Listas Serie A

Corações ingratos: os jogadores que defenderam os rivais Lazio e Roma

Dando continuidade à série “Corações Ingratos”, falamos sobre aquela que é considerada a rivalidade mais quente de toda a Itália. A hostilidade entre os torcedores de Lazio e Roma costuma causar episódios de violência entre seus ultras e raramente fica reservada ao extracampo. O Derby della Capitale é o duelo do futebol italiano que registra o maior número de cartões vermelhos de 1994 até aqui: são 34.

Não é à toa que pouquíssimos jogadores tiveram a coragem de jogar pelas duas equipes romanas Até hoje, somente 31 atletas vestiram tanto a camisa celeste quanto a camisa amarela e vermelha. Entre esses, somente nove mudaram de um lado para o outro da cidade de forma imediata: Franco Cordova, Michele De Nadai, Attilio Ferraris, Alessandro Ferri, Astutillo Malgioglio, Pedro, Carlo Perrone, Sergio Petrelli e Arne Selmosson. Perrone foi ainda mais ousado. O defensor defendeu os biancocelesti entre 1977 e 1981, quando acertou uma transferência para os giallorossi. Apenas um ano depois estava de volta ao clube que o formou.

Abaixo, listamos 15 jogadores que cometeram o pecado da traição na Cidade Eterna. Escolhemos aqueles mais representativos para os clubes e os que tiveram as transições mais conturbadas, por diferentes razões. No final do texto, elencamos todos os “ingratos”. Confira!

Atualizado em 19 de agosto de 2021.

Angelo Peruzzi

Posição: goleiro
Trajetória nos clubes: 26 jogos pela Roma (1987-89 e 1990-91) e 226 pela Lazio (2000-07)

Muita gente conhece o Peruzzi que fez carreira na Lazio e ganhou o mundo pela Juventus e pela Itália. Quem não acompanhava de perto o futebol italiano na virada da década de 1980 para a de 1990 ou não estudou sobre o tema não imagina que o robusto goleiro é uma cria da Roma. Foi pelo lado giallorosso da Cidade Eterna que ele deu seus primeiros passos, como alternativa ao experiente Franco Tancredi. Após um ano emprestado ao Verona, Angelo voltou para a capital e assumiu a titularidade, mas logo nas primeiras rodadas da Serie A 1990-91 testou positivo para um inibidor de apetite e ficou o restante da temporada suspenso por doping.

A Juventus decidiu apostar no Cinghialone. O “grande javali” fez história em Turim, chegou à seleção e passou pela Inter até aportar na Lazio, em 2000, quando já tinha 30 anos. Pelo clube biancoceleste, Peruzzi viveu uma espécie de segunda juventude e continuou mostrando suas qualidades, especialmente nos chutes rasteiros e nas saídas no chão. Em sete anos de Lazio, o arqueiro conquistou uma Supercopa Italiana e uma Coppa Italia. Não só: sempre em alto nível, participou do tetracampeonato mundial com a Itália e foi eleito o melhor goleiro de 2007 na Serie A. Bandeira do clube, atualmente Peruzzi ocupa um cargo na diretoria laziale.

Astutillo Malgioglio

Posição: goleiro
Trajetória nos clubes: 2 jogos pela Roma (1983-85) e 20 pela Lazio (1985-86)

Apesar de ser um dos raros jogadores que trocaram a Roma diretamente pela Lazio, Malgioglio é pouco conhecido até mesmo na Itália. O goleiro se destacou no Brescia na passagem da década de 1970 para a de 1980 e, anos depois, foi reserva de uma Inter campeã nacional e da Copa Uefa. Foi nesse meio tempo que ele passou pelos clubes da Cidade Eterna. Pelos giallorossi, Astutillo pouco jogou, já que era reserva de Tancredi. Assim, acabou se mudando para a Lazio, que havia sido rebaixada para a Serie B em 1985. Por seu passado romanista, logo de cara Malgioglio não foi aceito por parte considerável da torcida laziale. A situação piorou quando os ultras descobriram que o goleiro usava o seu tempo livre para ajudar deficientes físicos e mentais: apaixonado por medicina (curso em que se formaria), o simpático bigodudo se dedicava a prestar assistência aos mais carentes.

