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Os 10 maiores uruguaios do futebol italiano

O Uruguai é um país pequeno e pouco populoso. Cerca de metade de seus 3,5 milhões de habitantes moram na capital, Montevidéu. Olhando sob essa perspectiva, impressiona o fato de os charrúas revelarem tantos jogadores ao longo dos tempos e de terem dois títulos mundiais, dois ouros olímpicos no futebol e mais 15 Copas América. E, ao longo da história, alguns jogadores uruguaios que tiveram sucesso internacional passaram pela Itália.

Ao todo, 137 jogadores do Uruguai atuaram na Serie A – o terceiro país mais representado no campeonato, atrás de Brasil e Argentina. Os primeiros uruguaios a chegarem na Itália aportaram na Bota nos anos 1930. Eram oriundi, filhos e netos de italianos. O pioneiro foi o meia Francisco Fedullo, que foi jogar no Bologna. Outros charrúas se juntaram a ele e formaram uma colônia uruguaia vencedora. Fedullo, juntamente ao meia Miguel Andreolo e os atacantes Rafael Sansone e Héctor (depois rebatizado Ettore) Puricelli, foram destaques de uma equipe que se sagrou quatro vezes campeã naquela década. O maior Bologna da história teve marca uruguaia.

Na mesma época, campeões mundiais pelo Uruguai em 1930 também jogaram na Itália, como Pedro Petrone, que fez sucesso na Fiorentina, e o artilheiro Héctor Scarone, que conviveu com lesões e a idade avançada, mas teve papel digno por Inter e Palermo. Campeões em 1950, Alcides Ghiggia e Juan Alberto Schiaffino também foram estrelas da Serie A e abriram caminho para vários outros compatriotas. A maioria deles, coadjuvantes raçudos, que se doaram por suas equipes, mas outros com um brilho a mais, como Enzo Francescoli, Álvaro Recoba e Edinson Cavani. Escolhemos os 20 maiores conforme os critérios abaixo.

Critérios
Para montar as listas, o Quattro Tratti levou em consideração a importância de determinado jogador na história dos clubes que defendeu, qualidade técnica do atleta versus expectativa, identificação com as torcidas e o dia a dia do clube (mesmo após o fim da carreira), grau de participação nas conquistas, respaldo atingido através da equipe, desempenho por seleções nacionais e prêmios individuais. Listas são sempre discutíveis, é claro, e você pode deixar a sua nos comentários!

Além do “Top 10”, com detalhes sobre os jogadores, suas conquistas e motivos que os credenciam a figurar em nossa listagem, damos espaço para mais alguns jogadores de destaque. Quem não atingiu o índice necessário para entrar no Top 10 é mostrado no ranking a seguir.

Observações: Para saber mais sobre os jogadores, os links levam a seus perfis no site. Os títulos e prêmios individuais citados são apenas aqueles conquistados pelos jogadores em seu período na Itália. Também foram computadas premiações pelas seleções nacionais, desde que ocorressem durante a passagem dos jogadores no período em questão.

Top 20 Uruguaios na Itália

11. Diego López; 12. Miguel Andreolo; 13. Rafael Sansone; 14. Francisco Fedullo; 15. Héctor Scarone; 16. Diego Pérez; 17. Carlos Aguilera; 18. Javier Chevantón; 19. Darío Silva; 20. Marcelo Zalayeta.

10º – Pedro Petrone

Posição: atacante
Clube em que atuou na Itália: Fiorentina (1931-33)
Títulos: nenhum
Prêmios individuais: Artilheiro da Serie A (1931-32)

Fundada em 29 de agosto de 1926, a Fiorentina só disputou a Serie A pela primeira vez na temporada 1930-31. Para essa ocasião para lá de especial o time queria uma contratação de impacto e acertou em cheio. Ídolo do Nacional de Montevidéu três vezes artilheiro do Campeonato Sul-americano, Pedro Petrone também fez parte da campanha do título uruguaio na Copa de 1930, embora não tenha sido titular graças a forte concorrência de Cea, Castro e Scarone. Antes disso, tinha feito parte da Celeste bicampeão olímpica, em 1924 e 1928, e também havia faturado duas vezes a Copa América. Com esse extenso currículo, ele se tornou o primeiro estrangeiro da história do time toscano. E o primeiro jogador a marcar um gol no estádio Artemio Franchi (à época, Giovanni Berta). sua trajetória na Itália começou e se concluiu com sucesso: sua grande velocidade, técnica e, principalmente, tiro potente e preciso, fizeram-no ser amado em Florença.

