Serie A

4ª rodada: Cristiano Ronaldo desencanta e Juve lidera com 100% de aproveitamento

Os apostadores e os fãs já estavam frustrados. Nas três primeiras rodadas, Cristiano Ronaldo passou perto de desencantar com a camisa da Juventus, mas não deixou a sua marca. No quarto final de semana, porém, a Velha Senhora encarou um freguês contumaz e, finalmente, o craque tirou o peso das costas e manteve sua equipe na liderança da competição. A Juve é seguida pelo Napoli e pela surpreendente Spal, ao passo em que Inter, Milan e Roma continuam tropeçando. Confira no resumo da rodada.

Juventus 2-1 Sassuolo
Cristiano Ronaldo e Cristiano Ronaldo (Can) | Babacar (Dell’Orco)

Tops: Cristiano Ronaldo (Juventus) e Locatelli (Sassuolo) | Flops: Douglas Costa (Juventus) e Ferrari (Sassuolo)

Demorou, mas saiu: finalmente Cristiano Ronaldo marcou pela Juventus. Foram dois, mas poderiam ter sido ainda mais, visto que o craque português desperdiçou outras oportunidades. Com a doppietta de CR7, a Juve continua isolada na liderança, já que é o único time com 100% de aproveitamento na Serie A.

O primeiro tempo foi surpreendentemente complicado para a Juve, que viu o Sassuolo endurecer e rebater as poucas chances criadas pelos bianconeri. Sem Pjanic, poupado, a Velha Senhora teve dificuldades para quebrar as linhas e só ficou mesmo perto do gol quando Lirola quase fez contra e obrigou Consigli a agir com reflexos apurados. A defesa neroverde também foi fulcral para o gol de Ronaldo. Em jogada de escanteio, Ferrari errou feio e cabeceou a bola contra a própria trave; no rebote, com o gol vazio, Cristiano conferiu. Com a vantagem, a Juve se soltou e ampliou 15 minutos depois, quando Can puxou ataque e passou para o português bater cruzado, sem chances para o goleiro.

No final do jogo, a Juventus quase se complicou. Babacar criou dificuldades para a defesa e, aproveitando um vacilo de Bonucci, diminuiu o placar. No lance, Di Francesco e Douglas Costa se enrolaram e continuaram discutindo. O brasileiro perdeu a cabeça e tentou agredir o adversário com uma cotovelada e uma cabeçada, para por fim cuspir em seu rosto. O árbitro só havia dado amarelo e não viu a cusparada, mas o VAR interveio e o jogador da Seleção acabou expulso.

Napoli 1-0 Fiorentina
Insigne (Milik)

Tops: Allan (Napoli) e Dragowski (Fiorentina) | Flops: Mertens (Napoli) e Pezzella (Fiorentina)

Embora sejam times ofensivos, Napoli e Fiorentina não têm feito duelos com muitos gols recentemente. Esta tônica se repetiu num San Paolo às moscas, por causa de um protesto das organizadas dos azzurri pelo alto preço cobrado pelos ingressos. O clima frio nas tribunas combinou com uma partida soporífera, que só melhorou na metade final do segundo tempo, depois que Ancelotti sacou Mertens e deu espaço para Milik.

Antes disso acontecer, Carletto experimentou Insigne como centroavante, mas a tática não deu certo – até pela falta de inspiração de Mertens. A Fiorentina esperava em seu campo e buscava sair em contragolpes, mas nunca incomodou a defesa napolitana: antes de a bola chegar lá, Allan a roubava. Quando a partida caminhava para um empate sem gols, Milik saiu da área, puxou a marcação e acionou Insigne, que entrou em diagonal e deslocou o goleiro Dragowski. No final, o arqueiro polonês ainda fez bela defesa frente a frente ao compatriota Zielinski. Com a vitória, os napolitanos chegaram aos 9 pontos; a Fiorentina tem 6.

