Esquadrões

Times históricos: Cagliari 1968-1970

Grandes feitos: Campeão do Campeonato Italiano de 1969-1970. Foi o primeiro (e até hoje único) clube de uma região insular da Itália a se sagrar campeão nacional.

Time base: Albertosi; Tomasini; Martiradonna, Niccolai e Zignoli; Cera; Domenghini, Nenê (Brugnera), Greatti, Gori e Riva. Técnico: Manlio Scopigno.

Atum, sardinha, scudetto e Riva

Na Itália da virada dos anos 60, a região da Sardenha era praticamente irrelevante quando o assunto era futebol. A ilha só era conhecida internacionalmente pelo clima quente e pelos peixes sardinha e atum. Por lá, existia um clube pequenino, o Cagliari, que jamais conseguia brigar com os grandes do norte no Campeonato Italiano e vivia nas divisões inferiores do futebol nacional. No entanto, a região do atum e da sardinha começou a virar a região da bola na temporada 1969-1970 graças, principalmente, a um homem: Luigi Riva.

O excepcional atacante que só tinha o gol como único e principal objetivo dentro de campo foi o principal responsável por fazer do Cagliari o grande e indiscutível campeão italiano de 1969-1970 com uma campanha recheada de recordes e feitos inacreditáveis. O título foi o primeiro e até hoje único conquistado por um clube da região insular da Itália e colocou a Sardenha no mapa do futebol em definitivo. Se antes os moradores de lá eram motivo de chacota e piadas da turma do norte, Riva e companhia calaram a boca de todos jogando um futebol competitivo, inteligente e irrepreensível.

Logo após a conquista, importantes jogadores daquele esquadrão como Albertosi, Cera, Niccolai, Domenghini, Gori e Riva ajudaram a seleção italiana a chegar à final da Copa do Mundo de 1970, no México. É hora de relembrar as façanhas de um dos mais icônicos times do futebol italiano em todos os tempos.

Riva, o grande craque do Cagliari

Com a força de um Mustang

A história mais incrível do Cagliari começou a ser desenhada no começo dos anos 60, mais precisamente em 1963. Foi naquele ano que o clube da Sardenha contratou um jovem atacante que jogava no Legnano, da terceira divisão italiana, e que tinha uma história de vida marcada por momentos tristes e difíceis: Luigi Riva. Com nove anos, o jovem perdeu o pai e, aos 16, a mãe. Cuidando das duas irmãs mais novas, viu uma delas falecer de leucemia e a outra ficar paralítica após um acidente de carro. Tudo isso já poderia abalar qualquer um, menos Riva.

Ele começou a jogar futebol e aprender a valorizar as vitórias dentro de campo quando ganhava três dólares por partida ganha no Laverno, um clube amador. Se não ganhasse, não recebia nada. Por causa disso, Riva preferia marcar gols e jogar mal a jogar o fino e não vencer. O Cagliari percebeu isso e via a introspecção do atacante após partidas perdidas nas divisões inferiores nas quais jogava naquela década. Porém, tudo mudou a partir da temporada 1964-1965, quando o clube sardo disputou pela primeira vez a Série A e alcançou uma honrosa sétima posição.

Os anos foram se passando e Riva foi crescendo de produção a cada jogo, se tornando peça de destaque, também, da seleção italiana, pela qual se tornaria o maior artilheiro da história. Na temporada 1966-1967, o atacante foi o artilheiro da Série A com 18 gols e, ao lado do companheiro Roberto Boninsegna, colocou o Cagliari na sexta posição do campeonato.

O time sardo teria um destaque ainda maior no verão de 1967 ao viajar até os EUA para a disputa da United Soccer Association, uma competição disputada no Canadá e nos EUA com equipes “importadas” de países da Europa e da América do Sul, que serviu para plantar a semente do Soccer na terra do Tio Sam. O Cagliari participou do torneio com o nome Chicago Mustangs e teve a companhia de equipes como Cleveland Stokers (Stoke City), Houston Stars (Bangu), Los Angeles Wolves (Wolverhampton), San Francisco Golden Gate Gales (ADO Den Haag), Washington Whips (Aberdeen), entre outros.

O Chicago Mustangs ficou na terceira posição da divisão oeste com três vitórias, sete empates e duas derrotas em 12 jogos, com 20 gols marcados e 14 sofridos. Boninsegna foi o artilheiro do time e da competição com 10 gols em nove jogos. O campeão acabou sendo o Los Angeles Wolves, que derrotou o Washington Whips com um alucinante 6 a 5 na final. Mesmo sem o título, o Chicago, ou melhor, o Cagliari, voltou para a Itália com bons fluidos e ótimas perspectivas para as temporadas seguintes.

