de 11 anos do Chievo na elite. A temporada se desenhava tortuosa para o time de Verona desde que o júri esportivo confirmou a perda de 3 pontos como punição por falsificação de balanços contábeis. O presidente Luca Campedelli, temendo um rebaixamento, já vinha investindo menos em contratações e acabou montando um elenco tão fraco quanto envelhecido, que concluiu a Serie A com o pior ataque, a pior defesa e apenas duas vitórias. Desde 2004, quando o campeonato conta com 20 participantes, uma equipe não vencia tão pouco.

Aquele Chievo reconhecido por montar retrancas quase intransponíveis não existe mais, mesmo que Sorrentino tenha fechado o gol em diversas oportunidades. A bem da verdade, a equipe do Vêneto só conseguiu mostrar algo positivo em dois momentos. Primeiro, logo que Di Carlo assumiu o time cambaleante de Ventura e emendou cinco empates (segurando Napoli e Inter) e, já depois do rebaixamento ter sido confirmado, quando o treinador deu mais espaço para jovens jogadores, como o excelente ítalo-brasileiro Emanuel Vignato. É a partir de gente como Vignato, Léris, Kiyine, Semper e Depaoli – ou de verbas arrecadadas com suas vendas – que o time deve recomeçar. A partir de 2019-20, contudo, sem o ídolo Pellissier, que se aposentou.

Frosinone

A campanha: 19ª colocação, 25 pontos. 5 vitórias, 10 empates e 23 derrotas. Rebaixado.
No primeiro turno: 19ª posição, 10 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado na terceira fase da Coppa Italia pelo Südtirol.
Ataque e defesa: 29 gols marcados (o 2º pior) e 69 sofridos (a 3ª pior)
Time-base: Sportiello; Goldaniga, Salamon (Ariaudo), Capuano; Zampano, Paganini (Cassata), Maiello, Chibsah, Beghetto; Ciano, Ciofani (Pinamonti).
Artilheiros: Camillo Ciano (7 gols), Andrea Pinamonti e Daniel Ciofani (ambos com 5)
Técnicos: Moreno Longo (até a 16ª rodada) e Marco Baroni (desde então)
Os destaques: Marco Sportiello, Andrea Pinamonti e Camillo Ciano
A decepção: Joel Campbell
A revelação: Andrea Pinamonti
Quem mais jogou: Marco Sportiello (35 jogos), Camillo Ciano (33), Daniel Ciofani e Raman Chibsah (32)
O sumido: Federico Viviani
Melhor contratação: Andrea Pinamonti
Pior contratação: Stipe Perica

Duas participações na elite e dois rebaixamentos: a realidade é mesmo dura para times menores, mesmo aqueles que possuam projetos interessantes, como o Frosinone. O clube é um dos poucos na Itália que têm um estádio privado, pensou fora da caixa ao contratar jogadores como Sportiello, Pinamonti e Campbell, mas isso não foi suficiente. Em nenhum momento os leoni flertaram com qualquer possibilidade de permanência na elite, já que ficaram na zona de descenso em 37 das 38 rodadas.

Os ciociari sofreram com um meio-campo muito rústico e pouco criativo. O Frosinone teve imensa dificuldade de marcar gols e, muito por conta disso, acabou sendo o pior mandante da temporada europeia – venceu apenas uma vez e somou nove pontos no Benito Stirpe. Para levar perigo aos adversários, a equipe dependia demais dos cruzamentos de Zampano e Beghetto ou de jogadas individuais de seus atacantes – nesse aspecto, Ciano e Pinamonti se destacaram e devem trocar de clube para continuarem na elite. O mesmo vale para Sportiello, que (muito exposto) fez 142 defesas na competição, perdendo apenas para Sepe (Parma) e Cragno (Cagliari).

