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Giuseppe Meazza, o bicampeão mundial que dá nome ao estádio de Milão

Giuseppe Meazza, um dos maiores ídolos do futebol italiano, faria 100 anos nesta segunda-feira e, certamente, estaria feliz com o desempenho da Inter, campeã de tudo na última temporada. Nascido em Milão, Meazza começou a carreira aos 16 anos, quando foi descoberto por Fulvio Bernardini – à época jogador da Ambrosiana-Inter, e que ficou marcado na história da Inter de Milão por revelar jovens jogadores.

Tendo o drible e a finalização precisa como pontos fortes, Peppino – ou Peppìn, em dialeto milanês – foi artilheiro da temporada 1929-30 do Campeonato Italiano pela Ambrosiana-Inter, quando a equipe conquistou o título, com 31 gols. Esse feito o levou rapidamente a condição de ídolo da equipe. Um ídolo que faria época também na Squadra Azzurra.

Prodígio, Meazza brilhou pela Ambrosiana e entrou bem cedo no radar da seleção (ullstein bild/Getty)

Se era craque dentro de campo, o atacante também ficou famoso por ser um bon vivant. Meazza cansou de dormir em bordéis nas noites após as partidas- às vezes dormia pouco mais de duas horas antes dos jogos da sua equipe. Amante de carros e mulheres, não dispensava jogar com os cabelos bem arrumados. Tudo isso era novidade em uma época em que o mundo estava passando por um dos momentos mais complicados da história.

Enquanto Meazza desfilava pelos campos italianos todo o talento, o país estava sob o regime do fascismo e Benito Mussolini ditava regras. Candidato à sede da primeira Copa do Mundo, que se realizaria em julho de 1930, a Fifa preferiu dar a sede para o Uruguai. Contrariada, a Itália resolveu boicotar o torneio. Os donos da casa foram campeões e receberam a alcunha de “melhor seleção do mundo”, já que haviam conquistado as Olimpíadas de 1924 e 1928. Mas isso mudaria pelos próximos oito anos.

Com o passar dos anos e muitas bolas nas redes, Peppìn se transformou no maior ícone da Inter (AFP/Getty)

Vencida a eleição para sediar a Copa de 1934, a Itália se preparou para ficar com a taça e contava com três craques para fazer a diferença no campo: o atacante Angelo Schiavio, que jogava no Bologna, o técnico Vittorio Pozzo, que foi bem contestado no início e, claro, Meazza.

Craque do Mundial de 1934, o atacante dos nerazzurri – que passou a jogar de centromédio no 2-3-2-3 armado por Pozzo – liderou a Nazionale durante a competição e foi decisivo na partida de desempate contra a Espanha, marcando o gol da vitória e mandando o time à semifinal do torneio. Depois, foi só vencer a Checoslováquia e ficar com o primeiro título. Entre as Copas de 1934 e 1938, o jogador foi artilheiro do Campeonato Italiano nas temporadas de 1935-36 e 1937-38, quando também foi campeão.

Ídolo da Inter, Meazza ainda se tornou um dos poucos que vestiram as camisas dos três gigantes italianos (Archivi Farabola)

Na Copa de 1938, na França, a Itália defendia o título e contava com Silvio Piola, autor de quatro tentos naquele Mundial. Mas a equipe ainda contava com Meazza, que já era um jogador experiente e que por isso ganhou a faixa de capitão da equipe. Autor de passes para dois gols na final contra a Hungria, o centromédio ajudou a Itália vencer por 4 a 2 e ficar com bicampeonato. Dois anos antes, a equipe foi campeã da Olimpíada em Berlim, na Alemanha. O dono do título de “melhor seleção do mundo” havia mudado.

Convivendo com lesões durante duas temporadas, Meazza venceu mais um título italiano e a primeira Coppa Italia da história da Inter. Sem espaço, ele se transferiu para o arquirrival Milan, mas não conseguiu o mesmo sucesso. Duas temporadas depois deixou o rossonero e foi para a Juventus.

Capitão da Itália, craque recebe segunda Taça Jules Rimet azzurra, em 1938 (Keystone/Hulton Archive/Getty)

Ele ainda passou pela Atalanta antes de voltar, em 1947, para encerrar sua carreira na equipe que o projetou para o esporte. Autor de 245 gols em 398 jogos, Meazza é, sem dúvida, um dos maiores jogadores da história da Inter. Com 33 gols pela Squadra Azzurra, ele só foi superado por Luigi Riva, 40 anos depois.

Como treinador, Meazza passou pela Atalanta, pela Inter por três vezes (1947-48, 1955-56 e 1957) e pela seleção (1952-53). Peppìn também foi um dos primeiros italianos a treinar uma equipe estrangeira, o Besiktas, da Turquia.

Um perrengue daqueles: Meazza nos tempos de técnico da Pro Patria, num jogo da Serie A em Busto Arsizio (Archivi Farabola)

Em 21 de agosto de 1979, morreu apenas dois dias antes de completar 69 anos. Um ano após sua morte, o estádio San Siro ganhou o nome oficial de Giuseppe Meazza, alcunha que alguns torcedores do Milan poderiam preferir não usar, pois Peppìn fez muito mais sucesso pelo rival. Mas isso pouco importaria, já que o mito estava criado e o costume de se referir à praça esportiva pelo nome do bairro continuaria vivo.

Giuseppe Meazza
Nascimento: 23 de agosto de 1910, em Milão, Itália
Morte: 21 de agosto de 1979, em Rapallo, Itália
Posições: meio-campista e atacante
Clubes: Inter (1926-40 e 1946-47), Milan (1940-42), Juventus (1943), Varese (1944), Atalanta (1945-46)
Títulos: Serie A (1930, 1938 e 1940), Copa Internacional (1930 e 1935), Copa do Mundo (1934 e 1938) e Coppa Italia (1939)
Clubes como técnico: Atalanta (1945-46), Inter (1946-48 e 1955-57), Besiktas (1949) e Pro Patria (1949-51)
Seleção italiana: 53 jogos e 33 gols

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