A revolução que o Barcelona de Pep Guardiola causou no futebol mundial fez os centroavantes clássicos perderem espaço para atacantes com mais recursos técnicos e notável capacidade de movimentação fora da grande área. Só os muito bons conseguiram sobreviver. E, com certeza, Luca Toni era um deles. Típico camisa 9 tradicional, o ex-jogador marcou história na Itália durante este século atuando, sobretudo, por Fiorentina e Verona. Não à toa, ele é o atleta que anotou mais gols de cabeça na história da Serie A: 48 dos seus 157 foram assim.
Antes de chegar às grandes praças, porém, Luca Toni teve que batalhar duro nas divisões inferiores do Belpaese. Natural de Pavullo nel Frignano, comuna da região da Emília-Romanha, o bomber começou a carreira em 1994, aos 17 anos, no Modena. Permaneceu na equipe emiliana por dois anos, e depois rodou por Empoli, Fiorenzuola, Lodigiani e Treviso. Os 15 gols anotados na terceira categoria pela penúltima das equipes citadas e mais outros 15 pela última mencionada, na segundona, o levaram à elite. No segundo semestre de 2000, Toni foi adquirido pelo Vicenza e teria sua primeira experiência na Serie A.
A estreia do jovem atacante na elite do futebol italiano passou longe de ser boa: derrota por 2 a 0 para o Milan, em San Siro. Na verdade, a temporada do Vicenza foi ruim, e o os biancorossi foram rebaixados à segunda divisão. Toni conseguiu um ligeiro destaque ao disputar 31 jogos e marcar nove gols – um deles de bicicleta, no empate em 1 a 1 com o Bologna, fora de casa. Foi o suficiente para, em 2001, o Brescia desembolsar 30 bilhões de velhas liras e fazer de Toni o jogador mais caro de sua história. Ele se juntaria a um time que contava com nomes da grife de Roberto Baggio, Igli Tare e Guardiola.
Pelo clube da Lombardia, o corpulento centroavante, com 1,93m de altura, precisou apenas de um tempo contra o Perugia para anotar sua primeira tripletta na Serie A e definir o placar da peleja, caindo nas graças do público do estádio Mario Rigamonti. Detalhe: os três gols saíram à sua maneira, com, no máximo, dois toques na bola dentro da grande área. Toni concluiu a época 2001-02 como artilheiro dos biancoazzurri, com 14 bolas na rede em 34 partidas. A sorte acabou lhe abandonando na temporada seguinte: uma lesão o tirou de ação de quase todo o turno inicial de 2002-03 e, assim, o emiliano concluiu o campeonato com dois gols em 16 jogos.
Aos 26 anos, Luca Toni chamou a atenção da diretoria do Palermo, que havia sido adquirido recentemente pelo polêmico empresário Maurizio Zamparini. Assim, em 2003, o atacante grandalhão se tornou uma das principais apostas da agremiação siciliana para sair da Serie B rumo à primeirona. O matador não falhou na missão e conduziu o time rosanero ao título da segunda divisão graças a 30 gols em 45 embates – até hoje, nenhum atleta palermitano anotou tantas vezes numa única temporada pelo time. Inclusive, foi na Sicília que Toni começou a comemorar seus tentos da maneira que se tornaria sua marca registrada: o giro da mão direita em volta da orelha.
O desempenho acima da média na campanha que levou as águias à elite colocou Toni no radar de Marcello Lippi, então técnico da seleção italiana. Em 18 de agosto de 2004, o bomber disputou sua primeira partida pela Nazionale – derrota por 2 a 0 para a Islândia, em amistoso realizado na capital do país nórdico. Ele balançou as redes no compromisso seguinte: logo após sair do banco, decretou a virada dos italianos e o triunfo por 2 a 1 sobre a Noruega, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2006. A partida aconteceu no Renzo Barbera, o estádio do Palermo.
