25 de fevereiro de 1995, o início de uma era em Appiano Gentile. Uma era de alegrias e tristezas, de títulos e controvérsias, enfim, de altos e baixos. E que chega ao fim exatamente no dia 15 de outubro de 2013. 18 anos depois, Massimo Moratti deixa de ser sócio majoritário da Internazionale, e agora dividirá o controle da Beneamata junto com o consórcio indonésio International Sports Capital, liderado por Erick Thohir. Por isso, fazemos uma retrospectiva da gestão do presidente, cujo fim tem sido visto por muitos na Itália como o fim de uma era romântica moderna nos grandes times de futebol da Itália.
A gerência
Mais do que um empresário bem sucedido, Massimo Moratti é um interista fanático. O dono-presidente do clube milanês nunca escondeu sua idolatria pelo clube. Quando tinha 10 anos de idade, seu pai comprou a Internazionale e o pequeno Massimo pode crescer e assistir de perto a Grande Inter. Maior de idade, ainda teve participação no clube juntamente com seu irmão mais velho, Gianmarco. Angelo presidiu uma Inter que chegou no topo do mundo futebolístico e construiu boa parte do que é o CT do clube hoje, porém 13 anos de comando depois decidiu passar o clube para outro dono.
E, desde então, passaram pelo cargo de presidente da Beneamata Ivanoe Fraizzoli, de 1968 a 1984, e Ernesto Pellegrini, de 1984 a 1995. Todos interistas apaixonados, mas que marcaram uma época de poucos
títulos em Appiano Gentile – três Serie A (1971, 1980, 1989), duas Coppa Italia (1978 e 1982), duas Copa Uefa (1991 e 1994), e uma Supercoppa Italiana (1989). Bem financeiramente, em 1995 Massimo Moratti viu a oportunidade de realizar seu sonho e fazer como seu pai na década de 60: colocar a Inter no topo novamente.
Assumiu a presidência do clube em fevereiro de 1995 e não poupou esforços e dinheiro para fazer do seu objetivo uma realidade. Em 18 anos de presidência, pesquisas apontam que Moratti gastou mais de 1,5 bilhão de euros. Assim como abateu as dívidas adquiridas pelas últimas gestões, colecionou outros milhões de euros em dívidas, chegando a um débito de 500 milhões de euros. Na busca por um clube vencedor, os Moratti, afinal boa parte do Conselho Administrativo nesses 18 anos foi formado pela família e/ou amigos, usaram dinheiro da empresa da família, a petrolífera Saras, e o próprio Massimo tirou quase 1 bilhão de seu bolso para cobrir os gastos do clube.
Assim, apaixonados e muitas vezes irracionais, se caracterizaram os primeiros anos da nova gerência interista. Uma primeira parte que ficou marcada pelo “quase”, como quando o time quase foi campeão italiano em 1997-98, em que o scudetto vencido pela Juventus ficou marcado pelo “caso Iuliano-Ronaldo”; ou quando novamente ficou no quase pelo título italiano, dessa vem em 2001-02, perdendo o jogo-chave para a Lazio do algoz Poborský. Também ficou no quase na que seria a primeira final na Champions League, caindo para o rival Milan por causa do “gol fora de casa”, mesmo jogando, na prática, em casa. A exceção foi em 1998, quando os comandados de Luigi Simoni bateram a favorita Lazio e conquistaram a Copa Uefa.
E o fracasso é explicado basicamente pela forma de Massimo Moratti presidir o clube. Como seu pai fizera nos primeiros anos, “queimou” vários treinadores e jogadores, não dando muita perspectiva para um projeto vitorioso. Foram pouco mais de 500 milhões de euros torrados, com apenas um título conquistado, o que fez com o filho de Angelo mudasse de atitude. Depois da decepção com Marcello Lippi e Héctor Cúper, e o insucesso de Alberto Zaccheroni, viu em Giacinto Facchetti, Gabriele Oriali e Marco Branca, todos ex-jogadores do clube, três importantes figuras para o reerguimento do clube. Mais planejamento, mas sem abdicar de grandes gastos.
