A Serie A se despediu de 2022 com uma das rodadas mais interessantes de todo o campeonato, repleta de resultados que impactaram na tabela e de ótimos desempenhos individuais – a propósito, montar o time ideal do fim de semana foi bastante complicado. Absoluto na competição, o Napoli terminou o ano com vitória e uma grande vantagem na liderança: são oito pontos acima do Milan, que sofreu para bater a Fiorentina. Logo atrás vem a Juventus, que atropelou a Lazio em confronto direto. Também vitoriosa num duelo importante, a Inter está empatada com os celestes e deixou Atalanta e Roma para trás. Confira a análise da jornada.
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Napoli 3-2 Udinese
Gols e assistências: Osimhen (Elmas), Zielinski (Lozano) e Elmas (Anguissa); Nestorovski (Success) e Samardzic
Tops: Elmas e Zielinski (Napoli)
Flops: Bijol e Ehizibue (Udinese)
Na sua última partida antes da parada para a Copa do Mundo, o Napoli buscou manter o ótimo aproveitamento da temporada, assegurando a invencibilidade e a boa vantagem na liderança da competição. Sem contar com Kvaratskhelia, de fora por lesão na lombar, o time azzurro contava ainda com seus cinco convocados para a Copa do Mundo. O substituto do georgiano, escolhido por Luciano Spalletti, foi Elmas.
Já nos primeiros 20 minutos de partida, a decisão se mostrou acertada. O macedônio deu assistência para o artilheiro do campeonato, Osimhen, abrir o placar para os campanos. Ainda na etapa inicial, Zielinski aumentou para o Napoli no estádio Diego Armando Maradona. Contando com boa atuação dos autores dos gols e de Lozano, o time de Spalletti encaminhava uma tranquila vitória.
Pelo lado da Udinese, a pior notícia da primeira etapa foi a lesão de Deulofeu. Golpe duro nos friulanos, que vinham tendo no espanhol um de seus principais nomes ofensivos. A situação dos bianconeri piorou pouco depois do intervalo, quando Elmas recebeu de Anguissa e ampliou para os partenopei. A vitória parecia mais do que encaminhada para o time da casa, mas a equipe visitante chegou a pregar um susto no final, depois de duas falhas inexplicáveis do habitualmente sólido Kim.
No fim das contas, os campanos seguraram a vantagem e emplacaram sua 11ª vitória seguida na Serie A, o que jamais havia acontecido em sua história – outro feito inédito para o Napoli foi o fato de ter somado 13 triunfos nas 15 primeiras rodadas. Com isso, os azzurri terminaram a rodada com oito pontos de vantagem na liderança. Os friulanos, por sua vez, não vencem pela competição há sete partidas. (Yuri Said)
Milan 2-1 Fiorentina
Gols e assistências: Rafael Leão (Giroud) e Milenkovic (contra); Barák (Ikoné)
Tops: Tomori e Rafael Leão (Milan)
Flops: Milenkovic e Igor (Fiorentina)
Num jogo frenético, o Milan só conseguiu arrancar a vitória sobre a Fiorentina com um gol contra que saiu nos acréscimos do segundo tempo. Com o resultado, o time de Stefano Pioli se isolou na vice-liderança da Serie A, com 33 pontos – oito a menos do que o Napoli, que segue nadando de braçada. A Viola, por sua vez, se manteve na décima colocação.
O Milan ficou em vantagem logo aos 2 minutos, quando Giroud saiu da área e abriu espaço para Rafael Leão progredir em velocidade. O português aproveitou a cochilada de Milenkovic e não deu chances a Terracciano. Em seguida, o jogo ficou muito aberto e com oportunidades para os dois times, mas a Fiorentina, centrada em Barák, teve leve superioridade. Biraghi chegou a carimbar a trave e, aos 28, após jogada trabalhada entre Ikoné e Venuti, Barák girou para empatar.
Ainda antes do intervalo, Venuti foi providencial para cortar, em cima da linha, uma cavadinha de Díaz. O Milan também assustou após o retorno do descanso, quando Giroud obrigou Terracciano a fazer defesa em dois tempos. Dali em diante, apesar de o Milan ter mais a bola, foi a Fiorentina que teve a maior parte das chances claras de gol. Tomori, no entanto, teve uma atuação de gala e negou a alegria do tento a Ikoné em dois lances, com um carrinho providencial e um bloqueio na risca da baliza. Aí, já nos acréscimos, Vranckx cruzou na área e os erros de Terracciano e Milenkovic acabaram punindo a equipe de Vincenzo Italiano. Uma aula prática do ditado “quem não faz, leva”. (Nelson Oliveira)
Juventus 3-0 Lazio
Gols e assistências: Kean (Rabiot), Kean e Milik (Chiesa)
Tops: Kean e Rabiot (Juventus)
Flops: Provedel e Milinkovic-Savic (Lazio)
A Juventus não tomou conhecimento da Lazio e atropelou a rival num dos principais confrontos diretos da rodada. Dominante, a equipe de Massimiliano Allegri conseguiu ultrapassar os celestes e assumiu a terceira posição da Serie A, com 31 pontos. Com 30, os laziali estão logo atrás, empatados com a Inter.