Malgioglio e sua família eram alvos frequentes de insultos e agressões por parte dessa parcela da torcida da Lazio, que alegava que o goleiro se importava mais com seu trabalho social do que com o clube, que vivia uma fase complicada na segundona. Isolado, Astutillo não recebia apoio algum dos colegas ou dos dirigentes. A situação teve seu estopim num jogo contra o Vicenza, no qual o goleiro falhou algumas vezes e os celestes perderam por 4 a 3. Após ser tão xingado e vaiado, Malgioglio viu uma faixa em que se lia “volte para seus monstros”, em alusão aos deficientes. Assim, tirou a camisa do clube, cuspiu sobre ela e a atirou para a torcida. Rescindiu o contrato e foi para a Inter, onde teve o trabalho com deficientes apoiado pela agremiação. Em 1990, uma lesão de Walter Zenga fez com que Astutillo tivesse que entrar em campo contra a Lazio, na capital. O goleiro tentou selar a paz ao levar um grande ramalhete de flores para a torcida, mas não adiantou.

Fernando Orsi

Posição: goleiro
Trajetória nos clubes: formado na Roma; nenhum jogo no profissional (1978-79) e 125 pela Lazio (1982-85 e 1989-98)

Fernando Orsi passou anos nas categorias de base da Roma, mas não recebeu nenhuma chance quando subiu para o profissional, no fim dos anos 1970. Após deixar os giallorossi e defender Siena e Parma nas divisões inferiores, o goleiro acertou com a Lazio em 1982. Nando assumiu a meta do clube celeste para a disputa da Serie B e participou da campanha do vice-campeonato, que garantiu o acesso. O romano teve mais dois anos como titular na elite e, após o rebaixamento do clube, acertou com o Arezzo, em 1985.

Orsi ficou quatro anos como titular do pequeno clube da Toscana, que neste período disputou a segunda e a terceira divisões. Retornou à Lazio em 1989 para ser reserva e ficou no clube por mais nove anos, até encerrar a carreira e assumir cargos como preparador de goleiros e auxiliar técnico. Na segunda passagem pelo time laziale, Nando conseguiu ser titular na campanha do quinto lugar em 1992-93, quando o técnico Dino Zoff barrou Valerio Fiori e lhe deu a vaga no onze inicial.

Lionello Manfredonia

Posição: zagueiro
Trajetória nos clubes: 234 jogos pela Lazio (1975-85) e 94 pela Roma (1987-90)

Manfredonia foi um dos mais duros e importantes defensores do futebol italiano nos anos 1970 e 1980. Criado na Lazio, o versátil jogador – que atuava como líbero, zagueiro e volante – passou uma década no lado biancoceleste da capital. Campeão nacional sub-20, Lionello chegou ao time principal pouco depois do primeiro scudetto laziale e acabou jogando pelo clube durante uma fase negativa. Embora o defensor se destacasse individualmente, a ponto de chegar à seleção italiana, o time brigava na parte baixa da tabela e acabaria rebaixado em 1980. Manfredonia colaborou com a queda, pois foi um dos pivôs do escândalo Totonero, que deduziu pontos da Lazio e lhe rendeu um gancho de três anos e meio. Em 1982, após o tri mundial da Itália, a FIGC concederia anistia a todos os envolvidos.

O zagueiro foi reintegrado ao time para a disputa da Serie B naquela temporada, conquistou o acesso e, após dois anos ruins na elite e um rebaixamento, passou à Juventus. Ao biênio em Turim se sucedeu sua transferência para a Roma, que não foi bem aceita pela torcida romanista – facções ultras criaram o Grupo Anti-Manfredonia. Mesmo assim, o defensor viveu duas temporadas razoáveis pelos giallorossi, sempre na parte de cima da tabela. Acabou por interromper sua carreira precocemente em meados da terceira campanha pelo clube: no início de uma partida disputada contra o Bologna no dia 30 de dezembro de 1989, Lionello sofreu uma parada cardíaca e teve de ser atendido com urgência – quem lhe prestou os primeiros socorros foi Bruno Giordano, ex-companheiro de Lazio. São e salvo, anunciou sua aposentadoria imediatamente após deixar o hospital.

