Serie A

11ª rodada: Juve responde às goleadas de Napoli e Inter com obtenção de recorde

O outono italiano tem sido muito chuvoso – a ponto de provocar sérios transtornos e até vítimas fatais em todo o país. Deixando a parte trágica de lado, a 11ª rodada esteve em sintonia com o clima da Itália e proporcionou uma chuva de gols. Até agora, esta foi a jornada com o maior número de bolas na rede, juntamente com a 2ª: 33 em cada uma delas. As goleadas de Inter, Napoli, Lazio e Torino aumentaram enormemente a média de tentos deste final de semana, que ainda teve como pontos altos o importante recorde obtido pela Juventus e mais uma vitória do Milan no sufoco. Confira o resumo.

Juventus 3-1 Cagliari
Dybala (Bentancur), Bradaric (contra) e Cuadrado (Ronaldo) | João Pedro

Tops: Dybala (Juventus) e Pavoletti (Cagliari) | Flops: Cancelo (Juventus) e Bradaric (Cagliari)

Nos últimos 50 anos, apenas uma derrota em Turim para o Cagliari. Na série recente, 15 jogos de invencibilidade contra os sardos. Esses números já antecipavam que a Juventus estava pronta para atingir um recorde: pela primeira vez em sua história, a Velha Senhora soma 31 pontos após 11 rodadas da Serie A. Até então, a melhor marca dos bianconeri havia sido estabelecida em 2005-06, ano do scudetto cassado por envolvimento de diretores em manipulação de resultados – 30, naquela ocasião.

Bastaram apenas 44 segundos para que a Juventus abrisse o placar. Bentancur acionou Dybala, que entortou Ceppitelli e Padoin antes de colocar no canto do goleiro Cragno. Apenas 14º colocado, o Cagliari surpreendeu ao adotar uma postura agressiva na etapa inicial. Primeiro, Pavoletti obrigou Szczesny a fazer uma grande defesa à queima-roupa, e aos 36 chegou o empate. João Pedro pegou a sobra de um levantamento, deixou Cancelo para trás e bateu no cantinho.

O esforço foi por terra dois minutos depois, quando Bradaric foi ingênuo e, ao tentar cortar um cruzamento inofensivo, marcou contra. Com a vantagem, a Juve até teve duas grandes chances com Ronaldo, mas se acomodou. Só no finalzinho, quando levou calor do Cagliari, é que matou o jogo: o craque português ligou o turbo num contragolpe e deixou Cuadrado em condições de definir o placar.

Napoli 5-1 Empoli
Insigne (Koulibaly), Mertens, Mertens (Callejón), Milik (Mertens) e Mertens (Insigne) | Caputo (Krunic)

Tops: Mertens e Insigne (Napoli) | Flops: Maietta e Silvestre (Empoli)

Napoli e Empoli abriram a rodada honrando a recente tradição de muitos gols no confronto – a maioria deles marcados, claro, pelo time da Campânia. Os azzurri de Nápoles, que balançam as redes do San Paolo há 21 partidas consecutivas, alcançaram o posto de melhor ataque da competição (24 gols, como a Juve) e mantiveram a vice-liderança do torneio (25 pontos, juntamente com a Inter). Os toscanos, por sua vez, não vencem desde a primeira rodada e continuam na zona de rebaixamento. Por causa disso, o técnico Andreazzoli acabou sendo demitido.

A construção do resultado começou aos 9 minutos, com o zagueiro Koulibaly. Ele roubou uma bola no campo de defesa, arrancou por cerca de 80 metros e serviu Insigne, que abriu o placar. Ainda no primeiro tempo, Di Lorenzo errou um recuo e facilitou a vida de Mertens, que marcou bonito gol de fora da área. Após o intervalo, Caputo descontou após lindo passe de Krunic nas costas da defesa e o Empoli tentou ir para cima.

A entrada de Allan conteve o afã napolitano e o golaço que Mertens marcou por cobertura foi a pá de cal no ânimo dos visitantes. Já nos acréscimos, duas belas jogadas ainda proporcionaram o gol de Milik e a tripletta de Ciruzzo. Com os tentos, o atacante ultrapassou três brasileiros de uma vez. Primeiro, se tornou o belga com o maior número de gols na Serie A (75), deixando para trás o naturalizado Oliveira, e ainda ultrapassou Careca e Altafini, se transformando no sexto principal artilheiro da história napolitana.

