Serie A

Guia da Serie A 2021-22, parte 1

Neste sábado, a Serie A volta a animar os apaixonados pelo futebol italiano e a edição 2021-22 do torneio traz consigo alguns retornos – inclusive para os brasileiros. Os moradores da Velha Bota viverão o mais importante deles: a volta do público aos estádios; nós, no Brasil, acompanharemos mudanças nas transmissões das partidas.

Depois de reuniões com representantes da liga, o governo da Itália permitiu que instalações ao ar livre recebam até 50% de sua capacidade de público, desde que estejam localizadas em regiões classificadas como “zonas brancas”, com baixo risco de agravamento da situação epidemiológica referente à covid-19 – até o fechamento do guia, todo o território do país, com 57,5% de sua população inteiramente imunizada, se encaixa no quesito. Os torcedores serão acomodados com distanciamento de pelo menos 1 metro, numa disposição que visará evitar aglomerações, e deverão utilizar máscaras em todos os ambientes dos estádios.

Só poderá entrar nas praças esportivas quem tiver uma certificação, na forma de QR code, dada exclusivamente pelas autoridades sanitárias e acessada através de um aplicativo. Terão direito a este passe os vacinados pelo menos com a primeira dose nos últimos nove meses, aqueles que apresentarem um teste RT-PCR negativo feito há até 48 horas do jogo e pessoas recuperadas da covid-19 nos seis meses anteriores. Nos portões de acesso, a fiscalização será feita por stewards.

Outro retorno importante é o do favoritismo da Juventus, comandada pelo velho conhecido Massimiliano Allegri. A Inter ganhou o último scudetto e ainda tem um elenco gabaritado, mas inicia um novo ciclo e com um time enfraquecido em relação ao da temporada anterior. Melhor para Milan, Roma e Napoli, que ganharam fôlego e podem competir de forma mais expressiva com as rivais. Atalanta e Lazio continuam fortes e estão à espreita.

Até o fechamento do nosso guia, 31 jogadores brasileiros estão aptos para disputar esta edição do Campeonato Italiano, considerando também aqueles que têm dupla nacionalidade – 11 a menos que duas temporadas atrás. Os jogadores do nosso país estão distribuídos em 16 times, ficando ausentes apenas dos elencos de Empoli, Inter, Milan e Salernitana. Juventus, Lazio e Udinese são a equipes com mais representantes canarinhos, com quatro cada.

No Brasil, a Serie A volta a ter a transmissão dos canais ESPN e Fox Sports, que a exibiram em outras ocasiões. No streaming, o amante do futebol da Bota poderá acompanhar o campeonato através do Star+, do grupo Disney, e de sites de apostas, como o Bet365 – saiba todos os detalhes sobre transmissões aqui.

Publicado também na Trivela.

Atalanta

Zapata, da Atalanta (IPA)

Cidade: Bérgamo (Lombardia)
Estádio: Gewiss Stadium (24.950 lugares)
Fundação: 1907
Apelidos: Nerazzurri, La Dea, Orobici
Principais rivais: Brescia, Inter e Milan
Participações na Serie A: 61
Títulos: nenhum (melhor desempenho: 3ª colocação)
Na última temporada: 3ª posição
Objetivo: vaga na Liga dos Campeões
Brasileiros no elenco: Rafael Toloi
Técnico: Gian Piero Gasperini (6ª temporada)
Destaque: Duván Zapata
Fique de olho: Alessandro Cortinovis
Principais chegadas: Juan Musso (g, Udinese), Merih Demiral (z, Juventus) e Matteo Lovato (z, Verona)
Principais saídas: Pierluigi Gollini (g, Tottenham), Cristian Romero (z, Tottenham) e Mattia Caldara (z, Venezia)
Time-base (3-4-2-1): Musso; Rafael Toloi, Demiral, Djimsiti (Lovato); Maehle (Hateboer), De Roon, Freuler, Gosens; Pessina, Malinovskyi (Ilicic); Zapata (Muriel).

Entra ano, sai ano e o maior craque da Atalanta continua em seu banco de reservas: é Gasperini, técnico que há mais tempo está empregado na Serie A. Em 2021-22, ele terá à disposição um elenco de nível bastante similar ao da campanha anterior, mas dois possíveis transtornos para administrar. O primeiro é a possível saída de Zapata até o fim da janela de transferências; o outro é lidar com Ilicic, em caso de permanência do esloveno. O meia-atacante tem enfrentado problemas particulares nos últimos meses e, por isso, encontra dificuldades de se motivar.