Sebastiano Siviglia

Posição: zagueiro
Trajetória nos clubes: 5 jogos pela Roma (2001-02) e 158 pela Lazio (2004-10)

Durante quase toda a sua carreira, Siviglia não passou de um jogador utilitário em equipes pequenas. Até completar 31 anos, seus melhores momentos haviam sido numa Atalanta vice-campeã da Serie B e sétima colocada na elite, e num Lecce surpreendente, que ficou com a 10ª posição no Italiano. A boa passagem por Bérgamo lhe abriu as portas para uma Roma recém-campeã nacional, mas não fez com que Fabio Capello o utilizasse. Sebastiano foi um fantasma na campanha do segundo lugar na Serie A 2001-02.

A partir de 2004, Siviglia atingiria seu auge na Lazio, mesmo já tendo superado sua maturidade como atleta. Em seis anos de clube, o defensor ganhou posição de destaque e foi até mesmo vice-capitão em 2009-10, sua última temporada como profissional. O xerife atravessou com o clube celeste uma fase de penúria financeira (em que a equipe chegou a brigar para não cair) e de envolvimento com o Calciopoli, mas terminou em alta. Foi evoluindo juntamente com a Lazio e pode comemorar uma conquista de vaga na Liga dos Campeões, um título da Coppa Italia e uma Supercopa local.

Sinisa Mihajlovic

Posição: zagueiro, lateral-esquerdo e volante
Trajetória nos clubes: 69 jogos pela Roma (1992-94) e 193 pela Lazio (1998-2004)

Mihajlovic se identificou tanto com a Lazio que pouca gente lembra que a Roma foi o seu primeiro clube na Itália. A passagem pela rival também é totalmente desprezada pela torcida celeste, que tem o sérvio como um de seus maiores ídolos. Apelidado de Bomba de Borovo, em alusão ao seu potente chute e à cidade em que nasceu, Sinisa assinou com os romanistas depois de ser campeão europeu e mundial com o Estrela Vermelha, mas ficou apenas dois anos do lado giallorosso da capital, onde atuou como volante sob as ordens de Vujadin Boskov e Carlo Mazzone.

Ao sair da Roma, Mihajlovic se consolidou como um grande cobrador de faltas na Sampdoria. Após quatro anos em Gênova e uma boa Copa do Mundo, em 1998, o canhoto foi uma das principais contratações da endinheirada Lazio de Sergio Cragnotti. Nas seis temporadas em Formello, Sinisa participou dos momentos mais importantes do clube, com o qual conquistou sete títulos, incluindo o segundo scudetto e a Recopa Uefa. Além disso, foi o autor do primeiro gol da história laziale na Champions League – um golaço de falta contra o Bayer Leverkusen, em 1999. Em seis temporadas, o craque anotou 33 vezes pelos celestes.

Aleksandar Kolarov

Posição: lateral-esquerdo
Trajetória nos clubes: 104 jogos pela Lazio (2007-10) e 53 pela Roma (2017-hoje)

Discípulo de Mihajlovic, Kolarov fez um caminho inverso ao do seu mestre. O atual capitão da seleção sérvia foi descoberto pelo olhar apurado de Walter Sabatini e chegou à Itália quando ainda era uma promessa. Em três anos de Lazio, conquistou uma Coppa Italia e uma Supercopa local, além de ter se destacado como um dos melhores laterais esquerdos do país graças à enorme qualidade no apoio, nos cruzamentos e nos chutes de longa distância. Em uma dessas chegadas, marcou um lindo gol num dérbi contra a Roma em 2009, após correr 70 metros e finalizar no canto.

Aleksandar foi vendido para o Manchester City por 18 milhões de euros e passou sete anos como opção no recheado elenco dos Sky Blues. Em 2017, retornou à Itália e acertou com a Roma para substituir Emerson Palmieri, que havia se lesionado com gravidade. O mal-encarado estreou com belo gol contra a Atalanta e desde então tem sido um dos pilares da equipe de Eusebio Di Francesco: joga quase todas as partidas dos giallorossi e é um dos líderes do elenco.

