No terceiro texto da série “Corações ingratos”, falaremos sobre aquela que é a traição mais leve de todas no futebol italiano. Um mero lance, sem um pingo de romance. Aliás, talvez nem seja possível chamar os jogadores que atuaram por Inter e Milan de traidores. Afinal, os cugini de Milão têm uma relação prafrentex, que pode tranquilamente ser descrita como aberta – ou poliamor, se você preferir.
É possível que essa falta de apego remeta aos primórdios da história dos dois clubes. Afinal, a Inter foi fundada em 1908 por dissidentes do Milan, que não aprovavam a proibição de estrangeiros imposta pelos diretores rossoneri naquela época. De forma natural, então, as duas agremiações passaram a contar com jogadores que defenderam as duas camisas. Logo no primeiro elenco interista, por exemplo havia dois, ambos de nacionalidade suíça: Carlo Hopf e Hugo Rietmann, que por pouco tempo foram vinculados ao time de Milanello.
No total, 80 jogadores atuaram pelos rivais. Boa parte deles o fez até os anos 1940, quando o futebol do norte do país dominava amplamente o cenário italiano. Mas não foi só. As diretorias de Inter e Milan sempre tiveram bom relacionamento e nunca se furtaram a negociar entre si, quando lhes pareceu conveniente. Dentre os atletas que jogaram pelos dois clubes, 33 passaram diretamente de um lado a outro da cidade.
Alguns deles, é verdade, optaram por virar a casaca em ato de rebelião. Christian Vieri, por exemplo, rescindiu com a Beneamata e, fulo com Massimo Moratti, topou defender o Diavolo. No entanto, a grande maioria deles trocou de lado com a aquiescência dos cartolas. São os casos de Andrea Pirlo, Clarence Seedorf e Aldo Serena, além de outros jogadores não tão badalados assim, como Sulley Muntari, Taribo West, Thomas Helveg ou o desconhecido Drazen Brncic.
Na nossa lista, deixamos de lado um seletíssimo grupo: o dos 11 atletas que jogaram por Inter, Juve e Milan, sobre os quais falamos em outro momento (leia aqui). Feita a ressalva, confira a relação dos 15 futebolistas mais representativos que atuaram pela dupla de Milão. No final do texto, elencamos todos os “ingratos”.
Lorenzo Buffon
Posição: goleiro
Trajetória nos clubes: 300 jogos pelo Milan (1949-59) e 90 pela Inter (1960-63)
O sobrenome não deixa dúvidas: Lorenzo e Gianluigi Buffon são parentes. O primo em segundo grau do avô de Gigi foi o cara que inaugurou a dinastia da família debaixo das traves, no final dos anos 1940. Após estrear como profissional na Portogruarese, o goleiro passou ao Milan aos 19 anos, e com 20 já era titular absoluto da equipe – algo muito incomum.
Em uma década de Milan, Buffon ganhou quatro scudetti e duas Copas Latinas, sendo o pilar defensivo de um time que tinha os suecos Gunnar Gren, Nils Liedholm e Gunnar Nordahl. Goleiro de defesas espetaculares, Lorenzo também recebeu suas primeiras oportunidades na seleção enquanto defendia os rossoneri. Em 1959, ele acabou assinando com o Genoa, mas apenas alguns meses depois voltava para Milão, desta vez para ser o camisa 1 da Inter. Buffon ficou três anos na meta nerazzurra e conquistou mais um título nacional – além de ter sido o titular da Itália no Mundial de 1962. Deixou a Beneamata aos 33 anos, e ainda defendeu brevemente Fiorentina e Ivrea antes de pendurar as luvas.
Saul Malatrasi
Posição: líbero
Trajetória nos clubes: 35 jogos pela Inter (1964-66) e 93 pelo Milan (1967-70)
Malatrasi não é muito conhecido no Brasil, mas é detentor de uma peculiaridade muito significativa. É o único jogador na história que conseguiu ser campeão italiano, europeu e mundial pela Inter e pelo Milan. O polivalente defensor, que atuava como líbero, lateral e até mesmo como volante, obteve o feito mesmo sem ter sido titular absoluto nos nerazzurri e nos rossoneri.
Saul começou sua carreira na Spal e passou por Fiorentina e Roma até chegar na Inter, a pedido de Helenio Herrera. O técnico argentino queria um reserva para o volante Carlo Tognin, mas Malatrasi também substituiu o líbero Armando Picchi quando foi necessário. Após dois anos e cinco títulos pela Beneamata, o defensor teve curta passagem pelo Lecco e chegou ao Milan, onde foi um dos preferidos de Nereo Rocco. Em três anos pelo Diavolo, Malatrasi conquistou três taças e retornou para a Spal, clube em que concluiu sua carreira.
