Dos 40 gols anotados pelo Cagliari na temporada 2020-21 do Campeonato Italiano, até agora, 18 tiveram a participação direta de um brasileiro: João Pedro. Em 34 rodadas da competição, o atacante de 29 anos balançou a rede 15 vezes e ainda colaborou com três assistências.
Os números o credenciam a uma seleta lista de artilheiros do torneio, ao lado de nomes como Zlatan Ibrahimovic (Milan) e Lautaro Martínez (Inter), ambos também com 15 tentos anotados, Lorenzo Insigne (Napoli), com 17, Ciro Immobile (Lazio), com 19, Romelu Lukaku (Inter), com 21, e Cristiano Ronaldo (Juventus), com 27.
Mais do que isso, a quantidade de gols garante o mineiro de Ipatinga no topo da lista de brasileiros que participam das cinco grandes ligas europeias na temporada, à frente de estrelados nomes. Neymar, por exemplo, anotou apenas sete em 15 partidas do Francês e, apenas somando os tentos na Liga dos Campeões (6), Supercopa da França (1) e Copa da França (1), consegue chegar aos mesmos 15 de João Pedro. O mesmo vale para craques do ataque da Seleção que atuam no Campeonato Inglês, como Gabriel Jesus, que marcou oito vezes em 25 jogos pelo Manchester City; Roberto Firmino, que anotou seis tentos em 32 partidas pelo Liverpool; e Richarlison, com seis em 29 aparições pelo Everton.
O goleador do Cagliari ainda conseguiu alcançar uma marca histórica. Ele foi o primeiro brasileiro depois de Kaká a marcar pelo menos 15 gols em duas temporadas consecutivas pelo Italiano. Em 2019-20, João Pedro anotou 18 tentos no torneio e na atual temporada já fez 15. Por outro lado, Kaká, pelo Milan, guardou 15 na temporada 2007-08 e 16 em 2008-09.
O atual momento de João Pedro não reflete a fase da equipe da Sardenha, que trava uma grande batalha contra o rebaixamento da elite nacional. O Cagliari ocupa a 17ª posição, com 32 pontos, apenas um a mais que o Benevento, primeiro time no Z3 e próximo adversário na Serie A – em partida que ocorre neste domingo (9), às 10h (de Brasília), fora de casa. Os rossoblù ainda enfrentam Fiorentina, Milan e Genoa antes do encerramento da competição.
Capitão do Cagliari, ídolo da torcida, quarto maior artilheiro da história do clube com 72 gols – e contando –, apaixonado pela ilha da Sardenha e com contrato até junho de 2023, o brasileiro não pensa em deixar de vestir a camisa rossoblù tão cedo. Apesar de ainda querer jogar no Brasil, projeta uma volta ao país apenas no futuro.
Em entrevista exclusiva à Calciopédia, o artilheiro ainda revelou que sonha em atuar pela seleção brasileira principal, coroando uma trajetória vitoriosa na base – na qual ajudou o Brasil a ser campeão sul-americano sub-17. O mineiro, inclusive, rechaça a possibilidade de defender a equipe nacional italiana.
Confira, abaixo, a íntegra da conversa com João Pedro.
Em setembro deste ano, você completa sete anos de Cagliari. O que mais destaca desse período em que está no clube?
Hoje vemos poucos jogadores terem uma continuidade grande no mesmo clube. Acho que o mais bacana é criar uma identidade, uma ligação, um sentimento com o time, que normalmente em uma ou duas temporadas você não consegue. Sete anos é muito tempo. Já passei por tudo aqui, tanto por momentos positivos quanto negativos, e isso me dá força. O Cagliari faz parte da minha carreira e da minha vida no geral.
Sua primeira experiência na Itália foi no Palermo, clube em que chegou com apenas 18 anos e pouco atuou. O que acha que aconteceu de diferente para se adaptar ao Cagliari mesmo tendo fechado com os sardos apenas quatro temporadas depois?
O Palermo foi legal porque eu era muito novo e tinha muita vontade de jogar na Europa, ainda mais nessa época em que o Campeonato Italiano era o mais importante do mundo. Fazia cinco meses que eu tinha subido da base do Atlético-MG quando fui vendido. Joguei pouco no profissional no Galo, mas eu levo tudo como aprendizado. A minha ligação com o Cagliari nasceu porque eu sempre tento me entregar ao máximo e logo no meu primeiro ano já criei esse laço, apesar de termos sido rebaixados. No ano seguinte, subimos e isso criou uma ligação forte. Dali para frente foi só alegria.
