Serie A

5ª rodada: Definindo perfis

Vucinic salta e dá à Roma sua primeira vitória: reação ou sorte? (Getty Images)

A quinta rodada da Serie A marcou a primeira derrota de Rafa Benítez na competição, justamente para uma Roma que ainda não havia vencido. Outro tabu foi quebrado pela Fiorentina, que não vencia desde março. Com os resultados do fim de semana, a Lazio divide a liderança com a Inter. E a Roma continua na zona de rebaixamento. Entre os dois times da capitais, apenas cinco pontos separam 15 posições na tabela.

Roma 1-0 Inter
As duas equipes costumaram realizar confrontos emocionantes e cheios de gols nos últimos anos, mas também com muito nervosismo. Desta vez, apenas o nervosismo entrou em campo e Emidio Morganti teve de distribuir cartões amarelos para acalmar os ânimos. Stankovic fez outra boa partida no Olímpico, como de costume, e, além de ter acrescentado técnica a um meio-campo que sentiu a partida apagada de Sneijder, foi quem mais levou perigo a Lobont, numa noite em que as defesas cumpriram bem seu papel.

A emoção só veio mesmo aos 47 minutos do segundo tempo, quando Vucinic, de peixinho, antecipou-se a Lúcio – sua única falha no jogo – para fazer o gol da vitória da Roma, seu terceiro contra a Inter na carreira. O gol do montenegrino diminui a crise giallorossa, apesar de Adriano ter se recusado a entrar em campo e Totti tenha saído nervoso. Na Inter, além do prejuízo da derrota apesar de não ter jogado mal, Milito sentiu um estiramento e dificilmente enfrentará o Werder Bremen, na Liga dos Campeões. Eto’o, egoísta demais na partida de ontem, deve assumir o comando do ataque no jogo da quarta-feira. (Nelson Oliveira)

Milan 1-0 Genoa

Se este Milan foi projetado para ser fantástico e dar show, o resultado em campo ainda está abaixo do esperado. Robinho estreou como titular, por causa de lesão de Pato – mas, quando Ronaldinho não faz boa partida, o time cai muito de produção e fica limitado a um jogo mais físico. Prova disso é que o melhor em campo neste sábado foi Gattuso, que fez sua melhor partida em anos, aliando um inesperado bom condicionamento físico à sua vontade habitual. Porém, este Milan realmente tem jogadores que decidem: uma mostra disso foi o gol do Diavolo, que nasceu de ótimo lançamento de Pirlo para que Ibrahimovic completasse, antecipando-se a Dainelli e Ranocchia com um toquinho do seu pé 47 – como pontuou Arrigo Sacchi. Do lado do Genoa, fica o alento de ter feito uma boa partida. O grifone levou algum perigo ao gol de Abbiati e ainda viu o goleiro Eduardo realizar boa partida, após um início de campeonato bastante inseguro. (Nelson Oliveira)

Cesena 1-4 Napoli
Vai chegando ao fim o encanto do ex-líder Cesena, e boa parte da culpa é de Cavani. O uruguaio, que começou no banco, entrou no segundo tempo, participou do primeiro gol e fez outros dois dignos de craque. A goleada foi napolitana, mas os donos da casa largaram na frente com Parolo, já na etapa complementar, após falha feia de Cribari. Se o Napoli até havia dominado no primeiro tempo, só concretizou seus esforços após as entradas de Gargano e Cavani. Com saídas fulminantes, foi com tudo para cima do Cesena, que, embora tenha resistido com Antonioli e o travessão, não se segurou. O ataque deixou claro que pode funcionar muito bem e, se encaixado, tem condições de ser um dos mais perigosos da Itália. Cavani chegou ao seu quinto gol e é, ao lado de Eto’o, artilheiro da Serie A. Ao Cesena não serve desespero: por mais que tenha sido goleado em casa, sofreu por inspirações repentinas do adversário, e sua partida até então não deve ser descartada. Notável que Ficcadenti tenha repetido a equipe titular pela quinta vez seguida.

Fiorentina 2-0 Parma
Ironicamente, a primeira vitória da Fiorentina na Serie A teve a presença de Cesare Prandelli, seu ex-treinador. Nas tribunas do estádio, ele viu os viola dominarem um Parma inofensivo, que não contou com o lesionado Giovinco. A Fiorentina exerceu pressão desde o início: com boas triangulações, chegava com perigo à meta de Mirante. O Parma, por sua vez, limitava-se a chutes de longa distância, escancarando sua dificuldade de criação. O resultado foi construído no segundo tempo: um pênalti, cobrado por Ljajic, e um chute desviado de De Silvestri garantiram os três pontos aos donos da casa, que ainda não convencem. Embora tenha atacado sempre, a Fiorentina de Mihajlovic – que ainda não conta com Jovetic e Mutu – demonstra claras limitações. Converter chances em gols ainda é tarefa árdua, e a maneira com que os desta partida saíram ajuda a evidenciá-lo. Os crociati sofreram sem Giovinco, fato que havia sido anunciado no meio de semana, quando o meia saiu contundido durante a partida contra o Lecce.