Menos presente do que nos primeiros anos, época em que exagerava na aproximação com o grupo e muitas vezes afetava o trabalho dos treinadores e o desempenho do time – como esquecer sua relação com a joia Álvaro Recoba? -, se afastou da presidência e deixou o controle técnico nas mãos do trio citado, como cabeça Giacinto Facchetti, maior figura da Grande Inter e capitão do clube por muitos anos. Oriali, outra grande bandeira na história interista, era o consultor de mercado e gerente de equipe, e trabalhava em conjunto com Branca, diretor técnico, e anteriormente artilheiro nerazzurro em 1995-96.
Com essa fórmula, a Inter cresceu com Roberto Mancini no cargo de treinador e contratações mais pontuais, que antederam melhor o elenco, embora os flops e os gastos exorbitantes ainda aparecessem – em menor número, contudo. Numa época em que o futebol ficou marcado pelo Calciopoli e a queda da Juventus, além do enfraquecimento do Milan, uma Beneamata bem estruturada se reergueu e dominou o futebol italiano por quase cinco anos, começando com uma Coppa Italia em 2004-05.
Com o scudetto juventino revogado e passado para os nerazzurri em 2005-06, uma série de cinco campeonatos nacionais foram para Appiano Gentile, acompanhados por mais uma Coppa Italia (2005-06) e três Supercopas Italianas (2005-06, 2006-07 e 2008-09). Uma mancha, nunca esclarecida pela prescrição do processo, foi uma possível participação também de dirigentes da Inter no Calciopoli.
Até que chegou José Mourinho, na temporada 2008-09. Giacinto Facchetti, falecido em 2006, já havia devolvido o bastão para Massimo Moratti, mas a forma de gerenciar o clube seguiu a mesma. Depois de uma temporada de transição, que contara com dois títulos, em 2009-10 o português fez valor o apelido de Special One. Após um grande calciomercato, os interistas puderam presenciar a melhor temporada na história do clube, conquistando a Tríplice Coroa – Serie A, Coppa Italia e Champions League, esta que não vinha desde… quando Angelo Moratti presidia o clube, em 1964-65, um ano após levar o mesmo troféu.
Após as conquistas, saíram Mourinho e Oriali, mas quase todo o elenco ficou. Moratti e sua equipe optaram em acreditar em Rafa Benítez, ex-Valencia e Liverpool. Um elenco envelhecido, pressionado após a Tríplice Coroa e mal gerenciado pelo polêmico treinador espanhol, que perdeu o controle do vestiário, teve um começo ruim na temporada. Faturou o Mundial de Clubes de 2010, mas ainda assim, Benítez acabou demitido e Moratti surpreendeu ao anunciar Leonardo, com história no Milan, onde passou de jogador, diretor a treinador em uma década.
Com o ex-lateral e meia, contudo, o time conseguiu se recuperar e ainda chegou à segunda colocação da Serie A e também venceu a Coppa Italia mais uma vez. Mal sabia Moratti e cia que esse seria o último título e sucesso da Inter. Sem dispor dos mesmos recursos de antes, com a Saras quebrada financeiramente e o “fantasma” da proposta do Fair Play Financeiro da Uefa, o presidente nerazzurro e o diretor-geral Ernesto Paolillo iniciaram um projeto de reestruturação do time de Corso Vittorio Emanuele. O que acabou redimensionando o clube, que acabou no ostracismo sob o comando de Gian Piero Gasperini, Claudio Ranieri e Andrea Stramaccioni, os três técnicos interistas em duas temporadas humilhantes, terminando em 6º e 9º colocado nas temporadas 2011-12 e 2012-13.
Foi aí que Massimo Moratti começou a perceber que não tinha mais condições de manter o clube no topo. A redefinição dos projetos, as contratações menores, a visão mais atenciosa para o setor juvenil desde Mourinho, com a reforma do CT e o maior investimento na base, tudo isso somado ao mau momento da Saras contribuiu para que Moratti resolvesse arranjar um parceiro.
Tornar o clube mais autossustentável necessitaria de um maior retorno financeiro, e para isso um estádio próprio seria fundamental. Foi acertado o acordo com um consórcio chinês para que a construção do estádio saísse, porém imbróglios fiscais não permitiram que o acordo se tornasse real. O fracasso fez Moratti até repensar em vender parte do clube, mas as conversas com interessados seguiram, mesmo após o acordo entre Saras e a russa Rosneft, desafogando os cofres da família.