Para a tranquilidade de Gasp e da torcida bergamasca, porém, a Dea consegue encontrar muitas saídas através de seu jogo coletivo e enxerga um interessante potencial de crescimento. Afinal, Maehle e Pessina retornaram embalados por desempenhos expressivos na Euro e podem deixar de lado os postos de coadjuvantes para assumirem maior protagonismo no elenco. São grandes, também, as expectativas sobre Musso, Demiral e Lovato.

Além da linha auxiliar que ajuda a fórmula coletivista nerazzurra a funcionar, a equipe ainda conta com as suas garantias. Rafael Toloi, seu capitão, vive a melhor fase da carreira e será importantíssimo para que Demiral e Lovato cresçam em Bérgamo, ao passo que Gosens, Malinovskyi e Muriel já mostraram o quão decisivos podem ser. Será difícil, como sempre, mas Gasperini tem grandes possibilidades de, pela quinta vez em seis temporadas, fazer a Atalanta terminar o Campeonato Italiano no G4.

Bologna

Orsolini, do Bologna (LaPresse)

Cidade: Bolonha (Emília-Romanha)
Estádio: Renato Dall’Ara (36.462 lugares)
Fundação: 1909
Apelidos: Rossoblù, Felsinei, Petroniani, Veltri
Principais rivais: Cesena e Fiorentina
Participações na Serie A: 75
Títulos: 7
Na última temporada: 12ª posição
Objetivo: meio da tabela
Brasileiros no elenco: Emanuel Vignato
Técnico: Sinisa Mihajlovic (4ª temporada)
Destaque: Musa Barrow
Fique de olho: Gianmarco Cangiano
Principais chegadas: Marko Arnautovic (a, Shangai Port), Kevin Bonifazi (z, Udinese) e Sydney van Hooijdonk (a, NAC Breda)
Principais saídas: Rodrigo Palacio (a, Brescia), Danilo (z, sem clube) e Andrea Poli (m, Antalyaspor)
Time-base (4-2-3-1): Skorupski; Tomiyasu (De Silvestri), Bonifazi, Soumaoro, Dijks; Schouten, Svanberg; Orsolini, Soriano, Barrow; Arnautovic.

A temporada de 2021-22 será uma espécie de batismo de fogo para alguns jovens jogadores do Bologna. Eles terão de amadurecer na marra, visto que Danilo, Poli e Palacio, algumas das maiores referências de liderança do elenco deixaram a Emília-Romanha. O plantel tem alguns atletas experientes, como De Silvestri, Medel, Soriano e Arnautovic, mas os ótimos Tomiyasu, Svanberg, Vignato, Orsolini e Barrow terão de se impor nos momentos mais complicados de forma ainda mais corriqueira.

O ambiente bolonhês não oferecerá tanta pressão para estes jovens, apesar da precoce eliminação do time na Coppa Italia, frente à Ternana. Afinal, assim como em ocasiões anteriores, o Bologna não deverá encontrar tantas dificuldades para se manter a uma distância segura da briga contra o rebaixamento. O quão tranquila será a trajetória rossoblù dependerá, em grande parte, da volta de Orsolini à sua melhor forma, do prosseguimento da constante evolução de Barrow e, por fim, da adaptação do bad boy Arnautovic, que retorna à Itália após 11 anos.

Outro condicionante para o sucesso da campanha dos veltri é o desempenho da defesa, que não se acerta desde 2019. É provável que Mihajlovic volte a utilizar Tomiyasu como lateral-direito, na expectativa de fechar mais o setor, enquanto Bonifazi foi contratado para suprir a ausência de Danilo e acrescentar viço à retaguarda rossoblù. É inverossímil, porém, que o treinador sérvio seja capaz de resolver o problema tendo, à sua disposição, jogadores inseguros como Soumaoro, Denswil e Dijks – e os jovens britânicos Binks e Hickey como opções de banco.