Nenê deu um tempero brasileiro àquele Cagliari histórico

Choque nos rivais e reforços

Depois de ficar na 9ª posição da Serie A na temporada 1966-1967, o Cagliari mostrou sua força no campeonato seguinte ao raspar a mão no scudetto e alcançar um incrível segundo lugar. Luigi Riva (artilheiro do ano) e Roberto Boninsegna foram outra vez fundamentais ao marcarem 20 e 9 gols, respectivamente, dos 41 anotados pelo clube da Sardenha na competição. Foram 14 vitórias, 13 empates e três derrotas em 30 jogos e apenas quatro pontos de diferença para a campeã, Fiorentina. O desempenho do time foi notável, também, graças ao trabalho do técnico Manlio Scopigno, conhecido como “O Filósofo”. O treinador tinha reconhecido talento para conversar com os jogadores, enfatizar o lado psicológico e ter profundos conhecimentos do futebol.

O vice-campeonato e a artilharia de Riva despertaram o interesse da Internazionale, que ofereceu dois milhões de dólares para contratar o atacante. Além do montante exorbitante para a época, a equipe de Milão, que tinha como homem forte o empresário Angelo Moratti, e dominava o futebol italiano naquela época, ao lado do Milan, ainda tinha a proposta de erguer na Sardenha um moderno hospital para amenizar a provável ira dos torcedores do Cagliari.

No entanto, o clube não concordou e acabou negociando apenas o companheiro de Riva, Boninsegna, que partiu para a equipe nerazzurra em troca de Angelo Domenghini e Sergio Gori, que cairiam como luvas no esquema do técnico Scopigno. Com a mesma base dos anos anteriores, uma defesa segura e bem consistente e o ótimo Riva no ataque, era possível sonhar alto na temporada 1969-1970.

O ‘filósofo’ Scopigno foi o grande comandante da conquista

Disparada de campeão e momentos difíceis

Nas oito primeiras rodadas do Campeonato Italiano de 1969-1970, o Cagliari mostrou entrosamento e muita força defensiva tanto em casa quanto fora. Depois de empatar sem gols contra a Sampdoria, longe de casa, a equipe emendou quatro vitórias seguidas contra o Vicenza (2 a 1, gols de Domenghini e Riva), Brescia (2 a 0, gols de Domenghini e Riva), Lazio (1 a 0, gol de Brugnera) e a campeã do ano anterior, Fiorentina, por 1 a 0 (gol de Riva) em plena Florença.

Na sexta rodada, e já líder, a equipe sarda empatou em casa contra a Internazionale em 1 a 1 (gol de Nenê), mas voltou a triunfar com uma vitória sobre o Napoli (2 a 0, fora, com dois gols de Riva, que jogou extremamente baleado e com febre de 40 graus) e outra sobre a Roma (1 a 0, em casa, gol do brasileiro Nenê).

Porém, a equipe de Riva, que mantinha quatro pontos de diferença sobre os concorrentes Fiorentina e Inter, começou a cair de rendimento ao empatar, em casa, contra a Juventus em 1 a 1 (gol de Domenghini) e empatar também em 1 a 1 (gol de Greatti) contra o Verona, fora.

A vitória na 11ª rodada sobre o Bologna por 1 a 0 (gol de Riva) voltou a alegrar o time, mas uma partida desastrosa contra o Palermo, fora de casa, custou caro aos rossoblù. Além de perder por 1 a 0, o Cagliari viu seu treinador, Scopigno, ser expulso e suspenso pelo resto da temporada após ofender um bandeirinha. Para a sorte do time, os empates nas partidas seguintes contra Bari (0 a 0) e Milan (1 a 1, gol de Riva) não tiraram a liderança dos sardos, que mantiveram uma boa vantagem de três pontos sobre Fiorentina, Inter, Juventus e Milan em uma época de vitórias valendo dois pontos – e não três, como nos dias atuais. Para encerrar o turno no topo, Gori e Riva fizeram os gols da vitória por 2 a 0, em casa, sobre o Torino e garantiram a festa de inverno na Sardenha. Mas será que a toada seguiria até o verão?

