Seleção italiana

Em amistoso melancólico, a Itália bateu a Turquia e deu indicações para o futuro

Num belo dia, alguém inventou que os derrotados nas semifinais da repescagem europeia para a Copa do Mundo disputariam amistosos no mesmo horário em que seus carrascos lutariam pela vaga na competição que importa. Foi assim que se desenhou o melancólico confronto entre Turquia e Itália nesta terça, 29 de março. O cenário era pouco convidativo, mas a Nazionale itálica conseguiu deixar de lado, por 90 minutos, a decepção de não ter se classificado para o segundo Mundial seguido e superou os turcos de virada, por 3 a 2.

Com crédito pelo trabalho construído nos últimos quatro anos, que deu à Itália o bicampeonato da Eurocopa e uma sequência de 37 partidas de invencibilidade, Roberto Mancini tende a continuar no cargo de técnico da seleção mesmo após a eliminação para a Macedônia do Norte. Pensando no futuro, o treinador escalou um ataque bastante renovado, com Raspadori, Scamacca e Zaniolo, e deu oportunidade para Tonali no meio-campo.

Donnarumma foi o único titular do jogo de Palermo que foi mantido no onze inicial azzurro em Konya, cidade localizada no centro da Turquia. Por fim, Chiellini, que vai ensaiando sua despedida da Nazionale, foi escolhido como capitão em sua 116ª aparição pela equipe. O zagueiro igualou Pirlo como quinto na lista de partidas realizada pela Itália.

Do outro lado, o técnico Stefan Kuntz escalou uma Turquia repleta de titulares habituais – e também de jogadores conhecidos dos italianos, como Demiral, Müldür, Çalhanoglu e Ünder. Logo aos 4 minutos, inclusive, o ex-ponta da Roma aprontou. Ünder chamou Chiellini para dançar dentro da área, aproveitou a lentidão do veterano para colocar na frente e chutou de forma central. Donnarumma, no entanto, errou o movimento de rebatida e viu a bola passar por entre as suas pernas.

Scamacca e Raspadori, que entraram em campo contra a Turquia, tendem a ganhar mais espaço pela Itália (Getty)

O gol prematuro e a pressão da torcida mandante não chegaram a assustar a Itália, que respondeu com investidas pelo lado esquerdo do ataque. Por ali, Müldür e Ayhan sofriam com Raspadori, colega de Sassuolo, e também com Biraghi. Aos 35 minutos, o lateral da Fiorentina cobrou falta na área com perfeição e Cristante, de cabeça, deixou tudo igual. A virada azzurra foi quase instantânea: aos 39, o goleiro Bayindir saiu jogando errado e Tonali interceptou já enfiando para Raspadori, que só teve o trabalho de cortar Demiral e afundar para as redes, de canhota.

Para o segundo tempo, Mancini voltou com Zaccagni no lugar de Zaniolo, que esteve apagado e ainda recebeu um cartão amarelo. A Turquia, por sua vez, tentava incomodar Donnarumma em cobranças de falta de Çalhanoglu, mas o arqueiro foi bem nesses lances – e menos seguro em outros, quando teve de jogar com os pés, por exemplo. Sem mudanças no cenário da peleja, Kuntz mexeu três vezes na seleção da estrela e do crescente, mas acabou vendo a Itália marcar o terceiro em lance fortuito: após um balão na área, Biraghi ganhou de Müldür e escorou de cabeça para Raspadori, livre, completar com chute rasteiro.

Com placar favorável, Mancini efetuou três substituições (Bastoni, Sensi e Locatelli por Chiellini, Pessina e Cristante) e só não manteve a vitória por margem de dois gols por nova falha de Donnarumma. Aos 83, Ünder cobrou escanteio, Soyüncü ganhou de Biraghi no alto e escorou. Scamacca e Tonali deixaram Dursun em condição, mas a saída atabalhoada de Gigio é que permitiu que o atacante diminuísse a desvantagem turca. Completando sua noite de altos e baixos, o arqueiro apareceu bem pouco depois, desviando uma cabeçada do próprio camisa 9 rival. Antes do apito final, Mancio ainda deu minutos para Bonucci e Belotti, que entraram nos postos de Raspadori e Scamacca.

O momento certamente não é dos melhores para a Itália – pelo contrário. Contudo, a vitória por 3 a 2 sobre a Turquia foi uma boa resposta inicial da Nazionale à clamorosa queda para a Macedônia do Norte. Dentro do possível, Mancini usou as peças à disposição de forma inteligente e indicou que Raspadori e Scamacca terão papel importante no ciclo para a Euro 2024 e a Copa de 2026.

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