Cagliari

O Cagliari conta com os brasileiros Dalbert e João Pedro (LaPresse)

Cidade: Cagliari (Sardenha)
Estádio: Unipol Domus (16.416 lugares)
Fundação: 1920
Apelidos: Rossoblù, Casteddu, Isolani
Principais rivais: Torres
Participações na Serie A: 42
Títulos: 1
Na última temporada: 16ª posição
Objetivo: escapar do rebaixamento
Brasileiros no elenco: João Pedro e Dalbert
Técnico: Leonardo Semplici (2ª temporada)
Destaque: João Pedro
Fique de olho: Adam Obert
Principais chegadas: Kevin Strootman (m, Genoa), Dalbert (le, Rennes) e Boris Radunovic (g, Cremonese)
Principais saídas: Radja Nainggolan (m, Royal Antwerp), Daniele Rugani (z, Juventus) e Alfred Duncan (v, Fiorentina)
Time-base (3-5-2): Cragno; Ceppitelli, Godín, Carboni (Walukiewicz); Nández, Strootman, Deiola, Marin, Lykogiannis; João Pedro, Pavoletti (Simeone).

A rebatizada Sardegna Arena – agora, por conta de naming rights, Unipol Domus – deverá receber torcedores bastante tensos por mais um campeonato. Porém, dessa vez os apoiadores do Cagliari não estarão iludidos pela promessa de tentar abocanhar algo a mais na Serie A. Escapar do rebaixamento será suficiente para os casteddu.

Nesse sentido, a manutenção do esforçado técnico Semplici, que comandou a heroica arrancada dos sardos na reta final da última temporada, é um acerto do presidente Giulini. O treinador sabe montar times reativos e eficientes para brigar na parte de baixo da tabela, e já mostrou capacidade para fazer o Cagliari se acertar dentro de uma proposta mais modesta.

Semplici, João Pedro e companhia, porém, terão de driblar mais uma séria lesão de Rog e a saída de muitos jogadores experientes, como Rugani, Nainggolan, Duncan, Asamoah e Klavan – Nández também pode deixar a Sardenha até o fim da janela de transferências. Dalbert e Strootman, únicos reforços relevantes deste verão, ganharão destaque no time, mas nada será mais necessário para o Cagliari do que focar em suas carências e manter o espírito guerreiro de 2020-21, que lhe fez somar pontos improváveis.

Empoli

Bajrami, do Empoli (IPA)

Cidade: Empoli (Toscana)
Estádio: Carlo Castellani (16.284 lugares)
Fundação: 1920
Apelido: Azzurri
Principais rivais: Fiorentina, Pisa, Siena, Pistoiese e Lucchese
Participações na Serie A: 13
Títulos: nenhum (melhor desempenho: 7ª colocação)
Na última temporada: campeão da Serie B (promovido)
Objetivo: escapar do rebaixamento
Brasileiros no elenco: nenhum
Técnico: Aurelio Andreazzoli (1ª temporada)
Destaque: Nedim Bajrami
Fique de olho: Samuele Ricci
Principais chegadas: Patrick Cutrone (a, Valencia), Petar Stojanovic (ld, Dinamo Zagreb) e Ardian Ismajli (z, Spezia)
Principais saídas: Dimitrios Nikolaou (z, Spezia), Ryder Matos (a, Udinese) e Nicolò Casale (z, Verona)
Time-base (4-3-1-2): Vicario (Brignoli); Stojanovic, Ismajli, Romagnoli (Luperto), Marchizza; Ricci, Stulac, Zurkowski (Haas); Bajrami; Mancuso, Cutrone.

Campeão da última Serie B com uma liderança quase de ponta a ponta, o Empoli terá uma nova realidade em 2021-22. O time toscano teve de se separar do técnico Dionisi, contratado pelo Sassuolo, e repatriou Andreazzoli, vovô da elite, com 67 anos. O treinador retorna aos azzurri, com os quais já havia vencido a segundona em outra temporada, para conseguir completar uma missão que, por 10 minutos e um gol, não obteve em 2019: salvá-los do rebaixamento.

Assim como no fatídico 2018-19, ano em que o rebaixado Empoli mostrou um bom futebol, o elenco tem vários jogadores jovens e de elevado potencial – sendo o recém-contratado Cutrone o mais conhecido deles. Vale ficar de olho no cerebral Ricci e no hiperativo Bajrami, que foi o grande nome da campanha azzurra na última Serie B e, não à toa, veste a camisa 10. Atenções voltadas também para Mancuso, que é conhecido como goleador na segundona e, aos 29 anos, terá a primeira experiência na elite. É importante salientar que Caputo tinha uma trajetória muito semelhante à do número 7 e se valorizou justamente com Andreazzoli, no próprio clube toscano.

