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Giovanni Francini integrou o maior Napoli da história e foi importante em ‘noites europeias’

Vitorioso, seguro e extremamente dedicado, Giovanni Francini é considerado, até hoje, como um dos melhores laterais esquerdos da história do Napoli. O defensor, que também podia jogar como zagueiro, alcançou os seus melhores resultados na equipe do sul da Itália, tendo Diego Maradona e companhia como colegas. Era um coadjuvante que permitia que os craques jogassem com tranquilidade.

Nascido na pequena comuna costeira de Massa, na Itália, Francini se mudou da Toscana para o Piemonte para se dedicar ao futebol – e estrearia cedo como profissional. Depois de efetuar seu percurso formativo pelo Torino, Giovanni entrava nos gramados pela primeira vez com o manto grená aos 17 anos, em janeiro de 1981. Depois de sete jogos em sua primeira temporada e 17 na segundona, o defensor acabou sendo emprestado à Reggiana. Na época, a equipe da Emília-Romanha disputava a segunda divisão italiana.

Francini não deve ter ficado muito feliz com o empréstimo para a Regia, já que brigava por títulos em Turim: o lateral-esquerdo integrava um elenco que foi duas vezes consecutivas vice-campeão da Coppa Italia. Acertar com a Reggiana era um passo atrás e o resultado não foi dos melhores. Embora tenha recebido mais espaço e disputado 30 partidas pelos emilianos, Giovanni acabou rebaixado da segunda para a terceira divisão e retornou ao Piemonte com um gosto amargo na boca.

Depois de um ano esquecível, o jovem defensor se firmou como uma peça importante do elenco do Toro, fazendo parte do vice-campeonato italiano da equipe em 1985. Na campanha, fez 27 partidas e marcou dois gols bastante pesados, em vitórias contra Napoli – em seu primeiro tento pelos grenás – e Juventus. Com a camisa do Torino, Francini fez o seu primeiro jogo em competições europeias e entrou no radar da Nazionale. Após ser vice europeu sub-21, em 1986, Giovanni foi levado pelo técnico Azeglio Vicini à seleção principal.

Francini encara Gullit: o Milan era o principal adversário do Napoli no fim dos anos 1980 (imago)

Cacifado pelos bons anos no tradicional clube do Piemonte e pelo posto de selecionável, Francini se juntou ao Napoli, após uma disputada queda de braço com a Roma. Logo de cara, o defensor marcou seu nome na história dos partenopei: seu gol contra o Real Madrid, no San Paolo, pelo jogo de volta da primeira fase da Copa dos Campeões de 1987-88, foi o primeiro dos azzurri na competição.

Fazer gols importantes era mesmo algo que estava na alçada do defensor toscano. Francini teve esse gostinho também na temporada 1988-89, quando anotou numa goleada por 4 a 1 contra o Milan – maior rival azzurro na época – e, principalmente, quando marcou contra o Lokomotive Leipzig na ida e na volta da segunda fase da Copa Uefa. O Napoli venceria a competição e, pela primeira vez, levantaria uma taça continental.

Francini foi titular absoluto da maior equipe napolitana de todos os tempos. Liderado por Maradona, o Napoli não ficou apenas com a Copa Uefa: ainda foi vice-campeão italiano em 1988 e 1989, vice da Coppa Italia em 1989 e, principalmente, venceu a Serie A em 1990 e a Supercopa Italiana logo depois. Tanto com Ottavio Bianchi quanto com Alberto Bigon, Giovanni manteve seu posto numa forte defesa, ao lado de nomes como Ciro Ferrara, Alessandro Renica e Giancarlo Corradini.

Francini ganhou a Copa Uefa pelo Napoli e foi importante ao longo da competição (imago/Kicker/Eissner)

Apesar de ser um jogador consolidado e vencedor, Giovanni não teve muito espaço na Squadra Azzurra. O que não é um demérito, principalmente se olharmos para quem recebeu a vaga que poderia ter sido dele. Nos seus anos de glória com o Napoli, Francini viu um jovem lateral-esquerdo despontar em Milão. Seu nome era Paolo Maldini. Ser preterido por Maldini para ocupar a faixa lateral da defesa italiana não depõe contra o seu legado. Mesmo com a concorrência desleal, Francini conseguiu vestir a camisa azul da seleção italiana em oito ocasiões, entre 1986 e 1990, e ainda foi convocado para a Euro 1988 – sem entrar em  campo, contudo.

Descrito como um jogador técnico e bastante confiável, Francini foi um jogador tranquilo, seguro, mais defensivo do que ofensivo e com uma ótima leitura de jogo, tomando sempre boas decisões. Dedicado e leal, o lateral esquerdo só foi expulso duas vezes em seus mais de treze anos na Serie A. Sete deles foram pelo Napoli, que defendeu até 1994.

Francini foi um dos veteranos que seguraram a onda no Napoli do início da década de 1990, quando a crise financeira do clube começou a se confundir com uma crise de resultados. O lateral manteve seu posto entre os titulares até 1993-94, quando Marcello Lippi preferiu Enzo Gambaro, três anos mais jovem. Foi a deixa para mudar de ares, após 248 partidas pelos partenopei.

Em sete anos, o defensor faturou três taças pelos azzurri (imago)

Aos 31 anos de idade, Giovanni acertou com o Genoa, clube pelo qual teve uma brevíssima passagem em 1994-95. Depois de realizar apenas nove partidas pelo Vecchio Balordo, Francini se transferiu em novembro de 1994 para o Brescia. Apesar de ter se firmado pelos andorinhas, a troca não foi nada feliz, já que tanto os rossoblù quanto os biancazzurri acabaram rebaixados para a Serie B e o jogador acumulou dois descensos numa única temporada.

Sua despedida como jogador profissional aconteceu no time da Lombardia, em 1996, pela segunda divisão italiana. Francini estava prestes a completar 33 anos e ainda tinha lenha para queimar em divisões inferiores, mas optou por pendurar as chuteiras: segundo ele, os treinamentos não eram mais um prazer, mas um sofrimento.

Francini continua ligado a Nápoles e, de vez em quando, retorna à cidade como convidado de transmissões televisivas. Afastado dos grandes palcos, o ex-defensor mora atualmente na Toscana, região em que nasceu, e observa jovens talentos na várzea local.

Giovanni Francini
Nascimento: 3 de agosto de 1963, em Massa, Itália
Posição: lateral-esquerdo
Times: Torino (1980-82 e 1983-87), Reggiana (1982-83), Napoli (1987-94), Genoa (1994), Brescia (1994-96)
Títulos: Serie A (1990), Supercopa Italiana (1990) e Copa Uefa (1989)
Seleção italiana: oito jogos

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