E eis que surgiu Erick Thohir. O magnata das comunicações da Indonésia parecia mais um daqueles milionários que querem brincar de Football Manager, mas as reuniões fizeram Moratti e seus assessores acreditarem que o empresário indonésio poderia ser o homem certo para ajudar o clube a se reerguer. Moratti fez questão de colocar cláusulas protegendo o futuro do clube e no dia 15 de outubro de 2013 saiu o anúncio oficial: não era mais o acionista majoritário do clube. Com quase 30% de ações do clube e alguns membros no novo Conselho Administrativo, não se sabe exatamente qual será a nova função desse interista apaixonado, mas é certo que uma era chegou a fim.
Contratações (lista de gastos ao final do intertítulo)
Impossível falar da era Moratti e não citar as contratações e todos os treinadores que passaram por Appiano Gentile. O próprio Moratti, Oriali e Branca, entre outros foram responsáveis por grandes contratações, mas também por fracassos retumbantes, além de muitos negócios controversos. Massimo também marcou por internacionalizar ainda mais um clube feito para “todos”, e desde que chegou sua Inter se destacou em contratar vários estrangeiros, muitos sul-americanos, diga-se, e não à toa hoje o clube nerazzurro tem menos italianos que “forasteiros”.
A primeira contratação impactante veio logo no primeiro ano: Javier Zanetti – jogador cuja história se confunde com a de Moratti no comando da Inter. O então jovem lateral argentino veio do Banfield por valor equivalente a 6,5 milhões de euros sob muita expectativa para assumir uma posição que já tivera Facchetti e Brehme. Destro, mas de muita versatilidade, força, velocidade e inteligência, como seus antecessores, logo ganhou fama com os interistas e com uma liderança impressionante tomou conta da braçadeira após a aposentadoria de Bergomi.
Com os anos de titularidade indiscutível, se tornou o jogador com o maior número de partidas na Inter e espera, assim como Moratti agora com Thohir, seguir sendo uma peça importante no clube, ainda que em outras funções a partir de 2014. Na época, se apostava mais em outro argentino, Rambert, que decepcionou e fez apenas dois jogos pelo clube. Uma metáfora do que viria a seguir.
1995-96 também é marcado por outros dois fatores: duas apostas, um flop retumbante, outro que se mostrou uma venda futura errada. Caio Ribeiro chegou do São Paulo por 7,5 milhões de euros, mas nunca vingou em sua carreira, nem mesmo em outros clubes, sofrendo muitos problemas físicos. por outro lado, Roberto Carlos, que veio do Palmeiras por 3,5 milhões de euros, teve um bom ano em Milão, porém foi vendido quase pelo dobro em 1996 para o Real Madrid, onde viria se tornar o melhor lateral esquerdo do mundo e titular absoluto da seleção brasileira. Após a saída de Roberto Carlos, as contratações de Djorkaeff, Simeone, Winter e Zamorano se tornariam fundamentais no primeiro título da era Moratti.
Em 1997 uma contratação realmente grande aconteceu, quando por 28 milhões de euros o melhor jogador do mundo veio para Appiano Gentile. Ronaldo chegou e logo ganhou o apelido de Fenômeno, porque encantou os interistas enquanto esteve em campo, com gols e dribles. Porém, para a infelicidade de Moratti e dos torcedores, sua passagem também foi marcada por duas lesões gravíssimas, que quase acabaram com a carreira de um dos maiores jogadores da história não só da Inter, mas do futebol. O custo-benefício acabou sendo baixo, porque apesar do bom futebol, Ronaldo não teve condições de atuar muito pela Inter e conquistou apenas uma Copa Uefa, em sua primeira temporada.
Outro destaque desta janela foi a vinda de Álvaro Recoba, por 17 milhões de euros, um jogador que prometia muito, foi capaz de exibir um grande futebol, mas não exatamente o que se esperava, muito por problemas físicos e pela pressão – o uruguaio era tratado como um filho pelo papai coruja Moratti.
Depois do primeiro título, Moratti não parou por aí e torrou seu dinheiro para trazer os flops Ventola por 21 milhões de euros, Frey por 14 mi, Simic por 11 mi, Dabo por 8 mi e Silvestre por 7 mi, além do veterano Roberto Baggio por 2,5 mi. Somente o “Divino Codino”, justamente o mais barato deles, rendeu pelo clube milanês.