Riva e Albertosi, dois dos pilares do time sardo

Nos pés do craque

Assim como no início do turno, o Cagliari venceu quatro dos cinco primeiros jogos do returno. A estreia foi com um 4 a 0 pra cima da Sampdoria (dois gols de Domenghini, um de Riva e um de Gori) e foi seguida de um 2 a 1 contra o Vicenza com direito a dois gols de Riva, sendo um deles um magistral gol de bicicleta, tido como um dos mais belos da história do Campeonato Italiano, e capaz de arrancar aplausos de todos os torcedores do estádio Romeo Menti.

Embalados, os sardos fizeram 4 a 0 no Brescia (dois gols de Brugnera, um de Gori e outro de Riva) e bateram a Lazio em Roma por 2 a 0 (um gol de Domenghini e outro de Riva). Na 20ª rodada, empate sem gols contra a Fiorentina e, em seguida, a segunda e última derrota da equipe no torneio – 1 a 0 para a Internazionale, em Milão, com o gol nerazzurro marcado pelo ex-rossoblù Boninsegna.

O revés ligou o alerta em todos na Sardenha pelo fato de a Juventus encostar na classificação e ficar apenas um ponto atrás. Porém, na rodada seguinte, o Cagliari venceu o Napoli por 2 a 0 (gols de Gori e Riva) e viu a equipe de Turim empatar com a Inter. Àquela altura, a torcida do Cagliari via a possibilidade do título cada vez maior e fez aumentar de maneira considerável a demanda por rádios e TVs para acompanhar os jogos, obrigando as autoridades locais a instalar postes de eletricidade em diversas regiões da Sardenha.

Depois de empatar em 1 a 1 contra a Roma (gol de Domenghini), o Cagliari enfrentou a Juventus para o duelo mais aguardado daquela reta final de campeonato. Mesmo jogando fora de casa, os sardos não se intimidaram e partiram pra cima da Juve, que abriu o placar graças a um gol contra de Niccolai. Riva empatou no final do primeiro tempo e deixou o confronto aberto para a segunda etapa.

Nela, a Juventus chegou ao segundo gol num pênalti cobrado por Anastasi, após o juiz mandar voltar uma cobrança defendida por Albertosi. A torcida da Juve já cantava a vitória quando, aos 37, o Cagliari teve um pênalti a seu favor. Na cobrança, o craque Riva. Ele precisava marcar para manter o time na liderança isolada do torneio e deixar o scudetto cada vez mais próximo da Sardenha. O camisa 11 bateu e marcou um gol chorado, que decretou o empate em 2 a 2 e a manutenção dos dois pontos de vantagem.

Felizes ao extremo com o ótimo resultado e líderes, os sardos venceram o Verona por 1 a 0 (gol de Riva) na 25ª rodada, empataram sem gols contra o Bologna e derrotaram o Palermo, em casa, por 2 a 0 (gols de Nenê e Riva). Na 28ª rodada, o Cagliari viu a Juventus perder para a Lazio por 2 a 0 e fazer com que os sardos dependessem apenas de si para garantir o histórico título nacional já naquela dia 12 de abril de 1970. Jogando em casa contra um quase rebaixado Bari, o time rossoblù fez 2 a 0 com Riva e Gori e celebrou, por antecipação, seu inédito título de campeão da Itália.

Nas duas rodadas finais, o empate sem gols contra o Milan, em Milão, passou despercebido após a goleada por 4 a 0 (dois gols de Riva, um de Domenghini e outro de Gori) sobre o Torino, fora de casa, que encerrou com chave de ouro uma campanha inesquecível e histórica do Cagliari: 30 jogos, 17 vitórias, 11 empates e duas derrotas, com 42 gols marcados e apenas 11 sofridos, melhor defesa da competição e melhor de toda a história do Campeonato Italiano de futebol – para se ter uma ideia, o Cagliari não levou gols em 20 dos 30 jogos disputados.

Riva foi o artilheiro do torneio e do Cagliari, com 21 gols marcados em 28 jogos disputados, e se consagrou como o maior jogador da história do clube e responsável direto pela façanha incrível do time no campeonato local. Angelo Domenghini foi outro destaque no setor ofensivo ao anotar oito gols.

Do time titular, apenas três jogadores disputaram todos os jogos do título de 1969-1970: o goleiro Albertosi e os atacantes Domenghini e Gori. Meses depois, o Cagliari mostrou seu valor e sua força ao fornecer nada mais nada menos do que seis jogadores à seleção italiana que seria vice-campeã da Copa do Mundo de 1970, disputada no México: Domenghini, Albertosi, Riva, Cera, Niccolai e Gori, sendo os quatro primeiros titulares no time de Ferruccio Valcareggi.