Luca Toni manteve o faro de gol na temporada 2004-05 e acabou premiado com 20 tentos na Serie A. Dessa forma, o camisa 9 foi uma peça vital na inédita classificação do Palermo para a Copa Uefa, uma vez que os sicilianos terminaram o campeonato na sexta posição. Muito visado no mercado nacional, o centroavante assinou contrato por quatro anos com a Fiorentina, que pagou 10 milhões de euros para contar com seu futebol. Os 51 tentos em 83 jogos pelo Palermo não foram suficientes para evitar que Zamparini e os torcedores rosanero o acusassem de traição.
A transferência para a Fiorentina simboliza um divisor de águas na carreira de Luca Toni. Na Viola, o atacante voltou a usar a camisa 30 da época de Vicenza, afiou seu poderio ofensivo e não perdoou as defesas que bobeassem à sua frente – nem aquelas que erguiam muros para lhe parar. Foram estrondosos 33 gols em 42 partidas pelo clube toscano em 2005-06. Para se ter uma ideia de sua fase esplendorosa, de oito duelos da Serie A entre outubro e novembro de 2005, o matador só passou em branco em um – derrota por 1 a 0 diante da Lazio, no Olímpico.
A Fiorentina ficou em quarto lugar na liga, com 74 pontos, mas o escândalo Calciopoli, que sentenciou o time violeta a iniciar a temporada seguinte com -30 pontos, manchou a campanha. Contudo, em se tratando de gols, não teve para ninguém: com 31 pela Serie A, Toni deixou a concorrência no chinelo e recebeu a Chuteira de Ouro, condecoração concedida ao maior artilheiro de todos os campeonatos europeus na temporada vigente. O bomber foi o primeiro italiano a conquistar o prêmio e, até hoje, é o único a ter a honraria no currículo enquanto atleta da Fiorentina. No auge, Toni apareceu na lista de convocados de Lippi para a Copa do Mundo de 2006.
O emiliano venceu a concorrência de Filippo Inzaghi e Alberto Gilardino e só não foi utilizado no Mundial da Alemanha em um confronto – o triunfo sobre a República Checa por 2 a 0, pela última rodada da fase de grupos. Toni também marcou uma doppietta contra a Ucrânia, na vitória por 3 a 0 nas quartas de final. Na decisão contra a França, jogou os 120 minutos, não foi incumbido de participar das penalidades e soltou o grito de campeão quando viu o disparo de Fabio Grosso estufar as redes de Fabien Barthez.
Ainda que tenha perdido alguns jogos na época 2006-07 devido a lesões, Toni foi novamente um dos destaques da Fiorentina na Serie A: fez 16 gols e serviu de garçom para outros quatro em 29 aparições. A Viola concluiu aquele campeonato na sexta colocação, mas poderia ter alcançado a terceira, não fosse pelo desconto de pontos em virtude do envolvimento no Calciopoli. O atacante estava visado no mercado internacional e uma proposta de 11 milhões de euros do Bayern de Munique o tirou do Belpaese. Chegava a hora de se aventurar longe de casa.
Quatro dias depois de completar 30 anos, o carismático bomber foi anunciado oficialmente pelo Bayern. Fora apresentado à imprensa ao lado de Franck Ribéry, que viria a se transformar mais tarde num grande ídolo bávaro. Toni voltou a usar a camisa 9 e estreou pelo time da Baviera com pé direito, pois guardou um gol no 3 a 0 sobre o Hansa Rostock, em casa, pela abertura da Bundesliga.
A ida ao Bayern possibilitou a Toni disputar pela primeira vez uma competição continental. Ele entrou em campo 11 vezes e marcou dez tentos na campanha dos bávaros pela Copa Uefa – eles foram eliminados pelo Zenit na semifinal, após empate por 1 a 1 na Alemanha e goleada por 4 a 0 na Rússia. Vale salientar que, contra os gregos do Aris, rival na fase de grupos da competição, Toni anotou pela primeira vez na carreira quatro gols em uma mesma partida.