Empoli

A campanha: 18ª colocação, 38 pontos. 10 vitórias, 8 empates e 20 derrotas. Rebaixado.
No primeiro turno: 17ª posição, 16 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado na terceira fase da Coppa Italia pelo Cittadella.
Ataque e defesa: 51 gols marcados e 70 sofridos (a 2ª pior)
Time-base: Provedel (Dragowski); Veseli, Maietta (Dell’Orco, Rasmussen), Silvestre; Di Lorenzo, Traorè (Acquah), Bennacer, Krunic, Pasqual (Antonelli, Pajac); Caputo, Diego Farias (Zajc, La Gumina).
Artilheiros: Francesco Caputo (16 gols), Rade Krunic e Giovanni Di Lorenzo (ambos com 5)
Técnicos: Aurelio Andreazzoli (até a 11ª rodada e desde a 28ª) e Giuseppe Iachini (entre a 12ª e a 27ª)
Os destaques: Francesco Caputo, Bartlomiej Dragowski e Giovanni Di Lorenzo
A decepção: Domenico Maietta
A revelação: Hamed Traorè
Quem mais jogou: Francesco Caputo (38 jogos), Giovanni Di Lorenzo e Ismaël Bennacer (ambos com 37)
O sumido: Dimitri Oberlin
Melhor contratação: Bartlomiej Dragowski
Pior contratação: Michal Marcjanik

Num campeonato de pontos corridos, com duração de 38 rodadas, os piores times geralmente são rebaixados. O Empoli, porém, é a exceção que confirma a regra. A equipe da Toscana proporcionou aos espectadores um futebol ofensivo e agradável, além de (certamente) ter obtido desempenho superior aos de Genoa, Fiorentina e Udinese. Ainda assim, o time azzurro foi rebaixado após derrota para a Inter na última rodada – jogo em que flertou com a salvação. Contra a adversária de Milão, contudo, faltou ao Empoli o que faltou em toda a temporada: saber segurar um placar favorável. Na campanha 2018-19, poderia ter somado 28 pontos a mais, se tivesse resistido às investidas rivais. Uma pontuação que lhe permitiria brigar por Liga Europa.

Outros fatores preponderantes para a queda do Empoli foram seu rendimento como visitante (o pior do campeonato, com apenas 8 pontos conquistados) e o péssimo desempenho de sua defesa, que foi muito mal montada. O time ficou sem um goleiro confiável até a chegada do excelente Dragowski, no final de janeiro, e a zaga sofreu com um amálgama de peças de baixa qualidade, muito envelhecidas e muito inexperientes. Por isso, só podemos enaltecer parcialmente os feitos do núcleo duro azzurro, que conta com sete outros jogadores além do arqueiro polonês – o único a fazer 17 defesas num mesmo jogo de Serie A desde que esse tipo de estatísticas começou a ser contabilizado, em 2004. Palmas para o produtivo Di Lorenzo, que foi um dos melhores laterais direitos do campeonato e já acertou com o Napoli; para Traorè, Bennacer e Krunic (Zajc, também, até janeiro), que formaram um belo meio-campo; e para Diego Farias e o artilheiro Caputo, que deslanchou na Serie A aos 31 anos. Todos estes jogadores têm mercado na elite.

Genoa

A campanha: 17ª colocação, 38 pontos. 8 vitórias, 14 empates e 16 derrotas.
No primeiro turno: 14ª posição, 20 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado na quarta fase da Coppa Italia pela Virtus Entella.
Ataque e defesa: 39 gols marcados e 57 sofridos
Time-base: Radu; Biraschi, Romero, Zukanovic (Günter); Lazovic, Lerager (Pedro Pereira, Hiljemark), Miguel Veloso (Radovanovic, Rolón), Daniel Bessa, Criscito; Pandev (Piatek), Kouamé.
Artilheiros: Krzysztof Piatek (13 gols), Christian Kouamé e Goran Pandev (ambos com 4)
Técnicos: Davide Ballardini (até a 8ª rodada), Ivan Juric (entre a 9ª e a 14ª; além de jogo atrasado da 1ª rodada) e Cesare Prandelli (desde então)
Os destaques: Andrei Radu, Cristian Romero e Christian Kouamé
A decepção: Iuri Medeiros
A revelação: Andrei Radu
Quem mais jogou: Christian Kouamé (38 jogos), Domenico Criscito (35), Daniel Bessa e Davide Biraschi (ambos com 34)
O sumido: Federico Marchetti
Melhor contratação: Andrei Radu
Pior contratação: Lisandro López

Sem dúvidas, é melhor escapar fedendo do que morrer cheiroso. Esse dito popular se encaixa perfeitamente para descrever a campanha do Genoa em 2018-19 e, mais especificamente, em quatro das oito últimas temporadas. Não é à toa que a torcida rossoblù rompeu com o presidente Preziosi, cuja gestão deixa o clube entre a cruz e a espada: ao mesmo tempo em que monta elencos razoáveis, com peças interessantes, o cartola não se furta a vendê-las a qualquer momento. Isso tem gerado danos cada vez maiores aos trabalhos dos treinadores, que não têm continuidade nem paz para colocar seus conceitos em prática. Mesmo sendo um técnico muito acima da média, Prandelli sofreu com isso na Ligúria.