O Empoli manteve quase todos os protagonistas de sua excelente campanha na Serie B, na qual teve o melhor ataque e ficou invicto em casa. Obviamente, a elite pede um salto de qualidade, mas o plantel azzurro demonstrou condições de conseguir render a contento e brigar pela permanência, principalmente incentivado pela volta da torcida aos estádios. Não será exatamente uma surpresa se o segundo principal time da província de Florença se mantiver na primeira divisão.

Fiorentina

Vlahovic, da Fiorentina (IPA)

Cidade: Florença (Toscana)
Estádio: Artemio Franchi (43.147 lugares)
Fundação: 1926
Apelidos: Viola, Gigliati
Principais rivais: Juventus, Roma e Bologna
Participações na Serie A: 85
Títulos: 2
Na última temporada: 13ª posição
Objetivo: meio da tabela
Brasileiros no elenco: Igor Júlio
Técnico: Vincenzo Italiano (1ª temporada)
Destaque: Dusan Vlahovic
Fique de olho: Youssef Maleh
Principais chegadas: Nicolás González (mat, Stuttgart), Pol Lirola (ld, Marseille) e Youssef Maleh (m, Venezia)
Principais saídas: Franck Ribéry (mat, sem clube), Martín Cáceres (z, sem clube) e Germán Pezzella (z, Betis)
Time-base (4-3-3): Dragowski; Lirola, Milenkovic, Martínez Quarta, Biraghi; Bonaventura (Maleh), Pulgar (Amrabat), Castrovilli; González, Vlahovic, Sottil.

Por enquanto, Vlahovic fica. E, por incrível que pareça, a permanência do sérvio pode significar muito pouco para o destino da Fiorentina em 2021-22: a equipe se colocou numa espécie de limbo, em que aparenta estar muito distante de brigar por vagas em competições europeias e também acima das agremiações que lutarão para não caírem. O meio da tabela seria um resultado modesto para o projeto do presidente Commisso – de novo.

A temporada violeta será de confirmações. Além de Vlahovic, que almeja repetir o ótimo desempenho na última Serie A e, quem sabe, até superar a marca de 21 gols anotados, o técnico Italiano também visa consolidar o que mostrou no pequenino Spezia. Se conseguir transmitir aos novos comandados o que trabalhou na Ligúria, veremos uma Fiorentina muito intensa, aguerrida, coletiva e sem medo de atacar. Residem nessas duas ratificações as chances de os gigliati poderem se inserir, correndo bem por fora, na disputa por uma vaga na Liga Europa ou na Conference League.

Italiano trabalhará com um elenco de perfil ligeiramente modificado em relação ao da última campanha: saem os experientes Cáceres, Pezzella, Valero e Ribéry, e entram os jovens González e Maleh, que se juntam a outros jogadores de idade igual ou inferior a 27 anos, como Dragowski, Milenkovic, Martínez Quarta, Amrabat, Castrovilli e o próprio Vlahovic. É um time de grande futuro, mas os torcedores se perguntam: quando a Fiorentina transformará o seu presente?

Genoa

Pandev, do Genoa (imago)

Cidade: Gênova (Ligúria)
Estádio: Luigi Ferraris (36.599 lugares)
Fundação: 1893
Apelidos: Grifone, Grifo, Rossoblù, Vecchio Balordo
Principal rival: Sampdoria
Participações na Serie A: 55
Títulos: 9
Na última temporada: 11ª posição
Objetivo: escapar do rebaixamento
Brasileiros no elenco: Jandrei e Hernani
Técnico: Davide Ballardini (2ª temporada)
Destaque: Goran Pandev
Fique de olho: Yayah Kallon
Principais chegadas: Salvatore Sirigu (g, Torino), Hernani (m, Parma) e Zinho Vanheusden (z, Standard Liège)
Principais saídas: Mattia Perin (g, Juventus), Davide Zappacosta (ld, Chelsea) e Eldor Shomurodov (a, Roma)
Time-base (3-5-2): Sirigu; Vanheusden (Masiello), Radovanovic (Bani), Criscito (Vásquez); Ghiglione, Hernani, Badelj, Rovella, Czyborra; Ekuban (Agudelo), Destro (Pandev).