Poderia contar um pouco da trajetória vivida até se tornar capitão e a importância desse fato? Afinal, você é o segundo brasileiro a ser capitão do clube e o sexto estrangeiro.
A questão de ser capitão na Itália é muito bacana porque eles têm muito respeito. Não é apenas uma faixa no braço, você precisa conquistar e entender o clube. Eles costumam escolher quem tem identidade com o time. Tive a oportunidade de jogar com o Daniele Conti, que jogou 16 temporadas no Cagliari, e quanto penso em capitão, penso nele. Nesses últimos três anos eu era um dos três capitães, mas esse ano eu virei o primeiro. É muito legal, mas é uma responsabilidade muito grande, você vira exemplo, precisa equilibrar o vestiário e o ambiente externo, ter um bom relacionamento com o torcedor e com a direção. Não imaginava que fosse ser tão difícil e cansativo, mas ao mesmo tempo é muito prazeroso. A faixa de capitão em dia de jogo é o que menos conta, o que vale é esse trabalho fora. Eu me espelho muito no Daniele, que atualmente trabalha na base, e confesso que em algumas oportunidades fui falar com ele para pedir conselhos.
Desde que foi contratado, você é figura frequente na equipe titular do Cagliari, mas sua última temporada e a atual chamam muito a atenção, principalmente pelo número de gols anotados. Na atual campanha do Italiano, você só não jogou uma vez nas primeiras 34 rodadas e participou de quase metade dos gols do time. O que acha que mudou nos últimos tempos para isso vir a acontecer?
Eu fiz uma base como promessa, sempre fui para a seleção brasileira. Subi como promessa, mas nunca estourava como imaginava. Rodei um pouco, tomei muita porrada e aqui foi basicamente um espelho do que foi a minha carreira, porque eles sempre tinham esperança, mas os números não acompanhavam meu desempenho. Há três temporadas, o time não viveu uma boa fase. Nem eu, e recebi inúmeras críticas.
Naquele momento, se tornou quase uma questão de orgulho. Coloquei na minha cabeça que era agora ou nunca. Foi mesmo a minha mentalidade que mudou, eu amadureci muito e estou ficando mais velho. Deu tudo certo individualmente ano passado e nesse ano foi mais ou menos parecido porque aí começou a pressão de “não vai conseguir nunca mais fazer uma temporada do tipo”, e eu falei “vamos ver” (risos). E deu certo de novo. Quando a cabeça chegou no timing certo, tudo fluiu bem.
Em 2018 você viveu a situação com o doping pelo uso da substância hidroclorotiazida. Como encarou isso? E como acredita que o clube te ajudou a se restabelecer e superar o caso?
Foi traumático porque é algo que eu não esperava. Foi muito rápido. Eu não entendia nada. No geral, se orienta muito pouco o atleta e eu, particularmente, quando lia a palavra doping, sempre associava a um atleta que se dopou mesmo. Quando aconteceu comigo, resolvi ler bastante para entender como funcionam os casos e vi que é diferente. Lógico que tem muitos que se dopam, mas acontecem muitos casos de contaminação por um remédio errado que o médico passa. Eu tomei essa porrada, mas até dei sorte porque eu cumpri a suspensão (de seis meses) quando não tinha campeonato, eram férias. Quando eu voltei, o Cagliari foi fantástico comigo. Eu saía muito pouco na rua, estava muito abalado, mas o Cagliari me abraçou e a torcida sempre demonstrou apoio. Isso me ajudou demais. Voltei mais cascudo. Devo ter envelhecido uns cinco anos, mas para melhor, como um vinho (risos).

Após a adaptação à Sardenha, João Pedro se consolidou como um dos grandes ídolos recentes do Cagliari (LaPresse)
O futebol italiano é conhecido por dar muita ênfase à parte tática. Você acredita que isso ajudou o seu estilo de jogo? Aproveitando, como foi sua mudança para o ataque? Você iniciou como meia, chegou a atuar até como segundo volante e agora é atacante.