Fulvio Collovati
Posição: zagueiro
Trajetória nos clubes: 198 jogos pelo Milan (1976-82) e 168 pela Inter (1982-86)
O ano de 1982 não apenas marcou o ápice para Collovati, mas também foi um divisor de águas em sua carreira. Afinal, ele conquistou o título mundial como titular da Itália e, após o torneio disputado na Espanha, trocou o Milan pela Inter. A mudança de lado se justificava: os rossoneri haviam sido rebaixados para a Serie B pela segunda vez em dois anos. Na campanha do descenso, o zagueiro chegou a ser atingido por uma pedra lançada por um torcedor durante uma partida contra o Como.
Criado em Milanello, Collovati ganhou a titularidade com o técnico Nils Liedholm, conquistou uma Coppa Italia e o décimo scudetto rossonero, que deu ao Diavolo o direito de colocar uma estrela no peito. O envolvimento de jogadores e outros funcionários do Milan no escândalo Totonero condenaram o clube à segundona, mas Fulvio permaneceu e conquistou o título da competição. Após a segunda queda do rival, a Inter apareceu com uma proposta e mandou Giancarlo Pasinato, Nazzareno Canuti e Aldo Serena para o lado inverso. Nem mesmo a megatroca acalmou os ânimos da torcida, que lhe chamou de “desertor ingrato”. Na Inter, Collovati não conquistou títulos, mas foi duas vezes semifinalista da Copa Uefa.
Christian Panucci
Posição: zagueiro e lateral-direito
Trajetória nos clubes: 134 jogos pelo Milan (1993-97) e 31 pela Inter (1999-2000)
Panucci chegou ao Milan com apenas 20 anos, depois de se destacar no melhor Genoa do pós-guerra. Pelos rossoneri, o versátil defensor se tornou uma peça fundamental para a equipe de Fabio Capello, que estabeleceu recordes e deu continuidade ao período vencedor de Arrigo Sacchi. Foi o retorno de Sacchi, no final de 1996, que fez com que o raçudo jogador deixasse os rossoneri: afinal, eles não desenvolveram um bom relacionamento na seleção italiana.
Christian rumou ao Real Madrid, seguindo Capello, e se tornou o primeiro italiano da história dos merengues. Um ano e meio depois, acertou com a Inter, então treinada por Marcello Lippi. Panucci até foi titular na maior parte do tempo e contribuiu para o vice da Coppa Italia e para a conquista de uma vaga na Champions League, mas também teve uma péssima relação com o técnico e acabou saindo do clube em agosto de 2000.
Francesco Coco
Posição: lateral-esquerdo
Trajetória nos clubes: 79 jogos pelo Milan (1995-97, 1998-99 e 2000-01) e 41 pela Inter (2002-05)
Há aqueles que ficam famosos por causa do futebol e aqueles que querem usar o futebol para ficar famosos. O lateral-esquerdo Coco se encaixa no segundo grupo. Com apenas 30 anos, o siciliano encerrou sua medíocre carreira para se dedicar ao showbiz e às discotecas. Embora tenha jogado pela dupla de Milão, pelo Barcelona e até disputado a Copa de 2002 pela Itália, Francesco é mais conhecido por ter sido envolvido na troca que levou Seedorf ao Milan e fez a Inter virar motivo de chacota mundial.
Coco surgiu como alternativa para substituir Paolo Maldini, que começava a ser utilizado como zagueiro em meados dos anos 1990. Após ser emprestado duas vezes (uma para o Vicenza e outra para o Torino), para ganhar experiência, o lateral viveu seu auge em 2000-01, quando atuou como ala canhoto no 3-4-3 rossonero. A mudança de técnico – saiu Alberto Zaccheroni e chegou Fatih Terim – fez com que ele optasse por ser emprestado ao Barcelona, clube em que teve desempenho apenas mediano. Ainda assim, a Inter achou que valia a pena contratá-lo, numa troca sem qualquer dinheiro envolvido, que mandou Seedorf para os rivais. Enquanto o holandês virou bandeira milanista, Coco só jogou mesmo na primeira temporada na Beneamata, ainda que tenha sofrido uma lesão nas costas. Depois, fez apenas 10 jogos em duas temporadas, foi emprestado ao Livorno, retornou à Pinetina e foi afastado do elenco. Em 2007, após nova cessão ao Torino, rescindiu o contrato e nunca mais atuou profissionalmente.