*Atualização: em 29 de setembro de 2018, Kolarov se tornou um dos dois únicos jogadores que marcaram pelos dois times no dérbi.

Luigi Di Biagio

Posição: meio-campista
Trajetória nos clubes: 1 jogo pela Lazio (1988-89) e 140 pela Roma (1995-99)

Criado na base da Lazio, Di Biagio quase não recebeu chances no time profissional celeste. Volante duro, mas que sabia sair para o jogo e tinha um forte e preciso chute de longa distância, Gigi passou alguns anos como destaque do pequeno Monza e do Foggia de Zdenek Zeman até retornar à cidade em que nasceu. Na Roma, ganhou mais relevância e começou a ser considerado um dos melhores jogadores de sua posição. Também entrou no radar da seleção italiana e representou a Nazionale na Copa de 1998.

Gigi foi treinado por Carlo Mazzone, Carlos Bianchi, Nils Liedholm e Zeman, mas nunca deixou de ser titular da Roma. A equipe não brigava pelas posições mais altas da tabela, mas competia por vaga na Copa Uefa – que conquistou em três dos quatro anos em que Di Biagio esteve lá, como sustentáculo do meio-campo. As sólidas atuações pela equipe giallorossa acabaram levando o volante para a Inter em 1999.

Fabrizio Di Mauro

Posição: meio-campista
Trajetória nos clubes: 95 jogos pela Roma (1988-92) e 21 pela Lazio (1993-94)

Meio-campista central, Di Mauro foi formado na Roma, mas só atuou pelo clube quatro anos depois de ter saído das categorias de base. O jogador foi emprestado para Arezzo e Avellino com o intuito de ganhar rodagem e apenas em 1988 foi aproveitado pela equipe principal giallorossa. Fabrizio disputou quatro temporadas com a Loba e se destacou principalmente nas duas últimas: em 1990-91, ajudou o time a ser vice-campeão da Copa Uefa e venceu a Coppa Italia. Também chegou a ser convocado para a seleção italiana.

Di Mauro foi vendido para a Fiorentina e recebeu mais algumas convocações para a Nazionale, embora a equipe não estivesse bem no campeonato. A viola acabou rebaixada e, pelo que vinha jogando, o meia optou por não disputar a Serie B, já que não queria deixar o radar de Arrigo Sacchi para a Copa de 1994. Di Mauro foi, então, emprestado para a Lazio. O meia não atuou muito sob o comando de Zoff – foi um elemento de rotação do plantel – e não conseguiu espaço no grupo que disputou o Mundial, mas ajudou a equipe a ficar com a quarta posição do campeonato e uma vaga na Copa Uefa. O primeiro dos seus dois gols pelos celestes aconteceu exatamente no dérbi capitolino: aos 78 minutos apareceu na área para anotar o tento decisivo para o empate por 1 a 1.

Attilio Ferraris

Posição: meio-campista
Trajetória nos clubes: 231 jogos pela Roma (1927-34 e 1938-39) e 40 pela Lazio (1934-36)

Meio-campista defensivo, Ferraris foi o primeiro capitão da Roma e um de seus ídolos de primeira hora. Afinal, Attilio estava presente na fundação do clube, já que era um dos principais atletas da Fortitudo – uma das equipes que se fundiram para formar a agremiação giallorossa. Em seus sete primeiros anos de Roma (todos com a braçadeira), “Tilio” jogou como volante, meia central e até como lateral, mesmo que não se destacasse pelo afinco nos treinamentos, o que comprometia sua forma física e a relação com os técnicos. Gostava mesmo era de jogo, carros, mulheres e noitadas.

Ainda assim, Ferraris conquistou a Copa CONI pela Roma e foi o primeiro jogador do clube a vestir a camisa da seleção italiana. Pela Nazionale, conquistou um bronze olímpico, em 1928, e o primeiro título mundial, em 1934. Após chegar ao topo do planeta, a Lazio ofereceu 150 mil velhas liras para contar com seu futebol e o presidente Renato Sacerdoti, com quem tinha algumas rusgas, acabou aceitando. Attilio passou dois anos no time celeste, com campanhas razoáveis na Serie A, e após um curto período pelo Bari, retornou à Roma para mais uma temporada. Ferraris morreu em 1947, com apenas 43 anos, vítima de um mal súbito durante uma partida de seniores.

