Em semana de dérbi capitolino, Roma sempre se destaca na mídia esportiva italiana. Geralmente, com vários brasileiros. Para se ter uma ideia, foram mais de 30 anos seguidos de clássicos com pelo menos um brasileiro em campo, de 24 de outubro de 1993 até 5 de janeiro de 2025. Na Cidade Eterna, a Roma é quem tende a consagrar mais nomes, embora alguns da Lazio também tenham feito história.
Quase uma centena de brasileiros jogaram por Lazio e Roma, sendo que a maior parte deles atuou pela Loba. Não à toa, é mais fácil recordar-se daqueles que envergaram a camisa giallorossa, como Falcão, Cerezo e Aldair. Do lado de Santa Cornelia, os nomes mais representativos são os de Hernanes, Batista, Lucas Leiva, César e o da dupla Niginho e Ninão, da década de 1930.
Dois habilidosos brasileiros travavam disputa interessante no fim da década de 1950: Dino da Costa e Humberto Tozzi. O primeiro passou para a posterioridade como o maior artilheiro da história do clássico na Serie A, com nove gols, marca igualada por Marco Delvecchio, em 2003 – e superada por Francesco Totti, em 2015. Já o segundo raramente é lembrado pela torcida.
Humberto nasceu no Rio de Janeiro e foi revelado pelo São Cristóvão. Aos 19 anos, já estava no Palmeiras. Polivalente, jogava no meio e no ataque, formando a temida linha Liminha, Humberto, Ney, Jair e Rodrigues Tatu. Numa trajetória meteórica, foi goleador de sua primeira competição, o Paulistão de 1953, e acabou convocado para a Copa do Mundo de 1954. Humberto ainda ficaria no Parque Antarctica por mais dois anos, com a artilharia de outro campeonato estadual, até sair para a Lazio, onde a habilidade e a velocidade se aliaram a uma perigosa armadilha, a indisciplina causada pela distância do lar.
Na Itália, Humberto virou Tozzi. Logo conquistou a titularidade, mas os gols demoraram a sair. Só em sua segunda temporada veio a consagração. A marca de sete tentos em 25 partidas na Serie A era mais baixa que a do último ano, mas a Coppa Italia compensou. Em nove jogos, saíram 11 bolas nas redes, duas delas em uma ocasião especial.
Humberto Tozzi enfrentou Dino da Costa sete vezes, mas só saiu vitorioso na partida do dia 21 de junho de 1958, derrubando a então favorita Roma – os 3 a 2 sobre a maior rival praticamente garantiram o ingresso laziale às quartas de final. Após passar por Marzotto, Juventus e Fiorentina, os gols do artilheiro da competição resultaram no primeiro título da história do clube.
Em 1958-59, atingiu seu recorde pessoal na Serie A, ao anotar 14 gols. Na temporada seguinte, mesmo quando passou a demonstrar sua insatisfação com a vida longe do Brasil, manteve a titularidade. Apenas sombra do prolífico atacante, Tozzi marcou seu último pela Lazio em dezembro de 1959, mas só se despediu sete jogos depois, numa derrota para a Inter de Angelillo. Totalizaria 104 aparições e 44 tentos vestindo a camisa biancoceleste.
Em fevereiro retornou ao Palmeiras, após renunciar a um contrato milionário na Lazio e a uma transferência para o Torino. De volta, conquistou a Taça Brasil de 1960, mas deixou o time na metade do ano seguinte. Jogaria ainda em Fluminense, Portuguesa e Olaria antes de encerrar sua carreira. Tozzi faleceria precocemente, aos 46 anos, vítima de um ataque cardíaco.
Humberto Barbosa Tozzi
Nascimento: 4 de fevereiro de 1934, no Rio de Janeiro (RJ)
Morte: 17 de abril de 1980, no Rio de Janeiro (RJ)
Clubes: São Cristóvão (1950-53), Palmeiras (1953-56 e 1960-61), Lazio (1956-60), Fluminense (1962), Portuguesa (1963-65) e Olaria (1966-67)
Títulos: Coppa Italia (1958) e Taça Brasil (1960)
Seleção brasileira: 7 jogos e 1 gol
Sem esquecer que no total os gols de Da Costa foram 13, 9 na serie A e 4 na Copa Itália.
Verdade, Igor. Mas não consegui encontrar o número de gols de Delvecchio pela Copa, então me detive à Serie A.
Me enganei, achei um site com os dados errados, Da Costa marcou 2 gols nos derby da Copa Itália. Delvecchio não marcou em nenhum derby da Copa Itália.