Douglas Costa prepara a cusparada em Di Francesco (Getty Images)

Inter 0-1 Parma
Dimarco

Tops: Dimarco e Stulac (Parma) | Flops: Brozovic e Dalbert (Inter)

Os últimos duelos entre Inter e Parma guardavam bastante equilíbrio no número de vitórias para cada lado e também nas atuações das equipes. No San Siro, não foi bem assim. Num jogo de ataque contra defesa, os nerazzurri não foram competentes para marcarem seu gol e perderam por causa de um jogador que eles mesmos emprestaram aos visitantes. Com um tirambaço de fora da área, Dimarco anotou o seu primeiro como profissional e ainda deu ao Parma a segunda vitória contra a Inter em 25 confrontos realizados no estádio de Milão.

A partida, que teve baixo nível técnico e uma Inter muito previsível, concentrada em repetir cruzamentos à exaustão, também ficou marcada por erros de arbitragem. Gagliardini escapou de um cartão vermelho no primeiro tempo e o árbitro Manganiello não observou um toque de mão de Dimarco quase em cima da linha, que tirou gol de Perisic – nem foi alertado pelo VAR. Sem álibis, a Inter deve repensar suas estratégias: em quatro partidas (contra Sassuolo, Torino, Bologna e Parma) soma apenas 4 pontos. Os ducali, por sua vez, trilham um caminho positivo em seu retorno à elite e também têm 4, com boas atuações realizadas.

Cagliari 1-1 Milan
João Pedro | Higuaín

Tops: Barella (Cagliari) e Suso (Milan) | Flops: Padoin (Cagliari) e Bonaventura (Milan)

O Cagliari é um freguês histórico do Milan – venceu apenas um dos 30 últimos jogos –, mas nem parecia nos minutos iniciais. Os rossoblù começaram a partida com todo o gás e em 16 minutos já haviam aberto o placar e acertado a trave duas vezes. Surpreendidos, os rossoneri demoraram para entrar no jogo e conseguiram sair da Sardenha com apenas um empate.

O primeiro gol do jogo saiu num contra-ataque mortal do Cagliari. Pavoletti recebeu em profundidade e soltou uma bomba cruzada, que explodiu na trave e caiu nos pés de João Pedro. O brasileiro, escalado como titular de maneira surpreendente, aproveitou o rebote e marcou em sua volta após uma suspensão de seis meses, por doping. Aos 16, o garoto Barella, que dominou o meio-campo durante todo o confronto, acertou um balaço no mesmo pé da trave em que Pavoletti finalizara anteriormente, e quase ampliou. Depois disso o Milan entrou no jogo e perdeu duas chances com Bonaventura, e empatou aos 10 da etapa final, quando Kessié pressionou a saída de bola adversária e proporcionou a Higuaín o seu primeiro com a camisa rossonera e o oitavo contra o Cagliari. Pipita ainda teve outra oportunidade, mas o goleiro Cragno foi bem e defendeu. O jovem arqueiro sardo ainda fez uma bela defesa nos minutos finais, com as pontas dos dedos, em chute perigoso de Suso.

Roma 2-2 Chievo
El Shaarawy (Florenzi) e Cristante (Dzeko) | Birsa (Rigoni) e Stepinski

Tops: Sorrentino e Stepinski (Chievo) | Flops: Kolarov e Nzonzi (Roma)

E a Roma romou. O time não tem respondido em casa: pela primeira vez desde 2015 empatou três jogos seguidos no Olímpico, onde ainda não ganhou em 2018-19. Os problemas defensivos também são grandes e até mesmo um time habitualmente pouco criativo, como o Chievo, causou severos apuros à linha defensiva giallorossa, que é comandada pelo goleiro Olsen e já sofreu sete gols no campeonato. Não à toa, a torcida vaiou o time após o apito final.