Franco Cordova

Posição: meio-campista
Trajetória nos clubes: 212 jogos pela Roma (1967-76) e 85 pela Lazio (1976-79)

Ciccio Cordova é um dos poucos italianos dessa lista que não nasceram em Roma ou em seus arredores. O meia perambulou pela Itália até se destacar pelo Brescia e ser contratado pela Loba em 1967, quando tinha 23 anos. Eram tempos de vacas magras para a equipe giallorossa, mas ao longo de nove temporadas, Cordova ajudou o time a conquistar uma Coppa Italia, uma Copa Anglo-Italiana e um terceiro lugar na Serie A. O jogador ainda recebeu oportunidades na Nazionale e usou a braçadeira de capitão por quatro anos, entre 1972 e 1976. Embora fosse o dono da faixa no lado amarelo e vermelho da Cidade Eterna, Ciccio não tinha uma boa relação com o presidente Gaetano Anzalone. O motivo era político: o jogador era casado com Simona, filha de Alvaro Marchini, adversário e antecessor do cartola na presidência.

Dessa forma, Anzalone agiu nos bastidores para negociar o regista com o Verona sem que o próprio Franco tivesse conhecimento. Como retaliação, o meia se ofereceu à Lazio e forçou a venda – a tréplica do dirigente foi jogar Ciccio contra a torcida. Cordova passou três anos vestindo celeste e teve atuações razoáveis pelo clube, que obteve um quinto lugar como melhor posição neste período. Num dérbi da capital de 1979, porém, o meio-campista acabou marcando um gol contra – para sua sorte, Giancarlo De Sisti também violou seu próprio patrimônio e os laziali viraram. Em 1980, já no Avellino, Ciccio se aposentou após uma lesão e um gancho por não ter dedurado colegas do clube que participaram do esquema Totonero. A partir de então, selou a paz com a tifoseria romanista.

Diego Fuser

Posição: meio-campista
Trajetória nos clubes: 242 jogos pela Lazio (1992-98) e 26 pela Roma (2001-03)

Assim como Cordova, Fuser também não é romano. Figurinha carimbada na seleção italiana nos anos 1990, o meio-campista chegou à Lazio aos 23 anos, depois de ter passado por Torino, Milan e Fiorentina. Diego viveu seu auge pelos aquilotti: em seis temporadas pelo clube celeste, se qualificou como jogador de boa chegada ao ataque e foi peça-chave para os trabalhos de três treinadores diferentes – Zoff, Zeman e Sven-Göran Eriksson.

Titular absoluto da Lazio, Fuser se consolidou como um dos melhores em sua função no país, a ponto de ser convocado por Sacchi para a Euro 1996. Pelo clube, foi muito importante em seguidas boas campanhas na Serie A (um quinto, dois quartos, um terceiro e um segundo lugares), no vice-campeonato da Copa Uefa e no título da Coppa Italia, que levantou como capitão. Valorizado, acabou sendo contratado pelo endinheirado Parma, o qual defendeu por três anos. Já na Roma, Diego quase não foi utilizado por Capello. Mesmo assim, marcou dois importantes gols, sobre Venezia e Parma, que ajudaram os giallorossi a ficarem com a segunda posição do Italiano em 2002.

Fulvio Bernardini

Posição: meio-campista e atacante
Trajetória nos clubes: 41 jogos pela Lazio (1923-26) e 294 pela Roma (1928-39)

Bernardini é a única unanimidade entre os torcedores dos dois clubes da capital italiana: foi ídolo da Lazio e da Roma, sem manchar a imagem do outro lado. Colabora para isso o fato de que, quando Fuffo atuou pelas águias, a Loba ainda nem existia. Aclamado como grandíssimo jogador nos anos 1920 e 1930, Fulvio começou como atacante pela Lazio e foi um dos maiores destaques da equipe vice-campeã italiana em 1923. Na final, contra o Genoa, arrancou elogios do lateral esquerdo Renzo De Vecchi, capitão rossoblù e da seleção. Após ostentar a faixa de capitão da Lazio em seu último ano no clube, o coringa se mudou para a Internazionale.

