Serie A

Muda, brasãozinho, muda: parte III

As regiões da Emília-Romanha, Abruzzo, Friuli-Venezia Giulia e Sardenha compõem a terceira parte do especial sobre brasões da Serie A. Depois de contar sobre o Capeta estilizado na camisa do Milan, no especial I, e os polêmicos logos do Vêneto, que teve briga entre Chievo e Hellas Verona, na parte II, chegou a hora de contarmos sobre como o Cagliari nunca deixou a Bandeira da Sardenha de fora da camisa, por que tinha a letra Z no escudo da Udinese e qual a razão de um golfinho estar no brasão do Pescara.

Bologna

À época do bicampeonato nacional com Angelo Schiavio, no fim da década de 1930, o Bologna utilizava um escudo com a bandeira italiana no lado esquerdo do peito. A homenagem ao País permaneceu até os anos 70, na camisa vermelha com escudo arredondado. No início da década seguinte, os rossoblù introduziram na camisa um escudo com a bandeira da Emília-Romanha, na cor verde.

Na temporada 1988-89, o Bologna estilizou o logo elíptico, com as cores da equipe, a bandeira de Bolonha e o nome da equipe. No contorno, via-se a cor dourada, de Módena. O emblema foi praticamente inalterado desde a refundação da agremiação, em 1993, devido à falência. O atual, ao invés de dourado, foi tonalizado com um amarelo mais escuro.

Parma

O Parma ficou mais de meia década sem escudo na camisa por opção da diretoria. Na verdade, os dirigentes crociati afirmavam que o logo da equipe era exatamente o desenho da camisa. Aqui, o uniforme do Parma na derrota por 4 a 1 para o Sampierdarenese, no Stadio di Villa Scassi, em 1925-26. Na verdade, pequenos logos foram costurados nos uniformes dos goleiros no início do século. Se as cores preto e branca dominavam a vestimenta, os uniformes de visitante foram coloridos de azul, com detalhes em amarelo, nos anos 20 e o oposto entre 1930 e 40.

Em 1969, o clube da Emília-Romanha foi à falência, mudou de nome – de Parma Football Club para Associazione Calcio Parmense – e estampou, de forma oficial, o primeiro escudo em sua camisa. No emblema redondo, via-se apenas o título da agremiação e o ano de fundação em cima das cores azul e amarelo. Na temporada seguinte, após conseguir a promoção à Serie C, o logo foi redesenhado: o nome da equipe (Parma A.C.) foi colocado na parte de cima; de um lado, a cruz alvinegra; e do outro as cores do time. De fato, este escudo foi visto até a última temporada.

As únicas modificações nele durante a história foram as letras (de A.C. para F.C.). Em 2000, a diretoria teve a grande ideia de homenagear Torello de Strada com um touro em um emblema novo, customizado na cor azul-claro. A torcida protestou e o logo antecessor voltou a ser usado na temporada subsequente. Para o centenário parmggitano, agora em 2013, a cúpula crociata criou um novo escudo.

Sassuolo

Recém-promovido à Serie A com o título da Segunda Divisão, o Sassuolo tem as cores verde e preto – as mesmas do uniforme – em seu brasão. No topo, à esquerda, existe uma homenagem à cidade natal do clube fundado em 1920, com três montanhas e dois narcisos. O escudo sofreu uma pequeníssima alteração da versão anterior para a atual: as flores foram redesenhadas e a inscrição U.S.S. foi trocada por U.S. Sassuolo. Há carência de informações sobre o histórico de logos dos neroverdi, visto que a equipe se profissionalizou apenas na década de 80 e, depois de uma grande crise que a relegou ao futebol amador novamente, só no fim dos anos 90 voltou a disputar torneios profissionais.

Pescara

Não tem para Castel di Sangro, Virtus Lanciano e Giulianova: de longe, o Pescara é a equipe mais importante da região litorânea de Abruzzo, situada no centro da Itália. Assim como a maioria das equipes do País, os golfinhos também não usavam o escudo na camisa até a segunda metade do século 20 – eram as cores que importavam. E também como a maioria, os biancoazzurri formulava brasões para usar comercialmente. No fim da década de 1940, o nome do time – A. S. Pescara – foi colocado na parte de cima do brasão em formato de flâmula, com listras nas cores azul e branca.

Em meados de 1961, os delfini mudaram o logo comercial para o formato de escudo tradicional (sabe aqueles vistos em filmes medievais?) colorido da mesma forma. Ainda na mesma década, no ano de 1967, a diretoria dos golfinhos homenageou a cidade de Pescara ao colocar o castelo e a igreja que aparecem no brasão da urbe. Na temporada seguinte surgiu o primeiro escudo, retangular, com a presença do golfinho. Este sofreu poucas transformações até virar o regular de 1976 em diante: elíptico, com o animal e o nome do clube.