A temporada de estreia do artilheiro em solo alemão saiu melhor do que a encomenda: em 46 jogos, guardou 39 gols e forneceu 11 assistências. Também se sagrou campeão da Bundesliga, da Copa da Liga Alemã e da Copa da Alemanha. Nesta última, inclusive, o jogador marcou os dois gols da vitória por 2 a 1, obtida na prorrogação, perante o Borussia Dortmund. Máximo goleador da Bundesliga daquela temporada, Luca Toni foi o terceiro italiano a conseguir tal feito em um campeonato estrangeiro, exatamente uma década depois dos precursores. Em 1997-98, prevaleceram Marco Negri com o Rangers, na Escócia, e Christian Vieri com o Atlético de Madrid, na Espanha.
O centroavante emiliano seguiu balançando as redes na época seguinte, mas não participou de algumas partidas por causa de contusões. Em 2009, ele perdeu espaço na equipe com a chegada do treinador holandês Louis van Gaal ao comando do Bayern. Com isso, depois de somente oito jogos no primeiro turno da temporada 2009-10, Toni foi liberado e acertou com a Roma por empréstimo.
De janeiro a junho, período em que permaneceu na capital da Itália, Toni realizou 17 duelos com a camisa giallorossa e deixou sua marca cinco vezes. Um desses tentos foi especial, pois definiu a vitória por 2 a 1 no confronto direto com a Inter, na reta final da Serie A. O triunfo impulsionou a ultrapassagem dos romanos sobre a adversária, duas rodadas depois, mas não foi o bastante: a Beneamata conseguiu se recuperar e foi pentacampeã italiana. Além disso, bateu a própria Roma na final da Coppa Italia. Até hoje, o bomber declara que não ter faturado o scudetto pellos giallorossi foi uma das maiores decepções de sua carreira.
Os anos de 2009 e 2010 também não foram bons para o centroavante na seleção italiana. Ainda que tenha voltado para a Serie A visando uma convocação para a Copa do Mundo, Toni acabou preterido por Lippi e não viajou para a África do Sul. Antes disso, fez sua última aparição pela Nazionale num acachapante 3 a 0 aplicado pelo Brasil, que decretou a eliminação dos azzurri na fase de grupos da Copa das Confederações de 2009. Ele foi substituído aos 12 minutos do segundo tempo.
Após o fim do empréstimo à Roma, Toni rescindiu consensualmente seu vínculo com o Bayern e acertou um contrato de dois anos com o Genoa. O jogador, que vinha de seis meses aquém do esperado na Cidade Eterna, buscava recuperar seu bom futebol na Ligúria, porém deu outra amostra negativa em termos de desempenho. Com 33 anos, já não tinha a mesma movimentação de antes. Assim, depois de 19 jogos, sete tentos e muitas críticas do presidente Enrico Preziosi, Luca acabou sendo cedido gratuitamente a uma Juventus em crise, em janeiro de 2011.
Trocar Gênova por Turim não melhorou muito o rendimento do centroavante. Toni, pelo menos, marcou seu centésimo gol na Serie A. E que gol! No dia 5 de fevereiro, a Juventus foi até a Sardenha e venceu o Cagliari por 3 a 1. Naquela partida, o emiliano anotou um dos gols de cabeça mais bonitos da história do campeonato. Ele ajudou a roubar a bola no meio-campo, correu para o ataque, e recebeu um cruzamento perfeito de Andrea Barzagli, que se mandara com a redonda dominada pela ponta direita. O grandalhão subiu mais alto que os dois defensores rossoblù e acertou um tiro com a testa, no canto esquerdo do goleiro. A bola beijou a trave e estufou as redes.
Na Juventus, Toni ainda foi o responsável por um tento pesado, ainda que não oficial: diante do Notts County, anotou o primeiro gol da história do Allianz Stadium, na partida inaugural da arena, em setembro de 2011. Apesar disso, o atacante não recebeu mais oportunidades com o técnico Antonio Conte e deixou a Vecchia Signora para se aventurar no endinheirado futebol dos Emirados Árabes. Por ter participado de dois jogos da Serie A como opção no banco de reservas, Luca pode adicionar a seu currículo o título de campeão italiano.