O primeiro tempo no Allianz Stadium foi pouco movimentado. Aliás, se Provedel não tivesse saído do gol de maneira estabanada, aos 43 minutos, passaria em brancas nuvens. Porém, o arqueiro achou uma boa ideia tentar interceptar o lançamento de Rabiot para Kean e foi encoberto pelo italiano, que inaugurou o placar. No início da etapa complementar, o goleiro laziale completou a sua obra ao dar rebote em chute de Kostic e possibilitar que Moise, sozinho na área, anotasse a sua doppietta.
Com a vantagem, a Velha Senhora cozinhou o jogo e ainda ampliou o placar no finalzinho, depois que Chiesa encontrou Milik com um cruzamento rasteiro – vale salientar que a defesa da Lazio, mal posicionada, contribuiu fortemente com o polonês. Curiosamente, só depois de estar com uma desvantagem de três gols e ter pouquíssimo tempo para reagir é que os comandados de Maurizio Sarri acordaram e deram algum trabalho a Szczesny. Tarde demais. (NO)
Atalanta 2-3 Inter
Gols e assistências: Lookman (pênalti) e Palomino; Dzeko (Martínez), Dzeko e Palomino (contra)
Tops: Dzeko e Çalhanoglu (Inter)
Flops: Hateboer e Maehle (Atalanta)
No duelo nerazzurro de Bérgamo, a Inter voltou a se impor contra a Atalanta, o que tem sido praxe nos últimos anos. Com o triunfo no confronto direto, a equipe de Milão foi a 30 pontos, empatando com a Lazio na quarta posição, e deixou a Dea em sexto, com 27 – tal qual a Roma. Vale destacar que, na atual competição, a Beneamata ainda não havia batido uma rival do topo da tabela.
A Atalanta começou melhor e obrigou Onana a trabalhar duas vezes, aos 14 e 15 minutos, em finalizações de Koopmeiners e Palomino – o zagueiro, aliás, voltou a ser relacionado após o fim de sua suspensão por doping e foi a campo no lugar de Rafael Toloi, que se machucou no aquecimento. Aos 23, De Vrij cometeu pênalti bobo sobre Zapata e Lookman abriu o placar.
Curiosamente, a Inter cresceu depois de ter sofrido o gol e achou o empate aos 36: Çalhanoglu levantou na área, Lautaro deu uma casquinha na bola e Dzeko, esperto, completou para as redes. Em grande fase, o bósnio virou o jogo no início do segundo tempo, após dividir com Maehle e aproveitar o cruzamento de Dimarco. O camisa 9 ainda poderia ter feito o terceiro pouco depois, mas Palomino, na ânsia de antecipá-lo, guardou contra. O zagueiro até conseguiu se redimir com o tento que incendiou o final da peleja, mas a Atalanta não foi além disso e Simone Inzaghi pode comemorar após o apito derradeiro. (NO)
Roma 1-1 Torino
Gols e assistências: Matic; Linetty (Singo)
Tops: Dybala (Roma) e Singo (Torino)
Flops: Belotti (Roma) e Djidji (Torino)
A Roma precisou do retorno de Dybala aos campos para evitar um tropeço maior frente ao Torino de Ivan Juric. O empate, porém, não foi bom e manteve a equipe de José Mourinho fora do G4: a Loba é a sexta colocada, com os mesmos 27 pontos da Atalanta; por sua vez, o Toro é o dono da nona posição, com 21.
Num primeiro tempo de pouca inspiração, a Roma até teve duas boas oportunidades de abrir o placar, mas Zaniolo e Mancini finalizaram para fora. Logo no início da segunda etapa, o Torino reagiu e balançou as redes. Os grenás construíram boa jogada e, após cruzamento na medida de Singo, Linetty cabeceou no cantinho, sem dar chances para Rui Patrício.
