Precoce: assim podemos definir Márcio Amoroso. Antes mesmo de estrear no futebol brasileiro, o jovem revelado nas categorias de base do Guarani já era campeão do mundo com a seleção brasileira sub-20. Foi só em 1994, após ser emprestado para o Verdy Kawasaki, ganhar dois Campeonatos Japoneses e voltar para o time de Campinas, que o atacante debutou no Brasil. Naquele ano, o bugre conseguiu fazer boa campanha no Campeonato Brasileiro, chegando até à semifinal, quando foi eliminado pelo Palmeiras.
A eliminação, contudo, não manchou a grande campanha da equipe. E muito menos a de Amoroso, que, além de dividir a artilharia com Túlio Maravilha, computando 19 gols, ainda foi eleito o melhor jogador do campeonato pela Revista Placar. Em 1996, saindo do Guarani, o atacante vestiu as cores do Flamengo, onde permaneceu por apenas 3 meses, tempo suficiente para adicionar a seu currículo um Campeonato Carioca.
No mesmo ano, partiu para a Itália. Lá viveu três dos melhores anos da sua carreira, defendendo a Udinese. Inicialmente, dividiu as atenções com o outro atacante friulano, Oliver Bierhoff, mas logo mostrou seu trabalho e deixou as comparações de lado. A dupla foi muito importante para o sucesso da Era Zaccheroni, emplacando a artilharia da Serie A para os bianconeri por dois anos seguidos.
Em 1997-98, o alemão, em sua última temporada no clube, antes de seguir para o Milan, marcou 27 gols, deixando para Amoroso a difícil missão de substituí-lo. O brasileiro nem sequer titubeou. Ainda no início da temporada já era exaltado por torcedores e imprensa, como bem exemplifica o título da matéria publicada no Corriere do dia 27 de setembro daquele ano: Amoroso faz esquecer Bierhoff. Ao final da disputa, o atacante também entrou para a galeria de capocannonieri, com 22 tentos marcados.
O sucesso foi tanto, que na temporada 1999-2000 a Parmalat desembolsou aproximadamente 30 milhões de euros para contar com o brasiliense em seu time, o Parma. Com uma das maiores transferências do mercado italiano naquele ano, juntamente com a aquisição de Vieri, por parte da Inter, os gialloblù chegaram a ser considerados candidatos ao título. No entanto, uma grave lesão afastou Amoroso dos campos por quase um ano. Foram apenas 16 jogos e quatro gols.
Na temporada seguinte, com o problema da lesão (aparentemente) superado, os torcedores renovaram suas esperanças e esperavam ver a agilidade, velocidade e força do artilheiro de volta. Mais uma vez se decepcionaram. Ainda com muitas dores no tendão de Aquiles, Amoroso jogou somente 23 vezes e marcou 7 gols. Terminava ali sua frustrante passagem pelo Parma, que vendeu os direitos federativos do atleta para o Borussia Dortmund, perdendo grande parte do dinheiro investido.
Na Alemanha, surpreendentemente, conseguiu mais um momento de brilho: conquistou o título alemão de 2001-02 e a artilharia do campeonato. Depois disso, foram mais três temporadas instáveis no próprio Borussia e mais uma no Málaga, da Espanha. Na Europa, ainda teve uma brevíssima passagem pelo Milan, em 2006, quando fez apenas 4 partidas e marcou um gol, desempatando o clássico contra a Roma, nos acréscimos.
Antes disso, voltou para o Brasil e atuou no São Paulo, reeditando a dupla de sucesso do bugre: Amoroso e Luizão. Foi decisivo na conquista da Libertadores e do Mundial de Clubes, marcando 18 gols, em 26 partidas disputadas pelo clube do Morumbi. Depois, assinou contrato com Corinthians, Grêmio e Aris Salônica (Grécia), todos rescindidos antes do término.
Pretendendo encerrar a carreira no mesmo clube que o revelou, o jogador assinou contrato com o Guarani, no final de 2008, porém, com problemas no tornozelo direito, só fez uma partida pelo time, durante o Campeonato Paulista de 2009. O contrato foi rescindido e, depois de ter se recuperado da lesão, o atacante lamentou a falta de acordo para atuar novamente.
Aquelas só não foram as suas últimas linhas de sua biografia como atleta porque, em 2016, Amoroso deixou a aposentadoria para defender o Boca Raton, numa liga equivalente à quarta divisão dos Estados Unidos. Fora dos campos, o ex-atacante atuou como comentarista e no ramo da construção civil, além de ser um torcedor do sucesso dos filhos Matteo e Giovanni Luca, que também ingressaram no mundo da bola.
Márcio Amoroso dos Santos
Nascimento: 5 de julho de 1974, em Brasília (DF)
Posição: atacante
Clubes: Guarani (1992, 1994-95 e 2009), Verdy Kawasaki (1992-93), Flamengo (1996), Udinese (1996-99), Parma (1999-2001), Borussia Dortmund (2001-04), Málaga (2004-05), São Paulo (2005-06), Milan (2006), Corinthians (2006-07), Grêmio (2007) e Aris Salônica (2008)
Seleção brasileira: 20 partidas, 10 gols
Títulos: Copa do Mundo Sub-20 (1993), J.League (1993, 1994), Campeonato Carioca (1996), Supercopa Italiana (1999), Copa América (1999), Campeonato Alemão (2002), Copa Libertadores (2005) e Mundial de Clubes (2005)
Infelizmente, na seleção ele nunca jogou o que jogou pelos clubes.