Em dia histórico, Mertens fez festa e levou a bola para casa (Reuters)

Inter 5-0 Genoa
Gagliardini, Politano (João Mário), Gagliardini, João Mário (Keita) e Nainggolan (João Mário)

Tops: João Mário e Gagliardini (Inter) | Flops: Biraschi e Lazovic (Genoa)

Uma Inter absolutamente sui generis passou o carro sobre o Genoa, chegou à sétima vitória consecutiva no campeonato e, além de ter mantido a segunda colocação, ganhou motivação extra para o confronto com o Barcelona, na Liga dos Campeões. Spalletti poupou parte dos titulares (inclusive o capitão Icardi) e recebeu efusivas respostas dos escolhidos. As mais assertivas foram as de João Mário, que vai retribuindo com louvor as chances dadas pelo técnico, e de Gagliardini e Politano.

Com apenas 16 minutos de bola rolando a Inter já vencia por 2 a 0, graças a duas jogadas de João Mário e duas incertezas da zaga genovesa – no tento de Politano, Lazovic simplesmente cochilou e permitiu a antecipação do interista. O Genoa foi inofensivo em toda a partida e só contou com Piatek em parte do jogo: em jejum desde a chegada de Juric, o artilheiro foi inexplicavelmente poupado e só entrou aos 51, logo após Gagliardini anotar sua primeira doppietta na carreira.

Desde janeiro de 2012 a Beneamata não vencia com três tentos de italianos – contra o Parma, fizeram Pazzini, Faraoni e Thiago Motta. Se desconsiderarmos naturalizados, isso não acontecia desde 2003 (diante do Como, houve dois de Vieri e um de Di Biagio). Já nos acréscimos, João Mário ainda coroou sua partida quase perfeita com um gol e uma linda assistência para a cabeçada de Nainggolan.

Fiorentina 1-1 Roma
Veretout (pênalti) | Florenzi

Tops: Chiesa (Fiorentina) e Pellegrini (Roma) | Flops: Lafont (Fiorentina) e Dzeko (Roma)

Nos últimos sete anos, Fiorentina e Roma só haviam empatado uma vez, em janeiro de 2015. Não tinha hora pior para que o resultado voltasse a acontecer. A igualdade no Artemio Franchi afasta os dois times da parte mais alta da tabela: com 16 pontos, violetas e aurirubros ocupam a oitava colocação, cinco pontos atrás do Milan, que abre a zona Champions.

Em uma partida sem muito brilhantismo, os erros acabaram sendo decisivos. No primeiro tempo, uma chance cara a cara desperdiçada por Dzeko comprometeu o andamento do jogo para a Roma. Pior mesmo foi um recuo errado de bola de Florenzi, aos 30: o capitão deixou Simeone cara a cara com Olsen e o choque entre os dois foi considerado faltoso pelo árbitro Banti. Veretout converteu a cobrança mas os visitantes quase empataram de imediato – uma falta cobrada por Pellegrini explodiu na trave. Na etapa final, foi a Fiorentina que errou. Chiesa costurou a zaga adversária, mas não acertou o passe para Simeone matar o jogo, com o gol aberto. Gerson até tentou corrigir, mas Olsen apareceu bem para evitar o segundo. Aos 85, o castigo romanista veio em pinceladas de redenção. Florenzi aproveitou cruzamento mal afastado pelo goleiro Lafont e rebateu a pelota para o gol aberto.

Gagliardini e João Mário festejam: cena inusitada na Inter (Getty)

Udinese 0-1 Milan
Romagnoli (Suso)

Tops: Romagnoli e Castillejo (Milan) | Flops: Nuytinck e Opoku (Udinese)

Quais as chances de um zagueiro marcar dois gols nos acréscimos num espaço de cinco dias e decidir dois jogos a favor de um gigante do futebol mundial? Romagnoli, atual capitão do Milan, conseguiu o feito. Após deixar o seu no jogo atrasado contra o Genoa e levar o Diavolo à zona Champions, o camisa 13 manteve a equipe na quarta posição com um valioso petardo no tenso duelo contra a Udinese. Os friulanos, que não vencem desde a 5ª rodada, ocupam a 16ª colocação, com 9 pontos.

Mesmo sem Higuaín, que acabou levando uma pancada nas costas e foi substituído durante o jogo, o Milan ficou perto do gol durante toda a partida. Confirmado na meta bianconera mesmo depois de uma má apresentação contra o Genoa, o goleiro Musso foi o melhor do seu time em campo. O argentino fez quatro defesas importantíssimas ao longo do jogo e ia tendo sucesso em manter o zero no placar. O plano de Velázquez foi por terra já nos acréscimos.