A partir da entrada de Dybala, aos 69, a Roma cresceu no jogo. O argentino chamou a responsabilidade e fez El Shaarawy se envolver de forma mais séria na articulação giallorossa. Os dois fizeram Milinkovic-Savic trabalhar e, aos 91 minutos, em uma jogada da dupla terminou em pênalti cometido por Djidji sobre La Joya. Belotti teve a chance de acionar a lei do ex, mas sua cobrança ficou na trave. Para salvar a pele do Galo, o camisa 21 romanista surgiu perto do apito final: em grande ação individual, carimbou o travessão do Torino e, no rebote, Matic empatou. (NO)
Bologna 3-0 Sassuolo
Gols e assistências: Aebischer (Lucumí), Arnautovic (Soriano) e Ferguson (Domínguez)
Tops: Soriano e Lucumí (Bologna)
Flops: Ferrari e Toljan (Sassuolo)
Bologna e Sassuolo entraram em campo empatados com 16 pontos na tabela. Mas, enquanto o time da casa buscava se recuperar da derrota que interrompeu a boa sequência anterior, o visitante vinha de três jogos sem vitória. Melhor para os rossoblù, que mostraram que a goleada sofrida para a Inter foi apenas um percalço.
Quem deu início à vitória dos petroniani foi Aebischer, aproveitando cruzamento de Lucumí. Skorupski aparecia bem na meta da casa, assegurando a vitória parcial na primeira etapa. Sem maiores sustos, o Bologna começou o segundo tempo da melhor forma possível, ampliando logo cedo a vantagem. Aos 50 minutos, Arnautovic recebeu ótimo passe de Soriano, deixou o goleiro no chão e tocou para o fundo das redes. O ápice da noite estava reservado para o terceiro gol do Bologna, que fechou a conta. Ferguson tabelou com Domínguez e, de primeira, acertou o ângulo de Consigli.
Em crescente na temporada, o Bologna chega a quatro vitórias nas últimas cinco partidas e vai para a parada para a Copa do Mundo com a confiança em alta. Já o Sassuolo se mantém com relativa distância de segurança da zona de rebaixamento: são nove pontos de vantagem sobre a Cremonese, antepenúltima colocada. Porém, o time neroverde agradece o intervalo para que possa virar a chave e tentar superar os quatro jogos sem triunfos na Serie A. (YS)
Monza 3-0 Salernitana
Gols e assistências: Carlos Augusto (Mota), Mota (Carlos Augusto) e Pessina (pênalti)
Tops: Carlos Augusto e Mota (Monza)
Flops: Daniliuc e Candreva (Salernitana)
No estádio Brianteo, tivemos o famoso “jogo de um time só”. Numa de suas melhores atuações nesta Serie A, o Monza encontrou uma Salernitana estranhamente apática e muito imprecisa. Tais condições facilitaram a incontestável vitória dos biancorossi, cada vez mais distantes da zona de rebaixamento. A propósito, as duas equipes se encontram no meio da tabela.
Durante todo o jogo, o brasileiro Carlos Augusto e o português Mota infernizaram a defesa da Salernitana. Logo no início, o atacante colocou na medida para Ciurria testar Sepe com um voleio; aos 23, o camisa 47 avançou e ajeitou de calcanhar para o ex-lateral do Corinthians estufar as redes. Aos 34, o sul-americano devolveu o presente em lançamento: Mota contou com erro de Daniliuc no tempo de bola e com a marcação frouxa de Pirola para ampliar.
No segundo tempo, o jogo acabou quando Mota recebeu de Rovella e foi derrubado por Candreva na área – além do pênalti, o lance ocasionou a expulsão do meia grená, que já tinha cartão amarelo. Pessina converteu a cobrança e deu ainda mais tranquilidade para o Monza. O time biancorosso chegou a acertar a trave duas vezes, com Colpani e Ranocchia. Ou seja, não goleou por mero detalhe. (NO)
Sampdoria 0-2 Lecce
Gols e assistências: Colombo e Banda (Colombo)
Tops: Colombo e Umtiti (Lecce)
Flops: Villar e Amione (Sampdoria)
No último jogo do ano, a Sampdoria esperava vencer o Lecce no confronto direto e ter a esperança de se ver mais perto de fugir da zona de rebaixamento. No entanto, o tiro saiu pela culatra e, no momento, o Spezia, primeiro time fora da zona de descenso, tem seis pontos de vantagem sobre a Cremonese e sete sobre a própria Samp.
A Sampdoria até chegou a assustar com Gabbiadini, no início da partida. Falcone, com a ponta dos dedos, evitou o que seria o gol do time da casa. Gabriel Strefezza respondeu em cobrança de falta e, já no fim da primeira etapa, em uma bobeada gigante do sistema defensivo doriano, Colombo abriu o placar para os lupi: o atacante emprestado pelo Milan arrancou e bateu firme para tirar do goleiro Audero.
