Serie A

Um ano para se esquecer

No Olheiros, a cobertura do futebol masculino na Olimpíada de Pequim.–Uma derrota merecida e uma eliminação justa, que não dá margem para chorar por um gol mal assinalado para o adversário. Assim a Itália deixa os Jogos Olímpicos. Após decepcionar no Europeu Sub-21 do ano passado, o time italiano conseguiu bons resultados e, aos poucos, se colocou entre os favoritos do torneio. As sólidas exibições na fase de grupos, mesmo que contra as frágeis Coréia do Sul e Honduras, também serviram para elevar a moral e firmar o time de Casiraghi como potencial medalhista.

Giovinco se lamenta: individualismo acabou atrapalhando contra a Bélgica

Mas de nada adiantou tal favoritismo. E nem jogar com um gol e um homem a mais desde os 18 minutos do primeiro tempo. Porque a partir daí a Bélgica passou a jogar com o coração e a Itália se perdeu. Cinco minutos depois, Hauron empatou o jogo com um gol fantasma, que Cigarini havia tirado em cima da linha; e antes mesmo do intervalo uma Itália perdida viu Mirallas bater Viviano e pôr a Bélgica na frente. O vestiário fez bem para os azzurrini, que aceleraram e avançaram contra a defesa belga, mas ainda assim gastou metade do segundo tempo para alcançar o empate, novamente com Rossi, de pênalti. Mais que o suficiente para recuar o time e dar espaço para a Bélgica recuperar sua vantagem com Dembélé, que bateu rasteiro para Viviano aceitar.

Se você tem seu time tão abatido pela Bélgica em campo, mesmo que forte e com lampejos de inspiração, merece sair. Em momento algum parecia que a Itália buscava uma vaga nas semifinais, tamanha apatia do time de Casiraghi. A impassibilidade do técnico no banco se refletiu em campo e Nocerino foi um dos poucos a destoar do sono italiano. A Itália subestimou um adversário justamente no caminho mais fácil para a final, provando que a sorte não deve ser desperdiçada. Um pouco mais de experiência em campo provavelmente auxiliaria nesse quesito, mas Rocchi, o único jogador acima dos 23 anos, foi cortado por lesão durante essa semana.

Casiraghi não teve coragem de tirar um dos três intocáveis: Giovinco, Rossi e Montolivo. Todos decepcionaram, desta vez. Giovinco queria jogar sozinho, Montolivo jamais entrou em campo e Rossi errou todos os gols que não vieram de pênaltis. A defesa deu o espaço que ainda não tinha aberto em toda a primeira fase e deu total liberdade a Dembélé e viu Mirallas vencer as principais disputas. Até mesmo Viviano, sempre destaque por sua discrição em campo, poderia ter evitado ao menos um dos gols dos diabos vermelhos – e, claro, o papelão no fim do jogo, quando agrediu Mirallas.

Viviano se desentende com Mirallas ao fim do jogo: desequilíbrio azzurro

Héctor Baldassi, mesmo em mais uma de suas miseráveis arbitragens, não pode ser culpado. No gol “fantasma” que deu o empate à Bélgica, o erro foi mais de seu auxiliar que dele próprio. Se tivesse entrado em campo com más intenções, como chegou a reclamar parte da torcida e deu a entender Casiraghi em sua coletiva, Baldassi não teria marcado dois pênaltis para a Itália e nem expulsado Vermaelen logo no início do jogo. O público italiano parece ter entendido: numa enquete do diário Gazzetta dello Sport, apenas 9,3% dos mais de 14 mil votantes culpam o árbitro pela eliminação. Mais da metade preferem culpar “o time inteiro, que não disputou o jogo com a seriedade necessária”.

Se na Euro o time nunca entusiasmou, a queda na Olimpíada parece ainda mais dura. Porque passar pela Bélgica parecia mera formalidade e a torcida já aguardava uma final contra Brasil ou Argentina. Para o azar do futebol italiano, seus jogadores também já estavam com a cabeça longe. E agora é Casiraghi quem tem sua cabeça posta a prêmio. Bom para a base italiana, que não veria mal a chegada de algum técnico com mais personalidade em seu banco. Mas para a Itália recuperar seu espaço nos torneios de base, serve menos política e mais futebol.

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