Personagem de uma dessas histórias que recheiam livros de autoajuda. Assim poderia ser definido Marcos Evangelista de Morais, o Cafu. Muito antes de declarar todo amor à esposa e erguer o pentacampeonato do Brasil, em 2002, o lateral-direito passou por tempos difíceis, que quase o fizeram desistir de se tornar jogador profissional. Afinal não é qualquer garoto de 18 anos que suporta passar por nada menos do que dez peneiras para, após ser rejeitado em nove, finalmente conseguir sua chance.
Para a sorte do futebol, que ganhou um dos melhores laterais-direitos de sua história, Cafu foi aceito, em 1989, para integrar a equipe de juniores do São Paulo – equipe que, assim como seus grandes rivais, já o havia rejeitado em outras oportunidades. Ágil e veloz, o garoto logo foi colocado para atuar pelas beiradas do campo, como atacante. Entre os garotos de sua idade, era soberano. A facilidade em cair pelas pontas e levar a bola para a área, além de uma finalização precisa e um físico invejável chamaram a atenção de Telê Santana.
Atento, o lendário treinador integrou o jovem Cafu, então com 19 anos, para atuar no estelar elenco são-paulino que ia sendo montado no início da década de 1990. O destaque das categorias de base, então, passou a fazer jus à chance concedida por Telê e mostrava o mesmo futebol explosivo que o alçou aos profissionais. Não demorou e o jovem logo se fixou entre os titulares do São Paulo. Já campeão paulista em 1989, como reserva, Cafu repetiria o feito em 1991, desta vez como titular. No mesmo ano, ainda foi campeão brasileiro pela primeira vez, garantindo passaporte para a Libertadores do ano seguinte.
Foi no torneio continental que o lateral-direito explodiu de vez, atuando como ponta-direita do time de Telê. Cafu tinha a capacidade de atacar e voltar para marcar com fôlego irreparável, fato que o levou a ser essencial taticamente para o Tricolor que em 1992 se sagraria campeão da América e na sequência do mundo, fato repetido em 1993. Destaque nas campanhas vitoriosas que colocaram o São Paulo em destaque no planeta inteiro, o jovem jogador logo despertou interesse do exterior. Porém, ficou no clube paulista até 1995, tempo para ser eleito, em 1994, o melhor jogador das Américas.
Já conhecido mundialmente após as campanhas vitoriosas do São Paulo e por ter feito parte – como reserva – do elenco do Brasil que conquistou o tetracampeonato mundial, Cafu finalmente conseguiu embarcar para o exterior. O destino, porém, não foi dos mais animadores: em 1995 o lateral foi vendido ao mediano Real Zaragoza, pelo qual disputou apenas 16 jogos. A pequena quantidade de partidas, no entanto, não o impediu de somar mais um título ao seu currículo, o da já extinta Recopa Uefa.
A passagem pela Espanha acabaria um ano depois de ter começado, com oferta da gigante multinacional Parmalat, famosa por investir no futebol durante a década de 1990. Grande parceira do Palmeiras, um dos arquirrivais são-paulinos, a empresa adquiriu os direitos de Cafu junto ao Zaragoza, fazendo com que o jogador retornasse ao Brasil. Para driblar uma cláusula imposta pelo São Paulo que impedia o retorno do lateral para qualquer um de seus rivais paulistas diretamente da Europa, a empresa italiana, então, repassou o jogador para o Juventude, clube que também patrocinava. Após disputar apenas dois jogos na equipe gaúcha, Cafu finalmente chegou ao Palmeiras.
A polêmica chegada do lateral ao time alviverde gerou revolta em dirigentes e torcedores são-paulinos, mas não atrapalhou o desempenho do jogador sob o comando do então ascendente Vanderlei Luxemburgo. Mesmo atuando mais recuado do que nos tempos de São Paulo, Cafu não teve dificuldades para se destacar, anotar seus gols e integrar o time que venceu o Paulistão de 1996 marcando mais de 100 gols em sua espetacular campanha. Feito suficiente para que os olhos de grandes times europeus voltassem a brilhar mirando o jogador. Desta vez, porém, a transferência aconteceu para um grande europeu: na janela de transferências de julho de 1997, Cafu assinou contrato com a Roma.
A trajetória do lateral na equipe da capital italiana, como esperado, foi marcada por vitórias. Titular com status de craque, Cafu assumiu a camisa 2 dos giallorossi e sem muita demora se tornou um dos ídolos daquela geração romanista. A força física que o fazia ser destaque desde o início de sua carreira logo impressionou os italianos, que passaram a se referir ao brasileiro como Il Pendolino – algo que, em português, significaria O Trem Expresso. A passagem na Roma, porém, marcava algo diferente para o jogador: ao contrário do que ocorrera em seus outros clubes, Cafu não conseguia levar a equipe aos títulos.
O panorama desfavorável, no entanto, passaria a mudar com a chegada, em 1999, do treinador Fabio Capello. Já consagrado por seus títulos no Milan e por sua passagem no Real Madrid, o técnico mudou o estilo de jogar do time capitolino, colocando em campo uma formação com três zagueiros. As mudanças passaram a ter efeito já na segunda temporada do comandante à frente dos giallorossi, 2000-01. Com Antônio Carlos Zago, Walter Samuel e Jonathan Zebina na formação da zaga romana, Cafu voltou a atuar como ala e passou a ter mais liberdade para atacar os adversários.