Os gastos excessivos não levaram a bons resultados e, em 1999-00, Moratti despejou outro caminhão de dinheiro para incrementar a equipe: incríveis 147,7 milhões de euros foram gastos para contratar Vieri, Seedorf, Peruzzi, Córdoba e vários outros – somente Vieri, terceiro maior artilheiro da história do clube, e Córdoba (bandeira da Era Moratti) se tornaram peças importantes por muitos anos na Inter. Eram tempos de loucuras no futebol italiano, e a bolha acabou estourando.
A partir desta temporada, o mercado morattiano foi marcado por grandes decepções, sempre a alto custo, e a Inter virou motivo de piada para os rivais. Muitos dos flops financiados, inclusive, pela venda de Ronaldo ao Real Madrid. Chegaram nomes como Robbie Keane, Sükür, Farinós, Gresko, Georgatos, Vampeta, Kallon, Sorondo, Bréchet e van der Meyde.
O clube ainda cometeu verdadeiras barbaridades, como liberar um promissor Pirlo para o Milan, em troca de Guly, ou fazer uma troca de Seedorf por Coco, também com o Milan – todos sabemos das qualidades dos jogadores que saíram da Inter e no que se tornaram, vestindo vermelho e preto. Nessa época, apenas as contratações de Toldo, Materazzi, Cruz, Stankovic e Adriano se mostraram acertadas, anos depois. Crespo, uma das apostas mais caras, teve uma temporada de sucesso, mas acabou indo para o Chelsea, que também pagou uma nota. Em 2006, o argentino retornaria para mais uma boa passagem.
Em 2004, Moratti se distanciou um pouco do clube, e deixou Facchetti, Branca e Oriali agirem. Apesar de um erro crasso, as mudanças começaram a aparecer. O clube envolveu Cannavaro (que vinha mal em Milão, mas havia sido contratado ao Parma a peso de ouro), numa troca pelo goleiro Carini, terceiro goleiro da Juventus, mas fechou com o treinador que mais tempo ficou na era Moratti, Roberto Mancini. Ele viria ganhar três vezes a Serie A, além das Coppa Italia e Supercoppa Italiana. Chegou, também, o segundo título da gestão.
Neste ano, apesar do fracasso de Davids, as contratações de Cambiasso, Mihajlovic, Favalli, Zé Maria e Verón, que chegaram a pedido de Mancini, sem custos, foram importantes. Cambiasso se mostraria um dos melhores negócios do futebol, e provavelmente o melhor da era Moratti, já que o argentino virou um dos melhores na sua posição e ainda é um dos líderes do clube.
De 2005 em diante, a diretoria foi inteligente. Moderou os gastos e formou um elenco que trouxe as maiores alegrias para os interistas nos últimos 18 anos. Antes do Calciopoli, a Inter fechou com Maxwell, Júlio César, Samuel e Figo, e após o escândalo, a dominação foi maior: da rebaixada Juventus chegaram Vieira e Ibrahimovic, além de Maicon e Crespo, e depois, em 2007, Chivu, todos jogadores importantes com Mancini e Mourinho. Até 2008, com a chegada do técnico português, a menos em nível nacional, quase todas as contratações tiveram sua utilidade.
No primeiro ano Mourinho tentou revolucionar, mas as contratações de Quaresma, Muntari, Mancini e Jiménez, se mostrariam falhas pouco depois. Revendo sua política, Mourinho indicou novos reforços e, em 2009, a Inter protagonizou um dos grandes mercados de sua história, liberando Ibrahimovic ao Barcelona, e contratando Eto’o, Lúcio, Sneijder, Thiago Motta e Milito – além de Pandev em janeiro, a custo zero –, peças-chave na conquista da Tríplice Coroa.
Porém, o Triplete não trouxe novas verbas e o clube mudou sua política, por causa do Fair Play Financeiro e pelo menor poder de investimento de Moratti e da Saras. Nos três anos que se seguiram, a Inter se desfez de boa parte de seus craques (apenas cinco titulares da conquista permaneceram) e também negociou algumas grandes promessas, como Balotelli e Philippe Coutinho. Apesar do discurso de renovação, o clube apostou em uma decepção, como Forlán, e num explosivo Cassano.
Hoje, tentando se reconstruir, a aposta é em jogadores jovens, como Juan, Laxalt, Kovacic, Taïder, Belfodil e Icardi, capitaneados pela base que ficou e outros de idade mediana ou mais experientes, como Handanovic, Campagnaro, Ranocchia, Álvarez, Guarín e Palacio. Um mercado modesto em nomes de peso, mas que traz esperança para os interistas.