Na base eu jogava de 10 ou atacante. Quando eu subi no Atlético-MG, o Vanderlei Luxemburgo me colocou de segundo volante sem explicação (risos). Ali eu me toquei que deveria começar a aprender taticamente e estava começando a evoluir. Quando eu vim para a Itália, eu sofri muito no começo porque o futebol italiano é extremamente tático. Você trabalha tática todo dia. Por isso é normal vermos aqui atacantes baixinhos fazendo gol de cabeça e zagueiros mais baixos, tudo porque se posicionam muito bem. Lógico que agora a parte física evoluiu, mas o futebol italiano é muito tático, ainda mais defensivamente.
Aqui eu joguei de segundo volante, de meia, de ponta-esquerda e de centroavante porque eu sempre fui muito curioso e sempre me coloquei à disposição para jogar e aprender. Sou aquele cara fominha que quer jogar sempre, não importa a posição (risos). Essa questão tática me ajudou muito por querer aprender. Se você não tiver disponibilidade para aprender no futebol italiano e se doar, você sofre muito. Mas depois que você pega o bonde, as coisas ficam muito mais fáceis.
Quem foi o treinador com que mais gostou de trabalhar no Cagliari?
Eu trabalhei com muitos treinadores por aqui, mas todos com características diferentes. Mas um que me ajudou e acreditou muito em mim, apesar de ter sido durante muito pouco tempo, ainda no meu primeiro ano, foi o [Gianfranco] Zola. Ele, que é ídolo aqui, misturava a parte tática com improviso. Ele me chamava e explicava todos os detalhes e por isso consegui equilibrar esses dois lados. O Zola foi um gênio como jogador e tudo que ele me falava,eu fazia e dava certo (risos). Meu melhor período no Cagliari no começo foi com ele, aprendi muito.
O que deu errado, na sua visão, para o insucesso do Eusebio Di Francesco no Cagliari? Qual acredita ser a diferença entre o trabalho do Di Francesco e o do Leonardo Semplici, que melhorou o rendimento da equipe?
O Di Francesco é um cara muito inteligente, que estuda muito o jogo e é muito detalhista. Para ele, por exemplo, faz diferença um metro em campo e o posicionamento do corpo. Mas o Cagliari, apesar de estar crescendo muito, continua sendo um time pequeno. Ainda é uma caminhada longa para chegar perto dos grandes e o Di Francesco é treinador de time grande. Ele monta o time para cima, taticamente muito ofensivo, com pressão o tempo inteiro e é difícil você impor isso quando você joga na segunda página da tabela porque ali você joga quase para não perder. Ele sofreu muito com isso e o Cagliari ainda não está no patamar dos grandes. Já o Semplici era um treinador que estava na Spal e que salvou o time, que é muito menor que o Cagliari, duas vezes do rebaixamento. O que ele trouxe para gente foi simplicidade. Fechar, jogar bem, pressionar só quando necessário e o time ficou um pouco mais equilibrado.
Como tem sido viver essa fase goleadra e estar em um ranking de artilharia do Italiano que conta com nomes como Cristiano Ronaldo, Lukaku, Ibrahimovic e Immobile? Além disso, como é estar na lista dos maiores artilheiros da história do Cagliari?
É incrível porque muitos deles ainda são ídolos ou outros, como o Immobile, que conheci aqui, é um atacante incrível que sabe fazer gol. Estar ali sendo um deles é incrível. É confiança de que o trabalho está sendo bem feito, de que eu consegui. Durante muito tempo eu desejei estar ali e não foi sorte. Nesses dois últimos anos eu tive certeza que a sorte não existe, que é muito trabalho. É lógico que para você estar ali você precisa ter um talento, mas precisa trabalhar muito, ainda mais em um clube pequeno. E fazer história é incrível. A ficha ainda não caiu. Sou o segundo com mais gols na Serie A com o Cagliari e o quarto maior artilheiro na história do Cagliari. Não entendi ainda como funciona (risos).
Você, que atuou ao lado do Neymar nas seleções de base e no Santos, fez mais gols do que ele na última temporada e isso se mantém isso na atual – ou seja, você é o brasileiro com mais tentos na Europa nos últimos dois anos. Como você se coloca em relação ao Neymar e também ao Gabriel Jesus, do Manchester City, e ao Firmino, do Liverpool, que também marcaram menos que você?
