Direto da Itália Extracampo

Palco do ‘caos covid’ de março, Parma reabre estádio com mil torcedores (e mil regras)

O estádio Ennio Tardini, de Parma, estava com as portões fechadas aos torcedores desde 9 de fevereiro, quando os gialloblù perderam para a Lazio por 1 a 0. Naquela época, que hoje parece um grande velho normal, 17.859 pessoas acompanharam a partida, um dos melhores públicos da arena na temporada. O Parma até tentou receber seus torcedores na partida contra o Spal, em 8 de março, mas, depois de idas e vindas entre decisões de autoridades, a partida começou com atraso e sem torcida, no momento mais baixo da última Serie A.

Neste domingo (6/9), sete meses depois – e com a sensação de que alguns anos se passaram – o Tardini voltou a se abrir para os torcedores. Mais precisamente, para mil pessoas que compraram seus ingressos pela internet, com lugares marcados e nomeados. Tudo para cumprir as várias regras que constam no decreto legislativo n. 198, de 7 de agosto de 2020, mais um documento que estipula medidas sanitárias para evitar que a crise da covid-19 volte a matar milhares por dia na Itália. E para ver o Parma levar 2 a 0 do Empoli, que está na Serie B.

Com as autorizações dos órgãos de segurança da prefeitura de Parma, a partida só poderia ocorrer com um limite máximo de mil torcedores. Além dos ingressos numerados e nomeados, era obrigatória a apresentação de um documento na entrada. Os torcedores também deveriam medir a temperatura e permanecer de máscara durante todo o tempo. Cada setor tinha seus kits de higiene controlados pelos stewards.

Os bilhetes foram divididos em dois setores com capacidade para 500 torcedores. Os preços variavam entre 5 e 10 euros, ou seja, de R$ 30 a R$ 60 na cotação desta segunda-feira.

Sem torcida organizada

As regras afastaram as torcidas organizadas do Parma da partida e geraram protestos. O grupo Ultra Boys Parma decidiu boicotar o amistoso. “Infelizmente, a situação de emergência nos obriga a acompanhar a partida como a plateia de um teatro, o que não faz parte do nosso jeito”, escreveu a agremiação, em uma nota. “Ainda que relutantes, permaneceremos fora do Tardini esperando as condições sanitárias necessárias para que voltemos a torcer.”

Tifo e aggregazione così ci piace vivere lo stadio

L'amichevole di domenica con l'Empoli prevede la parziale riapertura dello StadioTardini.Legittimamente il Parma Calcio sperimenta la possibilità di far presenziare il pubblico alla partita in attesa di ulteriori disposizioni normative.Ma questo modo di assistere alla partita non è il nostro modo di parteciparvi.Il tifo è aggregazione, è cantare abbracciati, è piangere o godere insieme, spalla contro spalla nei momenti buoni come in quelli più complicati.Le disposizioni in vigore, come il posto fisso e la distanza, ci impediscono quindi di fare il tifo come abbiamo sempre fatto.Purtroppo l'emergenza costringe a vivere la Curva come una platea di un teatro, non è il nostro modo, non è da Boys. Resteremo quindi a malincuore fuori dal Tardini, in attesa che tornino le condizioni sanitarie, per tornare a fare il tifo nella nostra Curva Nord Matteo Bagnaresi.

Gepostet von CrUsAdErS am Samstag, 5. September 2020

Este retorno, na melhor das hipóteses, vai começar a ocorrer no fim de setembro. É o que espera o ministro do Esporte, Vincenzo Spadafora. Em entrevista à Rai Sport nesta segunda-feira (7), ele afirmou que os próximos passos dependem de como a Itália deve reagir à reabertura das escolas, que começaram a receber os alunos no início do mês, depois de passarem quase sete meses fechadas.

“Acredito que, até o fim de setembro, teremos os elementos para pensar em uma eventual reabertura com público. Enquanto isso, espero que sejam permitidas as partidas com até mil espectadores, como acontece nos shows e no teatro”, disse o ministro.

Prejuízo econômico

Assim como a torcida organizada e o ministro, os diretores financeiros dos clubes não veem a hora de ver tudo voltar ao normal. A maioria dos contratos com patrocinadores e fornecedores se encerrou em 30 de junho, quando a temporada ainda não havia acabado, com a necessidade de prorrogações e novos acertos.

Os impactos de uma parada tão longa vão além dos ingressos e dos patrocinadores. Incluem direitos de transmissão, mercado de apostas e produtos licenciados, por exemplo. Em abril, a estimativa da Serie A era de uma perda de 430 milhões de euros (cerca de R$ 2,6 bi) envolvendo só direitos de TV – a Sky, principal parceira comercial da liga na Itália, até agora ainda não terminou de pagar a temporada passada. Na coluna da planilha destinada aos ingressos, espera-se um prejuízo de 28 milhões de euros, em média, para cada time da primeira divisão.

O coronavírus na Itália

Apesar de a fase mais aguda da covid-19 parecer já ter ficado para trás, a Itália vê os números de contágio aumentarem a cada dia, principalmente depois das férias de verão, em agosto, quando praias, lagos e bares lotaram. No domingo, 6 de setembro, quando o Parma reabriu para alguns torcedores, o número de novos positivos chegava a 1.297, o maior desde maio. Sete pessoas morreram entre sábado e domingo.

No dia seguinte, o número de contágios chegou a cair para 1.108, mas as mortes subiram para 12. As escolas – fechadas desde o fim de fevereiro em algumas regiões – reabriram nesta segunda-feira (7), com medidas de segurança. As autoridades acompanham a curva epidemiológica para implementar novas ações, mas, por enquanto, um novo lockdown está descartado.

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