Gastos da era Moratti no calciomercato
(via Transfermarkt.de)
1995-96 Vendas: 18.150.000 € – Gastos: 29.200.000 € = -11.050.000 €
1996-97 Vendas: 11.000.000 € – Gastos: 19.025.000 € = -8.025.000 €
1997-98 Vendas: 17.300.000 € – Gastos: 81.700.000 € = -64.400.000 €
1998-99 Vendas: 6.750.000 € – Gastos: 70.500.000 € = -63.750.000 €
1999-00 Vendas: 11.050.000 € – Gastos: 147.700.000 € = -136.650.000 €
2000-01 Vendas: 26.950.000 € – Gastos: 64.200.000 € = -37.250.000 €
2001-02 Vendas: 42.355.000 € – Gastos: 102.525.000 € = -60.170.000 €
2002-03 Vendas: 101.550.000 € – Gastos: 109.600.000 € = -8.050.000 €
2003-04 Vendas: 48.300.000 € – Gastos: 51.600.000 € = -3.300.000 €
2004-05 Vendas: 25.935.000 € – Gastos: 3.500.000 € = +22.435.000 €
2005-06 Vendas: 22.655.000 € – Gastos: 32.000.000 € = -9.345.000 €
2006-07 Vendas: 30.050.000 € – Gastos: 48.400.000 € = -18.350.000 €
2007-08 Vendas: 14.240.000 € – Gastos: 39.800.000 € = -25.560.000 €
2008-09 Vendas: 7.600.000 € – Gastos: 60.600.000 € = -53.000.000 €
2009-10 Vendas: 108.600.000 € – Gastos: 94.200.000 € = +14.400.000 €
2010-11 Vendas: 60.050.000 € – Gastos: 46.685.000 € = +13.365.000 €
2011-12 Vendas: 55.950.000 € – Gastos: 39.100.000 € = +16.850.000 €
2012-13 Vendas: 55.050.000 € – Gastos: 71.550.000 € = -16.500.000 €
2013-14 Vendas: 8.500.000 € – Gastos: 30.800.000 € = -22.300.000 €
Legado
Em 18 anos, muita coisa aconteceu. Sem dúvidas um legado proveitoso para o futuro do clube milanês. Foram ao todo 16 títulos, tendo como destaque os cinco scudetti seguidos, ainda que um no tapetão, feito só realizado pela Juventus dos Agnelli nos anos 30 e pelo Grande Torino dos anos 40. Impossível também não falar da Tríplice Coroa, na última grande temporada da era Moratti, e da conquista do Mundial Interclubes, logo depois.
Mas nem só de títulos a Inter viveu e teve desde que Massimo Moratti comprou o clube. Sua Inter foi a primeira equipe italiana a criar um website, o inter.it, que recebeu uma reformulação em 2013. Ainda foi inaugurado o canal exclusivo para o time, o Inter Channel, segundo na Itália – um ano após o Milan Channel e seis antes da Juventus TV. Ambos marcaram uma época em que o futebol começava a se atualizar, embora a própria Inter tenha se acomodado em outros detalhes.
Outro motivo de orgulho para a família Moratti é o Inter Campus. Um projeto voluntário que se espalhou pelo mundo todo com iniciativas de melhorias sociais em países como Brasil, Colômbia, China, Irã, Bósnia, Bulgária, Cuba, Venezuela, entre outros. Organizado pela irmã ativista do presidente, Bedy Moratti, e que conta com vários ex-jogadores interistas, tem ajudado regiões carentes e também a divulgar a marca Inter.
Por fim, o futuro do clube: o setor juvenil. Desde a chegada de Roberto Samaden para dirigir a base interista, há mais de uma década, vários jogadores talentosos ou úteis foram revelados pelo clube de Appiano Gentile. Mas a principal mudança veio quando José Mourinho passou a treinar o clube, e pediu a Moratti que o setor passasse por uma renovação. As estruturas de hoje colocam a base da Inter entre as principais da Europa, o que também passa pelos olheiros e técnicos do setor – Pea e Stramaccioni, que passaram por lá, são dos melhores na formação de jovens no país. Tudo isso é parte fundamental do processo de desenvolvimento de futuros jogadores.