Riva e as flores para a torcida: a festa do título

Os reflexos da conquista

Se antes a Sardenha era motivo de piadas e reconhecida apenas pelo pescado, naquele ano de 1970 foi a vez da desforra dos moradores da ilha. Durante uma semana, a população local comemorou sem moderação a conquista do Cagliari, com falsos funerais dos rivais de Turim e Milão, festas cheias de comidas e bebidas e um inédito orgulho de ser e viver na região insular.

Segundo o historiador Franco Brescio, antes da conquista do Cagliari, “bastava olhar para o mapa da Itália para saber o que realmente os italianos pensavam da Sardenha” – a bota chutando a ilha e a Sicília, outra grande ilha do país, localizada mais ao sul. O preconceito atingia o moral da população sarda, que se via no limbo do país ao conviver com estruturas precárias e sem os avanços do norte. Após o scudetto, a região começou a crescer graças ao turismo e nunca mais foi tratada com o desrespeito de antes. O título, segundo o protagonista principal daquela façanha – Luigi Riva – foi “algo para os sardos se orgulharem”.

No coração da Sardenha

Após o inédito e histórico título de 1970, o Cagliari jamais conseguiu repetir tal façanha e não foi bem na Copa dos Campeões de 1970-1971, sendo eliminado já na segunda fase após perder para o Atlético de Madrid, por 4 a 2 no placar agregado. O time, que já disputou por 35 vezes a elite do futebol italiano, passou por uma fase em que vivia subindo e caindo de divisões e, desde 2004, disputa a Serie A sem ter voltado à segundona. Enquanto o clube rossoblù tenta recuperar o prestígio de outrora, ainda dá para gastar os créditos adquiridos graças a um time histórico, competitivo e que transformou para sempre uma ilha inteira. Uma região que passou de mal falada a patrimônio de toda a Itália, como se tornou patrimônio da Sardenha o Cagliari, seus campeões e Luigi Riva, genial, visceral e imortal.

Os personagens:

Enrico Albertosi: goleiro extremamente ágil e capaz de fazer defesas acrobáticas, Albertosi foi um grande nome do Cagliari entre 1968 e 1974 e manteve sua ótima fase como goleiro depois de brilhar na Fiorentina. Teve um notável destaque na campanha do título com grandes defesas e a honra de levar apenas 11 gols em 30 jogos. Brilhou com a camisa da Itália e venceu a Eurocopa de 1968, além de disputar a Copa do Mundo de 1970 e ficar com o vice-campeonato.

Giuseppe Tomasini: defensor seguro e muito bom na sobra, Tomasini jogava como líbero no esquema tático do técnico Scopigno e foi um dos destaques da incrível zaga do Cagliari naquele título de 1969-1970. Jogou de 1968 até 1977 no clube da Sardenha e encerrou a carreira na própria ilha.

Mario Martiradonna: não era tão alto para um defensor (tinha 1,70m), mas compensava a falta de altura com muita raça, velocidade e ótimos passes pelo setor direito da zaga da equipe. Disputou mais de 230 jogos na Série A com a camisa do Cagliari entre 1962 e 1973.

Comunardo Niccolai: era um zagueiro que fazia o simples e não inventava, mas tinha uma particularidade curiosa: marcava vários golaços… contra! Mesmo com essa “qualidade”, Niccolai teve seu papel nos 29 jogos em que atuou pelo Cagliari naquele título nacional de 1969-1970, desempenho que lhe rendeu a convocação para a Copa do Mundo de 1970.

Giulio Zignoli: atuava pelo setor esquerdo da defesa do Cagliari e era muito combativo na marcação, além de ajudar na construção das jogadas de meio de campo e ataque. Chegou ao Cagliari em 1968 e permaneceu até 1970, quando deixou a Sardenha e foi jogar no Milan.

Pierluigi Cera: como volante ou líbero, Cera era o líder e capitão do time e jogava sempre de cabeça erguida, com muita disposição e qualidade nos passes, além de ser exímio na marcação e em coordenar os companheiros em campo. Jogou no Cagliari de 1964 até 1973 e aprendeu a atuar como líbero graças ao técnico Scopigno. Cera disputou a Copa do Mundo de 1970 como titular da Itália vice-campeã mundial.