Após dois campeonatos na Inter, Bernardini acertou com a Roma em 1928 – o time havia sido formado apenas um ano antes, a partir da fusão entre Alba Roma, Fortitudo Pro Roma e Roman. Foram onze anos de dedicação aos giallorossi, que não resultaram em nenhum troféu de grande projeção neste período. Mesmo assim, jogando no meio-campo ou no ataque, Fulvio se tornou um dos primeiros grandes ídolos da equipe capitolina, juntamente a Attilio Ferraris. Causou até estranheza o fato de ter sido barrado das Copas do Mundo de 1934 e 1938 pelo técnico Vittorio Pozzo, que o considerava “muito melhor que os demais”. Segundo o bicampeão mundial, o time perdia em espírito coletivo com a presença de um jogador tão talentoso. Vá entender.

Roberto Muzzi

Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 83 jogos pela Roma (1988-93 e 1994) e 61 pela Lazio (2003-05)

Torcedor fervoroso da Lazio, Muzzi saiu das categorias de base da Roma para brilhar no futebol italiano. As primeiras quatro temporadas de sua carreira – além de um pedaço da quinta e da sexta – foram disputadas pela rival de seu time de coração, em bom nível. Ainda jovem, Roberto se mostrou um atacante veloz, com bom poder de finalização e oportunismo. Dessa forma, conquistou uma Coppa Italia e um vice da Copa Uefa pelos profissionais (além de uma Copa Viareggio e um scudetto sub-19 pela Primavera) e dois bicampeonatos europeus sub-21 pela Itália. Muzzi também participou da Olimpíada de 1992.

Embora tenha brilhado no início da carreira, o atacante não foi aproveitado pela Roma. Aos 23 anos, Muzzi foi cedido em definitivo ao Cagliari: na Sardenha, viveu seus momentos mais positivos e cavou uma transferência para a Udinese. Já veterano, o jogador voltou para a Cidade Eterna para compor elenco numa Lazio com sérios problemas financeiros. Reserva durante as duas campanhas que disputou pelo time de Formello, Roberto não jogou muito, mas fez o gol que garantiu a permanência matemática dos laziali na elite, em 2005. Após se aposentar, Muzzi serviu como treinador das categorias de base e auxiliar técnico da Roma por seis anos.

Arne Selmosson

Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 101 jogos pela Lazio (1955-58) e 87 pela Roma (1958-61)

Para concluir, um jogador singular. Arne Selmosson foi, por muito tempo, o único jogador que marcou gols por Lazio e Roma no Dérbi da Capital: dois pelos celestes e três pelos giallorossi. O sueco chegou à Itália via Udinese e após uma temporada prolífica no Friuli, foi contratado pela Lazio. Conhecido como “Raio de lua” por seus cabelos loiros, o atacante manteve sua ótima média de gols: foram 31 em três anos pelos laziali, nos quais colaborou para duas terceiras colocações no Campeonato Italiano.

Atravessando problemas financeiros, a Lazio precisou vender Selmosson para o clube que pagasse mais. Calhou de ser a Roma. Vice-campeão mundial pela Suécia, em 1958, o atacante conseguiu duas de suas três melhores marcas na carreira pelos giallorossi: 16 gols em 1958-59 e 13 em 1959-60. Antes de retornar à Udinese, em 1961, Arne ainda se sagrou campeão da Copa das Feiras, competição que antecedeu a Copa Uefa. Em 29 de setembro de 2018, Kolarov igualou o feito do sueco, com gols pelos dois times no clássico.

Os outros jogadores que defenderam Lazio e Roma

Luigi Allemandi, Giacomo Blason, Matteo Cancellieri, Francesco Colonnese, Vittorio Dagianti, Vito D’Amato, Michele De Nadai, Sergio Domini, Alessandro Ferri, Carlo Galli, Giacomo La Rosa, Pietro Pastore, Pedro, Luca Pellegrini, Carlo Perrone, Sergio Petrelli, Alessandro Rinaldi, Alessio Romagnoli, Michelangelo Sulfaro e Franco Zaglio.

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