Muito embora seja escrita por vencedores, a história naturalmente conta com seus desafortunados. Tratando-se de futebol italiano, por exemplo, Renato Gaúcho e Andrade são dois. Em 1988, eles saíram juntos do Flamengo e assinaram com a Roma, equipe que defenderam por apenas uma temporada.
Andrade ganhou de tudo no Flamengo: estaduais, Brasileiros, uma Libertadores e um Mundial Interclubes. Renato não deixou por menos: com o Grêmio, faturou uma Libertadores e um Mundial, além de campeonatos estaduais e, no mesmo rubro-negro de Andrade, um Brasileiro. A expectativa que cercava os dois jogadores – um experiente, outro explosivo – animou a Itália, onde se esperava uma época de ouro para os brasileiros em Roma. Fracasso total.
Portaluppi e Andrade passaram por problemas distintos: se um era lento, outro foi esperto demais. O meio-campista desembarcou na capital aos 31 anos e teve sérias dificuldades com seu físico. Vagaroso, muito vagaroso, recebeu dos torcedores o apelido inglório de moviola. Seu episódio mais famoso em Roma foi um escorregão: colocado em campo por Nils Liedholm numa partida contra o Dynamo Dresden, pela Copa Uefa, Andrade atuou alguns minutos, deslizou na neve e desabou. Logo foi substituído pelo treinador sueco. Ao todo, jogou somente nove partidas com os giallorossi na Serie A e 17 no total.
Renato, por sua vez, forçou a barra. A vida noturna na Itália se mostrava irresistível para o atacante, que até começou bem – três gols em cinco jogos na Coppa Italia –, mas não demorou para desabar. Além da Coppa, só encontrou as redes contra o Nuremberg, na primeira fase da Copa Uefa, partida em que também contribuiu com uma assistência – e da qual foi expulso, após decidi-la. Na Serie A, foram 23 jogos e nenhuma bola no barbante.
Apesar de acusar de boicote os ex-companheiros Massaro e Giannini – sobre o qual disse não ter condições de jogar na terceira divisão do futebol brasileiro -, a credibilidade de Portaluppi nunca foi alta. O que pensar de um atleta que, recém-chegado, afirma “mais que os defensores, suas mulheres devem ficar de olho aberto comigo”?
Comparado com Gullit na sua transferência, Renato voltou lembrado como um mero playboy: por viver em noitadas e cercado de mulheres, recebeu o apelido de Púbis de Ouro (Pube d’Oro), em uma brincadeira com o apelido de Maradona, El Pibe de Oro. Durante a temporada, o então presidente Dino Viola declarou publicamente o seu arrependimento por ter fechado com Renato, e não com Müller. O atacante havia se destacado no São Paulo e acertado com o Torino.
O retorno de ambos ao Brasil, entretanto, foi bem mais feliz. Em campo ou treinando, Andrade e Portaluppi se estabeleceram no futebol nacional, sem chegar perto do período soturno que viveram na capital italiana. Curiosamente, se aposentaram juntos, no Bangu, em 1999. Ao contrário do que ocorreu mp nosso país, em que também foram vencedores como técnicos, contudo, os dois certamente não entraram para um rol de vitoriosos na Itália. Acontece.
Renato Portaluppi, o Renato Gaúcho
Nascimento: 9 de setembro de 1962, em Guaporé (RS)
Posição: atacante
Clubes como jogador: Esportivo (1979-80), Grêmio (1980-86, 1991 e 1995), Flamengo (1987-88, 1989-90, 1993 e 1997-98), Roma (1988-89), Botafogo (1991 e 1992), Cruzeiro (1992), Atlético-MG (1994), Fluminense (1995-97) e Bangu (1999)
Títulos como jogador: Campeonato do Interior Gaúcho (1979), Copa Governador do Estado do Rio Grande do Sul (1980), Campeonato Gaúcho (1980, 1985 e 1986), Campeonato Brasileiro (1981), Copa Libertadores (1983), Copa União (1987; Módulo Verde), Taça Guanabara (1988 e 1989), Copa América (1989), Copa do Brasil (1990), Campeonato Mineiro (1992), Supercopa Sul-Americana (1992), Copa Rio (1993), Campeonato Carioca (1995) e Copa dos Campeões Mundiais (1997)
Clubes como treinador: Madureira (2000-01), Fluminense (2002-03, 2007-08, 2009 e 2014), Vasco (2005-07 e 2008), Bahia (2010), Grêmio (2010-11, 2013, 2016-21 e 2022-24), Atlético-PR (2011) e Flamengo (2021)
Títulos como treinador: Copa do Brasil (2007 e 2016), Copa Libertadores (2017), Recopa Sul-Americana (2018), Campeonato Gaúcho (2018, 2019, 2020, 2023 e 2024) e Recopa Gaúcha (2019 e 2023)
Seleção brasileira: 44 jogos e 5 gols
Jorge Luís Andrade da Silva
Nascimento: 21 de abril de 1957, em Juiz de Fora (MG)
Posição: volante
Clubes como jogador: Flamengo (1976 e 1979-88), ULA (1977-78), Roma (1988-89), Vasco (1989-90), Inter de Lages (1991), Atlético-PR (1991-92), Desportiva (1992-93), Linhares (1994), Operário-MT (1994), Barrerira (1995 e 1996-98), Bacabal (1995) e Bangu (1999)
Títulos como jogador: Campeonato Carioca (1978, 1979, 1979 – especial, 1981 e 1986), Taça Guanabara (1979, 1980, 1981, 1982, 1984, 1988 e 1990), Campeonato Brasileiro (1980, 1982, 1983 e 1989), Copa Libertadores (1981), Mundial Interclubes (1981), Taça Rio (1983, 1985 e 1986), Copa União (1987; Módulo Verde), Prata Olímpica (1988), Campeonato Capixaba (1992) e Campeonato Mato-Grossense (1994)
Clubes como treinador: CFZ (2001-04), Flamengo (2004, 2005 e 2009-10), Brasiliense (2010), Paysandu (2011), Boavista (2012), São João da Barra (2014), Jacobina (2015) e Petrolina (2017)
Títulos como treinador: Campeonato Brasileiro (2009)
Seleção brasileira: 11 jogos e 1 gol
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A verdade é que o Renato Gaúcho como jogador nunca ficou só conhecido pelo talento e pelos gols, e sim pelo fato de ser galanteador e estar acompanhado de belas mulheres. Já o Andrade, bem, esse aí só deu certo no Flamengo mesmo.
Não só o desempenho do Renato Gaúcho na Roma foi algo pavoroso. Na seleção brasileira também. Em 44 partidas foram apenas 5 gols. Para um atacante, esse é um desempenho medonho.
E ele ainda disse que foi muito melhor que o Cristiano Ronaldo. Claro que o CR7 tratou a frase com o deboche que merecia.