Por anos a fio, o Genoa precisou de bombeiros para apagar o incêndio que se formaria caso o time fosse rebaixado. Geralmente, o profissional que debelava este foco não costumava permanecer para a campanha seguinte, mas Ballardini foi capaz de se manter no cargo em 2018 e em 2021. Dessa vez, porém, ele terá uma missão mais complicada e dificilmente conseguirá repetir o bom início de temporada em 2018-19, quando somou 12 pontos em oito rodadas e acabou demitido de forma inexplicável.

O Genoa começa a Serie A com 11 saídas importantes, entre as quais as de Perin, Zappacosta, Pellegrini, Zapata, Strootman, Zajc, Shomurodov e Scamacca, que deixam o elenco muito modificado – e potencialmente enfraquecido em relação a 2020-21. Os reforços não chegam a ser absolutamente questionáveis, mas precisam provar que podem manter o bom nível mostrado por seus antecessores. Até mesmo Sirigu, que é um grande goleiro, vem de momentos turbulentos no Torino e precisa dar a volta por cima.

A partir desse contexto é que surge o grande questionamento: o intempestivo presidente Preziosi dará tempo para que o time se encaixe, caso seja necessário? O Genoa até pode vir a fazer um campeonato mais tranquilo do que o habitual, mas, como sempre, corre o risco de ser vítima de fogo amigo, tendo o seu dono como piromaníaco responsável pelo desastre.

Inter

Martínez, da Inter (imago)

Cidade: Milão (Lombardia)
Estádio: Giuseppe Meazza (78.275 lugares)
Fundação: 1908
Apelidos: Nerazzurri, Beneamata, Biscione
Principais rivais: Milan e Juventus
Participações na Serie A: 90
Títulos: 19
Na última temporada: campeã
Objetivo: vaga na Liga dos Campeões
Brasileiros no elenco: nenhum
Técnico: Simone Inzaghi (1ª temporada)
Destaque: Lautaro Martínez
Fique de olho: Martín Satriano
Principais chegadas: Edin Dzeko (a, Roma), Hakan Çalhanoglu (mat, Milan) e Denzel Dumfries (ld, PSV Eindhoven)
Principais saídas: Romelu Lukaku (a, Chelsea), Achraf Hakimi (ld, Paris Saint-Germain) e Ashley Young (le, Aston Villa)
Time-base (3-5-2): Handanovic; Skriniar, De Vrij, Bastoni; Dumfries, Barella, Brozovic, Çalhanoglu, Perisic (Dimarco); Dzeko, Martínez.

A Inter de 2021-22 protagoniza feitos inéditos na história do Campeonato Italiano. Nunca uma equipe recém-campeã nacional na Velha Bota havia se desfeito de seu técnico e de seu principal jogador – além de outra estrela do elenco – em início de um ciclo, logo após conquistar o título da Serie A. Em fato raro, o time que estampa o scudetto em seu peito abdicou de defendê-lo com unhas e dentes: conquistar uma vaga na Champions League é suficiente para os proprietários do clube. Aliás, este foi o único sinal claro enviado pela família Zhang nos últimos meses. Mostrando que transparência na gestão e comunicação com a torcida não são suas prioridades, os chineses não se pronunciaram sobre a venda de Lukaku, a saúde financeira da agremiação e os seus planos para ela no futuro.

Por mais que o grupo continue a ter um bom nível, estes são fatos simbolicamente fortes o bastante para fazer as estruturas interistas se abalarem. A equipe atravessa uma crise de identidade – evidenciada por uniformes que não condizem com a sua história – e precisará suar muito em campo para superar as desconfianças. Em seu primeiro trabalho numa gigante, Simone Inzaghi lidará com uma sombra muito grande e terá algumas tarefas-chave para executar. De cara, fazer com que as garantias do time (Barella e o trio de zagueiros) continuem a exercer sua soberania; Dumfries praticar futebol em padrão similar ao de Hakimi; Çalhanoglu render ao máximo; e Lautaro se tornar o goleador que Lukaku foi. Ao que tudo indica, o argentino se tornará a referência dos nerazzurri, que terão Dzeko como alternativa.