A Viola ficou em uma honrosa quarta colocação em sua temporada de estreia e Petrone foi o artilheiro do campeonato ao lado de Angelo Schiavio, do Bologna, com 25 gols. Contra o Pro Patria o atacante deixou uma tripletta e contra o Modena anotou um poker (quatro gols). Na temporada seguinte, Petrone, centroavante de origem, foi deslocado para jogar mais pelo lado direito, mas ainda assim acabou a temporada como o artilheiro da equipe, com 12 gols. Jogar na ponta destra não agradava o jogador, que acabou se desentendendo com o técnico Hermann Felsner. Multado com a perda do salário por um mês e afastado da equipe, Petrone fugiu para o Uruguai e teve o contrato rescindido meses depois. Na época ele já estava atuando novamente pelo Nacional, onde se aposentaria um ano depois.

9º – Daniel Fonseca

Posição: atacante
Clubes em que atuou na Itália: Cagliari (1990-92), Napoli (1992-94), Roma (1994-97), Juventus (1997-2001) e Como (2002-03)
Títulos: Copa América (1995), Supercoppa Italiana (1997), Serie A (1997-98) e Copa Intertoto (1999)
Prêmios individuais: nenhum

O caminho rumo à Itália já estava no destino de Daniel Fonseca antes mesmo do seu nascimento, em Montevidéu. Neto de italianos, o garoto foi à Velha Bota depois de apenas dois anos jogando nos profissionais do Nacional. A primeira parada foi no Cagliari, onde Daniel chegou junto com seu compatriota Francescoli. Atuando na meia-esquerda, Fonseca marcou oito gols na primeira temporada e nove na segunda. Desenvolvendo-se a passos largos, o jovem precisava de um desafio maior e trocou a Sardenha pela Campânia. No Napoli, sete gols nas dez primeiras partidas e um feito que entrou para a história: cinco gols na vitória contra o Valencia, na Copa Uefa.

Fonseca teve dois anos muito bons em Nápoles (ao todo, foram 31 gols em 58 jogos; 16 no primeiro ano e 15 no segundo) e viveu outra mudança. Dessa vez, para a capital. Na Roma, o homem-gol era Abel Balbo, mas apesar de diminuir seus encontros com a rede adversária Daniel foi muito bem nos três anos em que ficou por lá. O primeiro caneco, no entanto, só veio em sua primeira temporada na Juventus, o scudetto 1997-98. O ritmo em Turim não foi o mesmo de outrora, porém. Fonseca foi titular só na primeira temporada e nem entrou em campo em 1999-2000 por causa de uma lesão. Na temporada seguinte, entrou em campo só duas vezes, o que o fez rescindir o contrato com os bianconeri em 2001. Um ano depois, com passagens apagadas por River Plate e Nacional, ainda voltou à Itália para se aposentar no Como, onde também mal foi utilizado.

8º – Ettore Puricelli

Posição: atacante
Clubes em que atuou na Itália: Bologna (1938-44), Milan (1945-49) e Legnano (1949-51)
Títulos: 2 Serie A (1938-39 e 1940-41)
Prêmios individuais: Artilheiro da Serie A (1938-39 e 1940-41)