O ex-treinador da seleção italiana precisou administrar sete alterações feitas no elenco durante o mercado de inverno, no qual Preziosi decidiu negociar três titulares – os brasileiros Rômulo e Sandro, além do artilheiro Piatek. Daí, tudo de bom que a equipe havia construído anteriormente, sob a liderança do capitão Criscito e a vitoriosa interação entre o goleador polonês e Kouamé, se transformou em mera contenção de danos. Os rossoblù começaram a viver uma intensa crise e passaram a anotar pouquíssimos gols, ao passo que Radu, Romero, Criscito e Biraschi se destacavam ao tentar evitar tropeços. No final das contas, a salvação dá aos grifoni mais uma chance de se reinventarem. Com ou sem Preziosi: o clube está à venda, mas não aparecem compradores.

Fiorentina

A campanha: 16ª colocação, 41 pontos. 8 vitórias, 17 empates e 13 derrotas.
No primeiro turno: 10ª posição, 26 pontos.
Fora da Serie A: Eliminada nas semifinais da Coppa Italia pela Atalanta.
Ataque e defesa: 47 gols marcados e 45 sofridos
Time-base: Lafont; Milenkovic, Pezzella, Vitor Hugo, Biraghi; Benassi, Veretout, Fernandes (Mirallas); Chiesa, Simeone (Muriel), Gerson.
Artilheiros: Marco Benassi (7 gols), Federico Chiesa, Luis Muriel e Giovanni Simeone (todos com 6)
Técnicos: Stefano Pioli (até a 31ª rodada) e Vincenzo Montella (desde então)
Os destaques: Federico Chiesa, Nikola Milenkovic e Marco Benassi
A decepção: Giovanni Simeone
A revelação: David Hanckó
Quem mais jogou: Federico Chiesa (37 jogos), Gerson, Giovanni Simeone e Cristiano Biraghi (todos com 36)
O sumido: Marko Pjaca
Melhor contratação: Luis Muriel
Pior contratação: Marko Pjaca

A temporada da Fiorentina começou e terminou com empates – nada mais apropriado para a equipe que mais somou resultados iguais ao longo da Serie A (17). Contudo, a campanha teve um viés até o final de fevereiro e outro completamente distinto depois disso. Nos meses iniciais, a mais jovem equipe da competição apresentava alguma irregularidade, alternando-a com momentos de brilhantismo. Isso se verificava nas infiltrações ofensivas de Benassi, nas arrancadas de Chiesa e nas atuações de Milenkovic como lateral-direito. Nesse período, a viola conseguiu vitórias expressivas contra Atalanta e Milan, além de goleadas contra Chievo (6 a 1) e Spal (4 a 1), pelo campeonato, e sobre a Roma (7 a 1), na Coppa Italia. Nesse momento, a Fiorentina ainda estava no grupo de equipes que brigava por vaga na Liga Europa, mesmo que tivesse chegado a atravessar um período oito partidas sem vencer e não tivesse um grande rendimento em casa.

Os problemas começaram quando a equipe voltou a apresentar uma sequência sem vitórias e a diretoria perdeu a confiança no técnico Pioli, que se demitiu após derrota para o Frosinone. A viola, que não vencia havia sete partidas, não voltou a triunfar sob as ordens de Montella: encerrou a temporada com 14 partidas de jejum, o quinto pior rendimento em casa e a segunda pior campanha de todo o returno, com 15 pontos conquistados. O fato é que o promissor elenco sucumbiu a dificuldades psicológicas relacionadas a falhas individuais (Veretout e Lafont que o digam) e ao fato de que os conceitos executados pelos dois treinadores não funcionaram. Fruto, sobretudo, de um time montado de forma tão ousada quanto arriscada: o mais velho do elenco era Mirallas, de 31 anos, e apenas seis atletas tinham mais do que 27. Talvez uma mescla maior entre juventude e experiência tivesse evitado tantos percalços.