Giuseppe Favalli
Posição: lateral-esquerdo e zagueiro
Trajetória nos clubes: 68 jogos pela Inter (2004-06) e 99 pelo Milan (2006-10)
Favalli entrou tarde para o clube dos corações ingratos. Nascido na Lombardia, o lateral marcou época na Lazio (clube em que é o líder de aparições, com 401 partidas) e só retornou à sua região natal quando já tinha 32 anos. Sua contratação pela Inter, a custo zero, foi um pedido de Roberto Mancini, que havia sido seu companheiro e o treinado no clube romano. Em duas temporadas pelos nerazzurri, Beppe cumpriu sua função sem muito brilho, mas conquistou quatro títulos: duas copas locais, uma Supercopa e uma Serie A.
Em fim de contrato com os nerazzurri, só atravessou a cidade para assinar com o Milan. Foram quatro temporadas pelo Diavolo, nas quais foi utilizado como lateral-esquerdo, mas muitas vezes como zagueiro central. Pela idade e pela lentidão, Favalli quase sempre foi reserva (atuou mais entre 2007 e 2009) e geralmente era o ponto mais fraco da retaguarda: muito faltoso, é o décimo em número de cartões amarelos pela Serie A, com 85 advertências. O defensor se aposentou aos 38 anos e, com os rossoneri, conquistou a Liga dos Campeões, a Supercopa Uefa e o Mundial Interclubes.
Guly
Posição: meio-campista
Trajetória nos clubes: 78 jogos pelo Milan (1998-2001) e 48 pela Inter (2001-03)
Andrés Guglielminpietro, o Guly, é um nome que apavora os interistas – tal qual o já citado Coco. Afinal, ele fez parte de um dos piores negócios que a equipe nerazzurra fez em sua história. Em junho de 2001, Inter e Milan entraram em acordo pela transferência de Andrea Pirlo aos rossoneri, em troca de 35 bilhões de velhas liras, mais o passe de Drazen Brncic (quem?). Dias depois, os clubes avançaram nas conversas e trocaram Cristian Brocchi pelo argentino. Nessa história, os milanistas ganharam duas peças importantes para o decorrer da década, enquanto o lado azul e preto da cidade só lamentou a contratação de dois flops.
Guly chegou ao Milan em 1998, após se destacar no Gimnasia La Plata. No Diavolo, só jogou bem mesmo durante o ano de 1999, quando foi titular na ala esquerda do 3-4-3 de Zaccheroni – posição que conseguiu apenas depois da metade de sua primeira temporada no clube. O argentino faturou o scudetto pelos rossoneri e manteve o posto na campanha seguinte, mas foi perdendo espaço e acabou passando à Inter, então treinada por Héctor Cúper. Guglielminpietro não se firmou em Appiano Gentile, mesmo contando com o apoio de seu compatriota, e deixou Milão após dois anos. Neste período, os nerazzurri perderam um scudetto na última rodada e foram semifinalistas da Copa Uefa e da Liga dos Campeões.
Clarence Seedorf
Posição: meio-campista
Trajetória nos clubes: 92 jogos pela Inter (1999-2002) e 432 pelo Milan (2002-12)
Seedorf se tornou um dos jogadores estrangeiros mais identificados com o Milan. Curiosamente, o início da forte relação com os rossoneri se deve à Inter. Afinal, a equipe foi incapaz de aproveitar um jogador tão talentoso quanto o holandês e o deu de bandeja para o rival. Clarence tinha 23 anos incompletos quando assinou com os nerazzurri, mas já era bastante rodado: havia vencido a Champions League pelo Ajax e pelo Real Madrid, sido semifinalista da Copa do Mundo pela Holanda e atuado pela Sampdoria. Na Beneamata, porém, foi escalado fora de posição por Lippi, Marco Tardelli e Cúper. Todos usaram Seedorf como meia aberto pelas pontas.
O holandês não foi mal do lado azul e preto de Milão, mas como Cúper não era grande fã do seu futebol e pouco o utilizava, não se opôs à saída – vale lembrar que Seedorf é muito amigo de Ronaldo, desafeto do técnico argentino. No Milan, Clarence atuou centralizado e viveu seu melhor momento na carreira, jogando ao lado de Pirlo, Gennaro Gattuso e Kaká. Em uma década, conquistou dez títulos pelo Diavolo: entre todos os possíveis, só não faturou a Copa Uefa. Os mais significativos foram os dois da Champions League, que lhe consagraram como um dos únicos jogadores que venceu a competição por três clubes diferentes. Com 432 partidas, Seedorf é o estrangeiro que mais vezes entrou em campo vestindo vermelho e preto.