Em um longínquo tempo em que o Bologna levantava troféus, o clube rossoblù contou com um uruguaio que ajudou e muito na conquista de dois scudetti. Quando chegou a Itália, em 1938, Ettore – na foto, vestindo a camisa do Milan – ainda era mais conhecido como Héctor e vinha do modesto Central Español. O Bologna havia conquistado dois títulos em três anos, com uma trupe uruguaia, formada por Francisco Fedullo, Rafael Sansone e Miguel Andreolo, mas precisava de uma renovação. Em seu primeiro ano na Itália, Puricelli foi o homem mais avançado do ataque, que contava ainda com os pontas Biavati e Reguzzoni. O time marcou 53 gols, levou o scudetto e o uruguaio terminou como um dos artilheiros da competição, com 19 tentos. O Bologna abusava da boa estatura do matador e gols de cabeça viraram rotina. Não à toa, Ettore ganhou o apelido de ‘testina d’oro’.

Todo esse sucesso repentino rendeu sua primeira e única convocação para a seleção italiana, pela qual o ‘oriundo’ marcou um gol contra a Suíça. Em 1941 o feito de dois anos antes se repetiu: título para o Bologna e artilharia para Puricelli, agora com 22 gols. Em 1945, quando o goleador Aldo Boffi deixou o Milan, os rossoneri o substituíram com Puricelli. Embora o uruguaio continuasse uma máquina de fazer gols, tendo sido o artilheiro da equipe por três anos consecutivos, a equipe sempre bateu na trave e o atacante deixou a Lombardia sem nenhum troféu. Na reta final de sua carreira como jogador, Puricelli fez dupla com outro Ettore, o Bertoni, e juntos eles levaram o modesto Legnano para a Serie A. Em 1955, o título que faltou ao atacante no Milan chegou, mas nessa conquista Puricelli não contribuiu com gols; ele era o técnico da equipe.

7º – Paolo Montero

Posição: zagueiro
Clubes em que atuou na Itália: Atalanta (1992-96) e Juventus (1996-2005)
Títulos: 4 Serie A (1996-97, 1997-98, 2001-02 e 2002-03), 3 Supercopas Italianas (1997, 2002 e 2003), Supercopa Uefa (1996), Copa Intercontinental (1996) e Copa Intertoto (1999)
Prêmios individuais: nenhum

Cria do Peñarol, Paolo Montero foi um dos maiores bad boys que o futebol italiano já viu. Com polêmicas extracampo e também dentro das quatro linhas. Seu primeiro clube na Itália foi a Atalanta de Marcelo Lippi, mas foi na Juventus que o zagueiro brilhou. Levado por Lippi ao Piemonte, Montero passou nove anos em Turim e foi importante no período em que esteve no estádio Delle Alpi.

Quando não estava distribuindo pontapés a atacado, Montero também sabia ser um zagueiro de boa técnica. Embora a maioria lembre dele apenas por um recorde que até hoje nunca foi superado na Serie A (16 dos 21 cartões vermelhos que ele recebeu na Itália foram pelo campeonato nacional) também é importante dizer que Montero venceu dez títulos em seus anos de Juventus, incluindo quatro scudetti. Formando uma defesa para lá de sólida com Ciro Ferrara, o zagueiro peleador também chegou a três finais da Liga dos Campeões, ficando com o vice-campeonato em todas as ocasiões.

6º – Rubén Sosa

Posição: atacante
Clubes em que atuou na Itália: Lazio (1988-92) e Inter (1992-95)
Títulos: Copa Uefa (1993-94) e Copa América (1995)
Prêmios individuais: nenhum

De altura mediana e sempre parecendo estar alguns quilos acima do peso, o atarracado atacante podia até não ter pinta de craque, mas mudava a opinião dos desavisados com poucos minutos ao lado da bola. Rubén Sosa foi um ótimo jogador e teve belos anos jogando na Itália. Vindo do Zaragoza, clube espanhol no qual fez três boas temporadas, o atacante chegou na Lazio em 1988 e apesar do temperamento um tanto quanto volátil se deu bem com Paolo Di Canio – pelo menos dentro de campo. Foram quatro anos na capital e muitos gols, mas a equipe laziale nunca chegou a disputar um título nesse período (a melhor participação na Serie A foi uma 9ª colocação). Sosa então se mudou para a Inter de Milão.