A partida parecia resolvida para a Roma no primeiro tempo. Afinal, logo aos 10 minutos El Shaarawy, de primeira, completou um perfeito cruzamento de Florenzi e anotou o sexto gol na carreira contra o Chievo. Aos 30, Dzeko fez belo trabalho como pivô e serviu Cristante, que desencantou pelo novo clube. A partir daí, o goleiro Sorrentino evitou que os romanos fizessem o terceiro – negou chances de Pellegrini, Ünder e Dzeko. Como não estava morto, o Chievo cometeu o crime. Descontou com Birsa, com linda finalização de fora da área, e empatou depois de pixotada de Kolarov: o sérvio quase fez contra e, no rebote que Olsen foi obrigado a dar, ainda desviou o chute de Stepinski e tirou o goleiro da jogada. O sueco ainda salvou a Roma no final, espalmando uma finalização com efeito de Giaccherini. A bola ainda tocou no travessão antes de sair.

Higuaín comemora o seu primeiro gol pelo Milan (Getty Images)

Frosinone 0-5 Sampdoria
Quagliarella (Barreto), Caprari (Quagliarella), Defrel (Andersen), Kownacki (pênalti) e Defrel (Ramírez)

Tops: Defrel e Quagliarella (Sampdoria) | Flops: Salamon e Brighenti (Frosinone)

A Sampdoria não vencia um caçula como visitante desde 2014. Após 12 jogos de jejum, a equipe genovesa encontrou um adversário frágil o suficiente não só para quebrar o tabu como para chegar a uma goleada. Pela facilidade em criar jogadas, levar perigo aos adversários e marcar gols, a Samp vai se apresentando como sensação da temporada: são oito tentos anotados e apenas um sofrido. Já o Frosinone não balançou as redes nenhuma vez em quatro jogos.

Os dorianos abriram o placar logo aos 10 minutos, com Quagliarella, mas o Frosinone tentou reagir e chegou a acertar a trave na sequência. No primeiro tempo, os ciociari até equilibraram o confronto, mas foram trucidados após o intervalo. Barreto e Linetty dominaram o meio-campo e a velocidade nas transições e na troca de passes na intermediária dos mandantes foram a chave para o triunfo blucerchiato. Em nove minutos, os bonitos gols de Caprari e Defrel decidiram o jogo, mas ainda houve espaço para Kownacki deixar o seu e o ex-jogador da Roma assumir a artilharia do campeonato, ao lado de Piatek, do Genoa.

Empoli 0-1 Lazio
Parolo

Tops: Strakosha e Lucas Leiva (Lazio) | Flops: Zajc e Caputo (Empoli)

O jogo no Carlo Castellani colocou frente a frente os times que marcaram mais gols na Itália na última temporada: a Lazio fez 89 na Serie A e o Empoli anotou 88 na segundona. Como os dois elencos foram pouco modificados em relação a 2017-18, a promessa era de muitas bolas na rede – o que não aconteceu por incompetência dos ataques. Os dois times conseguiram criar chances suficientes para que o placar fosse mais elástico, mas não as aproveitaram por falta de pontaria.

No primeiro tempo o Empoli foi melhor e, aos 30, chegou perto de marcar. Strakosha foi providencial em chute cara a cara de Acquah e só observou Zajc isolar no rebote. Logo antes do intervalo, Milinkovic-Savic levou perigo ao finalizar de calcanhar e, no escanteio que sucedeu à tentativa, Wallace acertou a trave. A Lazio voltou do intervalo animada pelos lances e abriu o placar depois que Parolo, meio sem querer, completou um cruzamento desviado de Lulic. Com a desvantagem, o time da casa intensificou as ações ofensivas e até incomodou com boa movimentação, mas pontaria descalibrada. Nos acréscimos, intensidade: Correa acertou a trave e, na sequência, Marusic perdeu a chance de ampliar. No último suspiro da partida, Strakosha fez a defesa da rodada: esticou o pé e, à queima-roupa, pegou finalização de Caputo.

