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Fábio Simplício impressionou no Parma e chegou à Seleção com a camisa do Palermo

Formado nas categorias de base do São Paulo, na geração que contou ainda com Fábio Aurélio, Júlio Baptista, Sandro Hiroshi e Kaká, Fábio Simplício foi mais um dos tantos jogadores desvalorizados no Brasil que foram para a Europa sem pompa e mudaram de patamar, alcançando um brilho inesperado. O meia passou oito anos na Itália e defendeu três equipes tradicionais: jogou por Parma e Roma, além de ter feito parte de uma das grandes gerações formadas pelo Palermo.

Simplício despontou no Tricolor Paulista como um volante de muita disposição e entrega, mas por vezes de temperamento forte, como mostrou, por exemplo, no entrevero que teve com o meia Diego, do Santos, no Campeonato Brasileiro de 2002. Foram dez anos de São Paulo, desde a base até o profissional, com 121 jogos e 15 gols. Fábio também conquistou a torcida, pelo futebol (que lhe rendeu uma Bola de Prata em 2002) e por sempre ter afirmado ser torcedor do clube. O volante deixou o time após saber que não faria parte dos planos do técnico Cuca, em 2004.

Arrigo Sacchi, então diretor técnico do Parma, observou o talento e a visão de jogo do brasileiro e trouxe o ex-jogador do São Paulo de graça – um tipo de contratação mais do que adequada para um time que vivia graves problemas financeiros. Logo em sua primeira temporada, Simplício participou de quase todos os jogos da equipe (46, no total) e anotou quatro importantes gols, que ajudaram a equipe a se livrar do rebaixamento. Além do mais, mostrou que podia fazer todas as funções no centro do gramado e empregou com mais eficiência a versatilidade que foi a marca de sua carreira na Itália.

Em duas temporadas por um modesto Parma, Simplício se tornou um dos jogadores mais cobiçados da Serie A (imago)

Fábio Simplício adaptou-se tão rapidamente que se tornou fundamental para um Parma modesto, que em 2005-06 até chegou a montar um elenco com alguns bons nomes, como Daniele Bonera, Paolo Cannavaro, Fernando Couto, Mark Bresciano, Domenico Morfeo, Bernardo Corradi e Marco Delvecchio. Em seu segundo ano no Ennio Tardini, o brasileiro atuou em 37 dos 38 jogos da Serie A e marcou 10 gols – quatro deles foram diretamente responsáveis para que os ducali somassem 12 pontos. Eleito como um dos melhores meio-campistas do campeonato, Simplício foi o destaque da campanha que rendeu aos crociati a sétima posição e uma vaga na Copa Uefa.

Não demorou para que Simplício atraísse interesse de outras equipes. Entre elas o Palermo, que pagou cerca de 5,5 milhões de euros para assegurar o futebol do ex-são-paulino. Àquela época, o time palermitano despontava na Serie A com resultados impressionantes para uma equipe recém-promovida: nos dois anos seguintes ao acesso, os rosanero se classificaram para a Copa Uefa. E com o brasileiro no time, conseguiram o feito pela terceira temporada consecutiva.

Na Sicília, Fábio foi um dos pilares do meio campo de Francesco Guidolin, ao lado do capitão Eugenio Corini e de Bresciano. Tanto com Guidolin quanto com Stefano Colantuono, Simplício atuou em duas temporadas como titular absoluto, somando 65 partidas em 10 gols. Apesar disso, foi com a chegada de Davide Ballardini, em 2008-09, que o brasileiro obteve maior destaque: numa posição mais avançada, foi um dos goleadores e principais assistentes da equipe.

Nesta temporada, Simplício era o trequartista do 4-3-1-2 rosanero e respondia pelo papel de garçom do ataque formado por Fabrizio Miccoli e Edinson Cavani. Fábio não decepcionou na função e contribuiu com oito assistências e oito gols. Além disso, o brasileiro foi o jogador mais utilizado na trajetória siciliana: ficou 3158 minutos em campo e só perdeu uma das 38 rodadas da Serie A, por suspensão.

As boas apresentações renderam ao meio-campista até mesmo uma oportunidade na Seleção dirigida por Dunga, que chegou no início da temporada seguinte. Em novembro de 2009, Simplício disputou um amistoso contra Omã e se tornou o único jogador do Palermo a ter jogado com o manto verde e amarelo.

Simplício teve uma passagem razoável pela Roma, embora tenha sido reserva (AFP/Getty)

Neste mesmo ano, seu clube contratou o jovem argentino Javier Pastore, que se tornou um concorrente pela titularidade. Enquanto Walter Zenga treinava o time, Simplício jogava com frequência, mas a chegada de Delio Rossi mudou o cenário: o meia amargou o banco na segunda parte da temporada e deixou o clube rosanero, em fim de contrato. No total, Fábio fez 145 partidas e 24 gols pelo Palermo.

O destino de Simplício continuou ligado ao futebol da Bota. O brasileiro assinou gratuitamente com a Roma, para jogar ao lado de Francesco Totti e companhia, além de ter a oportunidade de fazer suas únicas partidas pela Uefa Champions League. Na capital, começou como titular sob o comando de Claudio Ranieri, mas acabou perdendo espaço com a chegada de Vincenzo Montella ao cargo de treinador. Embora não tenha conseguido ser titular absoluto, sempre participou ativamente das partidas.

Fábio Simplício jogou dois anos pelos giallorossi e fez 53 partidas, com nove gols marcados. Sem espaço com Luis Enrique, pediu a rescisão de contrato e acabou acertando com o Cerezo Ozaka, do Japão. O brasileiro ainda passou pelo Vissel Kobe antes de retornar ao seu país, mas sem obter sucesso. Muito acima do peso, não recebeu propostas interessantes e ficou uma temporada parado, treinando por conta própria. Ainda longe da melhor forma, disputou a segunda divisão paulista de 2016 pelo Batatais e se aposentou, aos 36 anos.

O futuro de Fabio continuaria no futebol. Ao lado do ex-companheiro Doni, criou uma empresa para agenciar jogadores que desejam atuar no continente europeu. Alguns talvez repitam a sua história e se tornem mais importantes no exterior do que em sua própria pátria.

Fábio Henrique Simplício
Nascimento: 23 de setembro de 1979, em São Paulo (SP)
Posição: meio-campista
Clubes como jogador: São Paulo (2000-04), Parma (2004-06), Palermo (2006-10), Roma (2010-12), Cerezo Ozaka (2012-13), Vissel Kobe (2014-15) e Batatais (2016)
Títulos conquistados: Campeonato Paulista (2000), Torneio Rio São Paulo (2001) e Supercampeonato Paulista (2002)
Seleção brasileira: 1 jogo

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