Antonio Cassano
Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 40 jogos pelo Milan (2011-12) e 39 pela Inter (2012-13)
Entre passagens positivas por Bari, Roma, Sampdoria e Parma, de um lado, e o fracasso no Real Madrid e as “cassanatas”, de outro, Cassano também foi um coração ingrato milanês. Fantantonio acertou com o Milan após o natal de 2010, devido a desavenças com a diretoria da Samp. Oficializado após o ano novo e a abertura da janela, o atacante se encaixou bem no time rossonero, sendo opção de um ataque que já tinha Zlatan Ibrahimovic, Alexandre Pato e Robinho. Com o Diavolo, venceu um scudetto e ainda aprontou das suas no clássico da cidade: em um giro de três minutos, sofreu e converteu pênalti sobre a Inter, levou amarelo por tirar a camisa e o vermelho por uma falta desnecessária. Cassano em essência.
Antonio começou segunda temporada pelo Milan jogando como titular ao lado de Ibra, acumulando boas atuações. No entanto, no fim de outubro, o jogador sentiu-se mal e recebeu o diagnóstico de isquemia devido a um problema cardíaco. Ele ficou afastado por quase seis meses, mas ainda retornou aos campos na reta final do campeonato. Em agosto de 2012, o Talento de Bari Vecchia realizou o sonho de vestir a camisa de sua equipe de coração. Na Inter de Andrea Stramaccioni, que terminou a Serie A na 9ª posição, Cassano foi um dos poucos que se salvaram: marcou nove gols e foi responsável por 15 assistências. A passagem, no entanto, durou pouco, já que a contratação do técnico Walter Mazzarri para 2013-14 lhe fechou as portas.
Giampaolo Pazzini
Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 60 jogos pela Inter (2011-12) e 86 pelo Milan (2012-15)
Gêmeo do gol de Cassano na Sampdoria, Pazzini foi o responsável pela ida de seu parceiro para a Inter. Afinal, a negociação aconteceu porque o Milan queria o bomber, então na Beneamata: para chegar ao Pazzo, o Diavolo pagou 7,5 milhões de euros e ainda inseriu Fantantonio no negócio. Àquela altura, a transação serviria para que os dois pudessem colocar a carreira nos trilhos novamente, se valendo de uma nova realidade.
Pazzini chegou à Inter em janeiro de 2011, na mesma época em que Cassano foi para o Milan. O camisa 7 interista voou em seus primeiros meses, com 11 gols em 17 jogos da Serie A e um título da Coppa Italia. Em 2011-12, teve uma brusca queda de rendimento e acabou sendo vendido. Giampaolo passou três temporadas no Diavolo, mas só foi bem mesmo na primeira, na qual anotou 16 gols (15 no Italiano) em 37 partidas. Nas duas seguintes, conviveu com lesões, perdeu espaço e virou uma mera opção de banco, raramente considerada pelos técnicos Seedorf e Pippo Inzaghi.
Hernán Crespo
Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 118 jogos pela Inter (2002-03 e 2006-09) e 40 jogos pelo Milan (2004-05)
Sem dúvidas, Crespo foi um dos atacantes mais admirados das últimas décadas do futebol italiano. Não só porque jogou em cinco clubes do país, mas porque seu estilo caiu como uma luva na Serie A. Ídolo de Parma e Lazio, Valdanito ainda teve passagens muito positivas por Inter e Milan: a dupla de Milão guarda recordações especiais do argentino sobretudo em jogos da Champions League. Pelos nerazzurri, foi semifinalista do torneio; já pelo rossoneri anotou dois tentos contra o Liverpool, na final de Istambul, mas viu o título escapar nos pênaltis.
Na primeira experiência na Inter, Crespo tinha o desafio de substituir Ronaldo. Na medida do possível, foi muito bem, considerando que ficou três meses afastado por lesão: marcou sete gols na campanha do vice-campeonato da Serie A e nove na UCL, até a queda diante do Milan. Vendido ao Chelsea em 2003, Hernán retornou à Itália no ano seguinte, e fechou por empréstimo com os rossoneri a pedido de Carlo Ancelotti. Seus números foram bons na Serie A e na Champions (respectivamente, 11 e seis tentos), mas os títulos não vieram: amargou dois vice-campeonatos. Crespo voltou a Londres valorizado, mas durou pouco em Stamford Bridge. Assinou novamente com a Inter e, dessa vez pode comemorar a conquista de cinco taças. O argentino foi titular apenas em 2006-07, quando marcou 14 vezes no Italiano e anotou um dos gols que valeram o título da Supercopa local, num maluco 4 a 3 contra a Roma.