Avançando pela direita e formando um meio-campo que ainda contava com Francesco Totti em seu auge físico, Cafu foi fundamental para que a Roma saísse de uma fila que durava desde 1983, quando ainda com Falcão o time conquistara a Serie A. A conquista do scudetto em 2001 marcou o auge giallorosso sob o comando de Capello e com o lateral brasileiro em seu elenco. A participação do Pendolino no final da fila romana o imortalizou como um dos grandes ídolos da torcida em toda a história.
Em meio à alegria de ter conquistado o scudetto com a Roma e ter se fixado como um dos melhores jogadores em atividade no mundo, Cafu teve, no ano seguinte, o que definiu como sua maior alegria no futebol. Após fracassar com o Brasil na Copa da França, em 1998, o jogador foi escolhido pelo técnico Luiz Felipe Scolari como capitão do time que jogaria o Mundial de 2002, realizado no Japão e na Coreia do Sul. E dessa vez, nem o Brasil e nem Cafu decepcionaram, com o lateral erguendo a taça em cima de um pedestal ao final da competição, em sua maior conquista como profissional.
O retorno para a Itália com uma Copa do Mundo na bagagem colocou Cafu mais ainda como um dos gigantes do futebol mundial. Já considerado por muitos como um dos maiores laterais-direitos de toda a história, o jogador mostrava uma inteligência rara, que fazia com que a idade não pesasse em seu jogo. Vendo o craque desta forma, o Milan foi o grande responsável por acabar, ao fim da temporada 2002-03, com o ciclo do atleta na Roma.
Ao desembarcar em Milão, Cafu deu de cara com um time ainda mais forte do que sua equipe anterior – que, aliás, entrou em decadência após a saída do jogador, passando de campeã a um segundo lugar e posteriormente uma modesta oitava colocação. Com craques como Rivaldo, Maldini, Nesta e Kaká ao seu lado, o lateral finalmente conquistou o título que lhe faltava no currículo: a Liga dos Campeões da Europa. Antes, porém, Cafu voltou a se tornar campeão italiano, em 2004. Cada vez mais recuado, o atleta agora integrava um dos mais fortes sistemas defensivos do mundo. E, mesmo que com menos frequência, seguia dando suas investidas ofensivas.
A consagração máxima do lateral com a camisa rossonera, como já dito, aconteceria com a conquista da Europa, em 2007. Após uma campanha regular da equipe de Milão, um fantasma apareceria diante dos olhos do Milan na final: dois anos depois do vexame de abrir 3 a 0, ceder o empate e o título ao Liverpool, mais uma vez os ingleses eram os adversários na grande final. Traumas superados, Cafu e seu time conseguiram levar para a Itália o sétimo troféu rossonero da Liga dos Campeões. O lateral, então, tinha seu currículo completo.
Campeão em simplesmente todos os times pelos quais passou, Cafu encerrou sua carreira em 2008, da forma que merecia. Em sua última partida o lateral-direito enfrentou, jogando pelo Milan, a Udinese. Marcou o último dos quatro gols rossoneri e deu adeus ao futebol. Hoje, dedica-se à Fundação Cafu, entidade que mantém para ajudar jovens carentes na zona sul de São Paulo.
Marcos Evangelista de Moraes, o Cafu
Nascimento: 7 de junho de 1970, em São Paulo (SP)
Posição: lateral-direito e ponta-direita
Clubes: São Paulo (1989-95), Real Zaragoza (1995), Juventude (1995), Palmeiras (1995-97), Roma (1997-2003) e Milan (2003-08)
Títulos: Campeonato Paulista (1989, 1991, 1992 e 1996), Campeonato Brasileiro (1991), Copa Libertadores (1992 e 1993), Mundial Interclubes (1992, 1993 e 2007), Recopa Sul-americana (1993 e 1994), Supercopa Libertadores (1993), Copa do Mundo (1994 e 2002), Recopa Uefa (1995), Copa América (1997 e 1999), Copa das Confederações (1997), Serie A (2001 e 2004), Supercopa Italiana (2001 e 2004), Supercopa Europeia (2003 e 2004) e Liga dos Campeões (2007)
Seleção brasileira: 148 jogos e cinco gols
Grande Cafu, um exemplo de profissional, um exemplo de pessoa.
Acho que ele e o Giggs dao um briga boa no criterio titulos, Giggs (31titulos) ganha em numeros mas Cafu (26) tem 2 de maxima expressao.
Obs: Além de ser o único jogador na história do futebol a ter jogado três finais de Copa do Mundo, vale lembrar que essas participações de Cafu em decisões ocorreram consecutivamente (1994, 1998 e 2002), feito que certamente será muito difícil de ser superado.
Giggs É o jogador com mais títulos no mundo , Com 31 Títulos Superou a marca de 30 Título de Pelé , Maior Jogador Da História do Futebol.
Fonte: Wiki
Ab, valeu.