Angelo Domenghini: legítimo ala pela direita do ataque do Cagliari, Domenghini veio com estrela e bagagem da Internazionale e formou, ao lado de Luigi Riva, um ataque sensacional na Sardenha. Com muita velocidade, precisos arremates com a perna esquerda e ótimas tabelinhas, Domenghini foi essencial para o título sardo na temporada 1969-1970 ao marcar oito gols e atuar em todos os 30 jogos do Cagliari. Disputou a Copa do Mundo de 1970 como titular da seleção italiana e jogou de 1969 até 1973 pelo Cagliari. Muito querido pela torcida.

Claudio Olinto de Carvalho (Nenê): o atacante brasileiro chegou ao Cagliari em 1964 depois de passar pelo Santos e pela Juventus. Com muita velocidade, dribles curtos, e ótimos cabeceios, Nenê brilhou no ataque do time sardo até 1976, ano em que encerrou a carreira pelo próprio Cagliari. Jogava mais para o time ao invés de ser goleador, o que provam seus números com a camisa do clube rossoblù: 311 jogos pela Serie A e apenas 23 gols marcados. Depois de pendurar as chuteiras, Nenê virou treinador e seguiu no futebol italiano.

Mario Brugnera: atuava como meia ou atacante e disputou 19 dos 30 jogos do Cagliari no Campeonato Italiano de 1969-1970. Marcou três gols na campanha que foram fundamentais: o da vitória por 1 a 0 sobre a Lazio, na 4ª rodada, e dois na goleada de 4 a 0 sobre o Brescia, na 18ª rodada.

Ricciotti Greatti: foi um dos principais articuladores de jogadas do Cagliari na campanha do scudetto com boa visão de jogo, ótimos passes e importante papel no esquema do técnico Scopigno. Jogou na Sardenha de 1963 até 1972 e disputou 213 jogos de Série A com a camisa do clube.

Sergio Gori: era o centroavante do Cagliari na campanha do título, mas viu os companheiros Riva e Domenghini tomarem para si o protagonismo dos gols. Mesmo assim, Gori disputou todos os jogos do time na campanha do título e marcou seis gols, apenas dois a menos que Domenghini. Era muito forte nas jogadas aéreas e fazia o pivô para Riva vir de trás e trucidar as defesas rivais. Jogou de 1969 até 1975 pelo Cagliari e também integrou a seleção italiana na Copa do Mundo de 1970.

Luigi Riva: combativo, decisivo, goleador, dono de um chute potente, altamente técnico, veloz, correto e leal. Luigi Riva foi tudo isso e muito mais nos 13 anos em que esteve defendendo as cores do Cagliari. Antes dele, o clube e a região da Sardenha não eram nada no futebol italiano. Com ele e depois dele, a Itália inteira passou a respeitar o Cagliari e a venerar de todas as maneiras possíveis o talento do artilheiro da camisa 11. Com Riva em campo, o futebol ficava mais plástico, mais competitivo e mais artístico. Com Riva em campo, o Cagliari teve metade dos seus 42 gols marcados na campanha do scudetto, e a Sardenha podia vibrar e ter a certeza de que pelo menos um golzinho seu time iria marcar. Riva foi um dos maiores mitos do futebol mundial e permanece até hoje como o maior artilheiro da história da seleção italiana com 35 gols em 42 jogos. Pelo Cagliari, marcou 164 gols em 312 partidas de Serie A. Ao se aposentar, o atacante viu sua camisa 11 também se retirar dos jogos de uniformes do Cagliari. Riva se tornou, inclusive, presidente do clube na década de 80. Um craque imortal. E a mais pura personificação do scudetto da Sardenha.

Manlio Scopigno (Técnico): o “Filósofo” quase complicou a vida do Cagliari na temporada 1969-1970 quando foi suspenso por criticar um bandeirinha no primeiro turno do campeonato, mas conseguiu manter seu time firme e forte rumo ao título nacional. Scopigno armou uma equipe extremamente competitiva e que se baseava estritamente no talento de seu camisa 11 e do seu ótimo sistema defensivo. Com isso, o Cagliari marcou gols pontuais e precisos, goleou quando o adversário dava brecha e não levou gols em 20 dos 30 jogos disputados – uma enormidade surreal. Amigo dos atletas e querido por jogadores e torcedores, o técnico marcou seu nome na história do futebol local ao vencer “um título que equivalia a cinco por clubes de Milão ou de Turim”, em suas próprias palavras.

Conteúdo do blog Imortais do Futebol. Leia mais sobre times, seleções, jogadores, técnicos e jogos que marcaram época no futebol mundial aqui.

Compartilhe!

Deixe um comentário