Cagliari

A campanha: 15ª colocação, 41 pontos. 10 vitórias, 11 empates e 17 derrotas.
No primeiro turno: 13ª posição, 20 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pela Atalanta.
Ataque e defesa: 36 gols marcados (o 3º pior) e 54 sofridos
Time-base: Cragno; Srna, Ceppitelli (Romagna, Klavan), Pisacane, Padoin (Pellegrini); Ionita, Bradaric (Cigarini), Faragò; Barella; João Pedro, Pavoletti.
Artilheiros: Leonardo Pavoletti (16 gols), João Pedro (7), Artur Ionita e Diego Farias (ambos com 3)
Técnico: Rolando Maran
Os destaques: Alessio Cragno, Nicolò Barella e Leonardo Pavoletti
A decepção: Alberto Cerri
A revelação: Luca Pellegrini
Quem mais jogou: Alessio Cragno (38 jogos), Artur Ionita (37) e Nicolò Barella (35)
O sumido: Rafael
Melhor contratação: Darijo Srna
Pior contratação: Alberto Cerri

Objetivo mínimo cumprido mais uma vez – agora, com absoluta tranquilidade. O Cagliari contratou o técnico Maran para não correr riscos e, se possível, fazer uma aparição na parte superior da tabela. O bônus não foi alcançado por causa de alguns tropeços na reta final, quando o time já estava virtualmente salvo, mas a temporada foi virtuosa para os sardos. Principalmente pelo ótimo aproveitamento caseiro: foram apenas cinco derrotas na Sardenha; uma no apagar das luzes e outra nos derradeiros momentos da campanha, quando o foco não era o mesmo do restante da competição.

Em parte da Serie A, o Cagliari emulou os melhores momentos do Chievo de Maran: defesa sólida, goleiro fazendo milagres, meio-campo físico e ataque pouco produtivo e dependente de jogadas aéreas, embora eficaz. O fiel da balança para o funcionamento do time mais uma vez foi Barella, que fez todas as funções na zona central do gramado e comandou os companheiros, atuando de forma incansável e se sagrando como um dos maiores ladrões de bola do campeonato. Mais à frente, o brasileiro João Pedro ampliou seu status de ídolo na Sardenha graças a mais uma temporada consistente, na qual foi fiel escudeiro de um Pavoletti cada vez mais implacável pelo alto – 11 dos seus 16 gols foram anotados com a cabeça. Mais vistosa mesmo, só a campanha do goleiro Cragno, que ganhou vaga na seleção italiana por causa de atuações e números exuberantes: com 164 defesas, liderou o quesito na competição.

Parma

A campanha: 14ª colocação, 41 pontos. 10 vitórias, 11 empates e 17 derrotas.
No primeiro turno: 12ª posição, 25 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado na terceira fase da Coppa Italia pelo Pisa.
Ataque e defesa: 41 gols marcados e 61 sofridos
Time-base: Sepe; Iacoponi, Bastoni (Gazzola), Bruno Alves, Gagliolo, Gobbi (Dimarco); Kucka (Scozzarella), Rigoni (Stulac), Barillà; Gervinho, Inglese (Siligardi, Ceravolo, Biabiany).
Artilheiros: Gervinho (11 gols), Roberto Inglese (9), Juraj Kucka e Bruno Alves (ambos com 4)
Técnico: Roberto D’Aversa
Os destaques: Gervinho, Bruno Alves e Alessandro Bastoni
A decepção: Massimo Gobbi
A revelação: Francisco Sierralta
Quem mais jogou: Simone Iacoponi (38 jogos), Luigi Sepe (37) e Riccardo Gagliolo (34)
O sumido: Jacopo Dezi
Melhor contratação: Gervinho
Pior contratação: Alessandro Deiola

Três acessos consecutivos e uma permanência relativamente tranquila em seu retorno à elite: a festa em Parma, merecidamente, não pode parar. O time crociato fez um primeiro turno muito sólido, acumulou uma gordura considerável e nem mesmo a notória queda de rendimento na parte final do campeonato foi o bastante para gerar alguma tensão na Emília-Romanha. Méritos para a retranca de D’Aversa e para as participações decisivas dos veteranos Gervinho e Bruno Alves – e, em menor escala, de Barillà, Rigoni e Kucka, além de Sepe e Inglese, um pouco menos experientes.