Mario Balotelli
Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 86 jogos pela Inter (2007-10) e 77 pelo Milan (2013-14 e 2015-16)
Se Crespo é admirado, Balotelli recebe tratamento oposto – por seu temperamento controverso, críticas à sua falta de empenho, racismo ou um pouco de cada coisa. Super Mario estreou pelo Lumezzane, na terceirona, antes mesmo de completar 16 anos, e logo foi adquirido pela Inter. Em três anos entre os profissionais do time nerazzurro, arrebentou, com 28 gols, seis títulos conquistados e fama de carrasco de Juventus e Roma. Por outro lado, se envolveu em polêmicas com o técnico José Mourinho, companheiros e a torcida. Especialmente marcantes foram as ocasiões em que ele atirou a camisa interista ao chão, após vitória contra o Barcelona, na Champions League, e quando recebeu um uniforme do Milan de um programa de TV e o vestiu, mesmo ainda tendo vínculo com o arquirrival.
Balo foi levado ao Manchester City por Mancini, em 2010, e retornou à Itália no último dia da janela de inverno de 2013. No Milan, seu time do coração, teve desempenho brilhante nos primeiros meses: com 12 gols anotados em 13 partidas, ajudou o Diavolo a ficar na terceira posição. A temporada 2013-14 também foi razoável do ponto de vista pessoal (Mario marcou 18 vezes), mas o Milan foi apenas o oitavo colocado na Serie A. O italiano se transferiu para o Liverpool, mas voltou a Milanello em 2015, por empréstimo. Sua terceira temporada vestindo rossonero foi condicionada por uma pubalgia e por dificuldades de manter a forma física, o que levou o clube a não contratá-lo em definitivo.
Maurizio Ganz
Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 98 jogos pela Inter (1995-98) e 52 pelo Milan (1998-99)
Quase um atacante “lado b”, Ganz foi um jogador de sucesso em várias equipes da Lombardia: Monza, Brescia, Atalanta e, claro, Inter e Milan. O artilheiro foi uma das apostas de Massimo Moratti em seu primeiro ano como presidente e correspondeu com o manto nerazzurro. Ganz marcou 15 gols em sua temporada de estreia e 20 na segunda delas, na qual a Beneamata foi vice-campeã da Copa Uefa. A chegada de Ronaldo, em 1997, lhe tolheu espaço: precisando concorrer com o Fenômeno, Iván Zamorano, Álvaro Recoba e Marco Branca, Maurizio só atuou 10 vezes e, em janeiro de 1998, foi cedido ao Milan.
Ganz se “vingou” da Inter poucos dias após a transferência, marcando um dos gols da goleada no dérbi histórico que o Diavolo venceu por 5 a 0, pelas quartas de final da Coppa Italia. No ano seguinte, Ganz’n’Roses ainda venceria seu único scudetto, sob o comando de Zaccheroni. Sua aventura com a camisa rossonera, no entanto, terminaria praticamente do mesmo jeito de sua passagem pela rival. Em 1999, se viu ofuscado por Oliver Bierhoff e Andriy Shevchenko e, após entrar em campo apenas três vezes na primeira metade da temporada, acertou com o Venezia em janeiro de 2000.
Antonio Angelillo
Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 127 jogos pela Inter (1957-61) e 30 pelo Milan (1965-66 e 1967-68)
Um dos principais atacantes argentinos dos anos 1950 e 1960, Angelillo viveu seus melhores momentos na Europa com a camisa da Inter. Do lado azul e preto de Milão, o jogador fez frutíferas parcerias com o compatriota Oscar Massei e também com Lennart Skoglund e Benito Lorenzi. Nos quatro anos em que defendeu a Beneamata, Antonio não conquistou nenhum título, mas entrou para a história: em 1958-1959, marcou 33 gols em 33 partidas na Serie A – recorde para o Campeonato Italiano disputado por 18 equipes. Angelillo chegou aos 38 em todas as competições, número atingido na Inter apenas por Giuseppe Meazza.
