Escrito originalmente para o Olheiros. Para ler o texto todo, clique aqui.
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Não é algo corriqueiro surgir uma grande revelação na Itália. Proteções excessivas, cuidados freqüentes e escassas oportunidades são só alguns dos motivos que levam os garotos a, mesmo esbanjando potencial, serem contidos pelo tempo. São muito raros os pequenos fenômenos, como Balotelli – de ainda 17 anos -, surgirem e estourarem com tamanha rapidez. O processo mais comum nessas situações é, como feito com Alberto Aquilani há três anos, o jogador ser emprestado a uma equipe menor para retornar mais maduro e experiente. Para comprovar tal proteção e demora – que muitas vezes é benigna -, basta ver que de todos os nomes dessa relação não há sequer um italiano convocado para a seleção principal, muito menos para poder pensar em disputar a Euro 2008. Antes de citar alguns nomes e torneios, é importante explicar as categorias dos campeonatos de base na Itália: há os Allievi Nazionali, que englobam os jogadores de até 16 anos, e o grupo Primavera, que enquadra atletas de até 20 anos. Tomando conhecimento destes termos, fica mais fácil analisar os saltos de qualidade que alguns jogadores atingem. Para um participante da categoria Primavera estourar entre os profissionais é muito difícil e incomum. São poucos os casos de um jogador que, após uma emergência na equipe principal, saia da base para arrebentar na Serie A. Por isso que Balotelli e Paloschi impressionam tanto pela personalidade na divisão de elite. Nem o craque Del Piero, por exemplo, teve aparições de tamanho impacto tão cedo assim.
Além dos garotos apontados no texto, vale destacar também a participação de outros dois jovens (menos jovens do que os nomes a seguir). A menção é para Gökhan Inler – da Udinese -, e Walter Gargano – do Napoli -, ambos classe 84, que desembarcaram na Itália nesta temporada para impressionar os nativos da velha bota. Há também casos de jogadores que decepcionaram, ou que ao menos esperava-se mais, cada qual com suas razões. Daniele Dessena, uma das principais jóias do Parma, realizou um campeonato muito aquém das expectativas. Vitorino Antunes e Marco Andreolli, da Roma, sofreram por falta de oportunidades; o máximo obtido foi quando o primeiro alinhou algumas vezes na Coppa Italia, enquanto o segundo também batalhou contra as lesões, sendo inclusive cedido ao Vicenza por empréstimo.
Vale mencionar também, claro, alguns calciatori da Serie B; como Francesco Lodi (classe 84), nome freqüente de qualquer seleção de base italiana, que deu vísiveis sinais de melhora em relação à forte expectativa sobre suas costas: em sua segunda temporada pelo Frosinone, o meio-campista balançou a rede vinte vezes em 40 partidas. Alessio Cerci (classe 87), chamado de “Henry do Valmontone” e volta e meia comparado a Francesco Totti, foi emprestado da Roma ao Pisa para brilhar na posição de meia-direita. O romano Andrea Russotto (classe 88), mais uma vez, fez um grande ano pelo Treviso, clube pelo qual seu destaque rende diárias especulações de transferências. Simone Bentivoglio (classe 85), meio-campista das seleções de base vinculado à Juventus, também merece ser lembrado por suas efetivas prestações pelo Chievo.
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