A Serie B 2019-20 está acontecendo há quase dois meses e, após sete rodadas disputadas, a avaliação do torneio é a de praxe: a competição, sempre imprevisível, está fundada em muito equilíbrio. A segundona voltou a ter 20 equipes depois de 16 anos, devido ao caos da temporada passada, e ainda não teve um líder absoluto. Quatro equipes diferentes a lideraram de forma isolada, mas apenas por uma rodada cada uma. Nas últimas posições, cinco times têm a mesma pontuação.
Depois de Virtus Entella, Ascoli e Empoli sentirem o gosto da liderança, o Benevento de Pippo Inzaghi tomou a ponta na última rodada, após uma derrota dos toscanos para o novato Pordenone. O time campano é o dono da defesa menos vazada da competição e, além disso, é o único invicto do campeonato: sua largada confirma a condição de favorito ao acesso.
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Buscando a volta à Serie A depois de dois anos, os bruxos receberão o Perugia do professor Massimo Oddo e do artilheiro Pietro Iemmello neste final de semana, num duelo que vale a liderança da segundona. Os umbros – assim como Crotone, Empoli e Salernitana – têm somente um ponto a menos do que o Benevento, mas precisam pensar a longo prazo. É que o grande desafio dos grifoni será manter a boa toada até os últimos momentos da Serie B: afinal, a equipe vem perdendo força no final do campeonato e batendo na trave pelo acesso à elite desde o seu retorno à segundona, em 2014.
Por sua vez, o Crotone vem embalado depois de terminar a última temporada em alta, arquivando a luta contra o rebaixamento. Na atual Serie B, o time calabrês vem de três vitórias seguidas. A Salernitana, treinada pelo homem mais odiado do futebol italiano – o inominável Gian Piero Ventura –, mais uma vez começou o ano em alta e tenta melhorar a campanha do ano passado. Na ocasião, sucumbiu ainda no primeiro semestre e brigou para não cair. Dessa vez, é uma das principais candidatas ao acesso, juntamente a Benevento e Empoli.
Logo abaixo da turma dos 14 pontos estão Ascoli e Cittadella, com 12. O time marquesão montou um elenco bastante competitivo e começou bem o ano, com quatro vitórias em cinco rodadas, mas vem de duas derrotas seguidas e perdeu a liderança. Ao menos, não deve brigar para não cair, como lhe ocorreu desde 2015, quando subiu da terceirona. Por sua vez, a equipe do interior do Vêneto segue brigando na parte de cima da tabela, mesmo com o modesto elenco guiado pelo intocável Roberto Venturato, o treinador mais duradouro do futebol italiano – desde 2015 no clube. O Cittadella, que chegou aos playoffs de acesso em 2017, 2018 e 2019, vem de três vitórias seguidas.
Com apenas um ponto a menos, Pordenone e Entella mostram que não sentiram muito a mudança da Serie C para a segundona. Os neroverdi, inclusive, estão estreando na competição e fazem campanha acima da expectativa, com destaque para a vitória sobre o favorito Empoli na última rodada. Já os lígures chegaram a liderar o campeonato depois de três vitórias por 1 a 0 no início, mas desde então já somam quatro rodadas de jejum.
Com 10 e 9 pontos, Chievo, Pescara, Cremonese, Pisa e Venezia integram o meio da tabela e têm objetivos diferentes, apesar da proximidade. De volta à Serie B depois de 12 anos na elite, o Chievo perdeu apenas uma partida, mas também não venceu muitas (apenas duas) e, após sequência de empates, conseguiu uma virada incrível sobre o Livorno fora de casa. Seguindo o legado de Zdenek Zeman, o Pescara segue movimentando as partidas, mas, como o Chievo, entrega resultados inferiores às expectativas de seus torcedores. As duas equipes têm condições de brigar mais fortemente pelo acesso.
O discurso é diferente quando analisamos Cremonese, Pisa e Venezia. Os lombardos, em que pese o elenco experiente, estão dentro da sua realidade – ainda que a diretoria tenha se mostrado descontente com Massimo Rastelli e protagonizado a primeira troca de comando na Serie B, ao demiti-lo e contratar Marco Baroni. Já os toscanos ainda aproveitam a gordura do bom início de temporada e os gols do artilheiro Michele Marconi, depois de retornar à segundona após dois anos na terceira divisão. O mesmo vale para os venezianos, que foram salvos da Serie C pela exclusão do Palermo e tiveram um mercado mais modesto, depois de o empresário Joe Tacopina cortar os gastos.
Mais distante dessa turma, o Frosinone decepciona e vem de cinco jogos sem vitórias. A diretoria manteve a base do time que disputou a Serie A e entregou um competitivo a Alessandro Nesta, mas não vem obtendo resultados. A equipe do Lácio é a primeira fora das brigas contra o rebaixamento: todos os últimos cinco colocados amargam apenas quatro pontos. O curioso é que, pelos critérios de desempate, o modesto Cosenza, o único que não venceu um jogo sequer, abre o pelotão, na 16ª posição.
Por outro lado, Spezia, Livorno, Trapani e Juve Stabia têm campanhas semelhantes e perderam cinco vezes cada. Enquanto o Spezia parece o único cão perdido – abaixo do que deveria ser sua realidade, com três derrotas seguidas –, o Livorno não melhorou muito sua situação para ter vida mais tranquila nesta temporada e volta a brigar apenas pela permanência. Único siciliano na liga, o Trapani parece destinado a retornar rapidamente para a Serie C, assim como a Juve Stabia, da Campânia, que está de volta à segunda divisão após cinco anos.
Já que falamos em geografia, não poderia passar despercebido o curioso fato de que nenhuma equipe da Emília-Romanha está na liga – algo que nunca havia acontecido nesta década, por exemplo. A região, uma das mais tradicionais e recheadas de clubes nas principais divisões, é a mais representada na Serie A, junto com a Lombardia (quatro equipes cada). Contudo, depois do rebaixamento do Carpi, na última temporada, acabou ficando sem jogos da Serie B.