Já em sua primeira temporada na Lombardia, Sosa foi o grande nome da campanha do vice-campeonato italiano. O uruguaio foi o artilheiro da equipe, com 20 gols, ofuscando Salvatore Schillaci, que tinha muitos problemas físicos. No ano seguinte, a campanha na Serie A não foi boa (a Inter escapou do rebaixamento por apenas um ponto, nas rodadas finais), mas Sosa ajudou com uma tripletta, virando a partida contra o Parma com duas bombas de fora da área. Depois de três anos de muitas bolas na rede, o atacante deixou o clube com uma Copa Uefa no currículo: foi dele o passe para o holandês Wim Jonk marcar o gol do título, contra o Casino Salzburg – atual RB Salzburg. Só não dá pra dizer que sua passagem foi perfeita graças as várias discussões com o gênio Dennis Bergkamp, que teve passagem pouco célebre por Milão.

5º – Álvaro Recoba

Posição: atacante
Clubes em que atuou na Itália: Inter (1997-98 e 1999-2007), Venezia (1999) e Torino (2007-08)
Títulos: 2 Serie A (2005-06 e 2006-07), 2 Coppa Italia (2004-05 e 2005-06), 2 Supercopas Italianas (2005 e 2006) e Copa Uefa (1997-98)
Prêmios individuais: nenhum

O ex-presidente da Inter, Massimo Moratti, sempre se notabilizou por ser um dirigente/torcedor. O mandatário gostava de estar próximo ao elenco e nessa rotina de convivência direta com os atletas adotou um uruguaio para ser seu xodó: Álvaro ‘Il Chino’ Recoba. Não é exagero dizer que Recoba foi um dos jogadores mais técnicos que já vestiram a camisa da Inter, mas não basta ser habilidoso para ter sucesso. Na primeira temporada em Milão, Recoba teve o azar de ter que dividir as atenções com Ronaldo. Porém, ele ofuscou a estreia do Fenômeno: a Inter perdia para o Brescia por 1 a 0, quando Recoba entrou na parte final do jogo. Com oito minutos em campo, mandou uma bomba no ângulo. Outros cinco minutos depois, com outro chute a quase 30 metros do gol, marcou de falta e definiu o placar. Meses depois, marcou um gol do meio-campo contra o Empoli.

No entanto, Recoba não era regular, e após um ano e meio em Milão, foi emprestado ao Venezia, com ótimos resultados: 11 gols, várias assistências e nada de rebaixamento para os Leoni. Recoba se destacou por ter feito três sobre a Fiorentina e, na penúltima rodada, por ter feito um golaço justo sobre a Inter, salvando os venezianos. O Chino acabou voltando para a Inter, dessa vez para ficar. O uruguaio conseguiu espaço em um time que contava com Ronaldo, Vieri, Zamorano e Baggio. Foram 25 gols entre 1999 e 2001, ano em que Recoba foi o jogador mais bem pago do mundo, cortesia de Moratti. Mas, a partir de então, a carreira do jogador virou uma montanha-russa. Quando estava livre das lesões e dentro de um peso aceitável Recoba fez ótimos jogos, mas esses requisitos ficaram cada vez mais raros. Além disso, o relacionamento com o técnico Roberto Mancini nunca foi bom. O canhotinho deixou a Inter em 2007, com sete títulos, uma penca de golaços, e ainda passou pelo Torino antes de se despedir da Velha Bota.