Tentando modificar o panorama da partida, a Sampdoria fez quatro trocas na parte inicial do segundo tempo. No entanto, não teve muito sucesso e Colombo novamente apareceu de forma decisiva para o Lecce. O garoto aproveitou o lançamento sobre a confusa defesa blucerchiata e achou um lindo passe de calcanhar para Banda. O zambiano só teve o trabalho de tocar na saída de Audero para sacramentar a vitória salentina.
Aproveitando o péssimo momento da Samp, o Lecce emplacou a sua segunda vitória seguida e vai passar a pausa para o Mundial respirando mais aliviado, com uma vantagem de sete pontos para a zona de rebaixamento. A Sampdoria, por sua vez, segue afundada: somou a quarta derrota consecutiva e amarga a penúltima colocação. (YS)
Verona 1-2 Spezia
Gols e assistências: Verdi (Lasagna); Nzola (Bastoni) e Nzola (Bourabia)
Tops: Nzola e Bourabia (Spezia)
Flops: Ceccherini e Dawidowicz (Verona)
Artilheiro em alta, distância para a zona de rebaixamento aumentada e uma atuação que poderia ter resultado num placar mais elástico. O Spezia tinha tudo para ter deixado o Marcantonio Bentegodi com imensa felicidade, mas a séria lesão sofrida pelo goleiro Dragowski imprimiu uma nota triste à tarde bianconera. Com fratura no tornozelo, o polonês foi cortado da Copa do Mundo e pode não retornar mais aos campos na atual temporada.
O Verona abriu o placar aos 30 minutos, após grande jogada de Lasagna, que carregou a bola e encontrou Verdi livre para anotar. Foi, inclusive, num choque com o ex-atacante da Udinese que, pouco depois, Dragowski se lesionou. Apesar do abalo, o Spezia se lançou ao ataque e obrigou Montipò a fazer três ótimas defesas antes do intervalo.
Depois do descanso, o Spezia manteve a toada e empatou aos 53, com belo chute de canhota de Nzola. A não ser numa defesa de Zoet em arremate de Lasagna, o time visitante mal se viu ameaçado pelo Verona. Pelo contrário: eram os comandados de Luca Gotti que pareciam jogar em casa. E, além de o atacante angolano ter virado com grande cabeçada, chegando ao sétimo gol no campeonato, Montipò apareceu com mais três intervenções fundamentais para manter o placar ajustado. No fim das contas, os bianconeri chegaram a 13 pontos, seis acima da zona de rebaixamento e oito à frente do próprio Hellas, lanterna da Serie A. (NO)
Empoli 2-0 Cremonese
Gols: Cambiaghi e Parisi
Tops: Vicario e Cambiaghi (Empoli)
Flops: Aiwu e Zanimacchia (Cremonese)
A partida que abriu a 15ª rodada da Serie A na sexta-feira foi marcada por uma vitória categórica do time da casa. O resultado deixou o Empoli na 13ª colocação, com 17 pontos, e manteve a Cremonese na zona de rebaixamento. Única equipe sem triunfos no certame, a formação grigiorossa somou sua oitava derrota.
A Cremonese teve a primeira boa chance da partida logo aos 10 minutos, em cabeçada de Buonaiuto. Na sequência, o próprio camisa 10 teve ótima oportunidade ao receber livre dentro da área e finalizar cruzado. Vicario, contudo, manteve o placar em branco e deixou o Empoli em condições de reagir na etapa complementar.
O castigo para a Cremonese veio logo na saída de bola da segunda etapa. Após lançamento pelo alto e bate-rebate na área, Cambiaghi, que havia entrado no intervalo, aproveitou a sobra e venceu o goleiro Carnesecchi, abrindo o placar para o Empoli. Vicario continuou a segurar o resultado para os mandantes, que cresceram a partir de meados do tempo complementar. Após acertarem a trave em bela finalização de longa distância de Marin, os azzurri definiram o triunfo já no finzinho, num contra-ataque fatal que teve participação de Cambiaghi e foi concluído por Parisi. (YS)
Seleção da rodada
Montipò (Verona); Tomori (Milan), Umtiti (Lecce), Carlos Augusto (Monza); Elmas (Napoli), Soriano (Bologna), Rabiot (Juventus), Zielinski (Napoli); Kean (Juventus), Dzeko (Inter), Nzola (Spezia). Técnico: Massimiliano Allegri (Juventus).