Em 1961, o atacante foi descartado pelo compatriota Helenio Herrera por causa de sua vida extracampo: afeito a noitadas, não se empenhava ao máximo nos treinamentos. Angelillo, então, deixou a Inter com 77 gols em 127 partidas e rumou para a Roma, onde passou a jogar mais recuado, como um meia de chegada ao ataque. Depois de quatro anos na capital, o sul-americano retornou para a Lombardia, mas não se encontrou com a camisa do Milan – ademais, a torcida tinha um pé atrás com ele por causa de seu passado interista. Antonio passou um ano cedido ao Lecco e negociou com o Napoli, mas não emplacou em nenhum dos dois clubes. Em 1967, retornou ao Milan para compor elenco e fez apenas três jogos na Serie A. Apesar disso, pode comemorar o único scudetto de sua carreira.
Ronaldo
Posição: atacante
Trajetória nos clubes: 99 jogos pela Inter (1997-2002) e 20 pelo Milan (2007-08)
Coração ingrato na Espanha e na Itália, Ronaldo fecha a nossa lista com louvor. Contratado junto ao Barcelona, o Fenômeno chegou à Inter como principal reforço dos primeiros anos da gestão Moratti e logo de cara conquistou o prêmio de melhor do mundo – só ele e Lothar Matthäus conseguiram a honraria com a camisa nerazzurra. Na primeira temporada, o brasileiro também foi o grande nome interista no título da Copa Uefa e no vice da Serie A. Ronnie anotou incríveis 34 gols em 47 partidas. No ano seguinte, começou sua via crúcis, com uma série de pequenas lesões musculares. Em novembro de 1999, o rompimento de um tendão do joelho direito lhe afastou por cinco meses.
Retornou a campo contra a Lazio, mas sua felicidade durou apenas sete minutos, até que uma nova (e muito mais grave) lesão lhe tirou de ação por 15 meses. Ronaldo só voltou a jogar no fim de 2001 e, após a perda de mais um scudetto no photo finish, se consolou com o pentacampeonato mundial com a Seleção. As muitas desavenças com Héctor Cúper fizeram com que rumasse para o Real Madrid, clube que defendeu por quatro anos e meio. Ronnie voltou à Itália em janeiro de 2007, mas não teve passagem feliz pelo Milan. Os primeiros meses foram bons, com sete gols em 14 jogos (um deles num clássico contra a Inter), mas depois voltou a ser perseguido pelas lesões. Em fevereiro de 2008, entrou no segundo tempo de um jogo contra o Livorno e, com um minuto em campo, rompeu o tendão do joelho esquerdo. nunca mais atuou pelos rossoneri.
Os outros jogadores que defenderam Inter e Milan
Francesco Acerbi, Roberto Baggio, Mario Barluzzi, Celso Battaia, Sergio Battistini, Julio Bavastro, Raoul Bellanova, Víctor Benítez, Aldo Bet, Giovanni Bolzoni, Aquilino Bonfanti, Franco Bontadini, Leonardo Bonucci, Drazen Brncic, Cristian Brocchi, Hakan Çalhanoglu, Enrico Candiani, Nazzareno Canuti, Gustavo Carrer, Celestino Celio, Aldo Cevenini, Carlo Cevenini, Cesare Cevenini, Luigi Cevenini, Mario Cevenini, Elpidio Coppa, Antonio Da Sacco, Oscar Damiani, Matteo Darmian, Ümit Davala, Edgar Davids, Renato De Manzano, Mattia Destro, Cyril Domoraud, Emilio Gattoronchieri, Giorgio Ghezzi, Lino Grava, Umberto Guarnieri, Thomas Helveg, Carlo Hopf, Zlatan Ibrahimovic, Diego Laxalt, Mancini, Sergio Marchi, Oliviero Mascheroni, Bruno Mazza, Giuseppe Meazza, Domenico Morfeo, Giorgio Morini, Adelio Moro, Sulley Muntari, Pierluigi Orlandini, Giancarlo Pasinato, Romano Penzo, Andrea Pirlo, Andrea Poli, Pietro Rebuzzi, Hugo Rietmann, Enrico Rivolta, Giuseppe Rizzi, Marco Sala, Alessandro Savelli, Nevio Scala, Aldo Serena, Matías Silvestre, Dario Simic, Narciso Soldan, Francesco Soldera, Christian Vieri, Patrick Vieira, Carlo Villa e Taribo West.
[…] primeiro nome à mente ao buscar rememorar os argentinos da dupla Internazionale e Milan. Mas está longe de ser o único: antes dele, Andrés Guglielminpietro cometeu a “traição” na virada do século e […]