É verdade que o Parma dependeu demais das arrancadas e dos gols de Gervinho? É. Que Bruno Alves por vezes teve de suprir a carência ofensiva do time quando o marfinense e Inglese estavam de fora, por problemas físicos? Também. Contudo, essa temporada em Parma não foi comum. Não estavam em jogo profundas análises de desempenho ou uma grande preocupação com o nível de performance do elenco. Contava a permanência e ela foi conquistada. O sarrafo subiu e a próxima campanha será de afirmação para os ducali.

Spal

A campanha: 13ª colocação, 42 pontos. 11 vitórias, 9 empates e 18 derrotas.
No primeiro turno: 16ª posição, 17 pontos.
Fora da Serie A: Eliminada na quarta fase da Coppa Italia pela Sampdoria.
Ataque e defesa: 44 gols marcados e 56 sofridos
Time-base: Gomis (Viviano); Cionek, Felipe (Vicari), Bonifazi; Lazzari, Missiroli, Schiattarella (Valoti, Murgia), Kurtic, Fares; Petagna, Antenucci (Floccari).
Artilheiros: Andrea Petagna (16 gols), Jasmin Kurtic (6) e Mirco Antenucci (5)
Técnico: Leonardo Semplici
Os destaques: Andrea Petagna, Manuel Lazzari e Jasmin Kurtic
A decepção: Filippo Costa
A revelação: Lorenzo Dickmann
Quem mais jogou: Andrea Petagna (36 jogos), Mohamed Fares e Mirco Antenucci (ambos com 35)
O sumido: Vasco Regini
Melhor contratação: Andrea Petagna
Pior contratação: Johan Djourou

A ótima Spal de Semplici viveu uma crise de identidade durante a temporada, mas a solucionou a tempo de terminar a campanha sem sustos e flertando com a décima colocação – que seria sua melhor posição na Serie A desde 1962-63. De qualquer forma, os estensi concluíram o campeonato de forma mais parecida com a que começaram: na reta inicial, somaram quatro vitórias em nove rodadas (três nas quatro primeiras), com direito a triunfos ante Atalanta e Roma. Depois disso, Semplici viveu seu momento mais delicado no clube, que comanda desde 2014, ao passar 11 jogos sem comemorar nada. Até que uma virada incrível sobre o Parma, na 21ª jornada, recolocou os spallini nos trilhos. A contratação de Murgia, no penúltimo dia da janela, também contribuiu bastante para isso.

Embora tenha atravessado um período difícil, a Spal manteve seus pontos fortes em funcionamento, como mostram os gols de Petagna, Kurtic e Antenucci nesse período – o ex-centroavante da Atalanta, inclusive, teve o melhor desempenho da carreira justo no clube em que seu avô, Francesco, foi ídolo como técnico. Para que o time de Ferrara funcionasse durante toda a temporada, Kurtic se desdobrou no físico tridente de meio-campo spallino e aparecia volta e meia para pisar na área e deixar sua marca. Por sua vez, a dupla de atacantes italiana – com o auxílio do veterano Floccari – aproveitava a intensidade dos alas. Lazzari foi destaque absoluto na posição, com oito assistências e cerca de 70 cruzamentos certos no campeonato (de longe, o melhor no quesito), e foi a válvula de escape biancoazzurra durante todo o ano, ainda que Fares tenha crescido bastante desde que deixou o Verona. Agora, a diretoria trabalha para segurar Semplici, Lazzari e Petagna para 2019-20.

Udinese

A campanha: 12ª colocação, 43 pontos. 11 vitórias, 10 empates e 17 derrotas.
No primeiro turno: 15ª posição, 18 pontos.
Fora da Serie A: Eliminada na terceira fase da Coppa Italia pelo Benevento.
Ataque e defesa: 39 gols marcados e 53 sofridos
Time-base: Musso; Nuytinck (De Maio), Troost-Ekong, Samir (Opoku); Larsen, Fofana (Behrami), Mandragora, De Paul, D’Alessandro (Zeegelaar); Pussetto (Okaka), Lasagna.
Artilheiros: Rodrigo De Paul (9 gols), Kevin Lasagna e Stefano Okaka (ambos com 6)
Técnicos: Julio Velázquez (até a 12ª rodada), Davide Nicola (entre a 13ª e a 28ª) e Igor Tudor (desde então)
Os destaques: Rodrigo De Paul, Juan Musso e Seko Fofana
A decepção: Kevin Lasagna
A revelação: Ben Wilmot
Quem mais jogou: Rodrigo De Paul, Jens Stryger Larsen e Kevin Lasagna (todos com 36)
O sumido: Panagiotis Kone
Melhor contratação: Juan Musso
Pior contratação: Felipe Vizeu

