Sem a Itália na recém-terminada Copa do Mundo de 2018, o que sobra para um site especializado em futebol italiano? Analisar a participação dos jogadores da Serie A na competição, é claro.
O campeonato do Belpaese cedeu 58 atletas para 21 das 32 seleções que disputaram o torneio na Rússia e consagrou um campeão mundial: Blaise Matuidi, da Juventus. A Serie A também contou com dois dos maiores destaques da competição, os atacantes Ivan Perisic e Mario Mandzukic, vice-campeões com a Croácia. Os dois croatas também foram os jogadores do campeonato que mais ficaram em campo na Copa – 632 minutos para o primeiro e 612 para o segundo.
Os croatas também colaboraram com estatísticas encabeçadas por clubes italianos. Graças a Perisic e Marcelo Brozovic, a Inter teve representantes em campo numa final de Copa do Mundo pela décima vez consecutiva: desde 1982, as decisões contam com ao menos um jogador da Beneamata e do Bayern de Munique, algo inédito. Além disso, a própria equipe nerazzurra é aquela cujos atletas mais anotaram gols em finais de Copas – com o gol de Perisic, são oito. Logo em seguida vem a Juventus, que chegou a seis após o tento de Mandzukic.
O nosso balanço está dividido em cinco categorias de desempenho: excelente, bom, regular, ruim e “vítimas do sistema”. Esta última é dedicada a jogadores que não entraram em campo ou foram utilizados a conta-gotas na competição.
Excelente desempenho
Torreira (Uruguai/Sampdoria), Laxalt (Uruguai/Genoa), Perisic (Croácia/Inter) e Mandzukic (Croácia/Juventus)
Após uma temporada em altíssimo nível na Serie A, Perisic e Mandzukic continuaram a se destacar na Rússia. Os dois terminaram a Copa como artilheiros da Croácia (três gols cada) e também se tornaram os segundos maiores goleadores de seu país em Mundiais (ambos marcaram cinco, um a menos que Davor Suker). Cresceram na reta final da competição e, evidentemente, nem de longe os lances acidentais da final apagam a ótima forma mostrada na competição – até porque, vale lembrar, os dois deixaram sua marca também contra os franceses.
Outros dois jogadores do Campeonato Italiano que fizeram grande Copa do Mundo foram os uruguaios Torreira e Laxalt. A dupla ganhou a titularidade na terceira rodada da fase de grupos e mudou o ritmo do time de Óscar Tabárez, eliminado nas quartas pela campeã mundial.
Bom desempenho
Cáceres (Uruguai/Lazio), Vecino (Uruguai/Inter), Bentancur (Uruguai/Juventus), Matuidi (Juventus), Hallfredsson (Islândia/Udinese), Brozovic (Croácia/Inter), Miranda (Brasil/Inter), Behrami (Suíça/Udinese), Dzemaili (Suíça/Bologna), Milenkovic (Sérvia/Fiorentina), Kolarov (Sérvia/Roma), Koulibaly (Senegal/Napoli) e Cuadrado (Colômbia/Juventus)
Entre os muitos jogadores da Serie A que fizeram uma boa Copa, os maiores destaques ficam por conta de Matuidi e Brozovic, que ganharam posição no decorrer do torneio e possibilitaram importantes mudanças táticas em suas seleções. Brozo, inclusive, se destacou por uma característica que raramente mostrou na Inter: a quantidade de quilômetros percorridos durante as partidas.
Surpreende o número de jogadores eliminados na primeira fase neste patamar. Entre eles, dois tiveram grandes atuações, parando craques mundiais na rodada inaugural: Hallfredsson anulou Lionel Messi e Behrami colocou Neymar no bolso.
Desempenho regular
Benatia (Marrocos/Juventus), Stryger Larsen (Dinamarca/Udinese), Strinic (Croácia/Sampdoria), Badelj (Croácia/Fiorentina), Pjaca (Croácia/Juventus), Alisson (Brasil/Roma), Douglas Costa (Brasil/Juventus), Lichtsteiner (Suíça/Juventus), Rodríguez (Suíça/Milan), González (Costa Rica/Bologna), Milinkovic-Savic (Sérvia/Lazio), Ljajic (Sérvia/Torino), Krafth (Suécia/Bologna), Hiljemark (Suécia/Genoa), Lee Seung-woo (Coreia do Sul/Verona), Mertens (Bélgica/Napoli), Bereszynski (Polônia/Sampdoria), Kownacki (Polônia/Sampdoria) e Niang (Senegal/Torino)
Neste patamar encontram-se jogadores que não se destacaram: nem comprometeram nem fizeram grande Mundial. Alguns dos atletas supracitados, porém, poderiam ter sido mais importantes para suas seleções. Nos referimos especificamente a Alisson, Milinkovic-Savic e Mertens, grandes destaques da Serie A. O baixinho belga até estreou com gol diante do Panamá, mas caiu de produção ao longo da Copa e foi um dos sacrificados por Roberto Martínez na tentativa de equilibrar o time belga.