A primeira vez que o logo foi estampado nas camisas foi na época 1985-86, no time do jovem meio-campista Franco Baldini – ex-diretor de Roma, Real Madrid e atualmente no Tottenham. Aparecia apenas o golfinho na vestimenta dos atletas. Inclusive, a única alteração no escudo foi o acréscimo de “Pescara Calcio”, pois é o mesmo que utilizam atualmente. Para mais informações visuais, o Solo Pescara é um ótimo site para ser visitado.

Udinese

A Udinese faz referência à cidade natal em todos os seus escudos desde a década de 1960. Sem utilizar na camisa até o decênio seguinte, nos anos 60, o clube bianconero utilizava um brasão listrado nas cores preto e branco com o nome da equipe, o ano de fundação e uma bola amarela. A única imagem visível deste emblema está neste link.

Durante as temporadas dos anos 70, a Udinese estampou seu primeiro emblema na camisa: preto e branco, em cinco listras, e as iniciais da agremiação – A(ssociazione) C(alcistica) U(dinese). Se agradou, ninguém disse.Fato que é que em 1977-78, na conquista da Coppa Italia Serie C (torneio semiprofissional, contra o Reggina), os jogadores utilizaram a bandeira da Itália nas camisas – assim como Milan, Verona, Napoli… No entanto, no acesso à Serie B nesta mesma temporada já não se via mais brasão na camisa listrada de Gigi del Neri, meio-campista da equipe.

Lamberto Mazza criou um novo emblema para a Udinese assim que assumiu o clube, em 1981. Presidente da multinacional de eletrodomésticos Zanussi, também natural do Friuli, o mandatário bianconero estilizou apenas a letra Z nas camisas. Entretanto, o logo na cor amarela não foi bem visto pelos torcedores. Desta forma, a diretoria fez um novo escudo, preto-e-branco, com a referência ao patrocinador abaixo da homenagem à Údine – a letra V de ponta-cabeça. O símbolo da cidade veio de família aristocrata friulana do século 13, os Sarvognan.

Após a venda da Zanussi ao grupo sueco Electrolux, Mazza manteve a referência à sua antiga empresa na camisa. Porém, quando Giampaolo Pozzo comprou as ações do clube, em julho de 1986, o Z foi para o lixo. Na década de 1990, a Udinese usou brevemente um escudo redondo antes de trocá-lo para o seu recente: cinza, preto e branco, com uma coroa de louros.

Os torcedores friulanos até queriam que a águia, também um símbolo da cidade, fosse estampado na camisa dos atletas, mas a Uefa vetou a ação, em 2008. O animal pode ser visto brevemente na maglia dos jogadores em alguns jogos em 1980, como nesta de Attilio Tesser.

Cagliari

Por volta do século 13, o povo da Sardenha impediu que os sarracenos – forma que os cristãos da Idade Média se referiam aos árabes ou muçulmanos – invadissem a ilha italiana. Os mouros, então, se tornaram presentes na bandeira da região autônoma. As quatro cabeças estão divididas em quatro quadrantes formados pela Cruz de São Jorge. Acredita-se que estas representam Vitor de Marselha, mártir cristão venerado pela Igreja Católica Romana e Ortodoxa e morto durante o império de Diocleciano, e São Maurício, militar romano também venerado pela Igreja.

Depois desse (ótimo, sem modéstia) embasamento histórico, temos: todos os escudos do Cagliari têm a representação da bandeira da ilha. Ao ser fundado, em 1920, o clube rossoblù utilizava apenas a Bandiera dei quattro mori (Bandeira da Sardenha) em sua camisa. Após 1927, quando a agremiação adotou, também, as cores da região – azul e vermelho; antes era azul e preto -, o brasão foi modificado para adequar a nova coloração. Ele foi utilizado até o retorno do primeiro escudo, logo na década seguinte, e retomado em alguns momentos dos anos 60.

Na ótima equipe do fim da década de 1960 e início de 70, do mito Luigi Riva, a bandeira da Itália foi costurada em algumas camisas. No entanto, o emblema oficial era os mouros sem brasão – a camisa era branca e ficava mais bonito, convenhamos. O brasão foi modificado várias vezes durante o último decênio, contudo, não drasticamente. No formato elíptico, as cores variaram de preto e vermelho, para azul e vermelho e, finalmente, azul-escuro e vinho. Em 2011, o Cagliari fez referência às suas origens na camisa de visitante.

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