São atacantes extraordinários, que tiveram sequências de anos jogando em um nível muito alto individualmente. Acho que é muito merecimento, mas não é comparação, são números. Eu digo isso porque vivi muito tempo jogando bem e não tendo números expressivos, e todos questionavam meus números e minha produtividade. Ano passado foi uma surpresa, mas não para mim, pois me preparei muito para que isso acontecesse. Dois anos seguidos já não é mais sorte, é merecimento. É legal, pois são os atacantes da seleção brasileira. Se eu estou fazendo igual ou parecido a eles, quer dizer que eu estou no nível deles hoje. Isso não quer dizer que eu seja um jogador melhor que eles ou que vá ser melhor, mas que na atualidade eu estou no mesmo nível deles.
Apesar de ter atuado nas seleções de base do Brasil e viver grande fase, você nunca ganhou uma oportunidade na seleção profissional. Ainda sonha com isso? Acredita que merecia uma chance do Tite?
Merecimento é difícil de dizer porque a gente não sabe os critérios em geral. Lógico que a gente acha que são os números, como você joga e o campeonato que o seu time joga, mas eu não sei dizer se eu mereço. Lógico que o sonho sempre vai ter porque o futebol é muito rápido. Um dia você está lá em cima e no outro lá embaixo e vice-versa. A minha vontade de ir [para a Seleção] nunca mudou. Lógico que antes eu tinha consciência de que tinha uma eternidade de distância, agora, talvez, a distância seja menor, mas continua sendo muito difícil. Estamos falando de atacantes que tiveram oportunidades nos clubes e na Seleção.
Vendo o zagueiro Rafael Toloi, da Atalanta, por exemplo, que é até mais velho que você, se naturalizou e já foi inclusive titular da seleção italiana, você pensa em atuar pela Itália?
Eu tenho a cidadania italiana, mas nunca pensei em atuar pela seleção italiana. Eu particularmente não conseguiria. Primeiro porque eu sou brasileiro. Ponto. Eu respeito e amo a Itália. Tenho uma ligação muito forte, já que minha esposa é italiana, meus dois filhos nasceram aqui, tenho história na Itália, mas jogar na seleção italiana nunca pensei. E não é porque não quero, mas acho que não mereço. Eu comparo com ir para a guerra: se tiver que ir, eu vou pelo Brasil porque eu sou brasileiro e morro pelo meu país. Fiz mais de 50 jogos pelas seleções brasileiras de base, sei o quanto é diferente quando você veste aquela camisa, é indescritível. Prefiro não ir nunca mais para a Seleção, o que pode acontecer, do que ir para a seleção italiana, por mais que eu tenha a cidadania.
Ainda pensando no Cagliari, você recebe comparações e referências da torcida a outros brasileiros que passaram por lá, como Nenê (campeão italiano pelo time), Luís Oliveira e Thiago Ribeiro. Como vê isso?
São sete anos, mais de 70 gols e quase 250 jogos, o que na Itália é muito. O Nenê abriu as portas para o amor entre Brasil e Sardenha porque foi depois dele que teve essa ligação entre o jogador brasileiro e o Cagliari. É difícil dizer porque a torcida me respeita muito. São muitas coisas que tornam a relação quase perfeita.
Você tem contrato até junho de 2023 com o Cagliari. Quais seus planos para o futuro? Pensa em buscar novos ares antes mesmo de o contrato acabar?
Quando o mercado está se aproximando, se escuta um pouco de tudo. Não penso em sair do Cagliari, primeiro porque vivemos um momento muito complicado no campeonato e não dá para pensar em outras coisas. Estamos sofrendo muito e juntando os cacos para renascer. Eu também sou muito desligado. Em todos os mercados me perguntam isso, até o meu pai liga para saber (risos), e eu quase não vejo nada. Falo para o meu empresário não ligar caso não tenha nada muito espetacular. Se eu estou aqui, eu estou aqui. Tenho um bom contrato aqui, sou capitão do time e não tenho pensamento de sair do clube.
Pensa em voltar ao Brasil em algum momento?