4º – Enzo Francescoli

Posição: meia-atacante
Clubes em que atuou na Itália: Cagliari (1990-93) e Torino (1993-94)
Títulos: nenhum
Prêmios individuais: Inserido na lista Fifa 100

Era uma vez um menino chamado Zinédine Zidane. Quando criança, o pequeno Zizou já sabia que queria ser jogador de futebol. Culpa da genética, dos deuses e também de um uruguaio que inspirou o já adolescente sonhador: Enzo Francescoli. O pupilo acabou superando o mestre, mas se dizem que Zidane era tão elegante que poderia jogar de terno e gravata, Francescoli foi a grande inspiração para o ‘jeito de se vestir’ do francês. Francescoli chegou na Itália vindo de um título francês com o Marseille. Pouco depois de disputar a Copa do Mundo no Belpaese, em 1990, o meia fechou com o Cagliari. Não é exagero dizer que o atleta era muita areia para o caminhão do time sardo, mas mesmo sendo um dos jogadores mais técnicos do campeonato, Enzo não foi brilhante em suas primeiras temporadas, principalmente porque jogava mais recuado na nova equipe, atuando não como o homem do último passe, mas como o idealizador do início das jogadas.

Na Serie A 1992-93, Francescoli retomou sua grande forma e liderou o Cagliari à sexta colocação e uma consequente classificação para a Copa Uefa, o suficiente para ser lembrado até hoje como um dos principais jogadores da história do clube. No ano seguinte, os rossoblù chegariam às semifinais europeias, mas Francescoli não estava mais lá para ajudar a equipe a passar pela Inter, que se sagraria campeã. Foi para o norte italiano e ainda jogou uma temporada no Torino, que tinha em seu elenco os compatriotas Marcelo Saralegui e Carlos Aguilera. Francescoli teve boas atuações na Coppa Italia, competição em que a equipe grená foi até as semifinais, quase repetindo o título do ano anterior. E, mesmo depois de sair de Turim, os caminhos do meia e da cidade se cruzaram novamente, já que Enzo estava no River Plate que perdeu para a Juventus no Mundial de Clubes de 1996.

3º – Alcides Ghiggia

Posição: ponta
Clubes em que atuou na Itália: Roma (1953-61) e Milan (1961-62)
Títulos: Copa das Feiras (1960-61) e Serie A (1961-62)
Prêmios individuais: nenhum

Três anos depois de calar duzentas mil pessoas no Maracanã, Alcides Ghiggia, um dos maiores vilões da história do Brasil e presença certa nos pesadelos de nossos avôs foi jogar na Itália e pela Itália. Ídolo do Penãrol, o ponta-direita foi para a Roma em 1953, mas o elenco giallorosso não ajudava muito. Além de Ghiggia, apenas Dino da Costa – que só chegou em 1955 – era jogador acima da média. A melhor colocação do uruguaio obtida vestindo as cores romanistas, porém, aconteceu logo antes da chegada do ítalo-brasileiro: segunda posição em 1954-55.

Embora tenha ficado marcado por um gol, Ghiggia não fez muitos em seus anos na Cidade Eterna. Para uma época em que os pontas começavam a se preocupar com funções defensivas, o uruguaio estava à frente do seu tempo, fazendo isso há alguns anos. Sempre foi um jogador de muita inteligência tática acima de tudo e suas subidas mais geravam cruzamentos do que remates. Em sua quarta temporada na Roma, Ghiggia se tornou o capitão da equipe romana e, como Juan Schiaffino, também trocou o azul celeste do Uruguai pela Azzurra, seleção que defendeu cinco vezes – sem conseguir ajudar a classificá-la para a Copa de 1958, porém. Dois anos depois, preterido pelo jovem Alberto Orlando, foi a vez de trocar também de clube, mas não sem antes voltar a jogar com seu ex-companheiro de 1950, Schiaffino, e vencer a Copa das Feiras. Aos 35 anos foi para o Milan, jogou apenas quatro partidas, mas enfim conheceu o sabor de conquistar um scudetto antes de voltar ao país natal.