Em janeiro de 2012, Toni assinou com o Al-Nasr. Até que ele começou bem no clube, marcando gol em sua partida de estreia. Também disputou a Liga dos Campeões da Ásia, competição da qual a equipe emirática não passou da fase de grupos. Durante sua passagem pelo Oriente Médio, ele e sua esposa Marta Cecchetto viveram um drama: em junho, ela deu à luz a um bebê natimorto, que seria o primeiro filho do casal. Desolado, Toni pensou em se aposentar e rescindiu seu contrato com a equipe asiática, por mútuo acordo.
Alguns meses depois, Luca se convenceu de que seria melhor continuar no esporte. Assim, retornou à Itália para vestir novamente a camisa do time pelo qual viveu seu auge, a Fiorentina. O acerto aconteceu no último dia da janela de transferências de verão europeu e as partes assinaram um contrato anual. O bomber estreou em grande estilo e precisou de apenas 87 segundos para marcar o primeiro gol de sua segunda passagem pelo Artemio Franchi, diante do Catania. Na comemoração, homenageou o bebê Mattia.
Luca Toni, aos 35 anos, não chegou para ser titular – no esquema de Vincenzo Montella, revezava com Adem Ljajic e atuava quando o treinador queria uma referência fixa na grande área. Coadjuvante, quase sempre saindo do banco, o emiliano mostrou que ainda tinha lenha para queimar, a despeito das más atuações nas três temporadas anteriores. Em 27 partidas pela elite, marcou oito gols e contribuiu com quatro assistências e intenso trabalho em prol da equipe. Quarta colocada na Serie A, a Fiorentina ficou com uma vaga na Liga Europa, mas flertou com a Liga dos Campeões – o Milan, terceiro, terminou com dois pontos a mais.
Ao fim da ótima campanha, a Fiorentina optou por não renovar com o veterano, já que a contratação do alemão Mario Gómez estava bem encaminhada – e, de fato, ocorreu. Mas não havia motivo para lamentações: afinal, Luca e Martha conseguiram, finalmente, realizar o sonho de serem pais. Em junho, nasceu a pequena Bianca. Ademais, Toni ainda conseguiu um bom contrato para permanecer na elite. Livre no mercado, aceitou a proposta de ser a estrela principal do Verona, que havia ascendido à elite em 2013-14. No Vêneto, o bomber continuou sua trajetória de renascimento das cinzas e quebrou recordes, se tornando ídolo em mais uma praça esportiva.
Logo em seu debute com a camisa gialloblù, o centroavante anotou uma doppietta que deu a vitória de virada a seu time sobre o Milan, em pleno San Siro, pela abertura da Serie A. Aparentemente bem física e mentalmente, ele concluiu a liga com 34 jogos e 20 gols, superando Gianni Bui e Domenico Penzo (ambos com 15 tentos) como maior artilheiro do Verona em uma única edição do campeonato. As várias e importantes bolas nas redes (como contra Lazio, Juventus e Chievo) levaram o Hellas à excelente décima posição na classificação. Outro golaço – este, fora dos gramados – foi a concepção de mais um rebento: Leonardo.
Se a época 2013-14 foi maravilhosa para Toni, a seguinte então foi espantosa. Ele disputou todos as 38 rodadas e marcou incríveis 22 gols, terminando como artilheiro do Italiano ao lado de Mauro Icardi, da Inter. Nunca um jogador dos mastini havia concluído o campeonato como atacante mais prolífico. Aos 38 anos, o emiliano também se tornou o máximo goleador mais velho da Serie A, superando Dario Hübner, que, com 35 primaveras, havia marcado 24 vezes pelo Piacenza no campeonato de 2001-02 e dividido a liderança com David Trezeguet, da Juventus.
Toni passou, com tranquilidade, Emiliano Mascetti, jogador do Verona no século passado, como o maior artilheiro dos butei na primeira divisão italiana – o meia tinha feito 35 gols entre 1968 e 1979, enquanto Toni, em duas temporadas, estufara as redes 42 vezes. Além disso, ele se transformou no primeiro italiano a alcançar a artilharia da Serie A por duas equipes diferentes: Fiorentina e Hellas.