Por enquanto eu não penso. Tenho muita vontade e curiosidade de jogar no Brasil, afinal saí muito novo e joguei muito pouco. Minha passagem pelo Santos não foi boa. Quero jogar no Brasil agora que estou mais maduro, mas hoje, em particular, estou vivendo um momento incrível em um campeonato muito difícil. Não penso em voltar hoje para o Brasil, mas também não quero voltar só para encerrar a carreira, quero voltar para render.

Camisa 10, capitão e principal jogador: a banda do Cagliari toca de acordo com João Pedro (LaPresse)
O Cagliari investiu em grandes nomes para o ano de seu centenário, mas a fase não é boa. O time saiu agora da zona de rebaixamento e ainda busca se reabilitar de vez. Você, que viveu situação parecida pelo próprio Cagliari quando caiu na temporada 2014-15, acredita que o time pode se safar nessa reta final do campeonato?
O pensamento é esse. Nos próximos dois jogos temos a possibilidade clara de fechar a porta, seguir em frente e recomeçar para a próxima temporada. Foi um último mês muito complicado porque, quando você está na zona de rebaixamento, parece que está dando tudo errado. Foi quase uma volta de coração, de quem realmente não quer ir para a segunda divisão. O grupo se fechou, fizemos nove pontos em uma semana, empatamos com o Napoli, que era um dos melhores times do campeonato, e domingo temos mais um jogo importante, contra o Benevento, fora de casa. É uma grande oportunidade de dar um chute e seguir em frente. Temos um time muito bom no papel, apesar de termos sofrido em campo. Infelizmente faz parte do jogo, sem querer encontrar desculpas.
O projeto ambicioso do presidente Tommaso Giulini, que adquiriu o Cagliari em 2014, ainda não decolou. Mesmo com bons elencos, o time pode amargar o segundo rebaixamento na gestão do cartola. Qual balanço faz com a gestão dele?
O Cagliari em si cresceu muito porque já se tem a ambição de fazer algo melhor, investir e trabalhar. Não é fácil porque não é da noite para o dia. Você precisa instalar uma nova mentalidade, montar uma base forte, ter paciência, saber sofrer e encontrar um equilíbrio. Aqui temos uma mentalidade boa. Além disso, é um meio que ele sabe, é um cara muito inteligente e ambicioso. Ele já está construindo um estádio novo e está trazendo jogadores importantes. É claro que os torcedores querem que o Cagliari chegue entre os 10, vá para a Liga Europa, mas no campo sabemos que não é fácil. O pensamento é continuar com vontade de crescer, porque o Cagliari merece e a Sardenha merece, mas precisa ter paciência com o processo.
Esse ano o Italiano tem sido bem diferente principalmente pelo título da Inter, que quebrou uma longa hegemonia da Juventus. Como vê isso? Acha que o campeonato está mais disputado?
O nível dos últimos anos aumentou. Só de trazer um jogador como o Cristiano Ronaldo, da Juventus, um técnico como o Conte, na Inter, agora o Mourinho na Roma, o Lukaku fazendo muitos gols… Isso já faz muita diferença. O Italiano está voltando a ser o que era, um campeonato top e que vai brigar para ser um dos melhores. E a Itália merece, eles vivem futebol quase como o brasileiro. Acho que a questão de a seleção italiana ter vivido uma fase ruim, principalmente pela mudança de geração dos jogadores, também recaiu no campeonato. Para a gente que está aqui, o nível fica maior, mas mais prazeroso.
Como é morar na Sardenha? Gosta da cultura local? Acredita que isso te ajudou na adaptação?
Em casa eu só falo italiano, já que minha esposa, Alessandra, é italiana. Então isso me ajudou muito com a língua. O clima da Sardenha é muito parecido com o do Brasil e o sardo é um povo muito quente, que gosta de fazer amizades e de ajudar. Eu sempre fui apaixonado pela Itália. Nunca senti nenhuma dificuldade de morar aqui, ainda mais depois que comecei a falar italiano. A ilha é muito bonita, tem praias incríveis, mas eu sou um cara muito tranquilo. Estou sempre em casa, quando não estou treinando ou jogando, e gosto muito de brincar com meus dois filhos, o André Felipe, de 5 anos, e Elizabeth, de 2. Sinto saudades do Brasil, lógico, mas me sinto em casa na Itália.