Sampdoria 0-0 Udinese
Se Cassano não faz magia, a Sampdoria pouco faz. O problema voltou a assombrar a Samp, que, sem qualquer inspiração, chegou a ser dominada em casa pela Udinese, a qual ficou com seu primeiro ponto no campeonato. Partida interessante fez Pinzi, mais adiantado que o usual, auxiliando o ataque. De seus pés saíram algumas chances de gols, todas paradas por Curci – ou quase isso. Porque quando Di Natale o encobriu, Zauri, já próximo à linha, apareceu para tirar a bola e evitar um vexame blucerchiato. Palombo, assim como Cassano, não teve espaço, e este é um dos fatos que dão certo ânimo à Udinese: o time foi ótimo na marcação, e ainda conseguiu criar chances. Começa a demonstrar, embora com atraso, aquilo que é óbvio: não pode brigar para não cair, como até o momento tem feito, ao permanecer isolada na lanterna. A Sampdoria não vence desde a primeira rodada, e custa a se encontrar nas variações táticas de Di Carlo.

Palermo 2-2 Lecce
Um dos melhores jogos da rodada. As duas equipes saíram para o jogo, mas quem teve mais sorte foi o Lecce, num chute incrível de Giacomazzi. Os visitantes passaram a dominar a partida, e ampliaram com meio minuto de segundo tempo. Se o Lecce poderia ter matado a partida pouco tempo depois, quem chegou ao gol foi o Palermo, dando início a uma dessas reações clássicas de dois a zero. Quando o jogo já se mostrava morno, Pinilla deu esperanças aos rosanero. O que se viu diante da pressão dos mandantes foi uma defesa extremamente perdida: o Lecce, tão bem postado no primeiro tempo, passou a se desesperar. Aos 48 minutos, Maccarone, aproveitando rebote de Pastore – que havia recebido a bola inexplicavelmente sozinho -, consolidou o empate de um Palermo que ainda não venceu em casa, em três partidas. Faltou cabeça para o Lecce, que poderia ter conseguido uma vitória incrível, mas que agora estaciona nos cinco pontos.

Catania 1-1 Bologna
Um gol de pênalti e outro contra não costumam sintetizar alguma partida muito feliz. O empate ficou com gosto de derrota para o Catania, que criou mais chances e poderia ter saído com os três pontos. Maxi López, ainda sem engrenar no campeonato, perdeu gol feito, enquanto Mascara acertou o travessão quando o placar já apontava um a um. Quem saiu na frente foi o Bologna, que sequer chegou perto da meta adversária durante a partida. Nem seu pênalti foi bem sucedido: Di Vaio perdeu, Andujar espalmou e o veterano conseguiu pegar o rebote. Destaque para o gol contra de Britos, que saltou para aliviar a bola, mas realizou uma espécie de voleio invertido e matou Viviano.

Chievo 0-1 Lazio
O placar foi magro, mas só deu Lazio. Os celestes pressionaram do início ao fim e teriam feito mais, não fossem as chances perdidas por Zárate e Hernanes. Ao menos foi o argentino quem marcou, acabando com uma seca que havia iniciado em fevereiro. Apresentação fraquíssima do Chievo, semelhante à de duas rodadas atrás, quando perdeu para o Brescia pelo mesmo placar, também em casa. Curiosamente, o clube de Verona tem melhor retrospecto como visitante: já são duas derrotas em casa, enquanto venceu seus dois jogos fora. A Lazio começa a pensar em seus objetivos, pois resta saber se a equipe é capaz de – no momento líder ao lado da Inter – se segurar nas primeiras posições da tabela. O fato de Zárate voltar às redes é um bom passo para fazê-lo.

Bari 2-1 Brescia
Partida sempre aberta, que contou com várias jogadas individuais de qualidade. Bari e Brescia fizeram um jogo movimentado, em que ambos visavam à vitória. Os donos da casa não acertavam seus passes na frente, e na primeira triangulação ofensiva bem sucedida abriram o placar com Rivas. Se Diamanti vinha liderando a boa campanha dos rondinelle, sua lesão acabou não atrapalhando tanto. Koné, o substituto, foi um dos melhores em campo, e até fez um belíssimo gol, que empatou o jogo. O placar fez o Brescia se animar com a partida – e a possibilidade de assumir a liderança, caso conseguisse os três pontos. Depois de pressionar e acertar o travessão, todavia, a equipe viu o brasileiro Barreto entortar sua defesa e sofrer pênalti, ainda no início do segundo tempo. Ele mesmo converteu e depois disso pouco se fez.

Juventus 4-2 Cagliari

A goleada da Velha Senhora é a cereja que faltava ao bolo do sérvio Krasic, um dos poucos que tem se salvado na campanha irregular do time. O meia externo marcou três vezes para coroar a grande atuação contra um Cagliari que não se entregou. Com o resultado, a Juve chega ao melhor ataque da competição (12 gols) e a pior defesa (9, ao lado de Udinese e Roma). Também ficou a três pontos da líder Inter. Na tarde do domingo – que será de eleições no Brasil -, as duas equipes jogam. Quem disse que o campeonato já estava definido de antemão?

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Seleção da 5ª rodada
Sereni (Brescia); André Dias (Lazio), Lucchini (Sampdoria), Juan (Roma); Rispoli (Lecce), Krasic (Juventus), Gattuso (Milan), Mauri (Lazio); Pastore (Palermo); Vucinic (Roma), Cavani (Napoli). Técnico: Walter Mazzarri (Napoli)

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