Caso os jogadores nerazzurri mantenham os níveis de motivação e de confiança apresentados em 2020-21, em que pese o redimensionamento de expectativas, a Beneamata terá mais chances de prosseguir no grupo de classificados para a Liga dos Campeões e, quem sabe, brigar novamente pelo scudetto. Se isso não ocorrer, os interistas verão o seu posto na parte alta da tabela ameaçado pelos rivais, que chegam mais fortalecidos a esta Serie A.

Juventus

Ronaldo, da Juventus (LaPresse)

Cidade: Turim (Piemonte)
Estádio: Allianz Stadium (41.507 lugares)
Fundação: 1897
Apelidos: Bianconeri, Zebras e Velha Senhora
Principais rivais: Torino e Inter
Participações na Serie A: 89
Títulos: 36
Na última temporada: 4ª posição
Objetivo: título
Brasileiros no elenco: Alex Sandro, Danilo, Arthur e Kaio Jorge
Técnico: Massimiliano Allegri (1ª temporada)
Destaque: Cristiano Ronaldo
Fique de olho: Radu Dragusin
Principais chegadas: Manuel Locatelli (m, Sassuolo), Kaio Jorge (a, Santos) e Mattia Perin (g, Genoa)
Principais saídas: Gianluigi Buffon (g, Parma), Merih Demiral (z, Atalanta) e Gianluca Frabotta (le, Verona)
Time-base (4-2-3-1): Szczesny; Cuadrado (Danilo), Bonucci, De Ligt (Chiellini), Alex Sandro; Bentancur (McKennie), Locatelli, Ramsey (Bernardeschi); Chiesa (Kulusevski), Dybala (Morata), Ronaldo.

Que a Juventus voltou a ser a grande favorita ao scudetto pouca gente discute. O nível de seu favoritismo, porém, dependerá do quanto Allegri, Ronaldo e companhia se dedicarão ao torneio, considerando que o título da Champions League vinha sendo a prioridade da casa e parece mais distante devido à formação de alguns supertimes concorrentes em outros países.

A Juve chega em 2021-22 com o hexacampeão Allegri (maior vencedor da Serie A em atividade no campeonato) e o artilheiro Ronaldo, além de um Chiesa em alta após excelente Euro e o neófito Locatelli na qualidade de melhor contratação da temporada italiana. Estes já seriam requisitos suficientes para apontar a Velha Senhora como franca favorita, mas a profundidade do elenco ainda joga a favor dos bianconeri. Assim como em sua passagem anterior, Max deverá executar um frequente rodízio e mexer na estrutura tática da equipe várias vezes a cada rodada e dentro de uma mesma partida.

As incógnitas representadas por Pirlo foram afastadas e mesmo o meio-campo da Juventus, criticado pela falta de criatividade, pode renascer. Além de Locatelli melhorar substancialmente o setor, ainda que não seja um criador de ofício, vale destacar que Bentancur viveu os seus melhores momentos sob o comando de Allegri e espera recuperar o futebol mostrado anteriormente.

Lazio

Immobile, da Lazio (imago)

Cidade: Roma (Lácio)
Estádio: Olímpico (70.634 lugares)
Fundação: 1900
Apelidos: Capitolinos, Biancocelesti, Biancazzurri, Aquile, Aquilotti
Principal rival: Roma
Participações na Serie A: 79
Títulos: 2
Na última temporada: 6ª posição
Objetivo: vaga na Liga dos Campeões
Brasileiros no elenco: Luiz Felipe, Lucas Leiva, Felipe Anderson e André Anderson
Técnico: Maurizio Sarri (1ª temporada)
Destaque: Ciro Immobile
Fique de olho: Luka Romero
Principais chegadas: Felipe Anderson (mat, West Ham), Pedro (a, Roma) e Elseid Hysaj (ld, Napoli)
Principais saídas: Senad Lulic (le, sem clube), Marco Parolo (m, encerrou carreira) e Andreas Pereira (m, Flamengo)
Time-base (4-3-3): Reina; Marusic (Lazzari), Luiz Felipe, Acerbi, Hysaj; Milinkovic-Savic, Lucas Leiva, Luis Alberto; Pedro (Felipe Anderson), Immobile, Correa.