Menos produtivas foram as atuações dos dois primeiros citados. Na Rússia, o goleiro da Roma foi bem protegido pelo ótimo sistema defensivo da Seleção e nada pode fazer quando este muro ruiu – na bola aérea, contra Suíça e Bélgica, e no contra-ataque fulminante dos Diabos Vermelhos. Acabou terminando a Copa do Mundo sem nenhuma defesa. Milinkovic-Savic, rival de Alisson na Cidade Eterna e na fase de grupos, foi tardiamente integrado ao elenco da Sérvia e sofreu para se adaptar no Mundial, no qual realizou funções diferentes das que está acostumado a executar na Lazio. Só foi bem mesmo contra a Costa Rica.
Desempenho ruim
André Silva (Portugal/Milan), Cornelius (Dinamarca/Atalanta), Fazio (Argentina/Roma), Biglia (Argentina/Milan), Higuaín (Argentina/Juventus), Kalinic (Croácia/Milan), Khedira (Alemanha/Juventus), Szczesny (Polônia/Juventus), Thiago Cionek (Polônia/Spal), Zielinski (Polônia/Napoli) e Milik (Polônia/Napoli)
Como era de se esperar, presença em peso de argentinos e poloneses na lista. É importante notar a presença inesperada de três jogadores da Juventus, heptacampeã italiana. Higuaín deixa o Mundial (e a seleção?) sem marcar um gol sequer, Khedira foi um dos piores na pífia campanha alemã (fez dois jogos muito ruins e acabou substituído precocemente em ambos) e Szczesny levou cinco gols na Rússia. Além disso, falhou em dois deles e retornará a Turim pressionado pela sombra de Mattia Perin.
Por sua vez, o milanista Kalinic proporcionou o mico da Copa do Mundo e, por isso, foi classificado na lista dos que tiveram participação ruim mesmo sem ter entrado em campo. O atacante se negou a entrar em campo nos minutos finais da vitória da Croácia sobre a Nigéria, alegando dor nas costas, e foi cortado do grupo por Zlatko Dalic. Com isso, não fez parte da histórica campanha da seleção eslava.
Vítimas do sistema
Mário Rui (Portugal/Napoli), Reina (Espanha/Napoli), Ansaldi (Argentina/Torino), Dybala (Argentina/Juventus), Obi (Nigéria/Torino), Simy (Nigéria/Crotone), Freuler (Suíça/Atalanta), Helander (Suécia/Bologna), Rohdén (Suécia/Crotone), Linetty (Polônia/Sampdoria), Gomis (Senegal/Spal) e Zapata (Colômbia/Milan)
Dois dos jogadores dessa lista foram verdadeiras vítimas da teimosia dos seus treinadores: Dybala e Linetty. A joia da Juventus ganhou apenas 22 minutos de Jorge Sampaoli em toda a Copa do Mundo, na derrota por 3 a 0 contra a Croácia. No restante do torneio, foi preterido por jogadores como Enzo Pérez e Maxi Meza. Absurdo.
Na Polônia, Linetty também sofreu com o treinador. Adam Nawalka não levou em consideração a ótima temporada do meio-campista pela Sampdoria e morreu abraçado a Jacek Góralski e Grzegorz Krychowiak – este último, ótimo jogador, mas em má fase há algum tempo. Não à toa, os polacos perderam em criação, qualidade no passe e combate no setor, concluindo a Copa com um futebol decepcionante.
Bônus: seleção da Copa do Mundo
Courtois (Bélgica); Vrsaljko (Croácia), Varane (França), Vida (Croácia), Laxalt (Uruguai); Kanté (França), Modric (Croácia); Hazard (Bélgica), Griezmann (França), Perisic (Croácia); Mbappé (França). Técnico: Deschamps (França).
Reservas: Pickford (Inglaterra), Schmeichel (Dinamarca), Mário Fernandes (Rússia), Trippier (Inglaterra), Godín (Uruguai), Thiago Silva (Brasil), Pogba (França), Rakitic (Croácia), Cheryshev (Rússia), Mandzukic (Croácia), Lukaku (Bélgica), Cavani (Uruguai).
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