Entretanto, as contusões limitaram suas idas aos gramados na temporada 2015-16. Não dava mais para continuar jogando com tanta frequência e intensidade. A aposentadoria, enfim, chegara para o grandalhão. Seu último gol – convertendo pênalti de cavadinha – saiu na vitória por 2 a 1 contra o mistão da Juventus, no Marcantonio Bentegodi, pela penúltima rodada da Serie A.
O gol sobre a Velha Senhora deu a Toni o posto de quinto maior artilheiro do Verona, com 51 tentos, e ampliou a sua primazia como jogador mais prolífico pelo clube na elite, com 48. O capitão gialloblù não conseguiu salvar sua equipe do rebaixamento, mas deixou um legado imenso não só no Vêneto, mas em todo o futebol italiano. Afinal, é um dos 20 principais goleadores da história da Serie A, com 157 bolas na rede.
“É difícil dizer o que eu estou sentindo agora”, afirmou Luca Toni, ao programa Mediaset Premium, após o triunfo sobre a já campeã Juve. “Eu só posso dizer obrigado a todos que me permitiram ter essa noite mágica. Foi maravilhoso ser aplaudido pelos torcedores adversários também. É uma noite que irei lembrar para sempre. (…) Esse adeus é, ao mesmo tempo, um dos mais maravilhosos e tristes da minha vida, porque deixar o futebol não é fácil”, concluiu, emocionado.
Aposentado, o ex-matador trocou as chuteiras pelos sapatos sociais e se tornou dirigente do Verona, ocupando cargo nos bastidores do Hellas por uma temporada. Além disso, concluiu o curso da Uefa para treinadores – conseguiu a licença junto com outros dois campeões mundiais em 2006, o ex-goleiro Marco Amelia e o ex-meia Mauro Camoranesi –, embora não tenha exercido a função e se dedicado mesmo ao ofício de comentarista. No fim das contas, Toni será mesmo lembrado por seu estilo tão grosseiro quanto eficiente, que o fez se consagrar como um atacante de instinto implacável dentro da área.
Luca Toni
Nascimento: 26 de maio de 1977, em Pavullo nel Frignano, Itália
Posição: atacante
Clubes: Modena (1994-96), Empoli (1996-97), Fiorenzuola (1997-98), Lodigiani (1998-99), Treviso (1999-2000), Vicenza (2000-01), Brescia (2001-03), Palermo (2003-05), Fiorentina (2005-07 e 2012-13), Bayern de Munique (2007-09), Roma (2010), Genoa (2010-11), Juventus (2011-12), Al-Nasr (2012) e Verona (2013-16)
Títulos: Serie B (2004), Copa do Mundo (2006), Copa da Liga Alemã (2007), Bundesliga (2008), Copa da Alemanha (2008) e Serie A (2012)
Seleção italiana: 47 jogos e 16 gols
Eu estava em Palermo, em 08 de outubro de 2005, e assisti ao jogo que classificou a Azurra para o Mundial de 2006, na Alemanha. Luca Toni, então titular da Seleção de Marcelo Lippi, havia deixado recentemente o Palermo para jogar na Fiorentina, numa turbulenta negociação. Chamado de traidor pelos torcedores do Palermo, esta era a primeira vez que o jogador retornava à cidade siciliana do seu ex-clube. Quis o destino que Toni tivesse naquela noite, no Renzo Barbera, seu momento de Julinho Botelho no Maracanã. Antes da partida, nas ruas do entorno do estádio, várias barracas vendiam a camisa rosa do Palermo com o nome de Luca Toni e a inscrição “vendetta” em vermelho sobre o mesmo. Toni entrou no gramado aos gritos de “Luca Toni pezzo di merda!”. Na arquibancada, eu lembro de uma frase que dizia: “non mallediano il traditore, perché amiamo il tricolore”. Depois de ajudar a Azurra a vencer com um gol de Zaccardo e fazer uma ótima partida, Toni foi substituído e aplaudido de pé por todos os torcedores sicilianos presentes.