Uma grande ideia que tem tudo para dar errado? Sem dúvidas, Sarri é um excelente técnico e tem material humano para trabalhar na Lazio. Mas isso não significa que a temporada celeste será um mar de rosas. O treinador terá desafios táticos e também nos bastidores para que os capitolinos possam encantar o mundo com o seu futebol.

A personalidade forte de Sarri, que é assumidamente esquerdista, pode vir a gerar atritos consideráveis com o genioso Lotito e também com os muitos grupos de ultras aquilotti que professam uma visão de mundo antagônica à do treinador. Na pré-temporada, Hysaj, um bruxinho do comandante, já foi contestado por cantar um hino antifascista. Em outros momentos, o time capitolino já viu problemas de rendimento se acentuarem por conta de pressões extracampo.

Além disso, o técnico napolitano terá de transformar os mecanismos da equipe, acostumada a um 3-5-2 que punha Immobile sempre em profundidade, e adaptá-la a seu 4-3-3 de posses longas e toques rápidos. Ciro, Luis Alberto e Milinkovic-Savic não devem encontrar problemas nisso, mas o mesmo não pode ser dito de forma tão taxativa quanto a outros jogadores do elenco. Por exemplo, ainda há muitas dúvidas sobre a adaptação de Lazzari, um ala, a um novo posicionamento numa linha de quatro defensores.

Milan

Giroud, do Milan (IPA)

Cidade: Milão (Lombardia)
Estádio: Giuseppe Meazza (78.275 lugares)
Fundação: 1899
Apelidos: Rossoneri, Diavolo
Principais rivais: Inter e Juventus
Participações na Serie A: 88
Títulos: 18
Na última temporada: 2ª posição
Objetivo: vaga na Liga dos Campeões
Brasileiros no elenco: nenhum
Técnico: Stefano Pioli (3ª temporada)
Destaque: Franck Kessié
Fique de olho: Alessandro Plizzari
Principais chegadas: Mike Maignan (g, Lille), Olivier Giroud (a, Chelsea) e Fodé Ballo-Touré (le, Monaco)
Principais saídas: Gianluigi Donnarumma (g, Paris Saint-Germain), Diogo Dalot (ld, Manchester United) e Jens Petter Hauge (a, Eintracht Frankfurt)
Time-base (4-2-3-1): Maignan; Calabria, Kjaer, Tomori (Romagnoli), Hernandez; Bennacer, Kessié; Saelemekers, Díaz, Rebic (Rafael Leão); Giroud (Ibrahimovic).

De volta à Champions League, o Milan quer se reacostumar com a presença constante no grupo de times classificados à maior competição de clubes do continente. Há de se convir que este plano começou mal, pela saída gratuita de Donnarumma, melhor goleiro da Euro, rumo ao PSG. Maignan é uma reposição de alto nível, mas ainda precisa se adaptar a uma nova equipe, um novo campeonato e uma nova cultura, o que lança alguma incerteza a um posto em que Gigio era soberano. Apesar disso, o francês só terá garantias à sua frente: na linha de zaga e na volância, todos os jogadores do onze ideal rossonero são peças consolidadas.

Tendo Kjaer e Tomori no centro da zaga, com Romagnoli entre as alternativas, o Milan brigará firmemente pelo posto de melhor defesa da Itália, tal qual a possante dupla formada por Bennacer e Kessié no meio-campo. A iminente chegada de Florenzi também permite que o time de Pioli conte com mais pujança pelos flancos, onde o jovem Calabria cresceu e Hernandez é devastador. Estas peças se manterão como pilares do Diavolo.

Por sua vez, a capacidade de fazer gols de Giroud e Ibrahimovic não está em questão, mas as suas condições físicas poderão pesar durante a campanha e não seria estranho ver Rebic ou Rafael Leão comandando o ataque rossonero em algumas partidas. Parte considerável do desempenho dos veteranos dependerá da consolidação do novo camisa 10 milanista: Díaz vem de grande temporada, mas tem um perfil menos articulador do que o de Çalhanoglu, o que fará Kessié e Bennacer participarem ainda mais da fase ofensiva. Dúvidas à parte, o Milan conta com um horizonte positivo de trabalho.

Compartilhe!

2 comentários

Deixe um comentário