Primeiro, o zagueiro Nuytinck (que entrou no jogo aos 84) foi expulso por falta por trás em Samu Castillejo. Com um a mais, o Milan foi com tudo para cima e contou com a ingenuidade do zagueiro Opoku. Sem habilidade, o ganês tentou sair jogando de forma individual e deu um presentão para os rossoneri. Após grande confusão na área, Romagnoli apareceu para encher o pé e decretar a vitória. Além dos três pontos, Gattuso também pode comemorar, finalmente, o fato de o time não ter sofrido gol – foi a segunda vez na temporada que isso aconteceu.

Lazio 4-1 Spal
Immobile (Cataldi), Immobile (Caicedo), Cataldi e Parolo | Antenucci (Lazzari)

Tops: Immobile e Cataldi (Lazio) | Flops: Everton Luiz e Missiroli (Spal)

No último encontro entre Lazio e Spal, Immobile e Antenucci haviam sido os destaques de seus times. A história se repetiu no Olímpico, mas dessa vez teve um ingrediente especial. Afinal, os irmãos Sergej e Vanja Milinkovic-Savic se enfrentavam: desde fevereiro de 2012, quando Sébastien e Nicolas Frey se encontraram, num Genoa-Chievo não havia um embate em família na competição. Dessa vez, quem levou a melhor foi o primogênito, que celebrou a vitória dos romanos. Com 21 pontos, a equipe celeste está empatada com o Milan, mas perde nos critérios de desempate e ocupa a quinta posição; por sua vez, os estensi estão bem abaixo na tabela, no 15º posto.

Debaixo de muita chuva, a Lazio abriu o placar aos 26, com um golaço de Immobile. Missiroli vacilou na marcação e o atacante não hesitou ao completar a cobrança de escanteio com um violento e certeiro sem pulo. Antenucci deixou tudo igual dois minutos depois, após enganar Wallace e completar o cruzamento rasteiro de Lazzari. Ainda no primeiro tempo, após jogada de força e insistência de Caicedo, Ciro recebeu a bola e contou com desvio na finalização para anotar sua doppietta. Na etapa final, o brasileiro Everton Luiz perdeu duas bolas na entrada da área e permitiu que Cataldi e Parolo acertassem chutes fortíssimos para transformar a vitória em goleada – que só não foi maior porque Immobile acertou a trave numa tentativa de cabeceio.

Sampdoria 1-4 Torino
Quagliarella | Belotti (De Silvestri), Belotti (pênalti), Falque (Aina) e Izzo (Belotti)

Tops: Belotti e Izzo (Torino) | Flops: Tonelli e Murru (Sampdoria)

O galo voltou a cantar, e com seu cacarejo em alto e bom som, o Toro golpeou sua algoz. A partida no Marassi realmente pareceu uma fábula para o Torino, que voltou a vencer a Sampdoria no estádio após 12 jogos de jejum. O resultado mantém o técnico Mazzarri invicto contra sua antiga equipe e, além de levar a equipe grená à sétima posição, com 17 pontos, amplia sua invencibilidade em jogos fora de Turim para oito jogos – a sequência mais longa desde 1992. Giampaolo e companhia caíram algumas posição: agora a Samp é a décima colocada, com 15 pontos.

A redenção de Belotti teve seu ápice no primeiro tempo, quando marcou dois gols. O primeiro deles veio numa jogada de centroavante puro: não tomou conhecimento de Tonelli e ganhou no alto, cabeceando com firmeza. Caprari até assustou com um chute colocado, mas foi o galo que voltou a deixar sua marca. O camisa 9 controlou lançamento com domínio no ar, já tirando da marcação de Murru, e foi atropelado pelo goleiro Audero – que acabaria deslocado na cobrança do pênalti. O terceiro veio no início da etapa final, após mais uma jogada que envolveu os laterais grenás: De Silvestri cruzou, Aina ajeitou e Falque encheu o pé. A lei do ex ainda entrou em ação com o gol de Quagliarella (ele desperdiçou penalidade, mas aproveitou o rebote) e Belotti chegou a flertar com a tripletta. No entanto, o capitão colaborou “só” com a participação no gol de Izzo, ex-Genoa.