2º – Edinson Cavani

Posição: atacante
Clubes em que atuou na Itália: Palermo (2007-10) e Napoli (2010-13)
Títulos: Coppa Italia (2011-12) e Copa América (2011)
Prêmios individuais: Artilheiro da Serie A (2012-13), Time do Ano da Serie A (2010-11, 2011-12 e 2012-13), Artilheiro da Coppa Italia (2011-12) e Futebolista Estrangeiro do Ano da Serie A (2012-13)

O Uruguai passou alguns anos sem um atacante de nível, mas quando a maré mudou, mudou da água para o vinho. A Celeste passou a ter a sua disposição Diego Forlán, Luis Suárez e um dos grandes goleadores que a Serie A teve na história recente: Edinson Cavani. O garoto de 20 anos chegou ao Palermo em 2007, após belo Sul-Americano Sub-20, mas teve dificuldades de adaptação no início. Na primeira temporada foram poucos gols, é verdade, já que o bomber do time era Amauri. Mas, depois de aprender a balançar as redes com o paulista, aí sim Cavani desandou a marcar. Aliás, não só balançou muito as redes como também ajudou Fabrizio Miccoli a fazer o mesmo, mostrando ser um atacante completo. Os dias de Sicília chegaram ao fim com uma honrosa 5ª colocação na Serie A, mas o uruguaio foi ainda melhor no Napoli, tornando-se em pouco tempo um dos maiores nomes da história azzurra.

Lá ele formou um tridente ofensivo de muito respeito com Ezequiel Lavezzi e Marek Hamsík, e nem de longe o atacante que agora voava baixo nos campos italianos lembrava o menino mirrado que pouco recebia oportunidades na infância por causa do físico. Em três temporadas, o Matador foi artilheiro partenopeu em todas elas, foi eleito para o time do ano da Serie A e colaborou com duas classificações napolitanas à Liga dos Campeões. Além de balançar as redes constantemente, a identificação com os azzurri ficou tão forte que torcedores inventaram uma “religião” chamada Cavanismo. Todos os gols e assistências foram recompensados e Cavani não deixou os azzurri de mãos abanando. Se na Celeste Olímpica Cavani foi protagonista no título da Copa América, no Napoli ele levantou pelo menos a Coppa Italia 2012, além de cravar a artilharia da Serie A do ano seguinte. O mínimo que um casamento tão bonito merecia. Meio a contragosto, deixou Nápoles por uma oferta obscena do Paris Saint-Germain. Cavani é o terceiro maior artilheiro da história napolitana e, com 104 tentos em 138 partidas, é dono da melhor média de gols entre os jogadores azzurri.

1º – Juan Alberto Schiaffino

Posição: meia
Clubes em que atuou na Itália: Milan (1954-60) e Roma (1960-62)
Títulos: 3 Serie A (1954-55, 1956-57 e 1958-59), Copa Latina (1956) e Copa das Feiras (1960-61)
Prêmios individuais: nenhum

Aqui no Brasil, parece que Ghiggia sentou à cabeceira da mesa e acabou pagando a conta do Maracanazo sozinho, mas a vitória do Uruguai sobre o Brasil no fatídico Mundial de 1950 foi por 2 a 1, e quem marcou o outro gol celeste foi tão ou mais importante para nossos vizinhos que o ponta-direita. Juan Alberto Schiaffino foi tudo que um jogador de meio-campo pode ser e mais um pouco. Depois de 18 títulos com a camisa do seu amado Peñarol, ‘Pepe’ foi para o Milan após a Copa de 1954, sendo na época o jogador mais caro da história. chegou para substituir Gunnar Gren, peça importante nos rossoneri. Fatos justificados pela versatilidade de seu repertório: um meio-campista com habilidade e visão de um camisa 10, mas inteligência tática e garra de um volante.

O Milan de Schiaffino, Lorenzo Buffon, Nils Liedholm, Cesare Maldini e Gunnar Nordahl marcou época e o uruguaio conquistou três scudetti – o último deles já ao lado de José Altafini e tendo Gianni Rivera como pupilo. Sua idolatria era tamanha que quando o Rubro-Negro decidiu negociar o uruguaio, a torcida não aceitou bem – Rivera, pouco depois, mostraria que o Diavolo tinha substituto à altura. Os protestos não surtiram efeito e Schiaffino foi defender a Roma, que já queria contratá-lo desde 1957, quando chegou a conversar com o jogador. Na Cidade Eterna, ficou por dois anos – já jogando como líbero – e conquistou a Copa das Feiras antes de se aposentar.

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