Com 25 anos completados nesta última semana, o lateral-esquerdo Juan Manuel Vargas superou o preconceito da posição e é considerado o melhor jogador peruano da atualidade. O valor pago pela Fiorentina ao Catania por seu passe, estipulado na casa dos 12 milhões de euros, o tornou o jogador peruano de transferência mais cara da história, superando atacantes do calibre de Pizarro e Farfán.
Alto e forte, Vargas atua por qualquer função pelo lado esquerdo: na defesa ou no meio, tanto em posições ofensivas quanto defensivas. Mesmo geralmente escalado como terzino, como o lateral da forma que conhecemos é chamado dentro da terminologia italiana, El Loco se destaca pelos bons dribles, cruzamentos e chutes a gol. Seus lances em bola parada também são perigosos. Com personalidade, suas subidas pelo lado esquerdo tendem a causar estrago a defesas mais desavisadas. Porém, até pela facilidade no campo ofensivo, não é raro que Vargas deixe suas costas desprotegidas e expostas ao contra-ataque adversário.
Abandono prematuro
Vargas chegou às categorias de base do Universitario (um dos três grandes clubes do cenário peruano) em 1995, aos 12 anos, já se lançando como um dos mais destacados meias dos cremas. Ainda na base, alguns anos depois, ganhou uma oportunidade “real” ao ser negociado com o Unión Minas. A chance, porém, logo se transformou em uma decepção: o jovem nunca viajou para a província, sempre treinando entre os juvenis do time no interior de Cerro de Pasco. Com a má situação econômica e esportiva do clube, decidiu se afastar do time e acabou atrasando sua estréia na Primera División.
Decepcionado com a falta de apoio dos dois times, Vargas decidiu deixar o futebol e se voltar apenas aos estudos. Até conhecer, em 2001, César Gonzáles, conhecido técnico da base peruana, que pretendia contar com o jogador para a seleção nacional sub-20 que jogaria em 2003 o Sul-Americano da categoria no Uruguai. A única condição imposta por Gonzáles era que ele voltasse a jogar por algum clube para assim ter alguma continuidade e poder demonstrar suas reais condições.
Dessa forma, decidiu retornar ao Universitario. Se o primeiro semestre de 2002 não foi promissor para o lateral, após passar treinando despercebido no meio da constelação do clube merengue, a chegada do técnico Oswaldo Piazza acabou sendo um divisor de águas em sua carreira. Com uma crise financeira agravada pela falta de resultados, os jogadores do time entraram em greve e os dirigentes optaram por lançar logo a geração, na qual estava Juan Vargas.
Começando a carreira de vez
Sua estréia seria no Estádio Monumental, contra o Cienciano. Mesmo com a derrota de La U para o adversário, Vargas deixou sua marca ao atuar com personalidade e raça, além de anotar um dos gols de honra de seu time, que ao fim do ano seria considerado por muitos torcedores como o mais belo gol da temporada. Ao mais novo queridinho da torcida, nem a saída de Piazza abalou sua moral dentro do clube.
O próximo treinador, o uruguaio Ricardo Ortíz, apostou em Vargas como titular para a Libertadores de 2003. O time decepcionou e caiu ainda na primeira fase, mas o lateral se tornou o único porto seguro de um time descontrolado emocionalmente e tecnicamente fraco. Mesmo na ressaca da queda continental, César Gonzáles cumpriu a promessa e levou Vargas para o Sul-Americano Sub-20. Mesmo com bons jogadores como Guevara, Farfán e Rodríguez, a seleção peruana passou despercebida e voltou logo para casa.
O ano de 2004 foi o melhor de sua carreira. Sempre regular, cavou tanto uma transferência como um lugar na seleção, mesmo com apenas 21 anos. Paulo Autuori tentava com Hidalgo e Vílchez, mas o bom momento de Vargas fez com que o técnico brasileiro apostasse nele para as partidas contra Bolívia e Paraguai. Mesmo sem repetir o ótimo futebol do Universitario, seus jogos regulares o mantiveram nas convocatórias até o fim das Eliminatórias, tanto no comando de Autuori como no de Ternero.
Finalmente no exterior
No ano de seu centenário, o Colón de Santa Fe buscou reforços em toda a América Latina e acabou fechando com Vargas, que não tardou a convencer a torcida sabalera com suas projeções e bombas de fora da área. Logo em seu primeiro ano, marcou quatro gols, um deles antológico, ao driblar seis jogadores nunca vitória em Almagro. Outro tento importante foi marcado de falta, empatando o jogo com o Boca Juniors em plena Bombonera – e o menino mostrava personalidade e técnica.
Vargas também marcou presença no Clausura de 2006, mas uma proposta irrecusável vinda da Inglaterra não auxiliou em sua continuidade no futebol argentino. No fim das contas, o lateral disse não ao Portsmouth e seguiu para o Catania, recém-promovido à Serie A italiana, preferindo o desafio de atuar no futebol que havia acabado de vencer o título mundial.
Não demorou a alcançar a titularidade logo nas primeiras rodadas, mas em sua temporada seguinte atingiu um de seus melhores momentos como profissional. Principal válvula de escape de um time de poucos recursos, foi peça-chave do Catania que chegou às semifinais da Coppa Italia e se salvou do rebaixamento na última rodada marcando golaços como o que veio depois de um lindo chute de primeira contra o Milan.
Os gols marcados nas Eliminatórias para a Copa de 2010 contribuíram também para sua valorização – em especial aquele que garantiu ao Peru um empate contra o Brasil. Na mira de Real Madrid, Juventus, Roma e Milan, acabou optando pela Fiorentina, onde teria um papel mais importante. Se o mau início de campeonato viola pode atrapalhar sua adaptação, por outro lado Vargas já provou que não precisa de muito tempo para conseguir seu espaço. Pelo bem da Fiorentina e da seleção peruana, onde é o maior ídolo e referência nos últimos tempos.
Eu assisti aquele jogo em que o Vargas meteu um tirombaço no Milan. Obviamente, como não poderia de ser, já imaginei o prodígio jogador vestindo a maglia giallorossa, porém não sei por que cargas d’agua fora parar na Fiorentina. Talvez questão de salário, ou até mesmo porque Spalletti e outros não tenham enxergado o potencial descrito pela matéria do Braitner (dificil). Porém o que dá pra entender é que ele (o jogador), parece ter uma influência muito pessoal nas escolhas, como um Catania, negando clube inglês (campeonato $en$ação do momento) e agora esta ida para a Fiorentina.
Prandelli é muito ofensivo e sempre arma a Viola para jogar para frente. Com isso, acredito que Vargas pode se dar bem sim, porque de fato é um belo jogador. Lá na esquerda também temos o Pasqual que é um lateral muito bom, mas não tem a potência ofensiva do Vargas.