Spal 2-0 Atalanta
Petagna e Petagna

Tops: Petagna e Lazzari (Spal) | Flops: Gómez e Rigoni (Atalanta)

Que maneira de celebrar as reformas no estádio Paolo Mazza! Diante de sua torcida, que agora frequenta uma arena com 16 mil lugares totalmente cobertos, os estensi chegaram a três vitórias em quatro rodadas, e agora dividem a segunda posição da Serie A com o Napoli. Quem diria?

Spal e Atalanta fizeram um primeiro tempo bastante disputado, mas com poucas chances claras de gol. nsatisfeito com a equipe na etapa inicial, Gasperini chegou até a fazer uma mudança antes do intervalo, ao sacar Rigoni e proporcionar a Ilicic a sua estreia na temporada. Não adiantou: após o intervaloo time da casa decidiu o jogo com Petagna, que anotou sua primeira doppietta na Serie A contra o seu antigo clube. Aos 50, o centroavante aproveitou o rebote de Gollini em um lance de falta e desencantou pela equipe de Ferrara. Seis minutos depois, o centroavante puniu a Dea novamente, com um chute forte, que desviou na defesa e encobriu o goleiro.

Defrel é um dos artilheiros do campeonato até agora, ao lado de Piatek (LaPresse)

Udinese 1-1 Torino
De Paul (Pussetto) | Meïté (Soriano)

Tops: De Paul (Udinese) e Meïté (Torino) | Flops: Teodorczyk (Udinese) e Zaza (Torino)

Num jogo travado, em que as defesas prevaleceram sobre os ataques, o grande destaque ficou por conta de um erro crasso do experiente árbitro Valeri – logo ele, que foi um dos italianos designados para o VAR na Copa do Mundo. Logo aos 11 minutos, ele não cumpriu o protocolo da vídeo-arbitragem e apitou um impedimento antes de a jogada ser concluída, como a Fifa exige. Berenguer não estava impedido e teve um gol mal anulado, o que levou o Torino a reclamar, com razão.

Ainda no primeiro tempo a Udinese abriu o placar, depois de Pussetto roubar uma bola no campo de defesa e puxar contra-ataque devastante. O argentino serviu o compatriota De Paul, que arriscou de fora da área e anotou o seu terceiro no campeonato. Pouco incisivo, o Toro encontrou dificuldades para ameaçar porque a dupla formada por Zaza e Belotti não se entendia bem. Até que, no início do segundo tempo, o ótimo Meïté acertou um chute de rara felicidade e deixou tudo igual. A falta de criatividade imperou dali em diante e o empate acabou sendo justo.

Genoa 1-0 Bologna
Piatek (Criscito)

Tops: Piatek e Biraschi (Genoa) | Flops: Destro e Pulgar (Bologna)

No jogo mais fraco da rodada, bastou o brilho do goleador Piatek para que um Genoa preguiçoso conseguisse vencer a pior equipe da temporada até então. O Bologna de Pippo Inzaghi é confuso, desorganizado e, principalmente, improdutivo: não marcou nenhuma vez em quatro rodadas e, a rigor, só teve uma chance clara de gol até agora, diante da Inter.

No Marassi, a melhor oportunidade do time bolonhês foi uma falta cruzada com força, em direção ao gol, que o goleiro Marchetti rebateu toscamente para o meio da própria área. Nesse momento, o Genoa já havia aberto o placar. Piatek chegou ao quarto gol na Serie A (o oitavo na temporada) após receber de Criscito na entrada da área e colocar no canto de Skorupski. Graças ao camisa 9, os genoanos já somam duas vitórias em três partidas realizadas.

Seleção da rodada
Strakosha (Lazio); Cancelo (Juventus), Andersen (Sampdoria), Colley (Sampdoria), Dimarco (Parma); Allan (Napoli), Barella (Cagliari); Defrel (Sampdoria), Quagliarella (Sampdoria), Ronaldo (Juventus); Petagna (Spal). Técnico: Leonardo Semplici (Spal).

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