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Serie B: A fórmula é a juventude

Meu nome é Pea, Fulvio Pea. Técnico do líder Sassuolo fez carreira em categorias de base e agora surpreende ao levar os neroverdi à liderança em um campeonato em que os jovens são destaque (Il Calcio Illustrato)

Na Serie B, quanto mais um técnico souber lidar com jovens, mais certo tem dado seu trabalho. É o que tem provado Zdenek Zeman e Fulvio Pea, técnicos de Pescara e Sassuolo, respectivamente. Se o campeonato acabasse hoje, as duas equipes estariam classificadas diretamente para a Serie A, sem precisarem passar pelos play-offs. Uma grande surpresa.

Os dois técnicos são especialistas no trato com jogadores jovens. Ao longo de sua carreira, Zeman lançou nomes como Schillaci, Nedved, Nocerino e Vucinic. Hoje, em Pescara, conduz uma equipe cheia de jovens, como os zagueiros Brosco e Capuano, os meias Verratti e Koné, e os atacantes Insigne e Immobile, dois dos principais destaques da competição. Insigne, emprestado pelo Napoli, tem 9 gols na cadetta. O jogador já acompanha Zeman desde a última temporada, quando foi destaque no Foggia, da Lega Pro Prima Divisione, e por sua habilidade, já tem sido comparado aos brasileiros, recebendo o apelido de “Lorenzinho”. Immobile, de propriedade de Juventus e Genoa, é o artilheiro do torneio, com 17 gols. Sansovini, “tio” do elenco, com 31 anos, tem mais 12. Caprari, recém-emprestado pela Roma, deve aumentar o poder de fogo do time, que tem o ataque mais positivo da competição, com 55 gols. No 4-3-3 típico de Zeman, a defesa fica descoberta e é uma das sete piores da competição, com 36 gols sofridos.

O Sassuolo é seu oposto. O ataque é quase duas vezes menos positivo, mas a defesa é a segunda mais forte do campeonato, com apenas 17 gols sofridos – perde apenas para a do Torino (15 gols), que também tem 50 pontos, apesar de ter uma folha salarial e um elenco estelar para a Serie B. Com um elenco enxuto e cheio de apostas, os méritos vão para Fulvio Pea, definido por Zeman como “o melhor aluno de Mourinho” – uma ironia ao estilo defensivo do rival. Pea está em sua segunda experiência em uma equipe profissional. A primeira aconteceu entre 2005 e 2007, quando substituiu Luigi Simoni como treinador principal do pequeno Lucchese. Pea acompanhou o ex-treinador da Inter durante seis anos de sua carreira, atuando quase sempre como seu auxiliar. 

No entanto, a reviravolta na carreira do lombardo aconteceu quando deixou a equipe de Lucca e deu um passo atrás, voltando a treinar equipes de base, como fazia até 2001. Primeiro por Sampdoria e depois pela Inter, conquistou dois campeonatos nacionais da categoria Primavera (sub-21) e da Copa Viareggio (sub-20). Aprendeu diretamente com técnicos como Walter Mazzarri, Rafa Benítez e José Mourinho, sua grande inspiração. O resultado tem sido visto no Sassuolo, onde Pea não tem tantos jovens à disposição, mas tem utilizado aspectos de formação para dar força ao time. 

Variando entre o 4-3-1-2 e, principalmente, o 3-5-2, Pea transformou o lateral Marzoratti em zagueiro pela direita e o lateral/volante Terranova em zagueiro pela esquerda. No meio-campo, o jovem ganês Cofie tem se sobressaído como bom volante, ao lado dos experientes marcadores Valeri e Magnanelli, capitão do time, e Laribi, sub-21 italiano, tem sido boa opção no banco. No ataque, Noselli e Masucci, remanescentes de outros tempos da equipe, tem perido espaço para duas revelações: o ganês Boakye, emprestado pelo Genoa, e Sansone, vice-artilheiro da Serie B, com 15 gols, chegou ao clube após um campeonato mediano com o Frosinone e tem se constituído numa revelação tardia, aos 24 anos. São as alternativas de um clube que, pela terceira vez em sua quarta participação na Serie B, em toda sua história, busca o acesso com um elenco modesto. Pea, aliás, pode seguir um caminho parecido ao de Massimiliano Allegri, que iniciou seu salto na carreira a partir da equipe neroverdi.

Caso confirmem a classificação para a Serie A, Pescara e Sassuolo terão de lidar com um enorme abismo em relação a grande parte das equipes da elite – até mesmo em relação às menores. Seriam eventuais candidatos a sacos de pancada, talvez. Por isso, os tradicionais torcem para que equipes mais estruturadas, como Torino e Padova, e outras tradicionais, mas que há tempos estão longe dos melhores tempos, como o Verona, retornem aos melhores tempos. Atualmente, as três, ao lado do Varese – que, apostando no jovem atacante De Luca, segue em boa fase, após o interessante campeonato da última temporada – fariam os play-offs. Cinco pontos à frente de equipes de peso, como Reggina, Bari e a seis e sete de Brescia e Sampdoria, respectivamente. Chegou a hora de uma forma não-convencional de fazer futebol ter sucesso na segundona italiana?

Confira aqui classificação, artilharia e estatísticas completas da Serie B.

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