A 12ª posição da Udinese é bastante enganosa. Na verdade, a equipe friulana vem acumulando temporadas ruins e chegou ao ápice em 2018-19, naquela que vinha sendo sua pior campanha desde a instituição dos três pontos por vitória, em 1994. Eram marcas negativas em sucessão, até que Tudor assumiu o time na 29ª rodada e, assim como no campeonato anterior, o conduziu a uma arrancada que lhe livrou do rebaixamento. O croata venceu exatamente metade dos dez jogos em que treinou a Udinese, todos eles diante adversários diretos – Genoa, Empoli, Frosinone, Spal e Cagliari. Foram 15 pontos fundamentais para a salvação e a meteórica ascensão na tabela, que lhe valeram a renovação do contrato.

No período de ascensão, Okaka foi fundamental para deixar o time menos dependente do argentino De Paul: o ítalo-nigeriano marcou cinco vezes nesses triunfos, chegando a deixar o decepcionante Lasagna no banco. O ex-atacante do Carpi chegou a ser preterido anteriormente em favor de Pussetto, quando Velázquez e Nicola optavam por um ataque mais leve. O ponto fixo sempre foi De Paul. Afirmado na Itália, o camisa 10 contribuiu com seis gols e oito assistências, sendo o único jogador de linha realmente decisivo do elenco – o goleiro Musso também foi importante em alguns momentos da campanha. Dupla dinâmica do meio-campo, Fofana e Mandragora jogaram um pouco abaixo de sua qualidade habitual, mas ainda assim tiveram sua importância na tortuosa trajetória bianconera.

Sassuolo

A campanha: 11ª colocação, 43 pontos. 9 vitórias, 16 empates e 13 derrotas.
No primeiro turno: 11ª posição, 25 pontos.
Fora da Serie A: Eliminado nas oitavas de final da Coppa Italia pelo Napoli.
Ataque e defesa: 53 gols marcados e 60 sofridos
Time-base: Consigli; Lirola, Ferrari, Magnani (Marlon, Peluso, Demiral), Rogério; Bourabia (Locatelli), Magnanelli, Sensi (Duncan); Berardi, Babacar (Boateng, Djuricic), Boga (Di Francesco).
Artilheiros: Domenico Berardi (8 gols) e Khouma Babacar (7)
Técnico: Roberto De Zerbi
Os destaques: Domenico Berardi, Pol Lirola e Jérémie Boga
A decepção: Alessandro Matri
A revelação: Merih Demiral
Quem mais jogou: Andrea Consigli (36 jogos), Pol Lirola e Domenico Berardi (ambos com 35)
O sumido: Mauricio Lemos
Melhor contratação: Jérémie Boga
Pior contratação: Leonardo Sernicola

Para um time que concluiu a última Serie A com o pior ataque e flertou com o rebaixamento, a campanha 2018-19 do Sassuolo foi bastante tranquila. Curiosamente, a equipe de De Zerbi terminou o torneio com a mesma quantidade de pontos daquela treinada por Bucchi e Iachini, mas executando uma proposta de jogo totalmente diferente da trabalhada pelos antecessores. O estilo ofensivo e moderno do ex-comandante do Benevento produziu 24 gols e seis empates a mais, embora duas vitórias a menos. Em relação ao campeonato passado, é verdade, o compromisso do Sassuolo foi menor com os resultados por causa da gordura acumulada durante o primeiro turno. Ao mesmo tempo, isso fez com que o time relaxasse na parte final da competição.

Ainda assim, De Zerbi conseguiu recuperar Berardi, que fez um bom campeonato e aproveitou a integração com Lirola, seu parceiro no flanco direito. Enquanto o italiano foi o jogador mais decisivo dos neroverdi, o espanhol colaborou com seis assistências e teve sua melhor temporada no futebol italiano. O treinador também auxiliou no crescimento de Sensi e Locatelli, embora isso tenha acontecido a reboque de uma menor utilização do sólido Duncan. Por fim, é necessário destacar a força do coletivo da equipe, que viu 19 jogadores diferentes irem às redes – um recorde nesta temporada europeia.

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