Cartolas

Alguns são Agnelli, só um é Il direttore

A história da Juventus se confunde com a biografia da família Agnelli. Quatro membros de uma das linhagens mais tradicionais da Itália – criadora da Fiat – já presidiram o clube de Turim e marcaram época com gestões ousadas e/ou inovadoras. Edoardo foi o primeiro e abriu caminho para o time se tornar um dos mais vencedores do país, com injeção de capital, a partir de 1923. Depois, vieram seus irmãos, Gianni (1947-1954) e Umberto (1955-1962). Por último, Andrea, atual presidente.

Todos tiveram papel importante na criação da agora Velha Senhora, mas só um ficou conhecido por um apelido: Umberto, il direttore. Ele aliou carisma e noções empresariais para conquistar jogadores e torcida e recolocar a Juve no trilho das vitórias no período pós-guerra. Assumiu o clube em 1955, quando tinha apenas 22 anos, e é até hoje a pessoa mais jovem a presidir um clube na história do futebol italiano.

Umberto assiste a partida da seleção italiana ao lado de Achille Lauro, presidente do Napoli (Archivio Farabola)

Foi ele o responsável pela contratação do argentino Omar Sívori, primeiro jogador que vestiu a camisa juventina a conquistar a Bola de Ouro. Mas não antes de deixar para trás muita polêmica. Antes mesmo de o acordo com o atacante ser firmado, as cifras envolvidas na negociação vazaram para a imprensa e todos sentenciaram que seria um escândalo se ele pagasse tanto por um jogador de futebol (10 milhões de pesos). Foi a chance perfeita para Umberto mostrar como pensava: “Não me importo. Vou comprar mesmo assim”, disse diversas vezes antes de fechar o negócio.

O estilo playboy abusado – adorava usar ternos caros e exibir carros potentes pelas estradas italianas – deixou muita gente insatisfeita, mas a torcida bianconera não demorou a venerar Umberto Agnelli. Ainda mais que os títulos voltaram a aparecer em grande frequência. Foram três Campeonatos Italianos (1957-58, 1959-60 e 1960-61) e duas Copas da Itália (1958-59 e 1959-60) conquistadas na sua gestão. Nesse meio tempo, foi eleito presidente da Federação Italiana de Futebol (FIGC) e criou a estrela a cada 10 scudetti.

Deixou o clube em 1962, mesmo ano em que pediu demissão da FIGC. Cuidou dos negócios da família e investiu na carreira política antes de voltar a atuar no futebol, em 1994. Naquele ano, a Juve completava oito anos sem conquistar um scudetto sequer. “Praticamente uma eternidade para quem é juventino”, disse à época, quando retomava papel mais ativo no clube.

Agnelli cumprimenta Lippi antes da final da Champions League de 1997 (imago/WEREK)

Umberto modificou o corpo de dirigentes do clube (foi ele o responsável por levar Luciano Moggi a Turim) e indicou Marcello Lippi para ser o técnico. O efeito foi imediato e logo em 1995 o time voltou a vencer o Italiano. Na temporada seguinte, a Velha Senhora voltou a vencer a Liga dos Campeões e o Mundial de Clubes, sempre com Umberto muito ativo nos bastidores do clube.

Ao fim de sua segunda passagem, em 2004, ano em que morreu, somou oito scudetti, três Copas da Itália, uma Liga dos Campeões, um Mundial de Clubes, uma Supercopa da UEFA e duas Supercopas Italianas. Além disso, foi o responsável por contratar três ganhadores da Bola de Ouro: Omar Sívori, Zinédine Zidane e Pavel Nedved. Em 2010, seu filho, Andrea Agnelli deu continuidade à dinastia da família na presidência da Juve.

Compartilhe!

Deixe um comentário