Em uma semana, Romagnoli marcou dois gols decisivos para o Milan nos acréscimos (LaPresse)

Bologna 1-2 Atalanta
Mbaye (Santander) | Mancini, Zapata

Tops: Santander (Bologna) e Berisha (Atalanta) | Flops: González (Bologna) e Barrow (Atalanta)

Histórica e recentemente, a Atalanta tem vantagem nos confrontos com o Bologna. No entanto, o time emiliano entrou com postura agressiva contra os nerazzurri e quase protagonizou uma vitória importante para respirar com mais tranquilidade e se afastar da zona da degola. A Dea, no entanto, foi valente e aproveitou inconsistências do adversário para virar no segundo tempo e triunfar pela terceira vez seguida. Enquanto a Atalanta ocupa a décima posição, com 15 pontos, os bolonheses estão no 16º posto, com 9.

O Bologna surpreendeu ao abrir o placar logo aos 3 minutos. Santander (em ótimo momento) fez o trabalho de pivô e serviu Mbaye, que só escorou para as redes. O time da casa só não ampliou no Dall’Ara porque Berisha estava seguro e Palacio e Pulgar não conseguiram, por pouco, acertar o gol. No intervalo, Gasperini sacou o apagado Barrow e deu espaço a Zapata. O colombiano acrescentou vigor ao ataque nerazzurro e foi vital para a virada. No lance do empate, seu chute torto foi desviado por González e acabou aproveitado por Mancini. Aos 71, o próprio Duván não perdoou o corte errado de Mbaye e deixou para trás um jejum de 10 rodadas sem marcar. Já no final, Palomino realizou um bloqueio providencial e, na sequência, Berisha fez a defesa da rodada ao voar para bloquear um voleio incrível de Palacio e garantir o triunfo da sua equipe.

Chievo 0-2 Sassuolo
Di Francesco (Berardi) e Giaccherini (contra)

Tops: Berardi e Di Francesco (Sassuolo) | Flops: Tanasijevic e Stepinski (Chievo)

O Chievo vai redefinindo todas as acepções para vexame. O time veronês continua distante de encontrar soluções para deixar a lanterna da competição, que ainda ocupa com pontuação negativa, por causa de uma punição por fraude fiscal. Quem aproveitou foi o Sassuolo, que venceu os clivensi pela primeira vez desde abril de 2015 e subiu para a sexta posição, com 18 pontos. Com a maior cara de pau do mundo, Ventura ainda disse depois do jogo que o seu time foi surpreendido por mudanças táticas feitas de última hora por De Zerbi – que, na verdade, escalou seu costumeiro 3-4-3.

Nessa toada, o Sassuolo foi superior o jogo todo e abriu o placar depois que Di Francesco recebeu de Berardi e, após proteger bem a pelota, finalizou no canto. No segundo tempo, Sensi e Berardi ficaram cara a cara com Sorrentino, mas perderam as oportunidades de ampliar. A vida dos visitantes ficou facilitada após a entrada do zagueiro Tanasijevic, estreante na Serie A: o jovem sérvio entrou aos 71, levou amarelo aos 84 e vermelho aos 88. Com um a mais, Berardi ainda foi capaz de perder outra chance cristalina, mas foi agraciado pelo bizaríssimo gol contra de Giaccherini, que fechou a conta no Bentegodi.

Parma 0-0 Frosinone

Tops: Sepe (Parma) e Goldaniga (Frosinone) | Flops: Stulac (Parma) e Campbell (Frosinone)

O primeiro jogo entre Parma e Frosinone pela Serie A não ficará guardado na memória de nenhum torcedor. Se as duas equipes já não são um primor de técnica, o campo pesado de um Tardini castigado pela chuva também não contribuiu para o desenrolar da peleja. Com o 0 a 0, os parmenses continuam no meio da tabela e os ciociari permanecem na zona de rebaixamento.

As dificuldades impostas pelo gramado fizeram com que poucos passes fossem efetuados. O Parma também tentou arremates de longa distância e tiveram sua melhor oportunidade assim, com um foguete de Siligardi, defendido por Sportiello. Aos 61, os visitantes cresceram no jogo por causa da expulsão de Stulac: o esloveno deixou a bola escapar e deu um carrinho imprudente em Chibsah. A pressão do Frosinone fez a defesa crociata trabalhar até o segundo final, quando Sepe fez defesa impressionante numa cabeçada de Vloet, que tinha o caminho do gol.

Seleção da rodada
Berisha (Atalanta); De Silvestri (Torino), De Vrij (Inter), Romagnoli (Milan), Aina (Torino); João Mário (Inter), Gagliardini (Inter), Cataldi (Lazio); Mertens (Napoli), Belotti (Torino), Immobile (Lazio). Técnico: Luciano Spalletti (Inter).

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